quinta-feira, 23 de abril de 2015

Spartacus: "Imperium Legis" - Continuando a Escrever História no Metal Gaúcho e Nacional



“Imperium Legis” é apenas o segundo full-lenght dos gaúchos do Spartacus, apesar de a banda ter sido fundada nos anos 80 (tendo uma música, "Sem Cessar", registrada na coletânea "Rock Garagem II"), sendo que muitas bandas daquela época, ou registraram demo-tapes com poucos recursos, ou não conseguiram deixar registros de seus trabalhos, o que é uma pena, pois muita coisa boa ficou apenas na memória de quem viveu a época ou na mão de poucos. 

Felizmente, algum material daqueles tempos vem sendo resgatando, e podemos citar aí o relançamento em CD do álbum do Astaroth, “Na Luz da Conquista”, tido como o primeiro disco de Metal do Rio Grande do Sul (Segundo reza a lenda, o do Virgem Atômica também foi lançado no mesmo período), e muita coisa vem sendo compartilhada em redes sociais e sites como Youtube e Soundcloud, e vale citar que muito disso se deve ao trabalho do pessoal que escreveu (e continua escrevendo, pois sairá uma segunda parte) o livro “Tá no Sangue, A História do Rock Pesado Gaúcho”, onde garimparam material de grande valor.

Voltando ao álbum, neste registro o Spartacus resgata muitas músicas significativas para a história da banda, mas que não tiveram a oportunidade de serem registradas adequadamente na época, então, além de um resgate para a própria banda, é importante também para os fãs de Metal, tanto os contemporâneos daqueles tempos, como os novos, que agora têm a oportunidade de conferir o trabalho deste importante nome da história do Metal Gaúcho, que inclusive contou em uma de suas formações com o baterista Aquiles Priester em seu início na batera.



Com letras em português, característica do Metal brasileiro naquela época, ressaltando que várias bandas daquele movimento continuam na ativa, com várias tendo voltado às atividades nos últimos anos, e lançado novos trabalhos, como o Azul Limão, Metalmorphose e Taurus, e trazendo músicas da primeira fase da banda nos anos 80/90 e com outras mais recentes, foram, como é explicado no encarte, mantidas estruturas e arranjos originais, a fim de manter e respeitar a contribuição de todos os integrantes, além de terem sido adicionados novos elementos e arranjos sintetizados.

O Heavy Metal Tradicional do Spartacus traz todas essas características clássicas em seus arranjos, bases e riffs, trazendo até um pouco de nostalgia, não no sentido que o álbum soe datado, mas traz boas lembranças daquela época em que não existiam tantas sub-divisões no Metal, e é muito bom ouvir o Heavy Metal puro e simples, de letras inteligentes e interessantes, tocado com garra e sentimento, ir viajando pelo álbum e pela história do Spartacus em músicas como “Encontro de Almas”, “Nas Leis do Infinito”, “Sob a Sentença, Um Carrasco” e “Fruto da Criação”.

Nada de elementos eletrônicos, invencionices, afinações “modernosas”, milhares de efeitos, guitarras fritando ou bumbos à velocidade da luz, apenas Heavy Metal.



Texto: Carlos Garcia
Revisão: Vincent Furnier



Além de comercializar o CD fisicamente, há a opção de compra via CDBaby, através do link www.cdbaby.com/cd/spartacus2 ou pelo e-mail wargodspress@gmail.com.

As músicas estão disponibilizadas para streaming no Soundcloud oficial da banda

Ouça também o primeiro álbum "Libertae"

Foto na contracapa da coletânea "Rock Garagem II"


Confira abaixo texto divulgado no Facebook oficial da banda, explicando o conceito lírico do álbum:


Baseado em letras de cunho filosófico, o novo álbum da banda gaúcha SPARTACUS, “Imperium Legis”, encanta não somente por sua sonoridade calcada num Heavy Metal tradicional pesado e empolgante, mas também por suas letras inteligentes, característica comum nestas suas três décadas de existência.
O baixista e compositor Marco Di Martino, ferrenho incentivador do Metal cantado em português, teceu algumas palavras acerca de cada tema, dispostas abaixo:

“Encontro de Almas” é uma história de amor contada ao estilo de Spartacus. Solitários da vida que se descobrem no fim do túnel.

“Na Rota da Colisão” traz aquele medo que se esconde ao fundo e que começa a nos preocupar apesar de não querermos vê-lo, ao final transformando-se em realidade violenta e impossível de ser ignorada.

“Não Morra o Sentimento” é o chamado para as emoções que colocamos de lado e que invoca nossa compaixão muitas vezes por nós mesmos declinada.

O “Império da Lei” concede aos amigos suas benesses, aos inimigos seus rigores, aos demais a sorte... Lutemos por um mundo mais justo...

Quando “Nas Trevas da Insanidade”, muitas vezes nem a loucura pode negar a opressão que nos cerca.

“Noite Sem Lua” em que não era a hora, não eram os métodos, não foi o que se queria e nem a lua compareceu... O ímpeto descontrolado consome a virtude...

“Nas Leis do Infinito” "o que é do homem o bicho não come"... Há mais coisas entre o céu e a terra do que se imagina.

“Velho Rei” de vontade egocêntrica e expansionista que se impõe sobre tudo e sobre todos muitas vezes estando bem perto da gente.

“Sob a Sentença, um Carrasco” onde a ignorância é a sentença e o poder econômico manipulador social é o carrasco... Passa na T.V., todos veem, mas ninguém enxerga.

“Fruto da Criação” tem o fruto como produto social e a criação como a realidade que o determina. A criação dá luz ao fruto e ao final o rejeita e destrói porque ele não possui a virtude que ela não lhe inspirou.

“Prisioneiro do Alvorecer” porque estamos aprisionados aos efeitos da consequência de nossos atos. Não há como escapar da luz do dia seguinte.


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