quinta-feira, 9 de maio de 2019

Entrevista: Age of Artemis: "Jogando" Para a Música


 
Formada na capital federal em 2008, o Age of Artemis sempre foi uma banda que gerou grandes expectativas, com um ótimo nível em seus trabalhos, os quais apresentam uma evolução constante em termos musicais. 

Após várias demos, singles e dois álbuns completos, além de inúmeros shows pelo brasil, destacando a participação no Rock in Rio em 2015, o que trouxe mais visibilidade para a banda, uma nova fase se iniciou, e o terceiro e esperado full-lenght, "Monomyth", vem com uma força capaz de consolidar a carreira do Age of Artemis e levá-lo a outro patamar.

O álbum também traz a estreia em disco dos novos integrantes, incluindo o vocalista Pedro Campos (também Soulspell, Hangar), e, a exemplo do anterior, "The Waking Hour" (2014), foi lançado primeiramente no Japão, em início de abril. A banda agora parte para divulgar o máximo possível o novo álbum, e tão conversamos com eles para saber um pouco mais de "Monomyth". Confira!


RtM: Para iniciar esta entrevista, gostaria que vocês fizessem uma breve explanação a respeito do conceito lírico em “Monomyth”.
Riccardo Linassi - Ele fala da jornada do herói, ou o herói de mil faces. Trata de alguém desde quando é um sujeito comum, passando por desafios até se tornar alguém melhor. Esse herói pode ser encarado como cada um de nós no nosso dia a dia.

RtM: A produção do álbum desta vez ficou “em casa”, com o Giovanni Sena. Gostaria que  você comentasse a respeito dessa decisão, que com o resultado que pude conferir, foi muito acertada! Acredito que foi uma decisão por já ter uma segurança e saber o que vocês queriam para a banda.
Giovanni Sena – Bem acredito que acabei conquistando a confiança dos meus parceiros. Isso foi se desenvolvendo ao longo dos anos. Na verdade, no cover que gravamos em 2014, eu já tinha assumido tal papel. Foi de forma bem natural. Em 2017 quando gravamos “Unknown Strength”, esse papel foi reafirmado. Como o resultado ficou muito bom, decidimos que na gravação do “Monomyth” eu continuaria a frente da produção.

RtM: Gostaria que vocês comentassem também a respeito da mixagem, que foi feita em Los Angeles, e vejo que também foi acertada, pois para a sonoridade da banda, e tantos detalhes nos arranjos, era uma etapa muito importante. Ficou excelente, é possível perceber todos os detalhes. Estava ouvindo o álbum e “nossa que linha de baixo incrível! E esse solo!! Putz...essa percussão ficou ótima! ”
Riccardo Linassi - Sim, nossa preocupação era encontrar alguém que entendesse do estilo e tivesse cuidado com os detalhes. Creio que o Damien (Rainaud) foi a decisão mais acertada!

"O conceito está mais nas letras do que nas músicas em si. A gente 'joga pra música'." 
RtM: A banda também passou por algumas mudanças de formação até chegar a este novo álbum, inclusive com a troca de vocalista, algo que sempre é mais marcante, saindo o Alírio e entrando o Pedro Campos (também Hangar e Soulspell). Gostaria que você comentasse como foi o entrosamento e a colaboração que esses novos membros trouxeram.
Giovanni Sena – A vida nos traz algumas surpresas. E com elas as mudanças. Em princípio o ser humano tem a tendência de ver as mudanças de forma cautelosa. Mas tudo é uma questão de adaptação. E o Pedro se adaptou a nossa forma de trabalho de uma forma bem natural e rápida. E isso não foi só na parte musical, mas no pessoal também. Não consigo separar trabalho de amizade. Só consigo desenvolver um bom trabalho quando há um certo nível de amizade.

