Depois de seis anos da última vinda ao Brasil e a São Paulo, especificamente, os suecos do Ghost retornaram ao país na penúltima semana de setembro com a RE-IMPERATOUR no Espaço Unimed, localizado na zona oeste de São Paulo, com duas datas ‘sold-out’. Na ocasião estivemos presente no último dia (21) para conferir a tão aguardada apresentação do noneto.
Com
uma década e meia de atividade, o grupo progrediu ainda mais seu espaço no
‘mainstream’ e no mercado americano após o lançamento do “Impera” (2022), disco
que enriqueceu ainda mais o bakground musical da banda puxando elementos do
Hard Rock, AOR e da música Pop conquistando não só novos fãs, mas também os que
rejeitavam no passado e passaram a olhar (e ouvir) a banda com mais razão e atenção.
A
ansiedade já tomava conta desde cedo com os fãs dominando todo quarteirão em
baixo de um calor insuportável. Conforme as horas passava, a fila se estendia
cada vez mais até o horário da abertura dos portões, aberta por volta das
18h40. Com os ingressos esgotados, dito logo acima, era de se esperar a assustadora
presença dos fãs, onde boa parte deles estavam fantasiados de Papa Emeritus e a
com a imagem criada pelo líder do grupo pintada no rosto.
Os cantos gregorianos indicavam os últimos preparativos para o começo do show por de trás do pano branco. A euforia logo tomou conta quando a intro “Imperium” soou nos PAs, às 21hrs, antes da banda aparecer no palco – que faz referência a um templo católico – para mandar uma sequência arrebatadora com “Kaisarion”, “Rats, “From the Pinnacle to the Pit”, (trocada por “Faith”, executada na noite anterior) e “Spillways”, que teve os primeiros dizeres de Tobias com um rápido “Olá São Paulo, como vocês estão?”.
O
repertório visitou toda discografia da banda, que mesclou bem os momentos mais
atemporais e pesados. Os fãs, que ajudou o espetáculo a ficar ainda mais
marcante, vibraram e cantaram com “Cirice”, “Absolution” (por exemplo) e com
todas as músicas no set-list que quase atingiu duas horas. Nem o calor, que
também habitava dentro do local, tirou o ânimo de quem esperou muito tempo para
o show que foi além da perfeição.
A
música mais festejada da noite, “Ritual” – presente no primeiro álbum “Opus
Eponymous (2010)” – funcionou melhor ao vivo do que em estúdio. Além do público
ter feito a sua parte (cantando fervorosamente), Tobias mostrou todo bom humor
e empatia com a dupla de guitarristas e com os demais da banda, os chamados
Nameless Ghouls, que aliado ao talento do vocalista, deixou o espetáculo com
mais pressão e peso em cada música executada.
A teatralidade da noite apareceu em “Call Me Little Sunshine” e “Con Clavi Com Dio” – a última com destaque ao turíbulo com incenso – para deixar o clima infernal no jeito após a pesada “Watcher in the Sky”. Nas duas primeiras, o líder da banda encarnou seu personagem principal, Papa Emeritus – que desde 2020 vem apresentando a sua quarta feição –, deixando as quase sete mil pessoas ainda mais exaltadas para o que viria a seguir.
O
espirito maligno já rondava o palco nas canções anteriores, só que ela esteve
bem mais presente quando “Year Zero” manifestou os demônios que introduz a
clássica faixa do álbum “Infestissumam (2013)”: a iluminação toda vermelha, as
fumaças brancas e a banda imobilizada para receber novamente o Papa Emeritus IV
– dessa vez bem mais satânico e diabólico do que da primeira aparição – deu a
sensação para um começo de missa, como vários fãs gostam de definir.
Quem
acompanha a banda desde cedo sabe que eles exploram diversas nuances, não
ficando somente fixos ao Heavy Metal e ao Rock com influências do progressivo e
psicodélico. “He Is”, que deixou muita gente emocionada, é a prova perfeita
disso; a instrumental “Miasma” trouxe a participação ilustre do Papa Nihil
fazendo solo de saxofone após ter sido eletrocutado de seu caixão enquanto
Tobias fazia seu merecido descanso.
