sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Cobertura de Show: Kiko Loureiro – 10/08/2024 – Tokio Marine Hall/SP

O icônico guitarrista Kiko Loureiro retornou a São Paulo no último dia 10 de agosto (sábado) para celebrar seus trinta e cinco anos de carreira no Tokio Marine Hall, que recebeu um expressivo público para aplaudir seus sucessos em uma noite marcada pelo frio intenso da cidade. A noite contou também com os shows dos guitarristas Luiz Toffoli e Gustavo Di Padua, que prepararam o terreno antes da atração principal. 

O curitibano Luiz, que esteve recentemente no mesmo local abrindo para os americanos do Symphony X, foi o primeiro a iniciar os trabalhos. Sua técnica irreverente e habilidade nas sete cordas foram admiradas e elogiadas pelos poucos sortudos que puderam testemunhar esse show.

O repertório curto contou com os principais momentos do seu álbum de estreia, “Enigma Garden”, que traz toda influência do prog metal moderno, com destaque para “Human”, o primeiro single desse trabalho, além da nova “Gates of Underworld”, que deve ser lançada em breve. Um dos pontos altos foi a execução de “As I Am”, clássico do Dream Theater, que fez a plateia balançar os pescoços com os seus riffs vibrantes. Ao final, Luiz expressou sua gratidão pela presença de todos e apresentou a sua banda, composta por Pedro Tinello (bateria), Marcos Janowitz (baixo), Léo Carvalho (teclado) e Cássio Marcos (vocal).

Logo em seguida foi a vez do Gustavo Di Padua, que entrou no palco com dez minutos de antecedência. Conhecido por suas colaborações com o saudoso Erasmo Carlos e por ter feito parte das bandas Aquaria, Glory Opera e Almah, o guitarrista carioca agitou o público com suas qualificadas composições, entre elas “Second Floor”, “Insight”, “The Stairs” e “Spiritual Lesson”, todas apresentando uma sonoridade mais roqueira e incorporando elementos da música pop, eletrônica e até da MPB. A apresentação ficou marcada pela apresentação de duas novas músicas que farão parte do próximo álbum: “Welcome to the Next Stage” e “Elephant” (título do futuro novo disco), que foram muito bem recebidas. 

Houve também uma bela homenagem às lendas do Rock com versões mais guitarristicas de “Paranoid” (Black Sabbath) e “Wasted Years” (Iron Maiden), onde uma parte do público participou ativamente fazendo os vocais enquanto Gustavo e sua banda as tocavam. Falando na banda, os músicos Marcus Filipe (guitarra), Thiago Fernandes (baixo) e Gabriel Triani (bateria) merecem destaque pelo incrível trabalho, tornando o show encantador, porém quem roubou a cena foi o Gabriel, que foi rapidamente confundido com o Dave Grohl (Nirvana, Foo Fighters). Mas a mensagem na sua camiseta, “Not Dave Grohl”, deixou claro que não era ele.

Finalmente, Kiko Loureiro fez sua entrada no palco, contagiando a plateia com sua alegria. Ele foi acompanhado por Luiz Rodrigues (guitarra), Luigi Paraventi (bateria) e Thiago Baumgarten (baixo, Hibria), que substituíram o baterista Bruno Valverde e o baixista Felipe Andreoli, impossibilitados de comparecer por conta de compromissos com o Angra. 

Nos momentos iniciais, Kiko destacou temas de sua carreira solo, especialmente o mais o seu mais recente álbum, "Open Source" (2020), que foi lançado durante a pandemia. E nada melhor do que começar o show de maneira intensa com “Overflow”, que também é a faixa que abre o último trabalho. Kiko também relembrou músicas dos seus antigos álbuns, como “Pau-de-Arara”, famosa pela sua combinação de Rock com a música brasileira, a não tão lembrada “Reflective”, do álbum “Sounds of Innocence” (2012), e a clássica “No Gravity”, responsável pelo início de sua trajetória solo e uma das mais apreciadas nesse começo, assim como “Vital Signs”, que fez o Kiko descer do palco para tocar mais perto do público. 

