sábado, 3 de julho de 2021

Angeles: Hard/Heavy Raiz do Experiente Dale Lytle


O Angeles é um grupo originário desde o fim dos anos 70 na cena marginal californiana que viria eclodir nomes importantes como W.A.S.P., Mötley Crüe e Guns N' Roses. O grupo passou por diversas casas de espetáculos, dá para citar The Troubador, Whisky à Go Go e o Roxy ao lado do Bon Jovi, Quiet Riot, Dio, Metallica entre os grupos citados no começo do texto.

Apesar do status veterano e tocarem nos espaços de sucesso, nunca emergiram do seu gueto musical. Fizeram uma trinca de discos durante os anos 80 num cruzamento de heavy metal velha guarda todo macabro ao lado de canções glam. 


Nenhuma de suas realizações vislumbrou o sucesso. Na década seguinte o grupo desmantela-se voltando de forma trôpega ao longo dos anos sob diversas formações apenas remanescendo o guitarrista e fundador Dale Lytle.

Contudo, a década passada nos brindou com o retorno de alguns desses grupos dados como mortos. Lytle não só reforma o Angeles mas passa a lançar de forma recorrente novos álbuns - Hell On Heels de 2020 mantém o ciclo anual de lançamentos desde 2016. Nessa formação além de Lytle  temos o cantor Louis Collins, o baixista Cal Shelton e o baterista Danny Basulto.

O trabalho já não se vincula a fase dourada, mais parecendo um resgate de outras bandas de hard rock sepultadas dos anos 90 em diante. O resultado foram 8 faixas bem equilibradas.


"Hell on High Heels": Uma boa amostra do que aconteceria se o Guns N' Roses continuasse desde Spaghetti Incident ignorando a trágica sina do Chinese Democracy. Collins puxa essa voz mais envelhecida do Axel durante os anos 2000. Também se percebe uns toques de AC/DC na bateria.

"Apocalypse": Dona de um Riff pra botar respeito logo de cara, segue bateria cadenciada, pontes com tensão num certo verniz comercialzão. O solo é alavancado e choroso.

"Rolling Like Thunder": Talvez a melhor faixa do álbum, puxa ideias do Mick Mars, passagens meio delirantes, Collins canta atacado e Lytle abusa no dive bomb durante seus fraseados.

Angeles 2021

"Celebrate" e "Star Living" compartilham um lado mais farofento nos moldes do Poison, trechos sempre pontuados por algum "Yeee" "Uuuh" possuindo fraseados guitarristícos esfarrapados à lá Slash/Jimmy Page.

"Heal the Wounds": Tenta ser a música romântica vendida no pacote com algum ar de Yesterday do Guns N' Roses.

"Run": A mais extravagante, tenta fundir o exibicionismo metal com solos agressivos e ritmo veloz ainda que o núcleo da música caia sempre no esperado das demais canções.

"Holly Fenton": Dá uma leve surrupiada na "Kickstart My Heart". Collins num híbrido de Axel e Sebastian Bach canta o feijão com arroz desse estilo californiano.

Dale Lytle

Sem dúvidas foi um álbum bem vindo, achei um dos melhores visando tributo ao hard rock oitentista. No lugar de sintetizadores cafonas e proposta new wave, o Angeles despeja a experiência do que viveu ao longo dos anos e oferece faixas bem amarradas sem que uma fique idêntica a outra. 

O álbum faz questão de não ser muito bem ensaiado, traz aquela irregularidade que tanto os grupos atuais tentam esconder nas toneladas de maquiagem no Protools e pra nossa sorte evita aquelas baladas melosas. Recomendadíssimo! 

Texto: Alex Matos
Edição: Carlos Garcia

Banda: Angeles
Álbum: Hell on High Heels (2020)
País: EUA
Estilo: Hard Rock, Heavy Metal
Selo: Dark Star Records
Press: Split Screen Press (Tarja Virmakari)






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