De volta ao palco, Tobias pediu para que todos cantassem junto com ele a próxima música, a nada menos que a radiante (e maior sucesso comercial do grupo) “Mary on a Cross” – com direito a capela no final –, presente no EP “Seven Inches of Satanic Panic” (2019), que rapidamente foi emendada com a visceral “Mummy Dust”.
Antes
da épica “Respite on the Spitalfields”, Tobias não só agradeceu pela presença
do público, mas também pela presença das brasileiras da Crypta, que não poderam
se apresentar na noite anterior por motivos logísticos, e que vamos falar sobre
o show delas no final deste texto.
Chegando
a hora de voltar para casa (usando as palavras do Tobias), o vocalista perguntou
qual música queriam ouvir para o final do show. Ensurdecedoramente responderam
“Twenties”, porém não foi possível atender o pedido, deixando para uma próxima
oportunidade. Mas o ‘front-man’ prometeu encerrar a noite com duas músicas, ou
melhor dizendo, três músicas: “Kiss the Go-Goat”, “Dance Macabre” e “Square
Hammer” teve a mesma agitação das três primeiras, onde todos cantaram e pularam
como se o show estivesse começando novamente.
Muita gente, com certeza, deve ter saído do Espaço Unimed realizado e de ter visto o melhor show internacional de 2023 de uma banda que só tende a ganhar mais e mais destaque nos próximos anos, que depender de Forge – o maior gênio da música na atualidade (na minha opinião) –, o sucesso do Ghost está garantido até o fim dos tempos.
Sobre o show da CRYPTA
Um
dos fortes nomes da música extrema brasileira (porque não mundial?) e elogiada
pela atração principal da noite, enfim, a Crypta pode fazer a abertura para o
Ghost depois dos problemas logísticos que impediram delas abrirem na noite
anterior. O respeito e a admiração pelas meninas é tanta que, por incrível que
pareça, alguns pediram a devolução do ingresso porque queriam somente ver elas.
Na
ocasião, a banda – liderada por Fernanda Lira (vocal/baixo), Luana Dametto
(bateria), Tainá Bergamaschi e Jéssica Di Falchi (guitarras) – fez o primeiro show
da turnê de divulgação do seu novo álbum, “Shades Of Sorrow”, lançado no mês
passado que vem ganhando elogios da mídia especializada e dos fãs.
Das
nove músicas presente no repertório, sete foram do mais recente lançamento, com
destaque para “The Outsider”, “Lullaby for the Forsaken” e “Lord of Ruins”,
primeiro single do álbum. Mas o show como um todo foi bem assertivo, onde ambas
foram ovacionadas do começo ao fim e esbanjando brutalidade num espaço curto de
tempo.
Outro
ponto interessante do show foram as espadas e o pano vermelho fixado no meio do
pedestal da Fernanda – que ame ou odeie, vem mostrando a cada dia ser uma das
melhores ‘front-woman’ do Metal nacional – e das velas acessas em volta do kit
de bateria da Luana, elementos que estão presentes na capa do mais recente
disco. Já Tainá aproveitou uma das extensões que o Ghost colocou no palco para
esbanjar a sua técnica e os riffs pesados na parte mais alta.
Do
álbum de estreia, “Echoes of the Soul”, só tocaram “Under The Black Wings” e a
mais conhecida da carreira da banda, até então, “From The Ashes”.
Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Renato Sanson
Fotos: André Tedim, gentilmente cedidas pelo
Metal na Lata
Produção: Move Concerts
Mídia Press: Midiorama
Crypta
The Aftermath / Lift the
Blindfold
Stronghold
The Outsider
Lullaby for the Forsaken
Poisonous Apathy
Under the Black Wings
The Other Side of Anger
Lord of Ruins
From the Ashes
Ghost
Imperium / Kaisarion
Rats
From the Pinnacle to the
Pit
Spillways
Cirice
Absolution
Ritual
Call Me Little Sunshine
Con Clavi Con Dio
Watcher in the Sky
Year Zero
Spöksonat / He Is
Miasma
Mary on a Cross
Mummy Dust
Respite on the
Spitalfields
***Encore***
Kiss the Go-Goat
Dance Macabre
Square Hammer
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