sábado, 4 de fevereiro de 2017

MX: "Sabemos que hoje é mais complicado as vendas de CDs e LPs, mas temos alcançado números expressivos"

Entrevista por: Renato Sanson


Em toda trajetória do MX a banda teve duas pausas, uma nos anos 90 e outra no começo dos anos 2000. Mas é inegável a importância do MX para o Thrash Metal nacional, sendo um dos pilares do estilo, e sempre reverenciado fora do país. Mas o baterista Alexandre Cunha comenta sobre estas pausas que na visão do mesmo não teve nada de positivo. 

O MX teve períodos fora da cena, a primeira ocorreu em meados de 1990 onde estávamos alcançando uma posição de grande destaque, infelizmente no momento em que tínhamos tudo para virar de forma forte isso aconteceu, não vejo nada de positivo nisso, foi uma grande cagada, éramos imaturos demais. Depois disso a banda continuou sem estar na ativa efetivamente apesar dos dois álbuns lançados em 1995 e 1998 só tocavamos esporadicamente. Considero que nosso retorno mesmo foi no final de 2012.” 

Antes mesmo de lançaram um novo disco de inéditas, o MX colocou no mercado “Re-lapse”, que conta com regravações de diversas épocas e Alexandre nos conta como surgiu tal ideia: 

Eu lembro que conversava com amigos e comentei sobre regravar as músicas antigas para marcar a volta da banda, dar a oportunidade de quem não conhecia ver como eram as músicas de 20, quase 30 anos atrás. Eu considero um ato de muita coragem, regravar sem alterar as composições que foram feitas quando éramos quase crianças, foi uma ousadia, e por isso acredito que foi tão bem aceito. O álbum ficou bem legal e as músicas com uma qualidade melhor de gravação, o objetivo foi alcançado.” 


Mas ressalta que o vindouro novo álbum chegara com tudo. 

Finalizei agora em setembro a gravação de bateria do novo disco, batera gravada em tempo recorde cerca de 4 horas tocadas, tudo tocado, nada feito digitalmente, muito feliz com o resultado até aqui. Esse álbum vai ser um divisor de águas para a banda, muito pesado, linhas de voz, batidas, arranjos, muito acima de tudo que já fizemos. Vai ser um álbum completo, podem esperar.” 

Politicamente e economicamente nosso país vai de mal a pior, mas que traz inspirações para compor segundo Alexandre

O momento do país não é dos melhores, politicamente, economicamente, socialmente, poderíamos estar vivendo num país melhor, mas aqui nada é fácil, culturalmente muita coisa se corrompe, se destrói e o povo se vira pra sobreviver. Ironicamente falando o único lado positivo que vejo é que sobra assunto e tema para compor, infelizmente.” 


E faz um pedido aos headbangers que não briguem por política: 

Gostaria de fazer um apelo aqui, deixem as diferenças políticas fora do metal, não percam amigos por divergências políticas, não vale a pena, acreditem. Respeitem para serem respeitados!” 

Como citado anteriormente é inquestionável a importância do MX ao cenário nacional, mas algumas coisas mudaram desde sua volta à cena. 

Depois da volta oficial em 2012 estamos mais maduros, é outra época e tivemos que nos adequar, como não poderia deixar de ser. Os shows continuam com muita energia. Acredito que hoje vivemos uma fase incrível e aposto muito no álbum novo que mostrará para que voltamos.” 


E aproveita o gancho para falar da importância da era digital na música: 

Sabemos que hoje é mais complicado as vendas de CDs e LPs fisicamente, mas temos alcançado números expressivos com muita aceitação. A importância das músicas e vídeos de forma digital é indiscutível, e vamos fazer parte disso de forma mais forte.” 

Falar de clássicos nem sempre é fácil, como é o caso dos absolutos “Simoniacal” e “Mental Slavery”, Alexandre deixa claro que não mudaria nada nas composições se pudesse voltar no tempo, mas sim acertaria outros quesitos: 

Dois grandes álbuns sempre citados entre os melhores já lançados no estilo aqui no Brasil, ambos já tiveram vários relançamentos, os mais recentes em Digipack e LP, se eu pudesse mudaria o tempo que tivemos para gravar que foi muito pequeno, a estrutura e uma divulgação melhor, só isso, as músicas seriam aquelas mesmo.” 


E finaliza nos falando sua visão sobre o cenário underground e o que poderia ser feito para fortalece-lo novamente: 

Apesar de tudo que vem acontecendo na cena de uma forma não tão relevante, o MX sempre é lembrado e chamado para shows, festivais inclusive fora do Brasil, não temos ninguém correndo atrás disso, recebemos os contatos e não posso reclamar. Concordo que poderia ser melhor, mas temos uma imensa quantidade de bandas, vários estilos dentro do metal e isso logicamente segmenta a cena, não teria como ser diferente. Acho que o público é a chave para melhorarmos cada vez mais, temos que conquistar o público, senão nada sai do lugar. Aproveitando para fechar gostaria de agradecer ao Road to Metal e Renato pela grande oportunidade, estamos juntos nessa jornada, apoiando a cena e respeitando os profissionais do meio e principalmente ao público que é o motivo principal de tudo isso que fazemos. Um abraço a todos, aguardem nosso novo lançamento que vai surpreender muita gente!


Links:
www.bandamx.com.br

Nenhum comentário: