O risco de um sujeito não aceitar certas culturas dentro do Rock/Heavy Metal é quase que 90%. No final dos anos 80 em diante, vimos diversos tipos de etnias musicais se casando com o gênero, promovendo variados "casamentos" com o Metal (todo mundo lembra da parceria Aerosmith e Public Enemy). Eu (Gabriel), no papel de ouvinte, costumo dizer que ainda estou na fase de aprendizado, e ouvindo “Bloodlust”, 6º disco dos americanos do Body Count, aprendi um pouco mais.
A gangue, de 6 pessoas,ampara expressões generalizadas, destacando a visão anti-política e de menções sobre a vida dentro crime, prostituição e drogas, assuntos que geralmente são abordados em grupos de Rap e Hip Hop, já que o vocalista e líder do grupo, Ice-T, vem dessa ideologia musical e traz tais argumentos nas suas letras. Mas a musicalidade é algo a ser evidenciado aos intolerantes, pois o álbum nos põe a dar socos na parede, tal a adrenalina provocada pela forte dose de Thrash Metal e Crossover.
Produzido novamente por Will Putney, a sonoridade do disco é carregada de peso, marcada por uma produção madura e versátil, apresentando um instrumental punhado de agressividade com poucos traços de melodia e timbres limpos. A capa é modesta, baseada em afrontantes tons, deixando bem claro o que se passa durante o álbum.
É difícil apontar qual música é melhor, trazendo um encaixe perfeito de riffs pesados entre a base rítmica, que esbanja precisão e energia, além das rimas que são interpretadas por Ice-T e o reforço de alguns samples, deixando o trabalho abrasivo e reto. Vale o voto de confiança, porque “Bloodlust” é um verdadeiro murro na cara! E bem dado!
Toda a atenção já é voltada pra amarga “Civil War”, ousando com boas viradas de bateria e solos de guitarra. E a faixa conta com a participação de Dave Mustaine (Megadeth), preludiando a música com uma narrativa; “The Ski Mask Way” carregada de um andamento mensurável, fundindo os tons de Rap e Hip Hop; “This Is Why We Ride” vem com ondas mais melódicas, mas não perde a densidade com o peso das guitarras; “All Love Is Lost” derruba tudo com total gravidade, contando com Max Cavelera nos backing vocals.
Antes de iniciar a 5º música, Ice-T faz um rápido depoimento abordando as suas influências, entre elas Black Sabbath, Suicidal Tendencies e Slayer, e essa última que ele faz a homenagem com uma releitura brutal e moderna de “Raining In Blood/Postmortem 2017”; “God, Please Believe Me...” passa uma mensagem comovente, guiada de boas melodias e transmitindo todo o sentimento presente nela de forma curta; a porrada é alastrada em “Walk With Me...”, abrangendo bastante elementos de Thrash e Death Metal, onde Randy Blythe (Lamb OfGod) rouba a cena em algumas linhas vocais.
“Here I Go Again” (não, não cover do Whitesnake, haha) marca módulos temíveis e amedrontadores, levando a sonoridade por caminhos mais arrastados; “No Lives Matter” é outra que engaja nuances de Rap e Hip Hop, apresentando boa quebra de ritmos e de refrão pulsante; a cerca é fechada com a dobra entre “Bloodlust” e “Black Hoodie”, encerrando o disco de maneira rigorosa e abrasiva.
Certamente tem tudo pra ser um dos principais álbuns do estilo, e que com certeza vai calar a boca dos ‘mimizentos’ de plantão.
Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica
Banda: BodyCount
Álbum: Bloodlust
Ano: 2017
País: Estados Unidos
Tipo: Thrash Metal/Crossover
Gravadora: Hellion Records (Nac.)
Assessoria de Imprensa: TRM Press
Formação
Ice-T (Vocal)
Juan Of The Dead (Guitarra)
Sean E. Sean (Sampler)
Little Ice (BackingVocals)
Vincent Price (Baixo)
III Will (Bateria)
Track-List
1. Civil War
2. The SkiMask Way
3. ThisisWhyWe Ride
4. All Love isLost
5. Raining in Blood / Postmortem 2017
6. God, PleaseBelieveMe
7. WalkWith Me...
8. Here I GoAgain
9. No LivesMatter
10. Bloodlust
11. Black Hoodie
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