segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Dr Sin: Qualidade Intacta





Os 23 anos de estrada dos paulistanos do Dr. Sin se equivalem, no meu ponto de vista, no mínimo ao dobro, afinal, com a vocação musical vinda de berço, dos irmãos Andria (vocal/baixo) e Ivan Busic (bateria), e somando com o trabalho com bandas Platina, Cherokee e Taffo, comandada na época pelo saudoso guitarrista Wander Taffo, é um dos principais pilares do Rock Pesado brasileiro. Formado pela dupla de irmãos, ao lado de um dos mestres da guitarra brasileira, Edu Ardanuy, acabaram conquistando quase que uma unanimidade nacional, lançando discos ótimos, um atrás do outro, músicas de forte relevância e tendo presença em importantes festivais. Mas a minha dúvida, e de muitos também, é o porquê da banda não figurar no meio ‘main-stream’ mundial? Nunca houve justificativa a esse respeito, mas isso é o que menos importa, já que, aqui no Brasil, o trio é louvado por todos, sendo o nome mais dominante do Hard Rock nacional e que nunca se vendeu a preço de nada.

Nesse começo de ano, os doutores nos apresentam seu 11º disco, “Intactus”, um trabalho que é um âmago de peso e brutalidade vinda das guitarras de Edu Ardanuy, dessa vez executando riffs com afinações mais baixas e solos virtuosos, acompanhado dos vocais encorpados do Andria Busic, ousando alcançar notas mais altas, mas também mostrando competência em alguns tons graves, e do deslumbrante e distinto desempenho de Ivan Busic na bateria. Mas, ao todo, é um disco bem aberto e, sem nenhum lapso, reunindo e não escondendo, jamais, as suas influências do Heavy Metal, Prog Rock, Jazz e do Blues, que sempre são notórios em cada disco que a banda lança e que são marcas obrigatórias do trio. Fazendo um trocadilho, é um disco bem "intacto".


A produção, mais uma vez, como nos quatro últimos lançamentos, vem do próprio Andria, que gosta de fazer as coisas com clareza, objetivas, com tranquilidade e calma, tendo a experiência adquirida de vários produtores ao redor do globo, com os quais já trabalhou ao longo de sua carreira, um deles sendo o renomado Stephan Galfas, que já trabalhou com o Savatage, Saxon e entre outros. E, claro, um espaço próprio ajudou novamente a banda a construir um trabalho primoroso, que se sobressai também pela arte gráfica feita pelo renomado ilustrador Gustavo Sazes, que apresenta tons bem finos e elegantes.


Com músicas sem soar monótonas, e uma tríade carregada de força, é o suficiente, ou até mais que isso, para que ouvinte fique preso e admirado ao escutar cada faixa do disco, evidenciando logo a faixa de abertura, “Saturday Night”, que inicia de forma básica, mas que surpreende pelos riffs aguerridos e pelos vocais do Andria Busic, que em determinado ponto arrisca um ótimo agudo, não esquecendo também dos seus acordes de baixo, que soam como um trovão. Inteiramente, a música tem um clima festivo e com uma atitude Rock N’ Roll, já que o título fala por si; 

“How Long” é daquelas de ficar batendo o pé, que empolga com o som ganchudo de guitarra do Edu Ardanuy e um solo inspirado do mesmo. E o venerável Andria Busic nos tira elogios novamente com seus vocais (cheio de drives), completado com um belo refrão falado; a célere “We’re Not Alone” frisa passagens mais graves e sombrias no refrão, escoltado por um riff azedo e marcante do Edu. E não tem como não se sentir "no espaço" ao ouvi-la, já que a música retrata sobre os extraterrestres; “Soul Survivor” tem tudo pra virar clássico absoluto! As doses de Southern Rock, e de Blues-Rock, são um alicerce perfeito de qualidade sonora e melodia na medida certa. O dueto entre Andria e Ivan Busic (que além de um baita baterista, é ótimo vocalista) nos hipnotiza a cada verso cantado.


Se por acaso alguém duvide do que o trio é capaz, “The Great Houdini” é a mostra perfeita que técnica eles tem de sobra! A faixa, em si, é uma verdadeira aula de música, onde Ivan Busic ministra sua bateria com perfeição, com momentos que lembram o Rush nos tempos áureos, influência assumida, há tempos, pela banda. Nas partes finais, o trio acaba fazendo uma espécie de ‘jam-session’; “The Big Screen” presenteia os amantes da velocidade automobilística, aproveitando a deixa para o resgatar um pouco do Hard Rock oitentista, principalmente vinda do Van Halen. Os constantes ‘tappings’ de guitarra são uma prova disso.

Baladas é o que não faltam nos discos do Dr. Sin. “The Is The Time” tem um andamento mais ‘power’ e denso, com um sublime de harmonia e feeling; “Without You” trás uma atmosfera mais melodiosa e romântica, que chega ser emocionante, poderia ser trilha de novela global, heheeh (os fãs devem lembrar que com a banda Taffo, eles emplacaram música em trilha novelística).
Os demais destaques ficam por conta de “Set Me Free” (onde há dinamismo entre baixo e guitarra) e a progressista “Fight The Good Fight”.
“Intactus” é mais um motivo de nós orgulharmos do Dr. Sin. Os motivos, só adquirindo e ouvindo o álbum pra saber realmente do que estou falando.



Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha Técnica
Banda: Dr. Sin
Álbum: Intactus
Ano: 2015
País: Brasil
Gravadora: Unimar Music e Voice Music
Tipo: Hard Rock

Formação
Andria Busic (vocal/baixo)
Edu Ardanuy (guitarra)
Ivan Busic (bateria)

Track-List
1. Saturday Night
2. How Long
3. We re Not Alone
4. Soul Survivor
5. The Great Houdini
6. This Is The Time
7. The Big Screen
8. Set Me Free
9. Without You
10. Fight the Good Fight




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