sexta-feira, 22 de maio de 2015

Monsters Tour Parte II: Os Dinossauros Ainda Reinam Sobre a Terra (Estádio Zequinha POA - RS-30/04/2015)

Leia a primeira parte da Monsters Tour "O Outro LadoAQUI.

Se o dia 30/04 reservou muitas surpresas (negativas) a Porto Alegre pela vinda da Monsters Tour, os shows em si eram esperados ansiosamente.


ZERODOZE

Então era hora do trio gaúcho Zerodoze iniciar os trabalhos, e logo de cara a produção de palco da banda impressionava, assim como o som, que estava perfeito! O trio formado por Cristiano Wortmann (guitarra/vocal), André Lacet (baixo) e Jean Montelli (bateria) fizeram um ótimo show, demonstrando domínio de palco e cativando bastante o público que ainda chegava ao Estádio.

A abertura do show com “Essa Mulher” mostrou grande competência, arrancando muitos aplausos dos presentes, assim como “Esperança e Redenção”, “Ninguém” e os covers de “Wrathchild” (Iron Maiden) e “Symphony of Destruction” (Megadeth).

Uma grande apresentação que ficará marcada na carreira da banda.


MOTÖRHEAD

Então era hora de uma das lendas Rock N’Roll mundial entrar em cena (mais precisamente sua terceira apresentação em solo gaúcho, a primeira em 1989 e a segunda no ano 2000), e após uma rápida troca de palco o trio inglês mais “barulhento” do mundo chega para mostrar sua força!

Aos poucos entrando em palco Lemmy reverencia os presentes e diz logo de cara: “Nós somos o Motorhead e tocamos Rock and Roll”. E aí amigo, o que se viu foi uma chuva de clássicos, por um trem desgovernado (um pouco mais contido é claro), do calibre de “Shoot You in the Back”, “Damage Case” e “Stay Clean”, que iniciaram a apresentação.


Claro que notamos a certa fragilidade de Lemmy ao vivo, as músicas também estão com um andamento menos veloz, mas não se engane, pois o que se viu foi uma usina de energia transbordando força.

Era notável cada esforço de Lemmy, que empunhando seu belíssimo Rickenbacker tirou um som estrondoso, algo que só os mestres conseguem.

Phil Campbell é um show à parte, além de ser a força motriz dos riffs, agita o tempo todo e interage muito com a galera, tomando pra si o posto de "porta voz oficial", já que Lemmy visivelmente poupava todo esforço que fosse possível, embora tenha comunicado-se com o público algumas vezes, inclusive cobrando uma empolgação maior, dizendo que ele estava ali, mesmo sentindo dor, então pediu mais entusiasmo, sendo saudado a cada palavra e cada gesto. E nem seria preciso elogiar o espetacular Mikkey Dee, que esmurrou seu kit sem dó.


“Metropolis” vem para tirar lágrimas de qualquer marmanjo, assim como “Over the Top”, que antecedeu o ótimo solo de guitarra de Campbell, que deu uma aula de puro Rock N’Roll.

Após o clássico inesperado “Rock It”, duas composições de seu mais recente álbum “Aftershock” são tocadas, “Do You Believe” e “Lost Woman Blues”, que antecederam a poderosa “Doctor Rock” onde abriu espaço para o solo de bateria destruidor de Mikkey.

Algo que temos que comentar foi o certo “desânimo” do público, Mikkey Dee ficou instigando os presentes para agitarem, fazerem barulho, mas parecia não ser correspondido. Creditamos um pouco disso, ao fato de que muitos preferiram assistir com atenção, aproveitando cada segundo de estar em frente a uma lenda, e que talvez fosse a última vez que teriam essa oportunidade.


Após as ótimas “Just 'Cos You Got the Power” e “Going to Brazil” estávamos chegando ao fim dessa apresentação épica e histórica, e Lemmy dá um certo puxão de orelha nos presentes dizendo que eles são apenas três e fazem muito barulho e querem ver todos agitando agora, e “Ace of Spades” chega para delírio de todos os fãs.

E ainda teve o bis com a poderosa “Overkill” e seus bumbos na “cara”.

Então chegava ao fim o sonho de muitos que queriam ver o Motorhead ao vivo, e podemos dizer que Lemmy mesmo com todos seus problemas de saúde se mostrou carismático e se esforçando ao máximo em dar o seu melhor, pois a expressão de dor e cansaço eram visíveis, mas deu aos seus fãs uma aula de som pesado, comprometimento e amor pelo que se faz.

