Noite Nostálgica em São Paulo faz fãs “voltarem” no tempo com Edu Falaschi
Na noite do dia 03 de agosto de 2024, o Tokio Marine Hall se transformou numa máquina do tempo para todos os fãs que compareceram em peso (lotando a casa) para prestigiarem uma grande comemoração na carreira de Edu Falaschi, que entregou um verdadeiro espetáculo para que fã nenhum colocasse defeito. A noite contou ainda com as bandas Storia e Noturnall, cada uma com seu estilo e energia, criando a atmosfera perfeita para uma grande noite.
Abertura com Storia
A abertura dos trabalhos ficou a cargo da jovem e promissora banda Storia, formada por jovens e talentosos músicos que estão despontando no cenário nacional. Eles estiveram presentes em todos os shows da tour comemorativa do Edu Falaschi, sendo destaque também na 35ª do Mariutti Team Zine.
A Storia subiu ao palco às 21h em ponto, neste momento o público já tomava boa parte da pista premium, visando garantir os melhores lugares à frente do palco e foram presenteados com um bom show de abertura. A banda entrou no palco com grande empolgação apresentando um vocal (Pedro Torchetti) ao melhor estilo Power Metal,passeando entre melodias bem acentuadas, limpas e agudas.
O instrumental muito bem executado pelos músicos, apresentou ao público seu primeiro EP “Revenant - The Silver Age” (produzido pelo Thiago Bianchi) na integra, onde evidencia suas influências de Power Metal e ProgMetal.
A cozinha da banda formada por Thiago Caeiro (bateria) e Pablo Guillarducci (baixo) mostrou um ótimo entrosamento, com linhas de destaque no baixo e principalmente na bateria. O guitarrista Gabriel Veloso segurou muito bem as linhas de guitarra, apresentando riffs, solos bem executados e boa técnica.
Entre os momentos mais marcantes, destaco a segunda música executada, “Rise of the Silver Knights”, que arrancou calorosos aplausos. Outro destaque foi “It’s Treason Then”, onde a banda conseguiu realmente envolver o público, que, já em maior número, clamava em uníssono pelo nome da banda, demonstrando assim a sua aprovação e confiança no futuro promissor que se avizinha.
Storia
The Grey Twilight
Rise of the Silver Knights
It’s Treason Then
Revenant
Noturnall: Intensidade e Virtuosismo
A banda Noturnall, liderada pelo vocalista Thiago Bianchi, subiu ao palco às 21h37 com os dois pés no peito após serem apresentados por Sergio Sacani, o querido ‘Serjão dos Foguetes’. Com uma energia incrível, a banda levantou o público (que a esta altura já lotava a casa) com seu Metal Progressivo extremamente virtuoso, visceral, pesado e técnico, aliado a versatilidade e potência vocal de Thiago. As suas linhas vocais, que se alternam entre agudos, drives e guturais, estremeceram as estruturas do Tokio Marine Hall.
A banda mandou uma pedrada atrás da outra com um repertório técnico, rápido e pesado, executado com maestria pelos músicos Victor Franco (guitarra) – carinhosamente chamado de ‘Kikinho’ em alusão a sua similaridade com o guitarrista Kiko Loureiro –, Saulo Xakol (baixo) e Henrique Pucci (bateria).
O show da banda foi repleto de momentos incríveis que valem cada menção a seguir. Após um início avassalador com as faixas “Try Harder” e “No Turn at All”, chegou a vez da poderosa “Fight the System”, que conta com linhas vocais em português de trechos de músicas dos Racionais MCs, algo que funciona muito bem ao vivo e contagia o público, principalmente aliada a ótima presença de palco do Bianchi, que já na terceira música, estava coberto de suor, mostrando sua entrega durante o show, que não parava um instante se quer.
A única música que quebrou o ritmo nos encheu de emoção. Relembrando seus tempos de Shaman e mais recentemente ShamAngra (projeto liderado pelo baixista Luis Mariutti), Thiago anuncia em homenagem ao saudoso Andre Matos o hino “Fairy Tale”, pedindo para que o publico acendesse as luzes do celular logo nas primeiras notas. A emoção tomou conta do local, um dos grandes momentos da noite, com uma performance linda de toda a banda e principalmente do Thiago, que cantou a musica maravilhosamente bem. Para abrilhantar ainda mais aquele momento, Thiago anuncia que o piano sendo ouvido por todos era a gravação do próprio Andre tocando. O público, por sua vez, cantou em coro cada linha da música, com muitas pessoas visivelmente emocionadas, criando o ambiente perfeito para tal homenagem. Ao final, o público entoou o nome do eterno Maestro, completando então a homenagem prestada por toda a banda. É muito bom ver todo esse carinho e respeito do Thiago, dos músicos e do público ao legado do Andre num país que facilmente esquece de seus ídolos. Atitudes como essa mantém a chama acesa sempre.
Dando sequência ao show, a música “Cosmic Redemption” fora executada no lugar da versão de “O Tempo Não Para”, que vinha fazendo parte do set list em datas anteriores, colocando a energia do show no ponto alto mais uma vez. Em “Scream! For!! Me!!!”, o publico tomou conta e literalmente gritou junto com a banda, mostrando mais uma vez como a presença de palco da banda consegue contagiar e trazer o publico para dentro da apresentação, principalmente quando Thiago Bianchi se joga nos braços da galera fazendo o famoso ‘Stage Diving’.
A esta altura, a apresentação da Noturnall já se encaminhava para o grande final com a música que, ao meu ver, representa a essência da banda, “Nocturnal Human Side”, que demonstra tudo o que o grupo se propõe a fazer musicalmente desde sua trajetória: possui peso, técnica, velocidade, riffs poderosos e um refrão repleto de melodias marcantes. E desta vez não foi diferente, todos esses elementos estavam ali presentes, ao vivo para serem vistos e ouvidos durante o excelente solo da música.
Logo em seguida, a Noturnall encerrou sua apresentação de forma enérgica, virtuosa, interativa e demonstrando o porquê é uma das principais bandas do nosso cenário musical. Posso afirmar que a Noturnall é uma banda que sempre vale muito pena assistir ao vivo, tive várias oportunidades e em todos os shows eles entregam a mesma qualidade e energia no palco.
Noturnall
Try Harder
No Turn at All
Fight the System
Fairy Tale (Shaman)
Cosmic Redemption
Shallow Grave
Reset the Game
Scream! For!! Me!!!
Nocturnal Human Side
Edu Falaschi: a nostalgia em um presente grandioso
Às 23h em ponto, Segio Sacani volta ao palco para anunciar o momento tão esperado: a chance de reviver ou realizar o sonho de sentir o que foi o DVD “Rebirth World Tour: Live in São Paulo”. No entanto, ainda faltavam cerca de 15 minutos para as cortinas se abrirem e ouvir as primeiras notas ressoarem. A espera, posso dizer, valeu muito a pena. Às 23h15, o publico pôde contemplar o grandioso palco preparado para esta turnê, com os cavaleiros de seis metros de altura em cada lado do palco, cenários que refletiam os temas do primeiro e segundo álbum solo do Edu Falaschi (Vera Cruz e Eldorado) ao fundo e uma bela imagem em alusão ao anjo do disco Rebirth. Como grande surpresa, dois anjos foram posicionados um em cada lado do palco, com a bateria ao centro. A princípio, pareciam estátuas no melhor estilo “Angels Cry”, mas para minha grata surpresa, elas se mexiam. Foram introduzidas no palco as famosas “estátuas vivas”, que interagiam com as músicas ao longo do show, complementando a grandiosidade e perfeição do palco. Além disso, houve um show de pirotecnia em momentos específicos, elevando ainda mais a experiência visual e sonora. Edu, ao longo de sua carreira solo, tem demonstrado habilidade em produções de grande porte, dignas de grandes bandas internacionais. Este era o palco de uma viagem musical no tempo, enquanto a introdução “In Excelsis” ecoava no ar.
Com as primeiras notas de “Nova Era” e a entrada do Edu Falaschi no palco, a casa veio abaixo, dando início a uma grande celebração e uma viagem no tempo tão esperada pelo público. O set list foi exatamente o mesmo do famoso DVD, com Edu relembrando cada momento e todas as falas já conhecidas pelos fãs, que aguardavam ansiosamente para cantar junto com o vocalista.
