Após a passagem pela cidade de
São Paulo, foi à vez de Porto Alegre curtir uma noitada com o Sr. Zakk Wylde
(Black Label Society). São Paulo e Porto Alegre foram às únicas cidades
brasileiras a receberem a tour do músico. “Uma noite com Zakk Wylde”: algumas
vidas seriam poucas ao lado do mestre, mas a família infernal já ficou muito
grata pela (uma) noite. Viver, estar, ser e sentir - por esses momentos vale a pena cada centavo,
cada sacrifício, cada quilômetro viajado e cada hora de sono adiada. Dia 23 de
agosto de 2015, no Bar Opinião, mais uma marca foi talhada na moldura da
história porto alegrense do rock.
Na tarde que antecedia ao show, a
movimentação era forte pelas redes sociais e pelo evento oficial do show, no
facebook. Alguns fãs se organizando entre amigos combinando encontro na fila,
algo em torno das 14 horas, a expectativa era grande (mal sabiam eles). Ao
chegar ao local do show, avistamos a fila que alcançava a esquina anterior ao
Bar Opinião e estava longe de ser uma surpresa. Enquanto isto, dentro da casa,
acontecia o “Meet and Greet” para um público bem restrito. Poucas unidades
foram disponibilizadas para a venda (um deles estava sendo comercializado por
U$ 1.000 – dava direito ao encontro, e entre muitos outros prêmios, um colete
que seria entregue pelas mãos do próprio Zakk. Será que nesse momento há alguém
por aí sem janta e almoço, mas muito feliz dentro de um colete especial?).
Enquanto na fila, foi possível observar os músicos saírem da casa em suas vans
particulares, após o "meet". Hora de tomar posse do interior da casa!
Tudo correu dentro (ou muito próximo) da conformidade proposta desde o início,
logo após as 18h30m o Opinião abriu para a entrada Hotpass e em seguida foi
liberado o acesso ao público em geral. Como o show começaria às 21h, tivemos
uma espera musicada eletronicamente. Até às 20h o som (imagem) ficou por conta
da equipe do Bar Opinião, no telão vimos de Metallica até Hibria com uma parada
pelo velho Steve Ray Vaughan. Após as 20h, como aconteceu em SP e irá acontecer
durante toda tour, entrou a trilha sonora da equipe técnica de Zakk Wylde, um
set mais calmo que desacelerou o pessoal e preparou o espírito da galera para
show. Posso arriscar um palpite de que são músicas que o próprio Zakk curte
como, a versão de Joe Cocker para "Little Help from My Friends",
Jimmy Hendrix com "Little Wing" e muitas outras. Nesse momento, como a trilha era somente
sonora, a casa aproveitou o espaço para divulgar os próximos eventos. O detalhe
é que nenhum clipe ou imagem tinha despertado o alvoroço da turma, até aparecer
à divulgação do show da Testament e Cannibal Corpse.
O metal é a lei, e isto ficou bem
claro na reação de um público que estava num show acústico, do frontman de uma
banda Stoner, ao visualizar a divulgação de um show enraizado no thrash e death
metal. Logo após a exibição do filme institucional apresentando as opções de
saídas de emergência e locais dos extintores da casa de show, apagam-se as
luzes e sobe o telão, pronto, esse era o sinal mais esperado da noite, hora de
deixar a adrenalina correr solta pelo corpo. Após três tentativas de total
escuridão (inibida pelos flashes de celulares) Sr. Doom Trooper, praticamente,
invade o palco.
Posicionado ao palco, Zakk Wylde
é recebido fervorosamente! Muito bem acompanhado por Dario Lorina, um teclado
mais ao fundo e de uma caneca de "Valhalla Java Odinforce Blend" o
multi-instrumentista dá início a uma verdadeira celebração sonora do bom gosto.
Lorina teria conteúdo para uma resenha completa, tamanho o condicionamento
técnico do guitar hero. Em alguns momentos Zakk e Dario passaram a nítida
imagem de uma unidade sonora e não de uma dupla.
A balada noturna começa ao som de “Losin’ Your
Mind” e “Suicide Messiah” e desse momento em diante o que se vê é uma sequência
desenfreada de maestria. Muito além da musicalidade obvia, há que se cultuar a
precisão cirúrgica com que as notas musicais foram despejadas ao público. Riffs
e licks perfeitos ligando acordes, transformados com a troca do calor
sentimental do momento. Músicas originalmente um pouco mais pesadas e mais
rápidas, adaptadas para um palco tranquilo e suave, isto não é novidade, o
fator novo era que isto estava acontecendo ao vivo, diante dos nossos
olhos. Após a primeira intro da noite
chegou “Road Back Home”, a primeira grande “heart crusher” e um dos momentos
fortes da noite (mesmo sabendo que ainda viria pela frente a “In This River” e “Scars”).