Se esse é o último show da banda ou um dos últimos não sabemos, só podemos dizer que sim, vimos DEUS, LEMMY IS GOD!

Setlist:
Shoot You in the Back
Damage Case
Stay Clean
Metropolis
Over the Top
Guitar Solo
The Chase Is Better Than the Catch
Rock It
Do You Believe
Lost Woman Blues
Doctor Rock (com solo de bateria)
Just 'Cos You Got the Power
Going to Brazil
Ace of Spades
 Encore:
Overkill


JUDAS PRIEST

Chegava a hora de mais um gigante que retornava a Porto Alegre, mas desta vez marcando sua 4° passagem (a terceira com Halford) e promovendo seu mais recente disco “Redeemer of Souls”, além de apresentar o novo guitarrista Richie Faulkner (que está com a banda desde 2011).

O que você esperaria de uma banda com quase 50 anos de estrada e que de fato é o próprio Heavy Metal? Precisa explicar?


Um show avassalador, uma banda coesa e que transborda energia (com exceção de Faulkner o restante dos integrantes já passaram dos 60 anos), com ele o Metal God dando show, cantando como nunca, despejando seus agudos fantasticamente, calando a boca de muitos sobre suas performances ao vivo nos últimos tempos, era visível a satisfação e admiração de muitos bangers com a lição de Halford.

Como a banda vem divulgando seu novo trabalho o show se iniciaria com ele e após a intro “Battle Cry”, “Dragonaut” vem para esquentar a noite fria que acompanhava os gaúchos, com seu refrão cantado em uníssono.


E para explodir de vez o Estádio Zequinha “Metal God” chega com suas batidas fortes e marcantes, com Halford marchando em direção da plateia e dominando os presentes, assim como o peso descomunal do baixo de Ian Hill e seu timbre monstruoso, mais parecendo um trovão.

“Devil’s Child” mantém o alto nível do show com Glen e Faulkner roubando a cena, esse último então, deixou claro ser a pessoa certa para o Judas Priest, dando um novo gás a banda, agitando muito, interagindo o tempo todo, além de cantar todas as músicas, demonstrando ser, além de grande músico, um grande fã.


A produção de palco também impressionava, um telão ao fundo que mudava a cada música e com Halford mudando de roupa a todo instante, dando diversos climas ao show, além de sua movimentação constante pelo palco.

E que viria a brilhar ainda mais com a execução de “Victim of Changes”, fazendo o público explodir, principalmente nas partes em que o Metal God era exigido em seus agudos característicos, deixando até mesmo o fã mais incrédulo impressionado.

“Halls of Valhalla” do novo disco abre as portas com muito peso para uma das melhores da noite, “Turbo Lover” e seu clima épico, com Halford comandando todos no seu refrão marcante e grudento.


Seguindo a aula metálica “Redeemer of Souls” abriu caminho para uma sequência no mínimo fantástica, arrancando lágrimas dos fãs com “Jawbreaker”, “Breaking the Law” e “Hell Bent for Leather” (sim e nessa Halford entrou com sua Harley Davidson em palco para delírio geral), o entrosamento de Tipton e Faulkner é incrível, além da precisão sonora da cozinha, com o Sr. Ian Hill despejando trovoadas e com Scott Travis mostrando muita precisão e técnica a cada nota tocada.


Mas como estamos falando de Judas Priest, eles ainda tinham mais munição e “The Hellion” seguida de “Eletric Eye” vem para deixar todos de punho erguido cantando com a banda, que logo receberia a arrasa quarteirão “Painkiller”,  mas antes Scott provocou perguntando qual música gostaríamos de ouvir, e claro que ela seria a pedida para simplesmente botar o Estádio abaixo, com sua introdução animalesca na bateria, e com Halford dando conta do recado e até fazendo vocais guturais em determinadas partes.

Para fechar essa aula do mais puro Heavy Metal “Living After Midnight” dando o ar de despedida e a sensação que a banda ainda tem muita lenha para queimar.

Com esse show podemos constatar que o Judas Priest é o verdadeiro Heavy Metal!

