Pestilence e Cancer estavam no radar de uma junção praticada há tempos atrás e que faz falta atualmente. Anunciado como "The True Faces of Death Latin America 2025", fizeram um encontro de uma geração que tinham essas bandas como desbravadoras de um jeito único tocar na cena Death Metal, e que por ventura, alguns encontros no Brasil e em São Paulo aconteceram e deixam saudades: Kreator e Destruction, Sadus e Obituary, Sodom e Nuclear Assault, entre os anos de 2000 e 2010, no qual estive presente em ambos. Desta vez, o Burning House foi o local a lotar a casa no meio de uma inevitável quarta feira de setembro para presenciar essas duas bandas clássicas do século passado juntas.
Havia uma expectativa para banda de abertura desse show, até ser anunciado de forma muita honesta e merecida os caras que vem ralando desde 2016: Podridão.
O trio fez as honras de abrir a noite após a turnê na Europa em julho, onde tocaram na edição de 2025 do Obscene Extreme Festival, na República Tcheca. O guitarrista Ivi “Rotten Flesh” fez estrada com Beyond the Grave há 25 anos atrás até chegar nesse projeto que varreu o território nacional nas turnês incansáveis, passando por mudanças na formação até consolidar-se como um dos nomes mais fortes que temos na cena em se tratando de Death Metal Old School com o apoio do Roldão da Kill Again, Brasilía/DF.
A banda estava bem a vontade com palco e se destacou pela potência em que agride com afinações baixas, velocidade Repugnant Fat na bateria e os vocais de Putrid Dick. Tocaram no total nove sons, variando a fase de singles, músicas do split com Convulsive e aproveitaram o recém lançado Coffin of the Corrupted Dead (2025) – quarto álbum de estúdio – para tocar "Dissolved into Viscous Ruin". Destaque também para "Verminosis Faecalis", "Hurban Cannibalism" e "Cadaveric Impregnation".
O Cancer entrou em seguida e fez um show impecável. A formação com John Walker (vocal/guitarra), Robert Navajas (guitarra), Daniel Maganto (baixo) e Gabriel Valcázar (bateria), somado aos riffs do passado deixado por James Murphy (ex-Death, Obituary) trouxeram para o palco uma sonoridade muito equilibrada de timbres, fiel a mesma qualidade dos discos de estúdio daqueles clássicos imbatíveis dos anos 90, To the Gory End e Death Shall Rise.
Pra fechar a quarta-feira, era a vez do Pestilence fazer sua parte e cumprir a missão da noite nostálgica. Mesmo com alguns ajustes no equipamento nas primeiras músicas, a banda acertou o som após a intro “In Omnibvs”, seguida de “Morbvs Propagationem”, do disco Exitivm (2021), já mostrando como a técnica e sincronia com o tempo do som e vocais são bem difíceis de executar ao vivo.
O vocal de Patrick Mameli – único da formação original e com visual parecendo ter acabado de sair da academia – foi colocado a prova na clássica “Dehydrated” e “Chronic Infection”, músicas do disco Consvming Impvlse (1989), sustentando a agressividade do show até o final. A banda se soltou e Mameli agradecia já chamando o público a participar mais. Mandaram “Resurrection Macabre”, de 2009, puxando clássicos como “Out of the Body” – do consagrado clipe na MTV – e “Free Us From Temptation”, do disco Testimony of the Ancients (1991), foram algumas pedradas que segurou mais o público. Aos poucos, por conta do horário e do transporte público, o público foi deixando o local perto do Pestilece finalizar o repertório.
Foi uma noite muito satisfatória, com casa cheia e público muito agradecido de viver uma oportunidade única que não acontecia há anos em São Paulo. Foi uma nostalgia, e o formato do evento só agregou o público e as bandas, fortalecendo e engrandecendo mais uma vez o Burning House, casa de show que está no epicentro de bandas que gostamos de assistir, com pontualidade e ótima logistica de acesso no centro de SP.
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