terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Cobertura de Show: Kool Metal Fest 2024 – 11/02/2024 – Carioca Club/SP

Bandas: Vio-Lence, Exhorder, Ratos de Porão (abertura: Damn Youth, Escalpo, Cerberus Attack e Santa Muerte)

Desde o anúncio do Kool Metal Fest ano passado dizendo que seria no feriado de carnaval, muita gente se preparou para esse evento prometendo lotar o Carioca Club - tudo certo! Tanto na logística do lugar, horário e bandas, o público não perdeu oportunidade de sair de casa no primeiro encontro de thrashers de 2024 com Vio--lence, Exhorder (primeira vez no Brasil), Ratos de Porão, Damn Youth, Escalpo, Cerberus Attack e Santa Muerte.

Abertura da casa ficou por conta do thrash/crossover Santa Muerte, o trio estava apresentando prévias do seu primeiro álbum quando consegui entrar, aparentemente foi um show curto mas ouvia-se muita energia enquanto estava na fila (ouvia-se também para regularem os retornos de palco, algo que aconteceu durante o evento todo).

Em seguida, Cerberus Attack fez um repertório curto, mas uma pancada atrás da outra. O quarteto com duas guitarras liderado por Jhon França (vocal/guitarra) já tem uma estrada longa no underground, fizeram um show demolidor no festival, entretanto, os retornos de palco que não foram resolvidos na abertura com duas guitarras, saturou tudo.

O Escalpo, banda de Metal Punk aproveitou a casa ganhando público e tocou logo em seguida, faz um show consistente, direto, sem dar voltas, tudo na cara e com letras claras tratando questões sociais. Deixou o recado e marcou o evento de forma digna na íntegra.

No Damn Youth os excessos foram corrigidos (mas que voltaram depois) o quarteto teve a oportunidade para executarem o melhor som das bandas de abertura até o Vio-lence. Soltaram músicas do primeiro disco “Breathing Insanity” e focaram no lançamento “Descends into Disorder”. Aproveitaram o role em SP após o show em Santo André na sexta-feira (09/02), sábado em Americana e chegaram no Carioca Club arregaçando tudo. Realmente foi o destaque da noite com Thrash altamente técnico, marcante, postura de palco, som impecável e circle pit no set-list inteiro. É a revelação do nosso underground nordestino na linha do Violator, e os eventos daqui estão sendo um termômetro para a banda alcançar voos maiores com uma turnê sul-americana e europeia nos próximos tempos.

Em seguida, a apresentação que carrega uma frase comum pra todos que curtem os caras: “ah mano, Ratos é Ratos cara!”. É uma expressão que não deixa a desejar quando a banda se impõe sonoramente, liricamente, e o público corresponde à altura.

Em turnê do disco “Necropolítica”, assistir o Ratos de Porão é sentir que a banda não vai parar tão cedo; João Gordo colocou um vocal cuidadoso que tem lenha para mais alguns discos de estúdio, muitos shows, renovação de público, surgimento de novas bandas e contestação garantida. Transitaram por todas as fases da discografia, todos tocando em alto nível e colocando todo mundo na roda. Somente os técnicos de som pisaram na bola na guitarra do Jão numa parte do show, duplicaram a Gibson dele nas caixas de frente para o público e o som lá embaixo estava extremamente alto, atropelando os outros instrumentos. Muita gente foi para o fundo para ver se melhorava, mas não foi o que aconteceu.

O problema se estendeu no Exhorder com duas guitarras. Sendo a primeira vez no Brasil, fizeram um set-list bem curto focados no álbum de 1990, “Slaughter in the Vatican”, inclusive já abriram com esse som; apenas “Forever and Beyobd Despair” do álbum “Defectum Omnium” (2024) foi tocada. A saturação das guitarras esfriou o público que preferiu naquele momento assistir mais atentamente, bater cabeça, aplaudir, para gastar energia na última banda, porque na saideira o técnico de som não podia dar bola fora. O guitarrista Waldemar Sorychta saiu para ajustar o instrumento, tudo certo porque problemas com a guitarra acontecem, porém, fizeram uma apresentação muito honesta, bem concentrados, tudo bem executado nos instrumentais, sempre com vocalista e guitarrista Kyle Thomas agradecendo ao público.

Para fechar, Vio-lence mostrou a que veio; escalou os clássicos para garantir o show de ponta a ponta começando a festa com “Eternal Nightmare” e mantiveram a pegada até o fim. Incrível como tocaram igual aos discos de estúdio, parecia que a banda estava usando metrônomo para não sair do tempo. O vocalista Sean Killian ainda carrega o mesmo timbre, fôlego e potência após três décadas no front do microfone. A energia guardada para os caras foi refletida no público, que aproveitou da primeira à última música os mosh-pits e subidas no palco, mas que logo Sean fazia questão de empurrar de volta para pista (isso mesmo, ele empurrou todos que subiram no palco). Puxaram um cover de “California Über Alles” do Dead Kennedys com Kyle Thomas (Exhorder); fecharam com “World in a World”. Os olhos estavam voltados também para o espetacular guitarrista Phil Demmel, último show dele antes de integrar o novo projeto do Kerry King. E o som dos caras agora? Estava tudo certo!

No geral, deu para sentir o público aproveitando muito bem o feriado com as bandas fazendo sua parte nas apresentações à altura do festival, que já é tradicional em SP e está indo para outras cidades. As saturações dos instrumentos são ajustes que na passagem de som pode ser corrigido (que pelo visto não teve). Já assisti o Kool Metal Fest no Teatro Mars e foi arrebatador, porém, a estrutura do Carioca Club, que traz um espetáculo de iluminação, acomodação do público e som de primeira, infelizmente pesaram a mão na hora de regular o som das guitarras de todas as bandas (exceto Damn Youth e o Vio-lence, que foram as bandas que tiveram a melhor qualidade sonora do evento). Não foi só o público que sentiu, as bandas no palco pediram no microfone uma atenção dos técnicos. Por ser um festival, os excessos sonoros podem tirar o foco da apresentação, mas no final, as bandas conseguiram inverter e sobressaíram muito bem.


Texto: Robeto “Bertz” Oliveira

Fotos: André Tedim para o Metal na Lata

Vídeos: Loudness Vídeo Cast, Fernando Curi

Edição/Revisão: Gabriel Arruda

 

Realização: Agência Sob Controle, Loja 255 e Cospe Fogo

Mídia Press: Tedesco Comunicação & Mídia

 

Vio-Lence

Eternal Nightmare

Serial Killer

Phobophobia

Kill On Command

Calling in the Coroner

I Profit

Officer Nice

Upon Their Cross

California Über Alles (Dead Kennedys cover)

World in a World

 

Exhorder

Slaughter in the Vatican

Legions of Death

My Time

Year of the Goat

Forever and Beyond Despair

Exhorder

Desecrator

 

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