quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Therion: Sim, "Leviathan" é o Prometido "Álbum de Hits"

Sim, eles prometeram e cumpriram. O mentor do Therion, Christofer Johnsson anunciou que depois dos dois últimos trabalhos, o que restava fazer era um álbum de “hits” da banda, algo pedido e esperado pelos fãs. Ou seja, depois de experiências como “Les Fleurs du Mal” e o disco triplo com a ópera “Beloved Antichrist”, projeto o qual Christofer vinha trabalhando há anos e que desejava realizar, “Leviathan” traz a sonoridade “tradicional” do Therion, de álbuns como “Vovin”, “Secret of the Runes” e “Sirius B”, por exemplo.  (English Version)

Temos então o Symphonic Metal de riffs marcantes, grandes arranjos orquestrais e fantásticos corais e vocais, com peças onde as partes sinfônicas se sobressaem, e outras onde o lado Heavy Metal comanda.

Logo nas primeiras audições nossos ouvidos já identificam as características que consagraram este ícone do Metal Sinfônico, e logo você está plenamente familiarizado com o álbum, com muitas das melodias e refrãos já fixados na mente.

Sobre a produção e qualidade dos músicos, não há discussões, tudo excelente, Christofer e o virtuoso Christian Vidal apresentam um trabalho irrepreensível nas guitarras, Nalle Pahlsson com sua técnica e pegada no baixo. Os vocais, a cargo do versátil e experiente Thomas Vikström, que arrisco, traz uma de suas melhores performances, e de Chiara Malvestiti e da estreante Rosalía Sairem, que são excelentes. 

Alguns convidados especiais também aparecem com destaque, como Johan Koleberg (bateria), Marco Hietala e Snowy Shaw. A produção também teve sua peculiaridades, devido a pandemia, com gravações sendo feitas em vários estúdios e em países diferentes.

E não é só na sonoridade que o álbum vai soar familiar aos ouvidos, os temas abordados nas letras também, versando sobre mitologia de diversas culturas, como a persa, chinesa e finlandesa.

Talvez algumas resenhas chatas, normalmente feitas por quem não tenha muita afinidade com o estilo ou a banda, ou até aqueles pseudo-intelectuais, onde dirão que o trabalho não traz nada de novo, ficou em uma zona de conforto ou algo do tipo. Mas tenho certeza que os fãs da banda aprovarão o disco, e afinal, o Therion criou um estilo próprio, é uma das bandas mais originais do planeta, fez os álbuns que queria fazer, e não há nada de errado em formular músicas com as características que os consagraram e ainda atender o desejo dos fãs.

O álbum é muito fácil de ouvir e digerir pelo fã da banda, com canções que não possuem longa duração (o álbum tem pouco mais de 45 minutos), e alternam momentos mais vibrantes e Metal, com outros mais densos, épicos e onde o lado sinfônico se sobressai, e também com aquele equilíbrio entre os dois mundos, coisa que sempre fizeram muito bem.

 Nessa linha onde o lado Metal se sobressai, temos logo uma faixa muito bem escolhida como abertura, “The Leaf on the Oak of Far”, que traz algumas novidades, como a linha inicial dos vocais e aquele efeito de voz no megafone. Possui ótimos riffs, com uma levada Hard\Heavy. Certamente será uma que funcionará muito bem ao vivo.

“Great Marquis of Hell”, curta e vibrante, com aquela mistura de riffs Heavy Metal marcantes mais a frente e os arranjos sinfônicos em segundo plano, destaque para os vocais de Thomas Vikström, que, aliás, está cantando muito! Não a toa se tornou peça importantíssima na banda e inclusive foi a grande parceria de Christofer nas composições. Thomas é um vocalista multi-facetado, fazendo vocais que vão do Hard ao Metal, do suave ao agressivo, além dos operísticos;

“Eye of Algol”, traz aquele balanço perfeito entre o clássico e o Metal, com vocais altos de Rosalia, mostrando sua versatilidade, e ainda “El Primer Sol”, com Thomas balanceando vocais operísticos com linhas mais Metal, tendo também a companhia da excelente Chiara Malvestiti, e “Tuonela”, e suas melodias e refrão cativantes, trazendo como convidado Marco Hietala. Boa sacada, em uma faixa falando sobre o reino dos mortos na mitologia finlandesa, um dos ícones do Metal daquele país.

Diria que essas citadas seguem aquela linha de clássicos como “The Blood of Kingu” e “The Rise of Sodom and Gomorra”, só para situar o leitor de que realmente, este é um álbum com o qual você se sentirá familiarizado.

Para citar alguns dos momentos mais densos, dramáticos, épicos e com as orquestrações e corais se sobressaindo, temos a faixa título, “Leviathan”, com seu peso, corais grandiosos e fantásticos vocais da soprano Chiara Malvestiti; “Nocturnal Light”, épica e também carregada de corais grandiosos, e ainda “Ten Courts of Diyu”, que inicia com melodias orientais (Diyu é o reino dos mortos ou inferno na mitologia chinesa), e traz dramaticidade e belos vocais femininos, culminando em um suave refrão.

Resumindo, um álbum dinâmico, fácil de ouvir e que possui todas as características que consagraram a banda, e que são adoradas pelos fãs, os quais com certeza ficarão satisfeitos com o que encontrarão em “Leviathan”.

Texto: Carlos Garcia

Banda: Therion
Álbum: Leviathan (2021)
Estilo: Symphonic Metal
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

 Tracklist

1. The Leaf on the Oak of Far 3:38
2. Tuonela 4:37
3. Leviathan 4:01
4. Die Wellen der Zeit 3:46
5. Azi Dahaka 3:06
6. Eye of Algol 4:03
7. Nocturnal Light 5:37
8. Great Marquis of Hell 2:36
9. Psalm of Retribution 5:03
10. El Primer Sol 3:37
11. Ten Courts of Diyu 5:29

 



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