segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Iron Maiden: Chegando à Fronteira Final


Não é nada fácil escrever a resenha de um disco inédito do Iron Maiden. Entre os motivos de tal dificuldade posso citar o fato de ser a minha banda favorita desde sempre, correndo o risco de falar mais como um fã literal da banda do que alguém com senso crítico. Segundo, discos inéditos tem rareado na carreira do Maiden, especialmente nesta última década (nesse período foram lançados 4 discos inéditos), e quando a maior banda de Heavy Metal de todos os tempos traz um álbum com músicas inéditas, as comparações são inevitáveis.


Eis que 4 anos após “A Matter of Life and Death” (2006), álbum amado por uns e odiado por outros, a turnê “Somewhere Back in Time Tour 2008-2009” que rodou o globo e deu forma ao documentário e DVD “Flight 666” (2009), e especulações acerca do mítico e derradeiro 15º álbum de estúdio, Steve Harris (Baixo), Bruce Dickinson (Vocal), Adrian Smith (Guitarra), Dave Murray (Guitarra), Janick Gers (Guitarra) e Nicko McBrain (Bateria) lançam hoje o álbum “The Final Frontier”, disco mais esperado do ano e que não é para menos, afinal, trata-se de mais um álbum da Donzela de Ferro.


Nos últimos meses a banda tem pegado pesado na divulgação do novo disco. Primeiro foi todo o clima para liberar a música “El Dorado”, que foi a primeira faixa do álbum a ser divulgada, incluindo juntamente a capa e todo o designe do 15º disco.

Há algumas semanas a banda liberou o vídeo clipe para a música “Satellite 15...The Final Frontier”, que muito agradou mas também deixou muitos com a pulga atrás da orelha acerca do que esperar do novo disco.


Há poucos dias do lançamento oficial que ocorreu hoje, a álbum vazou na íntegra. Embora ainda bastante recente muitas pessoas estão gostando do novo disco do sexteto, mas um número considerável de pessoas se decepcionou com o disco.

“The Final Frontier” (2010) conta com 10 músicas, passando de mais de 70 minutos de música, novamente primando por composições longas, como tem feito nos últimos dois álbuns.


Mas para quem esperava algo totalmente novo, ou ainda mais do mesmo, se enganaram. Obviamente que as músicas possuem a cara do Maiden da década de 2000 e seria estupidez esperar que a banda, de repente, voltasse a soar como nos anos oitenta. Agora o grupo perdeu um pouco da pegada Heavy Metal de outrora para apostar em passagens mais progressivas, mas mantendo ainda o peso característico dão grupo.

A faixa-título que inicia o álbum traz uma introdução muito estranha para os padrões da banda. Algo como batidas tribais, efeitos de guitarra que dão ares de estarmos adentrando o Espaço, nos colocando no clima da temática do álbum que, mesmo não sendo um disco conceitual, traz características em comum seja na arte gráfica ou nas letras das músicas. Cerca de 5 minutos de introdução (que para muitas pessoas ficou longa demais) se passam para estourar numa das melhores composições do Iron Maiden e com certeza a música mais empolgante do álbum. Obviamente que será a faixa de abertura da nova turnê.


“El Dorado” já era conhecida da galera. O som que tem uma pegada Hard Rock, ajudada pela guitarra de Adrian Smith, é o que a banda já vinha executando ao vivo na turnê norte-americana e, embora ao vivo tenha ficado mais interessante, é uma das melhores do álbum.

A banda apostou criar músicas com algumas coisas diferentes, como a “balada” do álbum “Coming Home” e “The Man Who Would Be King”, que traz no meio de sua música uma vocalização nunca antes presente num álbum do grupo, além de solos e ritmo de bateria que a deixaram com mais novidade do que se esperava ao ouvi-la. O riff em uníssono estão presente também nessa faixa, e a banda mostra que ainda é a melhor nisso.



Mas a maior surpressa positiva (além da intro da primeira música) é a última música, “Whe the Wild Wind Blows”, que inicia numa vocalização bastante suave e muito bem interpretada por Bruce Dickinson para compor uma das melhores músicas do disco. Ela apresenta uma melodia de fácil assimilação, diferente de tudo que o Maiden tenha feito.


“Mother of Mercy” é faixa que começa a apresentar alguma coisa mais progressiva. Destaque para o riff inicial e o refrão, que com certeza ficará ótimo ao vivo. Dickinson mostra que ainda tem muito fôlego.

Outro grande destaque fica a cargo de “Starblind”. Mesmo a música parecendo bastante com o que foi feito no álbum anterior, essa faixa traz um clima tenso, muitos riffs e solos de guitarra interpostas. Vale destacar que o trio de guitarristas está mais ousados do que nunca.


Estava especialmente ansioso por “Isle of Avalon”, música composta por Adrian Smith e que este já a considera uma de suas melhores composições. Talvez pela expectativa exagerada, ao ouvir a música, senti a primeira decepção do disco. A música não é ruim, mas não traz nada de novo e poderia ter feito parte de qualquer um dos últimos três discos do grupo.

“The Alchemist” tenta vir com uma pegada mais Heavy, lembrando “The Mercenary” (do álbum de 2000 “Brave New World”), mas sem a mesma qualidade desta. Mas a música parece que ficará muito boa ao vivo.


Faltando-nos falar ainda falar de “The Talisman”, essa música começa com um violão acústico, com clima sombrio, com Dickinson praticamente sussurrando para estourar (como tem sido de hábito da banda) numas passagens mais pesadas, com Nicko MacBrain quebrando tudo na bateria.

Vale assinalar o ótimo trabalho da banda, que conta com músicos que dispensam apresentações. Especialmente em relação às guitarras, nota 10 para Smith, que trouxe riffs diferenciados ao som da banda. Nicko (Bateria) não inova (exceto na introdução da faixa-título em que usa pedal duplo), mas não diminui sua contribuição para a banda com seu modo único de tocar.


Já vi muita gente falando que este é o segundo melhor disco desde que o grupo passou a usar três guitarras, fiando devendo apenas para o já clássico “Brave New World”. Ainda é cedo demais para mim afirmar algo assim. De maneira geral, o álbum me agradou, surpreendendo positivamente em vários momentos, mas também deixando um pouco de saudade de canções com mais pegada Heavy. Inevitável que para músicos com o gabarito deles, o grupo só tende a tornar suas músicas mais complexas, o que não deixa de ser muito bom.

Aos que consideram que o Iron Maiden não inova em seus discos, sugiro que ouçam “The Final Frontier”, onde a banda demonstra que há ainda o que experimentar e apostar, sem deixar de lado a característica de um disco da Donzela. Ao inicio de cada faixa, já se pode perceber que se trata de Iron Maiden, o que os fãs devem dar graças. Agora é esperar para conferir a turnê.

Up the Irons

Texto: EddieHead

Ficha Técnica

Banda: Iron Maiden
Álbum: The Final Frontier
Ano: 2010
País: Inglaterra
Tipo: Heavy Metal

Formação

Bruce Dickinson (Vocal)
Steve Harris (Baixo)
Adrian Smith (Guitarra)
Dave Murray (Guitarra)
Janick Gers (Guitarra)
Nicko McBrain (Bateria)



Tracklist

1. Satellite 15... The Final Frontier
2. El Dorado
3. Mother of Mercy
4. Coming Home
5. The Alchemist
6. Isle of Avalon
7. Starblind
8. The Talisman
9. The Man Who Would Be King
10. When the Wild Wind Blows

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