Por Ozyrys Sheratan
Metal Relics (Nac.) / RockShots (Imp.)
Nota: 9,5/10 Nota dos amigos: 9,27/10
Meu primeiro contato com a banda Auro Control foi no show do SHAMANGRA que ocorreu no dia 14/01/24, evento que muitos chamam carinhosamente de “Festa da Firma Mariutti Team”, comunidade que faço parte e considero uma família. Nesse dia, dentre as bandas de abertura, a Auro Control foi a que se destacou de longe para mim, pois percebi seu profissionalismo e qualidade ao vivo que entrega com fidelidade o material gravado em estúdio no álbum The Harp.
Como cantor, me chamou muito atenção a qualidade do vocalista Lucas de Ouro, que possui uma potência vocal e extensão incrível, além da precisão na microafinação (coisa que 90% dos cantores de metal peca, futuramente irei escrever um artigo a respeito disso, aguardem). Mas o restante da banda toda é de altíssimo nível, formando aqueles times que fica difícil dizer quem é o craque, pois a banda é uma verdadeira “Dream Team” em termos de qualidade.
Baixo é meu instrumento preferido, e estamos muito bem servidos com o Thiago “Bonga” Baumgarten (Hibria), que possui técnica e agilidade invejável, além de dominar o tapping, que virou uma marca do Heavy Metal brasileiro tanto no Angra como no Hibria.
A dupla de guitarristas Lucas Barnery (Solo) e Diego Pires (Warlord, Beyond Frequencies) faz uma excelente equipe, com duetos, harmonias e solos incríveis, e para finalizar, o baterista Davi Britto (Nomin, Dream Theater Cover) fecha o time com chave de ouro, trazendo elementos do power e prog metal, além de um excelente trabalho percussivo que agrega a brasilidade e elementos tribais que elevaram muito a sensação de inovação e criatividade do álbum. A ilustração é muito bem-feita, representativa do título e conceito temático do álbum.
A faixa de introdução, “Aurum Regium”, já demonstra a qualidade da banda com arranjos orquestrais de altíssimo nível. O álbum começa para valer com “Feel The Fire” mostrando que a equalização e mixagem dos instrumentos estão muito bem arranjadas no álbum inteiro, mérito do estúdio Fusão e do Thiago Bianchi, que sempre faz produções de altíssimo nível com todas as bandas que passam por suas mãos. O interlúdio inicial do baixo é muito interessante, pena que o baixo some depois disso na mixagem dessa música. Aqui já é possível notar algumas influências de bandas como Angra, Helloween, Stratovarius e Iron Maiden, e nessa música especificamente é possível notar influência da música “Eagle Fly Free”, do Helloween.
Os vocais estão muito bem colocados e equalizados, as melodias são criativas e cativantes em todo álbum, com backing vocals sem exagero que preenchem a harmonia e que não irão prejudicar a reprodução fiel ao vivo. Destaque também para as letras profundas de todo álbum, que são reflexivas, filosóficas e psicológicas, o que faz ganhar ainda mais pontos comigo, pois como vocalista psicólogo e espiritualista universalista, valorizo muito as mensagens positivas que podem ajudar os fãs a se identificarem, refletirem e superarem momentos difíceis de suas vidas.
O álbum segue com “Not Alone”, música que tem tudo que o fã de rock e metal gosta, e a participação do Jeff Scott Soto dispensa apresentações e comentários, tudo que esse monstro toca/canta vira OURO.
Continuando com as colaborações, “Rise of the Phoenix” conta com Aquiles Priester na bateria. As suas participações costumam se destacar, e com essa não foi diferente. A letra e metáfora da Fênix foram muito bem utilizadas e casam perfeitamente com o conceito psicológico/filosófico do álbum inteiro.
“The Harp”, faixa-título, tem o baixo fazendo toda a diferença na música. Esse exemplo deveria ser seguido em todas as músicas do álbum, pois essa está entre as melhores do álbum. Felipe Andreolli fez um trabalho incrível com suas melodias utilizando a técnica tapping, que é uma das suas marcas registradas.
“The Afterglow” possui influências de Stratovarius e Dream Theater, mas senti falta um pouco da identidade da banda nessa música que me chamou muito mais atenção nas músicas com mais brasilidade. “Head Up High” destaca a melodia vocal de Lucas e a letra motivacional incrível para ajudar nos momentos mais difíceis da vida.
“Conception”, power ballad do álbum, é cheia de sentimento. Ótima para fazer uma pausa na correria speed e power metal do álbum. “Runner” segue claramente os clichês do power metal, o que não é necessariamente ruim, pois a música tem um ótimo refrão estilo hino que é cativante e vai ser cantado em coro pelos fãs, mas perto das outras músicas, ela não se destacou para o meu gosto pessoal atual.
“Breaking Through Silence”, a melhor do álbum, apresenta o melhor mix de volumes e equalizações de baixo, guitarra, voz, bateria e percussões do álbum inteiro, eu usaria essa música como modelo para todas futuras músicas, ficou impecável. Brasilidade e percussões são usadas perfeitamente nessa música. Thiago Bianchi, como sempre, quebrando tudo com suas interpretações viscerais e autênticas.
Tanto a minha média final (9,5) como a média com integrantes da banda e amigos (9,27) ficaram muito próximas, o que indica que a qualidade desse álbum provavelmente vai ser praticamente uma unanimidade entre os apreciadores de um bom rock e metal com elementos progressivos e folclóricos.
O que faltou para a nota 10?
Nesse bloco da resenha, eu me coloco na posição como se fosse um “produtor” para analisar e dar dicas e sugestões para que os próximos trabalhos da banda tenham uma qualidade ainda maior, segundo a minha experiência de 21 anos como ouvinte e cantor de metal.
- Solos de Guitarra: Solos e duetos muito bem arranjados, mas as guitarras poderiam estar mais à frente na mixagem em termos de volume com mais frequências médias/agudas na equalização nos solos e duetos.
- Bateria: poderia ter mais variação em algumas músicas, para não ter bumbo duplo o tempo todo que satura e cansa o ouvinte. O volume da caixa e bumbos poderiam ser um pouco mais baixos, para não poluir o som, pois em algumas músicas a bateria aparece na mixagem muito à frente, “tampando” um pouco a guitarra, e principalmente o baixo.
- Baixo: poderia ter mais variação além de só seguir a bateria em algumas músicas mais rápidas, e também faltou equalização média e aguda para deixar o baixo mais saliente e audível com aqueles “estalos” gostosos que ouvimos em baixos como do Steve Harris, Luis Mariutti, Felipe Andreolli e Raphael Dafras.
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