quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Cobertura de Show: Cemetery Skyline – 16/09/2025 – Hangar 110/SP

Na última terça-feira (16/09), o Hangar 110 foi palco de uma apresentação memorável. Pela primeira vez em território brasileiro, a banda Cemetery Skyline realizou um espetáculo que combinou intensidade, peso e emoção. O público paulistano, já habituado a receber grandes nomes internacionais, respondeu com devoção a cada nota que ecoava pelo espaço.

O supergrupo, que reúne integrantes de bandas como Dark Tranquillity, Sentenced, Amorphis e Dimmu Borgir, é formado por Mikael Stanne (vocal), Markus Vanhala (guitarra), Santeri Kallio (teclado), Victor Brandt (baixo) e Vesa Ranta (bateria). O quinteto desembarcou no Brasil para promover o álbum Nordic Gothic (2024), em um show exclusivo em São Paulo. O título do trabalho define de maneira precisa o estilo da banda.

Com um público modesto, porém caloroso, o grupo iniciou a apresentação com "Behind the Lie", estabelecendo o tom sombrio e introspectivo que marcaria todo o concerto. A plateia acompanhou com palmas ritmadas enquanto Mikael Stanne transmitia toda a dramaticidade de sua interpretação vocal. A sequência com "Torn Away" e "The Darkest Night" intensificou o clima, com refrães entoados em coro por um público que parecia conhecer cada palavra.

Antes de anunciar "Anomalie", o vocalista declarou: “Só temos um álbum, então vamos tocá-lo na íntegra”, arrancando aplausos entusiasmados. O público, ainda que pequeno, mostrou-se barulhento e participativo, ovacionando a banda. A satisfação era nítida nos rostos dos músicos. Em "The Coldest Heart", o lado mais sombrio e atmosférico da banda se evidenciou, criando uma sensação hipnótica entre os presentes, sem que isso diminuísse a vibração da plateia, que reagia intensamente a cada nota.

Um breve solo de guitarra introduziu "Never Look Back", composição marcada por melodias expressivas. Após a execução, o vocalista agradeceu emocionado o carinho do público. O ápice emocional surgiu em dois momentos: primeiro com a delicada "When Silence Speaks", durante a qual a plateia observava as melodias que pareciam se transformar em imagens; em seguida, com a surpreendente versão de "I Drove All Night" (Roy Orbison), que arrebatou os presentes em uma mistura de nostalgia e reverência. Já o interlúdio instrumental de "Konevitsan kirkonkellot", tema tradicional finlandês, foi recebido com reverência solene, como se todos partilhassem do mesmo ritual.

Quase no encerramento, "Violent Storm" demonstrou a maturidade da banda, destacando os vocais limpos de Mikael Stanne e um refrão marcante. Entretanto, nenhuma execução foi tão simbólica quanto "Alone Together". Antes de iniciar a faixa, o vocalista, visivelmente emocionado, solicitou um minuto de silêncio em memória de Tomas Lindberg, vocalista da banda At the Gates, falecido no mesmo dia. Com imagens projetadas nos telões, a homenagem foi respeitada de forma comovente. O ar melancólico da canção contagiou o Hangar 110 inteiro se transformou encerrando a apresentação de maneira emocionante, talvez o momento mais intenso da noite.

O Cemetery Skyline não apenas apresentou um show tecnicamente impecável, marcado pela perfeita química entre os músicos, como também estabeleceu uma conexão profunda com o público brasileiro. As reações oscilaram entre a euforia e a introspecção, comprovando que o metal é uma linguagem que transcende fronteiras. 


Texto: Marcelo Gomes


Edição/Revisão: Gabriel Arruda


Realização: Overload Brasil



Cemetery Skyline – setlist:

Behind the Lie

Torn Away

The Darkest Night

Anomalie

The Coldest Heart

Never Look Back

When Silence Speaks

Nothing From This World

I Drove All Night (Roy Orbison cover)

In Darkness

Konevitsan kirkonkellot 

Violent Storm

Alone Together

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