Quase a meio do set, os fãs do Angra foram surpreendidos por um medley que incluiu “Carry On”, “Spread Your Fire”, “Nova Era”, “Morning Star”, “Evil Warning” e “Speed”. Este momento trouxe uma dose extra de adrenalina ao show, embora logo tenha sido abaixado quando chegou a vez de "Du Monde", introduzidas por lindas melodias de violão clássico. Para recordar a passagem do Megadeth, foram executadas a inspiradora “Conquer or Die!” e a poderosa “Killing Time”. Nesta última, Kiko assumiu os vocais e teve um desempenho satisfatório. Se fizesse uma leve torção nos lábios ou colocasse um palito entre os dentes, poderia até conseguir cantar como o seu antigo chefe, Dave Mustaine.

Ao contrário dos shows anteriores, o show de São Paulo teve a honra de receber convidados especiais. O primeiro a dar as caras foi o Lobão, renomado por sua irreverência no Rock nacional e uma grande influência na carreira musical do Kiko, conforme ele mesmo disse antes de executar o clássico "Mais Uma Vez", do álbum "A Vida É Doce" (1999), que ganhou uma nova roupagem ao vivo. 

Embora se tratasse de um espetáculo instrumental focado na guitarra, Kiko quebrou os padrões desse tipo de formato se movimentando constantemente de um lado para o outro do palco, interagia com o público, compartilhava pequenas histórias e recebia com muito carinho e bom humor o apelido de Tesouro, que foi ecoado várias vezes. Essa brincadeira resultou em um presente inusitado por parte de um fã: uma caricatura do Kiko com uma guitarra quadrada. Assim como no show em Curitiba e em outros shows, Kiko convidou uma pessoa da plateia para tocar na sua guitarra, e o escolhido foi Felipe Zarza, que, apesar do nervosismo, não fez feio diante do púbico, recebendo muitos aplausos e elogios do dono da festa.

Após a execução de “Dream Like" (a favorita deste que vos escreve), foi a vez de Alírio Netto, um dos vocalistas mais admirados da atualidade, entusiasmar o público com a sua performance em “Rebirth”. Ele ainda voltou, após a enérgica “Dilemma”, em “Nothing To Say”, que teve a emocionante participação do baixista Luis Mariutti, que não dividia o palco com o Kiko há exatos vinte e cinco anos. 

Quase no fim, Kiko apresentou uma sequência de duas músicas do seu álbum inaugural, “No Gravity” (2005), e as escolhidas foram “Enfermo” e “Escaping”, esta última com a colaboração do guitarrista norte-americano Ron “Bumblefoot” Thal. A grande surpresa da noite foi o cover de “Stormbringer”, do Deep Purple, onde Kiko brilhou novamente ao cantar e chamar todos os convidados da noite ao palco, concluindo o show de uma maneira emblemática e descontraída.

Ao longo de seus trinta e cinco anos de trajetória, Kiko tem demonstrado ser um músico à frente do seu tempo. Suas destrezas com a guitarra, seu carisma e sua paixão pela música seguem impactando inúmeras pessoas, além de intensificar a admiração de todos que o acompanham há tantos anos. Em resumo, a apresentação se revelou uma verdadeira masterclass musical.


Texto: Gabriel Arruda 

Fotos: Dener Ariani 


Realização: Top Link Music


Luiz Toffoli

Grand Opening 

Human

I’m Alive 

Both Worlds 

As I Am (Dream Theater cover)


Gustavo Di Padua

Second Floor

Insight

The Stairs

Spiritual Lesson

Paranoid (Black Sabbath cover)

Wasted Years (Iron Maiden cover)

Welcome to the Next Stage

Elephant

2008


Kiko Loureiro

Overflow

Pau-de-Arara

Reflective

No Gravity

Vital Signs

Carry On / Spread Your Fire / Nova Era / Morning Star / Evil Warning / Speed

Du Monde

Mais uma vez (feat. Lobão)

Conquer or Die!

Killing Time

Dreamlike

Rebirth (feat. Alirio Netto)

Dilemma

Nothing to Say (feat. Alírio Netto, Luis Mariutti)

Enfermo

Escaping (feat. Ron “Bumblefoot” Thal)

Stormbringer (Deep Purple cover, feat. Alírio Netto, Ron "Bumblefoot" Thal, Luis Mariutti, Lobão)

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