“Nova Era” sempre é ótima para abertura de shows, foi assim no rememorado DVD e não seria diferente desta vez, oportunidade ímpar para logo de cara mostrar a potencia sonora que o publico teria durante todo o show. A qualidade dos instrumentos, o volume e o som em geral definiram o ritmo da jornada musical da banda de carreira solo de Edu. Além de Fábio Laguna nos teclados, Raphael Dafras no baixo, Jean Gardinalli na bateria (substituindo Aquiles Priester) e os guitarristas Diogo Mafra e Roberto Barros completaram o time com execuções excelentes. O cenário estava montado para uma noite que deixaria o público em êxtase.
Algo que pegou o público de surpresa durante o anuncio da turnê foi a decisão de Edu voltar a cantar as músicas da fase Andre Matos, que não as cantava desde sua saída do Angra. Essas musicas despertaram a curiosidade de todos, que questionaram como Edu se sairia. Conhecidos os problemas de saúde vocal que enfrentou ao longo de sua carreira, Edu sempre foi muito honesto com seus fãs sobre essas questões, demonstrando a grandeza da sua honestidade. Hoje, compreendo o desafio de estar no palco e imagino as dificuldades que o Edu superou para retornar à sua carreira. Com perseverança, resiliência e grandeza, ele venceu as adversidades, mostrando-se feliz em suas apresentações, irradiando sorrisos e um carisma único, demonstrando segurança e leveza, dignos de alguém que deixou sua marca na história. O publico ali presente estava com o jovem Edu, da época do DVD, com o Edu maduro em sua voz e trajetória, recebendo aplausos e a plateia vibrando e cantando junto como uma torcida. Ao final, a satisfação de ver seu grande ídolo desempenhando o que sempre fez de melhor, e acima de tudo, feliz.
Em “Heroes of Sand” e “Millennium Sun” o publico foi presenteado com um dos timbres vocais mais belos do metal, momento verdadeiramente especial que destacou a razão pela qual o Edu é um dos maiores nomes do nosso estilo. Novamente, tivemos uma atmosfera sem igual com o público catando em alto e bom som. “Make Believe” se revelou como um dos grandes momentos da noite com uma interpretação maravilhosa feita pelo Edu, que demonstrou toda sua personalidade e habilidade vocal, com seu timbre e características em uma música tão marcante, que certamente agradou a todos que lá estavam. Os vocalizes no final da música ficaram lindos em sua voz. Assim como no DVD, tivemos o famoso solo de bateria, desta vez tocado por Jean Gardinalli, empolgando a galera mais uma vez.
Durante uma pequena pausa, Edu aproveitou para falar sobre a Vakinha online que fez em prol do Rio Grande do Sul, revelando o vencedor do sorteio dentre os que contribuíram. Logo em seguida, ele apresentou seus companheiros de banda, destacando Roberto Barros (guitarra), como seu parceiro de composição na atual fase de sua carreira solo.
Com os primeiros dedilhados de violão, Edu reuniu o público para entoar as melodias de "Rebirth", um clássico de sua carreira que marcou uma geração de fãs. Em “Running Alone”, a emoção, mais uma vez, tomo conta deste que escreve, pois já havia assistido a um show da turnê anteriormente, em Santos. Comparado ao show anterior, a apresentação no Tokio Marine Hall foi ainda mais grandiosa. A introdução, a presença dos músicos, os anjos no palco e a performance do Edu tornou a música ainda mais especial. “Nothing to Say”, com o seu groove e riff icônico, foi extremamente bem executado por Roberto Barros. A energia foi lá em cima, contando com a clássica “dancinha” do DVD com Edu e o trio de cordas performando juntamente com o público. Na sequencia, a musica que se tornou um hino, “Carry on”, mais uma vez levou o público ao delírio, sendo tocada na integra com tudo que tem direito. Nós, fãs, agradecemos. Finalizando o set list do icônico DVD, a clássica “The Number of the Beast”, cover da banda Iron Maiden, foi apresentada.
