Matéria por: Cláudia Kunst
Que o Brasil tem uma porrada de bandas emergentes de qualidade é inquestionável; disto ninguém duvida. Mas ninguém pode negar também, que as bandas clássicas sempre serão lembradas e, sempre que possível, serão homenageadas. Exemplo disto são os inúmeros tributos que vimos pelo mundo afora. Uma sacada bem interessante passou a ser uma das alavancas do selo Armadillo Records, da extinta gravadora Secret Service do brasileiro, hoje radicado na Inglaterra, Luiz Rizzi. O produtor já homenageou pelo menos, seis grandes bandas do rock e heavy metal mundial: Motorhead, AC/DC, Iron Maiden, Black Sabbath, Kiss e o mais recente lançamento que é tributo ao Deep Purple interpretado somente com vocais femininos, o Woman from Brazil... The Brazilian Tribute to Deep Purple.
E parece que a Armadillo está com mais um trabalho no forno, pois o mais recente anúncio de tributo já está causando muito fervor entre os fãs de ninguém menos que Slayer com o tributo intitulado BRAZIL PAINTED BLOOD...THE BRAZILIAN TRIBUTE TO SLAYER. Para homenagear uma das maiores bandas do cenário heavy metal de todos os tempos, Rizzi convidou 30 bandas brasileiras. Destas, cinco delas são gaúchas e, destas ainda, quatro estiveram nos palcos das duas edições do Metal Sul Festival: Carniça, Losna, Burn the Mankind e Leviaethan. Em recente postagem em suas redes sociais, Rizzi anunciou surpresas neste tributo.
“Brazil
Painted Blood...The Brazilian Tribute to Slayer, terá uma surpresa, terá
uma bônus, e terá a participação de dois guitarristas de renome mundial. Em
breve divulgarei qual banda e quais os músicos que farão participação pra la de
especial, posso adiantar a versão, será The
Antichrist, do álbum Show no Mercy.
O tributo terá 31 versões”.
O festival que teve sua primeira
edição em 2017 e depois em 2019 reuniu cerca de 30 bandas, além de
apresentações da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo com repertório para heavy
metal mundial, incluindo no setlist, boa parte das bandas já homenageadas pela
Armadillo, como o próprio Slayer.
A produção do Metal Sul Festival
quis compartilhar deste entusiasmo (e orgulho) e entrevistou as bandas gaúchas
que participarão do tributo: Carniça, Losna, Burn the Mankind, Leviaethan e
Patria – única das bandas gaúchas que ainda não se apresentou no Metal Sul
Festival. Conversamos com as cinco bandas e também com o produtor Luiz Rizzi
sobre todo este processo do tributo. A produtora do Metal Sul Festival, Cláudia
Kunst, destaca o orgulho em ter, pelo menos quatro bandas que se apresentaram
no festival neste lançamento. “Ter quatro bandas neste tributo tão importante
só endossa a qualidade artística que o Metal Sul Festival possui. Ficamos muito
orgulhosos com este anúncio e também por ter outra baita banda nesta produção
que é a banda Patria. Ela ainda não esteve no festival, mas quem sabe no futuro,
né?”, anima-se a produtora.
Segundo Luiz Rizzi, a escolha das
bandas para os tributos é sempre muito difícil, pois considera o Brasil um pólo
de grandes nomes. “O Rio Grande do Sul sempre produziu grandes bandas e no
tributo ao Slayer entrou a Leviaethan, que é uma das bandas mais antigas do
Brasil em atividade, um verdadeiro patrimônio do metal gaúcho”, destaca Rizzi.
Ele salienta a participação da banda Patria, que tem entre seus componentes o
guitarrista e artista visual Marcelo Vasco que é responsável pela arte visual do
álbum que será duplo. “A Patria já participou de dois tributos; a Carniça
participará pela segunda vez; a Leviaethan já participou de quatro. E teremos
duas bandas novatas, a Losna e a Burn the Mankind”, acrescenta o empresário.
