O ano era 1973, após sofrer pressão da gravadora que queria interferir na parte criativa, o baterista Netinho resolve acabar com Os Incríveis, que que possuía uma carreira bem sucedida no cenário da Jovem Guarda, e criar uma nova banda, pois desejava trilhar outros caminhos musicais, com uma sonoridade mais elaborada e mais pesada, inspirado pelos grandes nomes que surgiam principalmente no cenário inglês, como Deep Purple, Yes e Pink Floyd.
Com ele, Netinho leva o vocalista e guitarrista Aroldo Santarosa (Som Beat), e completaram a banda com o jovem guitarrista Piska (que depois fez carreira como músico e produtor, principalmente de artistas populares, introduzindo arranjos mais elaborados), o baixista Cargê (Brazilian Beatles, Roberto Carlos) e o tecladista e saxofonista Pique Riverte (então na banda de Roberto Carlos), um time de excelentes músicos.
Inicialmente, batizaram a banda de Os Novos Incríveis, mas precisavam se desvincular do passado, e durante as gravações, surgiu o nome Astral Branco, mas logo substituído pelo definitivo, Casa das Máquinas, nome que marcaria a história do Rock Pesado brasileiro, com sua mescal de Hard, Progressivo e Psicodelia.
Foram 3 álbuns, com algumas mudanças nas formações em cada um deles, "Casa das Máquinas" (74), "Lar de Maravilhas" (75) e "Casa de Rock" (76), e principalmente os dois últimos, são tidos como verdadeira pérolas do Rock Pesado nacional.
A banda acabou prematuramente em 1978, retornando em 2015 para alguns shows e após disso o Casa começou a fazer apresentações mais regulares, e agora em 2020, prepara a gravação de um novo disco, após mais de 44 anos, mas isso é assunto para a parte 2 deste especial.
Nesta primeira parte, conversamos com o grande compositor, vocalista e guitarrista José Aroldo Binda, mais conhecido como Aroldo Santarosa, parte muito importante da história do Casa, presente nos dois primeiros álbuns e um dos principais compositores e letristas do grupo, parceiro de composição de Netinho desde Os Incríveis.
Após sair do Casa das Máquinas, Aroldo seguiu carreira, formando algumas bandas e colaborando com artistas como Zé Geraldo, com quem manteve uma parceria de sucesso por muitos anos. Aroldo hoje mora nos EUA, se dedicando a compor, escrever e até construir suas próprias guitarras! Confira:
RtM: Gostaria que você falasse um pouco sobre as suas principais influências e como você iniciou na música, quando foi que você sentiu que o caminho da música era o que você queria trilhar?Aroldo Santarosa: Meu primeiro instrumento foi a voz, cantava desde os 4 anos de idade.....comecei a estudar violão clássico com 8 anos e meio, somente música clássica, mas com 16 pra 17 comecei a me interessar por guitarras.
RtM: Conte-nos um pouco do início com o Casa das Máquinas, como foi essa transição dos Os Incríveis para o Casa. Quais os principais motivos que levaram vocês a buscar novos ares no cenário musical?AS: Os Incríveis acabou e o Manito montou o Som Nosso de Cada Dia e o Netinho, eu que já tocava nos Incríveis, o Carlinhos com o Piska e chamamos o Pique pra tocar sax e teclados e ai nasceu os Novos Incríveis que virou Casa das Máquinas ..... Tem muito detalhe que estou omitindo porque senão vira um livro kkkkkk mas foi por ai o nosso caminho.
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Primeira Formação do Casa: Netinho, Cargê, Aroldo, Pique e Piska |
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Casa das Máquinas, formação da época do "Lar de Maravilhas" |
Abaixo, alguns pensamentos do Aroldo, uma auto definição e o que ele pensa sobre as plataformas digitais e os caminhos da música hoje em dia. Um pouco mais deste grande músico e poeta do Classic Rock e da música brasileira.
"O que aconteceu com a música e
quem vive dela? Algum músico sabe ou imagina a fortuna dos donos do spotify? Pode
crer, é muita grana ganha em cima da nossa criatividade. Poderia escrever um
textão, mas deixa pra lá, tudo está tão claro, tão moderno e também já comeram
todo o bolo sozinhos mesmo.
"Não é aconselhável que alguém com teto de vidro atire pedras.... Olhe pra cima, se der pra ver a lua e as estrelas, guarde as pedras e escreva um poema sobre a hipocrisia."
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