Zakk não interagiu muito com o público, entre o intervalo de um solo levava a
mão ao ouvido como se estivesse dizendo: - Vocês estão mesmo ai? Não escuto
nada! A resposta vinha em forma de assobios, palmas e punhos erguidos ao céu.
Na sequência do “Sonic Brew” vem a “Spoke in the Wheel” que emenda na “Machine
Gun Man”, baladona e que faz a galera acompanhar o ritmo irresistível. O Zakk
que nos acompanhou na noite do dia 23 de agosto tinha semblante tranquilo, com
raríssimos “Fist to the Sky” entre solos, ao lado de sua cadeira um aparador
improvisado trazendo duas garrafas d’água e uma caneca de café, tranquilo sim.
Mas durante os solos (“fritura” pura e esperada), momento libertador, ele
sonorizava em negrito o instinto verdadeiro, falava alto e forte através das
cordas:
- “Ei vocês, não se enganem
comigo essa noite, ainda existe um leão indomável dentro da cada riff. Fiquem
atentos”!
Estamos atentos Sr. Wylde,
estamos atentos. Hora da tríade conhecida como “Alicate de pressão Cardíaco”. Enfileirando suspiros vieram “Sold
My Soul”, “In This River” e “Scars” (ufa!). Como de costume, lágrimas
eram o mínimo a se esperar e ao final da “In This River”, Zakk sempre manda seu
recado ao amado amigo Dimmebag: “Thank You Dimme”! O set alongou-se trazendo novidades do
“Catacombs”, mas em sua grande maioria foram músicas já velhas conhecidas pelo
público. Dois atores coadjuvantes que merecem atenção durante o show, são o
“Wylde Rotovibe” e o “Cry Baby Wah Wah”. Dois pedais que transformavam o show
quando convocados, traziam nova alma para o Violão EMG (com captação externa) e
digamos que usou de um “outro conceito” para definir uma noite “acústica”.
Estupefato pela emoção estava na hora de receber o choque que traria o público
de volta do mundo anestésico, chega o trio “Blessed Hellride”, “My Dying Time”
e “Stillborn” para encerrar a apresentação.
O músico fez questão de se
despedir de pé, ainda sonorizando a última melodia, cada presente no Bar
Opinião, foi aos cantos e ao centro do palco agradecer pela noite. Em pé, pediu
com as mãos, para que todos fizessem muito barulho. Logo após cada onda de
histeria sonora, Zakk fazia o sinal da cruz e olhava para cima, em sinal de
agradecimento. Certamente alguém há de ter notado que Zakk perdeu o controle da
garganta por um milésimo de segundo e não conseguiu alcançar alguma nota,
alguém há de ter reclamado do alto controle sobre fotos nessa noite, certo que
alguém irá dizer que sentiu muita falta do Catanese ou de alguma música.
Bom nem tudo é perfeito e esses
detalhes nos trazem à realidade tateável. Mas em 99% do tempo, foi uma grande e
perfeita noite. Parabéns à Produtora Abstratti e Bar Opinião por mais essa
grande balada, uma noitada inesquecível para muitos.
An Evening With ZAKK WYLDE!
Cobertura por: Uillian Vargas
Fotos: Diogo Nunes
Revisão/edição: Renato Sanson
Setlist:
1 – Losin' Your Mind (Pride and Glory)
2 – Suicide Messiah (Mafia)
Intro
3 – Road Back Home (Book of Shadows)
4 – Spoke in The Wheel (Sonic Brew)
5 – Machine Gun Man (Skullage)
Intro
6 – Sold My Soul (Book of Shadows)
7 – In This River (Dimebag Darrel Tribute – Mafia)
8 – Scars (Catacombs of the Black Vatican)
9 – Empty Promises (Catacombs of the Black
Vatican)
Intro
10 – Trowin’ It All Away (Book of Shadows)
Intro
11 – The Blessed Hellride (The Blessed
Hellride)
12 – My Dying Time (Catacombs of the Black
Vatican)
13 – Stillborn (The Blessed
Hellride)
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