Os mineiros do Tuatha De Danann estão na estrada desde 1998, e são aquele tipo de banda do seleto grupo o qual moldou uma identidade sonora própria marcante. Neste esperado novo trabalho, sucessor de "Dawn of a New Sun" (2015) - o qual marcou o retorno da banda após terem encerrado as atividade em 2010 - tendo um hiato até 2013, Bruno Maia já vinha anunciando que seria o álbum mais diversificado do Tuatha de Danann.
A faixa título, "The Tribes of Witching Souls", foi lançada como single ano passado, apresentando todos aqueles elementos já familiares aos fãs da banda, como as melodias celtas e medievais, o clima empolgante e festivo, mitologia e criaturas fantásticas. O refrão e melodias são irresistíveis, impossível não grudar na mente. Duendes, fadas, Finganforn e outras criaturinhas cantam junto à você e a banda no refrão!
A partir do segundo single, "Your Wall Shall Fall" (composta em parceria com Martin Walkyer, Ex-Skyclad), os novos elementos já deram as caras, em uma canção direta, pesada e deixando de lado as temáticas mitológicas para abordar temas atuais como a ganância, tirania e fascismo pelo mundo. Talvez seja a presença e co-autoria de Martin, mas a canção me lembrou bastante a fase clássica do Skyclad.
Os elementos folk, celta e medievais, mixados ao Heavy Metal e nuances progressivas e viajantes, continuam sendo marcas fortes da personalidade musical da banda, mas eles fazem em "The Tribes..." o que todo artista deveria, ou seja, ousar e se desafiar, trazendo algo novo aos seus trabalhos, sem perder identidade, mantendo o interesse do ouvinte em sua música, e claro, a motivação própria do artista em se superar e criar. Esta é outra marca forte da banda, a liberdade criativa.
Bom, já comentei sobre a faixa título, e que abre o álbum, e "Your Wall Shall Fall", a quarta faixa, prossigo então com as demais faixas, e temos "Turn", uma faixa também bem diferente, segunda canção do álbum, e os novos elementos soam excelentes, temos aqui uma sonoridade bem interessante, destacando o whistle e riffs de guitarra com groove. Uma peça de Folk/Pop, melodiosa e com uma letra muito marcante, mandando o recado de que você não deve se omitir, "Turn this damned world upside down... build new bridges, off the walls".
"Warrior Queen" é uma tema com clima épico, remetendo a trilhas estilo "Brave Heart", os vocais femininos e os arranjos de bouzouki se destacam; "Conjura" inicia com as guitarras e flautas duelando, nuances progressivas e arranjos de banjo e violino contribuem para os climas da canção, que tem como tema a inconfidência mineira.
A seguir, duas canções já conhecidas, mas com novas roupagens. "Outcry", originalmente gravada em "Dawn of a New Sun", aparece aqui em uma versão folk e acústica, com vários arranjos de cordas, como banjo e viola. Ficou excelente e contagiante. "Tan Pinga Ra Tan", canção título do álbum "Tingaralatingadun" de 2001, e que possui uma das mais marcantes e bonitas melodias da banda, também recebeu uma cara nova, com uma atmosfera suave, arranjos orquestrais e belos vocais femininos, ficando ainda mais "mágica". Há ainda duas bônus, "Rhymes Against Humanity (versão demo 2004)" e "The Tribes of Witching Souls Versão demo instrumental".
Ficou aquele sabor de "quero mais", torcemos então que seja possível eles nos trazerem novos trabalhos em espaços mais curtos.
Os elementos tradicionais, as marcas fortes do Tuatha de Danann estão presentes, e junto aos arranjos folk e celta, temos essas nuances inesperadas, temáticas históricas, atuais e "reais" ao lado dos tradicionais temas fantasiosos e climas festivos.
Mas CUIDADO! Alto risco de viciar no álbum, e ainda os vizinhos acharem que você está louco ao verem você saltitando e cantarolando os refrãos e melodias! Uma das melhores bandas do Brasil quer recuperar o terreno perdido e levar sua música à todos os confins deste planeta.
Texto: Carlos Garcia
Ficha Técnica:
Banda: Tuatha de Danann
Álbum: "The Tribes of Witching Souls" (2019)
Estilo: Folk/Celtic Metal
País: Brasil
Selo: Heavy Metal Rock
Line-Up
Bruno Maia: Vocais, guitarra, viola, banjo, flauta, Bouzouki
Giovani Gomes: Baixo e vozes
Edgard Britto: Teclados
Um comentário:
Obra de arte! Melhor álbum de 2019!
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