A banda Hate Orgasm surgiu em 2001 como projeto paralelo de J. Cyborg Daemon, consolidando-se oficialmente em 2003. Com influências do Black/Death Doom Metal (Sarcófago, Thou Art Lord, Rotting Christ), lançou as fitas “Doom/Solution/Manifest” (2006) e “Feast to a Legion of Possessed Pigs” (2008), que é uma homenagem direta ao filme "Evilspeak" de 1981, que apresenta uma legião de porcos satânicos. Sim, é isso mesmo que você leu.
Após o fim da formação original em 2009, J. Cyborg Daemon manteve o projeto como banda solo, retomando as atividades em 2015 com novas composições.
O som atual preserva a essência antiga, mas incorpora elementos do old school Death Doom Metal (Deicide, Obituary, Benediction, Cianide, Asphyx), buscando intensidade, visceralidade e peso.
As letras transitam por ocultismo, demonolatria, satanismo, horror e apocalipse, compondo uma proposta extrema e perturbadora, do jeitinho que a gente gosta.
O material já está disponível via Misanthropic Records e foi lançado sob o título “Awakening By Disenchantment”, reforçando a identidade underground. Enfim, vamos analisar as sete faixas do debut:
Na primeira faixa, "The Prayer of Nothingness", a letra assume a forma de uma invocação profana, quase como uma paródia de uma oração cristã, mas voltada para o capiroto. O tom é bem ritualístico, parecendo uma missa de Anton LaVey.
Em “At Moloch's Kingdom Celebration”, segunda faixa do álbum, a gente acaba em um culto ao deus Moloch que envolve sacrifício humano. A letra descreve um ambiente do capiroto, onde sacerdotes e sacerdotisas monstruosos se entregam a práticas sexuais em meio ao ritual. O auge é quando recém-nascidos são lançados ao fogo. Essa aqui é pura possessão demoníaca, invocações e blasfêmia.
A terceira faixa, “Enthronement” é puro fim dos tempos: forças abissais acabando com o mundo todo e fogo jorrando da terra.
Em “Awakening by Disenchantment”, quarta faixa, aborda-se a misantropia e forças sobrenaturais, onde uma espécie de "conhecimento oculto" e um profundo desprezo pelo mundo e raça humana.
A quinta faixa, "To Where Belial Wildly Blows", gira em torno da figura de Belial, um dos nomes associados ao diabo na tradição bíblica e demonológica e rei da Goetia. Aqui Belial é exaltado ao máximo. Ela é o puro suco do black/death metal extremo, em que o discurso é construído em oposição ao cristianismo.
Já em "Black Magic Addicts", sexta faixa do “Awakening By Disenchantment”, a letra volta para o brutal, mas dessa vez tem um tom cinematográfico junto. A parte mais memorável da música fala de entranhas devoradas por porcos, e acaba se conectando ao clássico EvilSpeak (1981) e seus porcos satânicos.
A sétima e última faixa "Vengeance Achieved" invoca entidades demoníacas, como Lúcifer, Satanás e o Príncipe das Trevas para que se manifestem e concedam poder. A letra recria a invocação usada por Stanley Coopersmith em Evilspeak (1981), quando chama Satanás através de um grimório traduzido por computador possuído.
Dá para ver que o filme foi inspiração durante várias fases do projeto.
“Awakening by Disenchantment” entrega com competência o que se propõem, com uma boa produção e é indicado aos aficionados a um Blackned Death Metal direto e old School.
Texto: Mellissa Freitas
Edição: Carlos Garcia
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