A veterana Leviaethan, com mais de 35 anos e que tem em sua formação, Flávio Soares, Denis Blackstone e Ricardo Ratão de estrada, esteve nas duas edições do Metal Sul Festival, sendo que na última se apresentou com a Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo, com repertório para cinco composições da banda. Para Flávio, vocalista e baixista da Leviaethan, participar de quase todos os tributos às bandas que receberam homenagens da Armadillo, mostra a confiança e também o potencial de contribuir com a divulgação destes trabalhos. “Para nós, como banda é interessante participar, pois a marca Leviaethan vai girar por todo o Brasil e por onde esses tributos passarem”, destaca Flávio.
Tendo se apresentado na primeira edição do Metal Sul Festival, a Carniça completa seus 30 anos de carreira. De acordo com o vocalista Mauriano Lustosa, que tem ao seu lado os músicos Marlo Lustosa, Parahim Lustosa e Dedé Moth's, em todos os seus lançamentos autorais, a banda costuma colocar, pelo menos uma releitura de um grande nome do metal mundial. “Começamos com Venom em nosso álbum debut, Rotten Flesh.
Em 2000 participamos do Tributo Oficial ao Running Wild - Rough Diamonds com a música Mordor. Depois em 2011 homenageamos Slayer com Hell Awaits no álbum Temple's.... Em 2012 foi a vez do WASP com I Wanna Be Somebody no Nations. Em 2017 foi Sarcófago com Midnight Queen no álbum Carniça. Em 2018 fomos convidados para participar do Brazil Rock City Tributo ao Kiss do selo Armadillo Recs com a música Love Gun. Em 2019 fomos convidados para South Americans Irons da Rotten Flesh Recs tributo ao Iron Maiden com a música Powerslave e agora novamente pela Armadillo com este Tributo ao Slayer com a música Blood Red”, contabiliza Mauriano.
Este tributo, conta com a participação da Losna, banda das irmãs Fernanda e Débora Gomes e Marcelo Pedroso, que se apresentou no Metal Sul Festival em sua primeira edição, em Caxias do Sul. Para a guitarrista Débora Gomes, é uma honra participar deste projeto com a Losna, pois Slayer é uma de suas influências. “Estaremos ao lado de grandes nomes da cena metal brasileira e também será uma forma de visibilidade.
E, de repente, vá que o Kerry King ouça e curta”, brinca a guitarrista. Já Rafael, da banda Burn the Mankind que se apresentou no Metal Sul Festival na última edição, em 2019, Slayer é uma das inspirações do grupo formado ainda por Marcelo Nekard, Marcos Moura e Sandro Moreira. “Tô com sorrisão há dias por conta disso. Poder prestar tributo a um grupo que nos inspirou a tocar e a montar banda é fantástico. Realmente amamos Slayer e vamos tentar honrar este sentimento”, descreve Rafael.
Patria, formada por T.Sword, Mantus (Marcelo Vasco), Ristow, Vulkan r Abyssius - única banda que não se apresentou ainda no Metal Sul Festival, é mais uma das bandas gaúchas que irá participar do tributo. Além disso, o guitarrista da banda, Marcelo Vasco está incumbido de fazer a arte do álbum. Perguntado para Marcelo, sobre passar um filme de quando eram garotos e sonhavam em tocar sons pesados como Slayer ele é exatamente isto. “Com certeza. Isso é legal demais!
O trabalho da Armadillo Records é muito bom e super profissional. A gente tem certeza que será um Tributo com muita garra e respeito ao Slayer. De fãs para fãs, sabe?! Enfim, é um registro que vai ficar guardado pra gente no lado esquerdo do peito (risos). Slayer é a minha banda favorita de todos os tempos!”, enfatiza Marcelo.