RtM: Gostaria de destacar o trabalho do Pedro Campos, que eu já acompanho há um bom tempo, e o cara encaixou muito bem, com aqueles drives já característicos dele, mas também muito bem quando a música pediu vocais mais limpos ou mais altos.
Riccardo Linassi - Pois é, sempre que há mudanças numa banda, gera certo temor, ainda mais se tratando de vocalista. Mas o Pedro é muito bom no que faz e chegou “com a faca nos dentes” pra dar o melhor de si e realizar esse belo trabalho!

RtM: Lembro que ano passado vocês comentaram que a banda iria surpreender muita gente com este novo álbum, e realmente, para meu gosto musical, acredito ser o mais completo trabalho da banda. Antes de eu tecer meus comentários (que também coloquei na resenha do disco), peço que vocês comentem em quais aspectos vocês acreditam que a banda inova e surpreende em “Monomyth”.
Giovanni Sena – Acredito que o maior aspecto é que a Age of Artemis encontrou a sua própria voz. A banda tem suas próprias características apesar das varias influências que cada um de nós possui e coloca, seja nas composições, seja na hora de interpretar melodias e/ou notas. Isso é um processo que leva tempo, além de ser um processo natural.


RtM: Quando se fala em Prog Metal e álbum conceitual, muitos já pensam em algo para um público mais restrito (até porque muitas bandas exageram no quesito técnico e esquecem do feeling), mas vocês criaram músicas que possuem passagens intrincadas, refinadas em termos técnicos, mas também com melodias marcantes e bom gosto, se diferenciando de muitas outras do estilo, e acredito que cairá no gosto de um público mais amplo. Gostaria que comentasse a respeito.
Riccardo Linassi - na verdade os rótulos “prog”, “power”, etc., nem estavam nos planos. Criamos as músicas sem pensar muito nisso. O conceito está mais nas letras do que nas músicas em si. A gente “joga pra música”. Se algum arranjo saiu mais cheio de notas, compassos compostos etc., foi só coincidência. Há momentos em que há pouca nota e a música flui da mesma forma.

RtM: Falando um pouco das músicas, sendo complicado apontar apenas algumas, mas vou pedir que comentem um pouco mais a respeito de algumas, começando com duas que estão entre minhas favoritas, a “The Call of the Fear” e “What Really Matters”, cheias de melodias marcantes, percussões, e bem diversificadas, acho que representam bem o balanço entre o refino técnico com o feeling.
Giovanni Sena – Na hora de compor, a melodia acaba sendo o nosso “Norte”. E todo resto trabalha em função disso. Uma característica da música da Artemis é o acréscimo de camadas à medida que a música vai se desenvolvendo. Isso pode ser notado por todo o disco. Dessa vez, o texto também teve extrema importância nas composições onde em muitos momentos há uma comunicação direta entre o que está sendo dito e a parte instrumental.

RtM: Finalizando, gostaria que comentassem sobre a “The Calling”, que abre o álbum logo após a intro “Status Quo”, e abre de forma explosiva, com peso, várias mudanças de “climas” e a “A Great Day to Live”, mais suave e melodiosa.
Giovanni Sena – Como falei anteriormente, aqui há uma conexão entre o texto e a música muito latente. “The Calling” retrata um(a) jovem começando uma experiência que ele(a) não sabe bem como vai terminar. “A Great Day to Live” se trata dessa mesma pessoa, mas mais experiente, com mais sabedoria, mais evoluída, com um maior conhecimento da vida e de sua “missão” aqui na Terra.

"Acredito que o maior aspecto é que a Age of Artemis encontrou a sua própria voz."
RtM: Obrigado pela atenção, espero que o álbum tenha a repercussão que merece, tanto aqui como lá fora, inclusive, assim como os anteriores, foi lançado já no Japão. Fica o espaço para as suas considerações finais.
Giovanni Sena – Gostaríamos de parabeniza-lo pela o trabalho desenvolvido e reafirmar que esse tipo de trabalho é essencial para que um dia o Brasil seja um país não só de artistas estrangeiros, mas também onde haja uma cena onde bandas brasileiras também assumam posições de destaque em shows, festivais etc.

Entrevista: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Assessoria de Imprensa: TRM Press
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