terça-feira, 26 de setembro de 2023

Cobertura de Show – Ghost – Espaço Unimed/SP – 21/09/2023

Depois de seis anos da última vinda ao Brasil e a São Paulo, especificamente, os suecos do Ghost retornaram ao país na penúltima semana de setembro com a RE-IMPERATOUR no Espaço Unimed, localizado na zona oeste de São Paulo, com duas datas ‘sold-out’. Na ocasião estivemos presente no último dia (21) para conferir a tão aguardada apresentação do noneto.

Com uma década e meia de atividade, o grupo progrediu ainda mais seu espaço no ‘mainstream’ e no mercado americano após o lançamento do “Impera” (2022), disco que enriqueceu ainda mais o bakground musical da banda puxando elementos do Hard Rock, AOR e da música Pop conquistando não só novos fãs, mas também os que rejeitavam no passado e passaram a olhar (e ouvir) a banda com mais razão e atenção.

A ansiedade já tomava conta desde cedo com os fãs dominando todo quarteirão em baixo de um calor insuportável. Conforme as horas passava, a fila se estendia cada vez mais até o horário da abertura dos portões, aberta por volta das 18h40. Com os ingressos esgotados, dito logo acima, era de se esperar a assustadora presença dos fãs, onde boa parte deles estavam fantasiados de Papa Emeritus e a com a imagem criada pelo líder do grupo pintada no rosto.

Os cantos gregorianos indicavam os últimos preparativos para o começo do show por de trás do pano branco. A euforia logo tomou conta quando a intro “Imperium” soou nos PAs, às 21hrs, antes da banda aparecer no palco – que faz referência a um templo católico – para mandar uma sequência arrebatadora com “Kaisarion”, “Rats, “From the Pinnacle to the Pit”, (trocada por “Faith”, executada na noite anterior) e “Spillways”, que teve os primeiros dizeres de Tobias com um rápido “Olá São Paulo, como vocês estão?”.

O repertório visitou toda discografia da banda, que mesclou bem os momentos mais atemporais e pesados. Os fãs, que ajudou o espetáculo a ficar ainda mais marcante, vibraram e cantaram com “Cirice”, “Absolution” (por exemplo) e com todas as músicas no set-list que quase atingiu duas horas. Nem o calor, que também habitava dentro do local, tirou o ânimo de quem esperou muito tempo para o show que foi além da perfeição.

A música mais festejada da noite, “Ritual” – presente no primeiro álbum “Opus Eponymous (2010)” – funcionou melhor ao vivo do que em estúdio. Além do público ter feito a sua parte (cantando fervorosamente), Tobias mostrou todo bom humor e empatia com a dupla de guitarristas e com os demais da banda, os chamados Nameless Ghouls, que aliado ao talento do vocalista, deixou o espetáculo com mais pressão e peso em cada música executada.

A teatralidade da noite apareceu em “Call Me Little Sunshine” e “Con Clavi Com Dio” – a última com destaque ao turíbulo com incenso – para deixar o clima infernal no jeito após a pesada “Watcher in the Sky”. Nas duas primeiras, o líder da banda encarnou seu personagem principal, Papa Emeritus – que desde 2020 vem apresentando a sua quarta feição –, deixando as quase sete mil pessoas ainda mais exaltadas para o que viria a seguir.

O espirito maligno já rondava o palco nas canções anteriores, só que ela esteve bem mais presente quando “Year Zero” manifestou os demônios que introduz a clássica faixa do álbum “Infestissumam (2013)”: a iluminação toda vermelha, as fumaças brancas e a banda imobilizada para receber novamente o Papa Emeritus IV – dessa vez bem mais satânico e diabólico do que da primeira aparição – deu a sensação para um começo de missa, como vários fãs gostam de definir.

Quem acompanha a banda desde cedo sabe que eles exploram diversas nuances, não ficando somente fixos ao Heavy Metal e ao Rock com influências do progressivo e psicodélico. “He Is”, que deixou muita gente emocionada, é a prova perfeita disso; a instrumental “Miasma” trouxe a participação ilustre do Papa Nihil fazendo solo de saxofone após ter sido eletrocutado de seu caixão enquanto Tobias fazia seu merecido descanso.