O empresário Luiz Rizzi ainda destaca as bandas gaúchas e diz se surpreender com os lançamentos de tantos grupos de qualidade. “Desde os anos 80 produzindo muitas bandas boas, e me surpreendo sempre que ouço material de bandas do Rio Grande do Sul. O Estado é o berço de uma das maiores bandas nacionais de todos os tempos, o grande Krisiun, mas destaco também, os veteranos do Leviaethan, o Rebaelliun, Rage in my Eyes, Exterminate. Meu disco preferido de banda gaucha, e o Best Before End, da Panic”, destaca Rizzi. Ele ainda descreve os elogios do baterista do Motorhead à época do tributo à banda. “Mickkey Dee, baterista do Motorhead ficou surpreso quando recebeu sua cópia do Going to Brazil...The Brazilian Tributo to Motorhead. Ficou surpreso com a qualidade do tributo”, orgulha-se.
Arte visual de BRAZIL
PAINTED BLOOD...THE BRAZILIAN TRIBUTE TO SLAYER
Marcelo Vasco tem um currículo incrível, com diversos trabalhos de peso em seu portfólio. Com o próprio Slayer, Marcelo se destaca com a arte da capa do álbum Repentless. Questionado sobre como será a capa do tributo, ele comenta que ainda está em estudo. “Trabalhar em algo relacionado ao Slayer é sempre muito legal. Na realidade a capa do tributo ainda não está pronta. Estou conversando com o Luiz da Armadillo Records e desenvolvendo uma temática artística pra eu começar a criar ela em breve.
O nome do tributo será “Brazil Painted Blood”, uma referência
direta ao disco “World Painted Blood”,
do Slayer, mas não acho que seguir algo tão a risca do título seja o melhor
caminho, então ainda estamos tentando achar uma boa resolução pra fugir do
clichê”, conta o artista. Em algumas entrevistas, Marcelo diz que poderia ter
zerado a vida após desenhar a capa de Repentless.
Mas parece que este zerar iniciou uma nova contagem. Perguntado se ainda
tem este sentimento de ter zerado a vida, ele comenta que até hoje não acredita
que tenha realizado tal trabalho. “Eu ter trabalhado pro Slayer foi um sonho que
eu tinha desde muito cedo e sinceramente já achava que seria algo inalcançável.
Até hoje eu meio que não acredito (risos). Acho que a ficha não caiu
completamente! Agora com o Tributo vai ser bem legal por eu estar assumindo
esses meus dois lados, musical e visual. A experiência vai ser bem
interessante”, salienta Marcelo.
Para finalizar, Marcelo fala sobre o Metal Sul Festival e sobre um convite antecipado para que a banda possa, quem sabe, em alguma edição, participar do festival. “Seria muito bom se a gente pudesse participar da próxima edição do festival. Ouvi falar muito bem da produção inclusive. De antemão já te agradeço pelo convite”, finaliza o músico.
Sobre os novos projetos da Armadillo, Luiz comenta que este,
possivelmente será o último trabalho do selo. “Infelizmente este do Slayer é o
último. Eu estava organizando o tributo ao Led Zeppelin, mas desisti; fui
literalmente coagido, colocado na parede, para organizar o tributo ao Judas
Priest e ao Metallica, mas infelizmente não acontecerá, o tributo ao Slayer, é
definitivamente o último”, justifica Luiz.
Conheça as bandas e suas respectivas homenagens
participantes desse tributo:
CD1
KORZUS - War Ensemble
Vodu - Criminally Insane
Apple Sin - South of Heaven
Endrah - Repentless
Hell's Punch - Stain of Mind
Thunderspell - Tormentor
Hylidae - Chemical Warfare
Tailgunners - Dead Skin Mask
Venomous - Killing Fields
Tosco - Piece by Piece
Patria - At Dawn They Sleep
Carniça - Blood Red
Vulture - Show No Mercy
Burn the Mankind - Dittohead
Obskure - Seasons in the Abyss
CD 2
Leviaethan - Raining Blood
Armum - Postmorten
Siegrid Ingrid - Skeletons of Society
Pagan Throne - Divine Intervention
Uganga - Mandatory Suicide
Genocídio - Kill Again
Aneurose - You Against You
Macumbazilla - Expendable Youth
Andralls - Bloodline
Losna - Hell Awaits
Malefactor - Angel of Death
Bulletback - World Painted Blood
Chaosfear - Love to Hate
Matricidium - Spirit In Black
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