domingo, 12 de abril de 2020

Enzo & The Glory Ensemble: Metal Progressivo, Sonoridades Étnicas e a União das Culturas



Entre as duzentas subdivisões do metal, uma das mais pitorescas é a do White Metal. A ideia de pegar conceitos do Heavy Metal para pregar o cristianismo ou no mínimo usá-lo de tema, rendeu ojeriza tanto dos headbangers quanto da própria audiência religiosa no fim dos anos 80.

Passado os tempos, essa sub-vertente veio conquistando público geralmente contendo artistas muito competentes. O compositor italiano Enzo Donnarumma talvez seja o retrato de uma nova geração mais aceita pelo trabalho que faz dentro da música pesada.

Seu mais novo álbum fecha a trilogia "In the Name of  Father" e "In the Name of Son". No caso o esperado "Holy Spirit" foi preterido pelo "World", pois Enzo queria fugir do legalismo religioso e passar uma mensagem de integração com a população mundial.


O projeto é bastante ambicioso ao juntar metal, orquestra entre sons étnicos e religiosos. Ele convida novamente diversas bandas de Metal Progressivo por exemplo o Gary Wehrkamp do Shadow Gallery ao lado do coro gospel congolês Weza Moza.

A levada deste álbum tem certas similaridades a ópera rock "Jesus Christ Superstar", pelo menos na levada de musical. Inclusive, parece que Enzo chegou a dirigir esta peça. A temática do grupo explora aquela rota medieval do Bizâncio e também temas bíblicos. Ainda que formem um quadro maior, as canções são “auto suficientes” em sua estrutura, fugindo daquela dependência maior entre faixas, algo comum em álbuns conceituais.

Tem aquela teatralidade entre vozes, cantorias em coral lembrando animações da Disney. O diferencial aqui é de tudo cair num turbilhão de riffs e fritações nas guitarras, ao lado de sintetizadores acolchoando os vãos e instrumentos regionais tentando formar paisagens sonoras.


"Nothingness (It's Everyone's Fate)" a música inicial, define as pretensões de "In The Name Of The World Spirit". Inclusive seu tema reaparece numa das últimas faixas. "Try To Put In Pit The Fear" puxa algo mais medieval, em tom de fanfarra. O cantor usa vocaloid enquanto ocorre uma batida latina. "Last Weep" cria uma atmosfera arabesca, contém toques de piano e um conjunto de guitarras se revezando no solo.

"I'll add More" O início suave é muito bem construído. Ela vai apresentando um viés dramático e em seu fim as guitarras seguem uma espécie de procissão. "My Pillory" é outra desértica e a mais agitada, possuindo uns riffs malvadões. " Psalm 13 (Tell Me)" revisa as anteriores, apresentando de modo concentrado os jogos de vozes, arranjos de guitarras e sintetizadores galgando magnitude.

"World Spirit" não poupa recursos para gerar boa impressão no que faz. De fato uma ópera metal.


Quanto a pontos negativos, apenas acho que grupos de metal progressivo tem uma certa mania de entulhar de ideias as músicas tentando provar virtuosismo.
Em diversos momentos isso deixa a música poluída e menos memorável, já que todas as faixas ficam parecidas pelo excesso de informação.

Pra quem busca novas direções, misturas pouco usuais de Metal ou deseja apenas um som épico atualizado pra atualidade é possível se interessar pela obra.

Texto: Alex Matos (Equipe Rock Idol - Visite o Canal)
Edição: Carlos Garcia

Selo: Rock Shots Records
Enzo Facebook


Track listing
1. Precariousness 1:16
2. Nothingness (It's Everyone's Fate) 5:37
3. The Bronze Age 4:50
4. Try To Put In Pit The Fear 4:33
5. To Every Chest 5:00
6. Just In My Heart The Blame 5:10
7. I'll Add More 5:59
8. My Pillory 5:00
9. Last Weep 4:44
10. Psalm 13 (Tell Me) 7:57
11. Echo 3:44
12. One Reason 4:55
13. The Silence Speaks For Us 4:44
Total running time: 63:00

Line-up/Convidados
Enzo Donnarumma
+
Marty Friedman
Kobi Farhi
Ralf Scheepers
Mark Zonder
Gary Wehrkamp
Brian Ashland
Nicholas Leptos
Derek Corzine
Amulyn Braught Corzine
David Brown
Alessandro Battini
Mario Londino
Francesco Romeggini
Mr. Jack
Claudia Coticelli
Clara People
Philip Bynoe



       


       

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