Neste instante tivemos o famoso “bis”, onde Edu anunciou “Pegasus Fantasy The Ultimate Version”, a mais nova versão da lendária musica do anime “Cavaleiros do Zodíaco”, que o vocalista gravou a versão nacional na época. Após um momento de descontração, causado devido a uma falha no retorno dos músicos, Edu encarnou seu momento “Axl Rose”. A banda reiniciou a musica e foi absolutamente incrível, mais uma vez o local se agitou com toda a plateia cantando cada palavra da canção, algo que sempre era pedido nos shows do Edu. A versão, além de maravilhosa, ficou impecável ao vivo, digna do mais alto cosmo dos cavaleiros. Encerrando a noite ainda tivemos a poderosa “Spread Your Fire”, do álbum “Temple of Shadows” (2004), outro grande marco na trajetória do Edu.
Antes de partir para as considerações finais, gostaria de falar sobre os grandes músicos que acompanham o Edu e que fizeram deste um show memorável.
Fábio Laguna (teclados): parceiro do Edu desde os tempos de Angra, responsável por toda a ambientação e atmosfera musical ao vivo no comando dos teclados, além de fazer os backing vocals.
Raphael Dafras (baixo): acompanha o Edu desde os tempos do Almah, fica a cargo dos graves no trio de cordas, executou as linhas de baixo com grande destreza e capricho.
Jean Gardinalli (bateria): substituindo Aquiles Priester com muita competência, mandou muito bem nas linhas de bateria, tudo com muita precisão, mostrando que foi a escolha certa para ocupar o posto.
Diogo Mafra (guitarra): acompanha o Edu desde os tempos de Almah, ótimo guitarrista, um dos mais extrovertidos no palco ao lado do Edu, cativando o público. Tocou muito bem as bases e solos, só faltou um pouco mais de volume em sua guitarra para abrilhantar ainda mais sua ótima performance.
Roberto Barros (guitarra): também conhecido como “Cyborg” e destacado pelo Edu no momento da apresentação da banda como seu parceiro de composição, sempre dá um show à parte. É um exímio guitarrista, muito conhecido por sua técnica apurada, velocidade e destreza. Nessa noite não foi diferente. Além de apresentar um timbre de guitarra maravilhoso – e quem toca sabe que não é fácil timbrar uma guitarra, ainda mais para grandes shows –, tocou com maestria cada nota na guitarra, esbanjando técnica e versatilidade. Ele foi responsável desde o “tapping/two hands” inicial de “Heroes of Sand” até os solos mais complexos e desafiadores da noite, executando-os com clareza e precisão, mostrando-se confiante e interagindo com o público de forma cativante, tornando tudo parecer fácil. Foi uma performance impecável, digna de destaque.
Considerações finais
O espetáculo em homenagem ao DVD "Rebirth World Tour: Live in São Paulo" de Edu Falaschi no Tokio Marine Hall, em 03 de agosto de 2024, foi uma noite memorável para os fãs presentes. Repleta de nostalgia, a celebração do passado foi feita com maestria, sem deixar de lado o presente. A produção impecável e a performance dos músicos, que combinaram técnica, emoção, entrega e interação com o público, resultaram em um show inesquecível. O DVD já era icônico o suficiente para merecer uma turnê comemorativa, e este show também se mostrou especial, revivendo lembranças, frases e músicas marcantes.
Storia e Noturnall também brilharam com performances poderosas, cada uma com suas características únicas. Edu Falaschi, mais uma vez, demonstrou por que é um dos grandes nomes do gênero, com uma carreira repleta de "sold outs".
Em resumo, foi uma noite de emoção e conexão entre artista e público, que certamente ficará marcada na memória de todos os presentes, que puderam "voltar" no tempo.
Texto: Kaká Campolongo
Fotos: Dener Ariani
Edição/Revisão: Gabriel Arruda
Realização: Agência Artística
Mídia Press: TRM Press
Edu Falaschi
In Excelsis / Nova Era
Acid Rain
Angels Cry
Heroes of Sand
Metal Icarus
Millennium Sun
Make Believe
Unholy Wars
Rebirth
Time
Running Alone
Crossing / Nothing to Say
Unfinished Allegro / Carry On
The Number of the Beast (Iron Maiden cover)
***Encore***
Pegasus Fantasy The Ultimate Version (Os Cavaleiros do Zodíaco)
Spread Your Fire
Um comentário:
Excelente materia
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