Formada na capital federal em 2008, o Age of Artemis sempre foi uma banda que gerou grandes expectativas, com um ótimo nível em seus trabalhos, os quais apresentam uma evolução constante em termos musicais.
Após várias demos, singles e dois álbuns completos, além de inúmeros shows pelo brasil, destacando a participação no Rock in Rio em 2015, o que trouxe mais visibilidade para a banda, uma nova fase se iniciou, e o terceiro e esperado full-lenght, "Monomyth", vem com uma força capaz de consolidar a carreira do Age of Artemis e levá-lo a outro patamar.
O álbum também traz a estreia em disco dos novos integrantes, incluindo o vocalista Pedro Campos (também Soulspell, Hangar), e, a exemplo do anterior, "The Waking Hour" (2014), foi lançado primeiramente no Japão, em início de abril. A banda agora parte para divulgar o máximo possível o novo álbum, e tão conversamos com eles para saber um pouco mais de "Monomyth". Confira!
RtM: Para iniciar esta entrevista, gostaria que vocês fizessem uma breve explanação a respeito do conceito lírico em “Monomyth”.
Riccardo Linassi - Ele fala da jornada
do herói, ou o herói de mil faces. Trata de alguém desde quando é um sujeito
comum, passando por desafios até se tornar alguém melhor. Esse herói pode ser
encarado como cada um de nós no nosso dia a dia.
RtM: A produção do
álbum desta vez ficou “em casa”, com o Giovanni Sena. Gostaria que você comentasse a
respeito dessa decisão, que com o resultado que pude conferir, foi muito
acertada! Acredito que foi uma decisão por já ter uma segurança e saber o que
vocês queriam para a banda.
Giovanni Sena – Bem acredito que acabei
conquistando a confiança dos meus parceiros. Isso foi se desenvolvendo ao longo
dos anos. Na verdade, no cover que gravamos em 2014, eu já tinha assumido tal
papel. Foi de forma bem natural. Em 2017 quando gravamos “Unknown Strength”,
esse papel foi reafirmado. Como o resultado ficou muito bom, decidimos que na
gravação do “Monomyth” eu continuaria a frente da produção.
RtM: Gostaria que
vocês comentassem também a respeito da mixagem, que foi feita em Los Angeles, e
vejo que também foi acertada, pois para a sonoridade da banda, e tantos
detalhes nos arranjos, era uma etapa muito importante. Ficou excelente, é
possível perceber todos os detalhes. Estava ouvindo o álbum e “nossa que linha
de baixo incrível! E esse solo!! Putz...essa percussão ficou ótima! ”
Riccardo Linassi - Sim, nossa
preocupação era encontrar alguém que entendesse do estilo e tivesse cuidado com
os detalhes. Creio que o Damien (Rainaud) foi a decisão mais acertada!
"O conceito está mais nas letras do que nas músicas em si. A gente 'joga pra música'." |
Giovanni Sena – A vida nos traz algumas
surpresas. E com elas as mudanças. Em princípio o ser humano tem a tendência de
ver as mudanças de forma cautelosa. Mas tudo é uma questão de adaptação. E o
Pedro se adaptou a nossa forma de trabalho de uma forma bem natural e rápida. E
isso não foi só na parte musical, mas no pessoal também. Não consigo separar
trabalho de amizade. Só consigo desenvolver um bom trabalho quando há um certo
nível de amizade.
RtM: Gostaria de
destacar o trabalho do Pedro Campos, que eu já acompanho há um bom tempo, e o
cara encaixou muito bem, com aqueles drives já característicos dele, mas também
muito bem quando a música pediu vocais mais limpos ou mais altos.
Riccardo Linassi - Pois é, sempre que
há mudanças numa banda, gera certo temor, ainda mais se tratando de vocalista.
Mas o Pedro é muito bom no que faz e chegou “com a faca nos dentes” pra dar o
melhor de si e realizar esse belo trabalho!
RtM: Lembro que ano
passado vocês comentaram que a banda iria surpreender muita gente com este novo
álbum, e realmente, para meu gosto musical, acredito ser o mais completo
trabalho da banda. Antes de eu tecer meus comentários (que também coloquei na
resenha do disco), peço que vocês comentem em quais aspectos vocês acreditam
que a banda inova e surpreende em “Monomyth”.
Giovanni Sena – Acredito que o maior
aspecto é que a Age of Artemis encontrou a sua própria voz. A banda tem suas
próprias características apesar das varias influências que cada um de nós possui e coloca, seja nas composições, seja na hora de interpretar melodias e/ou
notas. Isso é um processo que leva tempo, além de ser um processo natural.
RtM: Quando se fala
em Prog Metal e álbum conceitual, muitos já pensam em algo para um público mais
restrito (até porque muitas bandas exageram no quesito técnico e esquecem do
feeling), mas vocês criaram músicas que possuem passagens intrincadas,
refinadas em termos técnicos, mas também com melodias marcantes e bom gosto, se
diferenciando de muitas outras do estilo, e acredito que cairá no gosto de um
público mais amplo. Gostaria que comentasse a respeito.
Riccardo Linassi - na verdade os rótulos
“prog”, “power”, etc., nem estavam nos planos. Criamos as músicas sem pensar
muito nisso. O conceito está mais nas letras do que nas músicas em si. A gente
“joga pra música”. Se algum arranjo saiu mais cheio de notas, compassos
compostos etc., foi só coincidência. Há momentos em que há pouca nota e a
música flui da mesma forma.
RtM: Falando um
pouco das músicas, sendo complicado apontar apenas algumas, mas vou pedir que
comentem um pouco mais a respeito de algumas, começando com duas que estão
entre minhas favoritas, a “The Call of the Fear” e “What Really Matters”,
cheias de melodias marcantes, percussões, e bem diversificadas, acho que
representam bem o balanço entre o refino técnico com o feeling.
Giovanni Sena – Na hora de compor, a
melodia acaba sendo o nosso “Norte”. E todo resto trabalha em função disso. Uma
característica da música da Artemis é o acréscimo de camadas à medida que a
música vai se desenvolvendo. Isso pode ser notado por todo o disco. Dessa vez,
o texto também teve extrema importância nas composições onde em muitos momentos
há uma comunicação direta entre o que está sendo dito e a parte instrumental.
RtM: Finalizando,
gostaria que comentassem sobre a “The Calling”, que abre o álbum logo após a
intro “Status Quo”, e abre de forma explosiva, com peso, várias mudanças de
“climas” e a “A Great Day to Live”, mais suave e melodiosa.
Giovanni Sena – Como falei
anteriormente, aqui há uma conexão entre o texto e a música muito latente. “The
Calling” retrata um(a) jovem começando uma experiência que ele(a) não sabe bem
como vai terminar. “A Great Day to Live” se trata dessa mesma pessoa, mas mais
experiente, com mais sabedoria, mais evoluída, com um maior conhecimento da
vida e de sua “missão” aqui na Terra.
"Acredito que o maior aspecto é que a Age of Artemis encontrou a sua própria voz." |
Giovanni Sena – Gostaríamos de
parabeniza-lo pela o trabalho desenvolvido e reafirmar que esse tipo de
trabalho é essencial para que um dia o Brasil seja um país não só de artistas
estrangeiros, mas também onde haja uma cena onde bandas brasileiras também
assumam posições de destaque em shows, festivais etc.
Entrevista: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Assessoria de Imprensa: TRM Press
Site Oficial
Spotify
Nenhum comentário:
Postar um comentário