Braia é um projeto solo do multi-instrumentista Bruno Maia (Tuatha de Danann), cujo primeiro álbum, "Braia... e o Mundo de Lá", foi lançado em 2008, e também teve um DVD, gravado em 2009 no Teatro Marista em Varginha (MG).
Neste 2021 o músico retorna com o segundo trabalho do projeto, "Braia...e o Mundo de Cá", trazendo ainda mais diversidade musical, além de ser totalmente instrumental. Nas palavras do próprio Bruno Maia "Tem baião, tem samba, ijexá, uns arrancado de viola caipira, tem muita mineiridade bucólica em alguns acordes típicos do Clube da Esquina; enfim tem muito do Brasil, do mundo de cá, mas sem desprender do fantasma céltico irlandês que sempre me assombrou."
Este segundo disco foi nascendo quando Bruno criou seu próprio estúdio, batizado de "Braia", e foi compondo músicas com esses ritmos brasileiros misturados às inspirações celtas e progressivas, e depois percebeu que o que estava sendo criado era um novo disco do Braia, o qual foi finalizado através de financiamento coletivo e por incentivo da Lei Aldir Blanc.
Essa mistura de ritmos e temas que abordam fatos históricos de nosso Brasil, principalmente das Minas Gerais, soa perfeitamente coeso, cheio de criatividade e livre de rótulos, e de brinde, instiga a curiosidade do ouvinte a saber mais sobre os temas.
A abertura com "Sabarabuçu Set" (nome que os indígenas davam a uma suposta montanha repleta de esmeraldas) já é um excelente cartão de apresentação para essa diversidade musical, que funde de forma coesa ritmos brasileiros, celtas e certas nuances progressivas.
E que tal um "samba celta"? É o que ouvimos em "Trem do Rio", cujo tema foi utilizado na música "Turn", do Tuatha de Danann; o forte acento celta "mineirês" típico de Bruno, está sempre presente, como em "Puizé Celta, Uai!" (O músico conta que o título foi inspirado no tanto de vezes que teve de responder que tipo de música tocava).
E tem baião com banjo e violino, num ritmo contagiante e até dançante em "Diadorina"; e a beleza e certa melancolia nos acordes e melodias de "Quebranto Cataguá".
O progressivo é o tom principal em "Um Besouro na Esquina", que, segundo os autores, homenageia duas grandes influências: Beatles e O Clube da Esquina (grupo de músicos surgido em Minas nos anos 60, tendo como membros Milton Nascimento, Beto Guedes e Flávio Venturini entre outros). Interessante que é possível notar passagens que remetem aos dois grupos citados.
São só alguns pequenos recortes do que você vai ouvir nesse trem musical do Braia, onde cada vagão, cada estação, traz coisas novas.
Braia é musicalidade, entretenimento, arte, história...é cultura, música que voa livre e bate agradável no ouvido, proporcionando uma viagem musical repleta de surpresas.
O álbum pode ser adquirido no site oficial da banda e também está disponível nas principais plataformas. O primeiro CD também foi relançado, em digipack e contendo faixas bônus.
Texto: Carlos Garcia
Álbum: "Braia...e o Mundo de Cá" 2021
Estilo: Folk Rock, Celta, Progressivo
País: Brasil
Produção: Bruno Maia
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