É raro ver bandas brasileiras lançar, no mercado fonográfico, trabalhos ao vivo. Não é por falta de vontade ou interesse que isso (pela maioria) é passado batido, muito pelo contrário. Diferente da gravação em estúdio, onde todos os erros podem ser consertados de imediato, disco ao vivo exige que nenhum tropeço seja cometido, requerendo também praticidade comportamental, alto investimento e uma produção sonora a beira da perfeição, pesando no custo pelo material digno de qualidade. Coroando a boa fase e atingindo a marca de 25 anos de carreira, o POP JAVALI lança o primeiro registro ao vivo, “Live In Amsterdam”.
Gravado no The Waterhole, em Amsterdam (Holanda), no dia 19 de outubro de 2015, o álbum é consequência da turnê europeia que o ‘power-trio’ realizou no mesmo ano. Apesar do set-list curto e rápido (apenas 8 faixas) as músicas, ingeridas pela intensidade do Hard Rock e da finésse do Progressivo, soam ainda mais eletrizantes e redondas ao vivo, sintetizando o frescor que a banda tem em estúdio, desnudando um trabalho condizente e justo sem abusar dos ‘overdubs’, autenticando uma performance vigorosa e direta.
A captação de som foi coordenada por Onno Postma, e a produção, mixagem e masterização é vinda dos irmãos Andria e Ivan Busic, deixando a sonoridade dura e na cara, mas sem deixar de ser transparente e limpo, moldado pela feição habitual de um disco ao vivo, expondo aspectos clássicos. A ilustração é decorada pelo afamado João Duarte, epilogando uma atmosfera ‘vintage’, havendo fotos que mostram os principais momentos da turnê no encarte.
Embora seja intimista até certo ponto, “Live In Amsterdam” traz a energia e a candura que o POP JAVALI tem nos palcos, deixando, segundo fontes ligadas à banda, o público europeu satisfeito com a performance do trio, evidenciando que a carreira de duas décadas e meia não foi em vão. Conseguir reconhecimento aqui no Brasil não é tarefa fácil, sendo que, a maioria, não consegue atingir um grau de visibilidade no exterior.
O repertório destaca somente músicas do mais recente disco, “The Game Of Fate” (2014), não havendo sombra das coisas que se encontram em “No Reason to Be Lonely” (2011).
E é mais do que certo, visto que, até então, é o melhor trabalho do trio de Americana (SP), apanhando as melhores músicas do disco, começando pela súbita “Road to Nowhere”, que é definida por riffs quebrados; “Lie to Me” evidencia a cadencia das guitarras, predominado pela base rítmica rigorosa; “A Friend That I’ve Lost” é munida de peso e pegada, principalmente da bateria de Waldemar ‘Loks’ Rasmussen, que da um show parte com um som autêntico. “Wrath Of The Soul” abduz meios mais cerrados, atestado pelo dinamismo do Jaéder Menossi nas seis cordas, fechando com a eximia “I Wanna Choose”.
Podia render mais 8 faixas, pois é um daqueles discos ao vivo que remete aos áureos anos 70, quando tudo era feito de maneira simples, orgânica e objetiva, mas muito bem feito e verdadeiro. Aguardamos o novo álbum, há ser lançado em março.
Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica
Banda: Pop Javali
Álbum: Live In Amsterdam
Ano: 2016
Estilo: Hard Rock
Gravadora: Voice Music
Formação
Marcelo Frizzo (Vocal/Baixo)
JaéderBenossi (Guitarra)
Waldemar ‘Loks’ Ramussen (Bateria)
Track-List
01. Intro
02. Road toNowhere
03. Freeman
04. Lie to Me
05. A FriendThatI’veLost
06. WrathOf The Soul
07. Time Allowed
08. I WannaChoose
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