Conheci o
Pyogenesis através daquelas coletâneas em vídeo, “Beauty In Darkness”, e vi ali
uma banda que possuía uma diversidade, pois ora apareciam com algo mais na
linha Gothic Metal, estilo o qual são considerados co-fundadores, ora algo mais extremo ou mais alternativo e diversificado, como o que se pode ouvir em seus álbuns lançados do meio dos anos 90 em diante, ou seja, nada muito fácil de acompanhar.
Em “In a
Century in the Curse of Time”, álbum que podemos dizer é conceitual, e fala a respeito das mudanças que o progresso trouxe para a humanidade a partir do século XIX, como a industrialização, mecanização, surgimento da burguesia, as obras de ficção, como os livro de Julio Verne, e em "In a Century of..." a banda vem revigorada, mantendo a
característica de apresentar diversidade em sua música, e aqui, acredito que
eles soam mais coesos, e, embora o hiato nos últimos anos (13 anos sem álbuns e 10 sem shows), onde certamente
perdeu espaço, por outro lado pode ser revertido agora com esse trabalho muito
bom.
Transitando
pelo Metal Extremo, Gothic Metal, Alternative Rock e até melodias mais pop,
alternando peso e melodia, com timbres “gordos” na guitarra, cozinha grave, a
banda construiu um álbum grandioso e épico, com refrãos e melodias cativantes, arranjos até
simples muitas vezes, porém criativos e diversificados, soando muito coeso, mantendo o
interesse do ouvinte para o que vai encontrar em cada faixa.
O álbum abre
com uma citação de Nietzsche no começo de “SteamPaves Its Way”, que começa bem pesada e extrema, vocais guturais,
alternando trechos melódicos e com vocais limpos; “A Love Once New...” e “This
Won’t Last Forever” seguem uma linha mais Rock Alternativo, com
melodias e refrãos bem sacados e cativantes, ou seja, a sonoridade é
diversificada, mas homogênea e de fácil assimilação, tem peso, mas é capaz de
agradar ouvintes mais ecléticos.
“The Best is Yet to Come” me lembrou os
bons momentos de bandas de Rock Alternativo dos anos 90 (sim, haviam bons
momentos), como Jane’s Addiction e Blind Melon, segue um andamento mid-tempo,
base reta e coros bem agradáveis, destaque para o baixo super grave.
“Lifeless”, pesada e melancólica, numa veia bem Gothic Metal, lembrando algo do Paradise Lost da sua fase mais puxada para esse estilo; “The Swan King”
inicia com um riff bem legal e bem rocker, mixando Rock Alternativo e algo do
POP Rock anos 80; “Flesh and Hair”
também segue a fórmula Rock Alternativo, com aquela distorção característica de pedal fuzz (amado por Sonic Youth e bandas do gênero), tons graves, melodias legais e refrão
pegajoso.
A faixa título,
“A Century in The Curse of Time”, é
o maior destaque, criativa nas variações, melancolicamente bela e melodiosa,
não consegui descreve-la em poucas palavras... começa meio “vintage”, e dá pra sentir muito de Queen e Yes nela, arranjos
acústicos, coro vocal em “crescendo”, para em seguida entrar em cena um belo
solo de guitarra, envolto em bases densas e graves, para em seguida entrar em
um trecho acústico, destacando o dedilhado, simples, mas com uma deliciosa
melodia, inclusive com harmônicos naturais que ficaram bem legais, e aos poucos
os demais instrumentos vão dando as caras, enriquecendo os arranjos e melodias,
a distorção e o peso voltam, destaco aí também o trabalho na bateria,
compassada e precisa.
Cena do vídeo "Steam Paves Its Way" |
Você vai
criando a expectativa para o que mais vem pela frente, e uma melodia de teclado
surge, depois acompanhada pelo cello, seguindo até o final da canção, e nessas
transições se passam mais de 6 minutos até que entrem os primeiros versos da
letra, que me soou como um, digamos, alerta ao quanto o progresso vem nos
afetando, e nesse trecho, quem comanda as ações são as melodias ao teclado e
cello, a bateria e as linhas de baixo, e ainda podemos ouvir samples de vozes
de crianças e chuva antes dos minutos finais, onde temos a volta das bases mais
pesadas e graves, finalizando com a melodia inicial que aos poucos vai sumindo,
ficando apenas o barulho de gotas de chuva caindo ao chão. Isto é o que chamo de "Gran Finale".
Cena do vídeo "Lifeless" |
Um álbum que
agrada no geral, melodias criativas, uma
boa diversidade, soando sempre coeso, nada é simplesmente jogado ali, há um
cuidado nos arranjos. Pode conferir sem
medo, eu achei que até demoraria para absorver este álbum, porém, estou cansado
de saber que não podemos formar “pré-conceitos”. O Pyogenesis teve seus altos e
baixos, passou por períodos de ostracismo, tendo até mudanças na formação e
outras consequências por conta disso, mas mostra que ainda pode produzir coisas
boas. Que este trabalho sirva de motivação ao líder Flo V. Schwarz para seguir
produzindo álbuns legais como este.
Texto: Carlos Garcia
Rate: 9/10
Ficha Técnica:
Banda: Pyogenesis
Álbum: A Century in the Curse of Time (2015)
País: Alemanha
Estilo: Alternative Rock/Metal, Gothic Metal
Selo: AFM Records, licenciado para Shinigami Records
Acesse os Canais Oficiais da Banda:
Line-UP
Flo Schwarz
(Guitar/Vocals/Keyboards)
Malte Brauer
(Bass)
Olman Viper
(Drums)
Tim 'Asmodeus'
Eiermann (Guitar/Vocals)
Track-List
02.A Love Once
New Has Now Grown Old
03.This Won't
Last Forever
04.The Best Is
Yet to Come
05.Lifeless
06.The Swan
King
07.Flesh And
Hair
08.A Century
In The Curse Of Time
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