De volta ao palco, Tobias pediu para que todos cantassem junto com ele a próxima música, a nada menos que a radiante (e maior sucesso comercial do grupo) “Mary on a Cross” – com direito a capela no final –, presente no EP “Seven Inches of Satanic Panic” (2019), que rapidamente foi emendada com a visceral “Mummy Dust”.

Antes da épica “Respite on the Spitalfields”, Tobias não só agradeceu pela presença do público, mas também pela presença das brasileiras da Crypta, que não poderam se apresentar na noite anterior por motivos logísticos, e que vamos falar sobre o show delas no final deste texto.

Chegando a hora de voltar para casa (usando as palavras do Tobias), o vocalista perguntou qual música queriam ouvir para o final do show. Ensurdecedoramente responderam “Twenties”, porém não foi possível atender o pedido, deixando para uma próxima oportunidade. Mas o ‘front-man’ prometeu encerrar a noite com duas músicas, ou melhor dizendo, três músicas: “Kiss the Go-Goat”, “Dance Macabre” e “Square Hammer” teve a mesma agitação das três primeiras, onde todos cantaram e pularam como se o show estivesse começando novamente.

Muita gente, com certeza, deve ter saído do Espaço Unimed realizado e de ter visto o melhor show internacional de 2023 de uma banda que só tende a ganhar mais e mais destaque nos próximos anos, que depender de Forge – o maior gênio da música na atualidade (na minha opinião) –, o sucesso do Ghost está garantido até o fim dos tempos.

 

Sobre o show da CRYPTA

Um dos fortes nomes da música extrema brasileira (porque não mundial?) e elogiada pela atração principal da noite, enfim, a Crypta pode fazer a abertura para o Ghost depois dos problemas logísticos que impediram delas abrirem na noite anterior. O respeito e a admiração pelas meninas é tanta que, por incrível que pareça, alguns pediram a devolução do ingresso porque queriam somente ver elas.

Na ocasião, a banda – liderada por Fernanda Lira (vocal/baixo), Luana Dametto (bateria), Tainá Bergamaschi e Jéssica Di Falchi (guitarras) – fez o primeiro show da turnê de divulgação do seu novo álbum, “Shades Of Sorrow”, lançado no mês passado que vem ganhando elogios da mídia especializada e dos fãs.

Das nove músicas presente no repertório, sete foram do mais recente lançamento, com destaque para “The Outsider”, “Lullaby for the Forsaken” e “Lord of Ruins”, primeiro single do álbum. Mas o show como um todo foi bem assertivo, onde ambas foram ovacionadas do começo ao fim e esbanjando brutalidade num espaço curto de tempo.

Outro ponto interessante do show foram as espadas e o pano vermelho fixado no meio do pedestal da Fernanda – que ame ou odeie, vem mostrando a cada dia ser uma das melhores ‘front-woman’ do Metal nacional – e das velas acessas em volta do kit de bateria da Luana, elementos que estão presentes na capa do mais recente disco. Já Tainá aproveitou uma das extensões que o Ghost colocou no palco para esbanjar a sua técnica e os riffs pesados na parte mais alta.

Do álbum de estreia, “Echoes of the Soul”, só tocaram “Under The Black Wings” e a mais conhecida da carreira da banda, até então, “From The Ashes”.

 

Texto: Gabriel Arruda

Edição/Revisão: Renato Sanson

Fotos: André Tedim, gentilmente cedidas pelo Metal na Lata

 

Produção: Move Concerts

Mídia Press: Midiorama

 

Crypta

The Aftermath / Lift the Blindfold

Stronghold

The Outsider

Lullaby for the Forsaken

Poisonous Apathy

Under the Black Wings

The Other Side of Anger

Lord of Ruins

From the Ashes

 

 

Ghost

 

Imperium / Kaisarion

Rats

From the Pinnacle to the Pit

Spillways

Cirice

Absolution

Ritual

Call Me Little Sunshine

Con Clavi Con Dio

Watcher in the Sky

Year Zero

Spöksonat / He Is

Miasma

Mary on a Cross

Mummy Dust

Respite on the Spitalfields

***Encore***

Kiss the Go-Goat

Dance Macabre

Square Hammer

 

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