Setlist:
Battle Cry (Intro)
Dragonaut
Metal Gods
Devil's Child
Victim of Changes
Halls of Valhalla
Turbo Lover
Redeemer of Souls
Jawbreaker
Breaking the Law
Hell Bent for Leather
Encore:
The Hellion / Electric Eye
Painkiller
Encore 2:
Living After Midnight


OZZY OSBOURNE

Para encerrar o Monsters of Rock nada melhor que um dos pais do Heavy Metal, o “príncipe das trevas” Ozzy Osbourne!

Acompanhado por uma excelente banda de apoio (que se mantém desde 2010), o Madman retorna a Porto Alegre pela 3° vez (uma com o Black Sabbath e duas vezes solo), e como de costume o “velho mais louco do Rock” sabe como dominar uma plateia, seu carisma é contagiante, o que ficou visto no começo do show com os clássicos “Bark at the Moon” e “Mr. Crowley” que incendiaram os presentes, que cantaram a plenos pulmões junto com Ozzy.


A banda que acompanha o Madman é simplesmente fantástica, a começar pelo guitarrista Gus G. (Firewind) que esbanja uma técnica absurda, além de estar muito mais à vontade em comparação ao show de 2011 no Gigantinho.

Rob “Blasko” (ex-Danzig e Rob Zombie) mostra muita segurança nos graves, além de ter ótima presença de palco. A banda se completa com o tecladista Adam Wakeman (filho do lendário Rick Wakeman) e o destruidor de peles Tommy Clufetos, que simplesmente rouba a cena pelo seu modo enérgico de tocar.

Além dos clássicos que Ozzy trouxe nesses mais de 50 anos dedicados ao Heavy Metal, veio consigo seus jatos de água e espuma para os fãs, onde de fato fez os seguranças e fotógrafos passarem trabalho, pois o Madman não se importava e molhava a todos, já os fãs sabiam e vibravam cada vez que Ozzy molhava todos na primeira fila.


“I Don't Know” veio na sequência (junto com muitos “Eu Amo Todos Vocês”), abrindo os portais do inferno para o primeiro clássico do Black Sabbath “Fairies Wear Boots” e seu riff tocado fielmente.

O que chama atenção nos shows do Ozzy é que tudo é feito milimetricamente para o “príncipe das trevas” brilhar, um show muito bem ensaiado, e com um setlist na ponta para ganhar o público, disparando clássicos atrás de clássicos, aliado a inquietude de Ozzy, que se movimentava a todo instante, além de sua voz estar boa para ocasião, se comparado com a última passagem junto ao Black Sabbath.


“Suicide Solution” e “Road to Nowhere” mantiveram o alto nível do espetáculo, assim como “War Pigs” (com destaque a Tommy).

A excelente “Shot in the Dark” deu uma esfriada nos ânimos (podemos dizer a menos clássica do set), assim como a instrumental do Black Sabbath “Rat Salad” (que não precisaria estar no setlist, ainda mais com os excessos de solo de bateria e guitarra).

Mas com a volta do Madman ao palco o clássico “Iron Man” esquentou os gaúchos novamente, com todos cantarolando seu riff clássico, e sem tempo para respirar “I Don't Want to Change the World” e “Crazy Train”, levando todos ao êxtase.


Fechando a apresentação a já carimbada e sempre funcional “Paranoid”. De fato, esse foi o melhor show de Ozzy desde sua primeira vinda a Porto Alegre, contagiou a todos e mostrou que mesmo com 66 anos ainda tem muitas tours pela frente.

Setlist:
Bark at the Moon
Mr. Crowley
I Don't Know
Fairies Wear Boots
Suicide Solution
Road to Nowhere
War Pigs
Shot in the Dark
Rat Salad
 (Guitar and Drum solos)
Iron Man
I Don't Want to Change the World
Crazy Train
Encore:
Paranoid

Algo que não se pode reclamar do Monsters foi a qualidade sonora apresentada, pois sim o som estava perfeito, desde a banda de abertura até o último show, soando cristalino e potente.

Os telões posicionados também ficaram ótimos, o que facilitava para o pessoal que estava mais atrás.

Entre erros e acertos os shows compensaram a maioria dos problemas, pois tivemos na mesma noite três lendas do Heavy Metal mundial, que não pouparam esforços e deram o seu melhor para os fãs.


Cobertura por: Renato Sanson
Fotos: Diogo Nunes
Revisão: Carlos Garcia

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