sexta-feira, 22 de março de 2024

Cobertura de Show: FM – 20/03/2024 – Manifesto Bar/SP

Finalmente, o Brasil vem recebendo nomes importantes da história do Hard Rock mundial. No ano passado, os vocalistas Johnny Gioeli (Hardline, Axel Rudi Pell) e Danny Vaughn (Waysted, Tyketto) fizeram shows excelentes para os apreciadores do estilo que se quer, ou jamais, imaginavam que um dia eles pudessem estar por aqui. Neste mês de março, a capital de São Paulo recebeu Crazzy Lixx, Pretty Boy Floy e Stevie Rachelle (vocalista do Tüff) no GlamMetal Fest. E para ficar ainda melhor, os paulistanos também tiveram a honra de receber os ingleses do FM.

Comemorando 40 anos de carreira, a banda teve uma rápida ascensão na década de 80 com os discos “Indiscreet” (1986) e “Tough It Out” (1989), trabalhos que até hoje são reverenciados pelos fãs do Melodic Rock e AOR. Fora o ótimo resultado que obtiveram neles, também deram suporte aos shows de grandes lendas como Bon Jovi, Foreigner, Status Quo, Gary Moore e entre outros. Na década seguinte, lançaram “Takin’ It to the Streets” (1991) e “Aphrodisiac” (1992), que não teve o mesmo alcance dos dois primeiros, fazendo com que as atividades fossem encerradas em 1995.

Mas eis que, em 2007, o quinteto recebe um convite para um único show, em Nottingham (ING). E o que era para ficar só nisso, acabou resultando na volta definitiva da banda, que até hoje continua fazendo shows e lançando ótimos trabalhos através da Frontiers Records. 

Da formação original, só estão o vocalista (e também guitarrista) Steve Overland, o baixista Merv Goldsworthy e o baterista Pete Jupp (antigos membros do Samson) – o guitarrista Jim Kirkpatrick (assumindo o posto que já foi de Chris Overland e Andy Barnett) e o tecladista Jem Davis completam o atual time.

A turnê também passou por outras cidades da América Latina (Buenos Aires, Lima e Bogotá), com pontapé em São Paulo, que não só recebeu o público local, como também de outros estados (Curitiba, especificamente) numa quarta-feira para lá de quente e com uma rápida chuva antes da abertura das portas, abertas antes do horário previsto. Mas a maioria só foi comparecer mesmo em peso no Manifesto Bar (local da apresentação) faltando uma hora para o início, o que era de se esperar pela quantidade de ingressos que foram vendidos.

Depois de um breve atraso de dois minutos e uma pontualidade que faz referência a nacionalidade do grupo, os membros desceram para o palco para ocupar os seus postos para o delírio de todos, que elevou ainda mais quando começaram a primeira trinca com “Synchronized"“Tough it Out” (primeiro clássico da noite) e a melódica “Killed By Love”, intervinda da clássica introdução da 20th Century Fox Theme e de uma voz mecânica apresentando a banda. Antes de tudo isso, Pete registrou toda reação da galera na câmera do seu celular para guardar de lembrança.

Todos que estavam presentes tinham as músicas na ponta da língua, chegando até ser emocionante ver a vibração e a alegria da maioria que estava vendo a banda pela primeira vez ao vivo em um espaço intimista que é o Manifesto, deixando o público bem próximo da banda. Essa energia motivou Steve – principalmente – e seus demais companheiros a terem mais vontade de entregar um excelente show. E o tempo fez muito bem para cada um deles, que continuam em plena forma. Merv, por exemplo, deu um show a parte com uma baita presença de palco.

O setlist conteve oito músicas do “Tough it Out” (1989), o que é mais do que justo, pois se trata do melhor trabalho da carreira e que soou ainda melhor ao vivo. A reação que tiveram quando executaram a faixa-título se repetiu em “Someday (You’ll Come Running)”, que teve as primeiras palavras do Steve: ‘Nós esperamos 40 anos para tocar para vocês e vocês não nos abandonaram'; “Let Love be the Leader” (primeira do “Indiscreet”) foi antecipada por ‘Oh, Oh, Oh’ vindo da plateia antes de anunciá-la; “Everytime I Think Of You” teve como destaque as ondas de fumaça enquanto a banda à executava.

O repertório também teve espaço para uma música nova, “Out of The Blue”, que estará no novo álbum, “Old Habits Die Hard”, a ser lançado em maio. Steve fez questão de perguntar quem já ouviu, e poucos acabaram levantando a mão; “The Dream that Died” e "Don’t Stop" (com Steve executando o solo com extrema segurança) equilibrou bem o nível de tranquilidade com uma balada e um Hard Rock com refrão chicletoso.

Após perguntar se todos estavam se divertindo, Steve revelou que a próxima música é bem antiga e que foi composta em parceria com o seu irmão, “American Girl”, a qual o vídeoclipe é uma homenagem a saudosa atriz do cinema Marilyn Monroe. A rápida levada de bateria de Pete (chimbal, caixa e bumbo) deu início a “Frozen Heart”, outra que foi bastante celebrada e com o público cantando uma parte dela à vontade. “Does It Fell Like Love?”, outra do “Touch It Out” (1989), teve seu final estendido com um solo vocal maravilhoso. Jim e Merv subiram na caixas que ficam na lateral do palco para despojar as últimas notas nos minutos finais dela.

Os clássicos foram reservados faltando pouco para o final. Sob gritos de ‘FM, FM’, os berros não foram hesitados nas emblemáticas “That Girl”, “Bad Luck” e “I Belong to the Night”, essa encerrada com um solo bem ala John Boham do Pete. A primeira citada foi regravada pelo Iron Maiden – presente na coletânea "Best of the ‘B’ Sides” – já a segunda foi composta por ninguém menos que Desmond Child. Qualquer semelhança de “Give Love a Bad Name”, do Bon Jovi e também de autoria do Desmond, é mera coincidência. “Turn This Car Around”, do mais recente álbum, “Thirteen”, completou a primeira parte do set antes do breve bis.

Enquanto Steve, Jim e Merv tomavam fôlego no camarim, Jim ficou no palco mandando lindas melodias e preparando terreno para o momento mais calmo da noite (só com teclado e voz) em “Story Of My Life”, que teve como destaque a brilhante performance vocal de Steve Overland, que no auge dos seus 63 anos, continua com a voz impecável, tanto que, ao final, foi ovacionado pelos seus apreciadores fãs. A dobradinha de “Face to Face” e “Other Side of Midnight” encerram o show de forma apoteótica.

Muitos elogios e aplausos foram atribuídos depois do encerramento, que poderia ser muito mais que isso. Por tudo que entregaram, em todos os quesitos, mereciam agradecimento de joelhos, mas os gestos prestados estão de ótimo tamanho para um dos melhores de Hard Rock em terra brasileira neste ano. Para quem ficou com um gosto de “quero mais”, a banda prometeu, durante o show, que voltam num futuro breve. Assim esperamos!

 

Texto: Gabriel Arruda

Fotos: Paula Cavalcante

 

Realização: Onstage Agencia

Mídia Press: ASE Press

 

FM

Synchronized

Tough It Out

Killed by Love

Someday (You'll Come Running)

Let Love Be the Leader

Out of the Blue

The Dream That Died

Don't Stop

American Girls

Frozen Heart

Does It Feel Like Love

That Girl

Bad Luck

I Belong to the Night

Turn This Car Around

***Encore***

Story of My Life

Face to Face

Other Side of Midnight

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