Rainning or Muddy – o tempestuoso último dia do Wacken
O público acordava cedo em uma manhã chuvosa, talvez os céus estivessem tristes pelo último dia de celebração dentro do Holy Ground. Desta vez não consegui participar do metal yoga, mas já tinha em mente shows épicos para o desfecho do festival.
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Destruction 13:45 Louder Stage
Destruction trouxe uma aula de thrash clássico sob chuva e lama. O setlist no Wacken 2025 foi implacável e certeiro: “Curse the Gods”, “Invincible Force”, “Nailed to the Cross”, “Mad Butcher”, “Life Without Sense”, “Diabolical”, “Total Desaster”, “No Kings No Masters”, “Destruction”, “Bestial Invasion” e “Thrash ’Til Death”.
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Nayara Sabino |
Os riffs vinham cortantes e precisos, o vocal rasgando sobre o som pesado como o melhor que o thrash metal tem a oferecer. O público, ainda acordando para a lama, foi arrastado sem alternativa — a energia é contagiante desde o primeiro acorde. Mesmo enfrentando um palco escorregadio, a banda manteve firmeza, e o mosh cresceu conforme as músicas mais pesadas subiam, criando conexão instantânea entre banda e plateia.
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Nayara Sabino |
Floor Jansen 15:15 Harder Stage
A apresentação solo de Floor Jansen se destacou por sua versatilidade e repertório generoso. Ela trouxe canções de várias fases de sua carreira — After Forever, ReVamp, Nightwish e material solo — costurando momentos de intensidade com outros mais líricos.
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Nayara Sabino |
Destaques do show incluíram “Nemo”, “Spider Silk”, “Amaranth”, “Energize Me”, “7 Days to the Wolves”, “While Love Died” e “Face Your Demons”. Cada faixa trouxe um sabor diferente, mas todas unidas pela presença de palco impressionante de Floor, dominando o Harder Stage mesmo com chuva e vento.
A performance mostrou tanto a técnica vocal refinada quanto empatia com a plateia — momentos de silêncio entre músicas, abraços coletivos nas letras mais conhecidas e catarse quando ela subia no registro mais alto.
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Nayara Sabino |
*W.A.S.P. 17:45 Harder Stage
Um show histórico: pela primeira vez na história, W.A.S.P. abriu o concerto já com“I Wanna Be Somebody”, que veio em sequência de um solo de bateria do nosso caríssimo Aquiles Priester música que normalmente fecha shows, introduzindo imediatamente a energia que viria.
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Nayara Sabino |
Eles tocaram o álbum de estreia W.A.S.P. (1984) na íntegra, com músicas como “L.O.V.E. Machine”, “The Flame”, “B.A.D.”, “School Daze”, “Hellion”, “Sleeping (in the Fire)”, “On Your Knees”, “Tormentor” e “The Torture Never Stops”. Blackie Lawless anunciou que algumas dessas músicas provavelmente não serão mais tocadas ao vivo, tornando esse show uma despedida especial.
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Nayara Sabino |
O encore incluiu clássicos como “The Real Me”, “Forever Free”, “The Headless Children”, “Wild Child” e “Blind in Texas”. O Harder Stage tremeu com a entrega da banda e o público cantou cada refrão, lama e chuva transformadas em pura celebração.
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Nayara Sabino |
*Within Temptation 19:15 Faster Stage
Within Temptation apresentou um setlist equilibrado entre clássicos e músicas recentes, incluindo “We Go to War”, “Bleed Out”, “Faster”, “In the Middle of the Night”, “Stand My Ground”, “Wireless”, “Shot in the Dark”, “Angels”, “Paradise (What About Us?)”, “Don’t Pray for Me”, “Supernova”, “Lost”, “The Reckoning” e encores como “Our Solemn Hour”, “Shed My Skin”, “Ice Queen” e “Mother Earth”.
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*Wacken Press |
Sharon den Adel comentou sobre o mundo estar menos empático antes de tocar “Stand My Ground”, conectando o público à mensagem de seu último álbum. Também destacou seu apoio à Ucrânia, mencionando a colaboração com o músico ucraniano Alex Yarmak e o videoclipe gravado em Kyiv, reforçando que a música pode ser ferramenta de mobilização e solidariedade.
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*Wacken Press |
O show combinou poderosas paisagens sonoras, sintetizadores e guitarras densas com momentos de emoção, reforçando o compromisso da banda com causas humanitárias e sociais.
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*Wacken Press |
Gojira 21:00 Faster Stage
Gojira foi o concerto que me fez descobrir a banda ao vivo. O entrosamento dos membros era impressionante: riffs pesadíssimos, timbres graves que rasgavam o ar, pausas dramáticas e como o baterista que vos escreve, a bateria de Mario Duplantier, precisa e brutal, com fills complexos mesmo no palco lamacento.
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Nayara Sabino |
Músicas como “Stranded”, “Silvera” e “Flying Whales” foram destaque, cada uma reforçando a fusão entre técnica e impacto emocional. O público respondeu com entusiasmo, mesmo lutando contra a lama. Perdi minhas anotações nesse show, engolidas pelo chão enlameado — mas a energia e a intensidade ficaram gravadas na memória.
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Nayara Sabino |
King Diamond 23:00 Louder Stage
O encerramento da noite não poderia ter sido mais teatral. King Diamond trouxe cenários macabros, iluminação dramática e vocal inconfundível. O setlist incluiu “Halloween”, “Sleepless Nights”, “Welcome Home” e outros clássicos. O público cantou em uníssono, vivendo cada refrão como ritual.
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*Wacken Press |
O palco refletiu o peso histórico de King, desde seus dias com o Mercyful Fate, e sua presença de palco magnética transformou o Louder Stage em um espetáculo de horror e heavy metal memorável.
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*Wacken Press |
Machine Head 23:00 Faster Stage
Sob forte chuva, Machine Head dominou o encerramento do Faster Stage — verdadeiros mestres da noite. Em cada pausa entre músicas, eles tinham a plateia nas mãos, construindo tensão antes de explodir em riffs e grooves pesados.
O setlist incluiu “Imperium”, “Ten Ton Hammer”, “CHØKE ØN THE ASHES ØF YØUR HATE”, “Now We Die”, “Is There Anybody Out There?”, “ØUTSIDER”, “Locust”, “BØNESCRAPER”, “Declaration”, “Bulldozer”, “From This Day” e “Davidian”.
O som era denso e grave, mas claro, mesmo sob chuva e lama. Cada faixa foi executada com precisão e intensidade, culminando em “Davidian”, que encerrou o festival com fúria controlada e energia máxima.
Com toda a certeza o Wacken é e sempre será um festival único.
Não importa a chuva, a lama, o sol ou poeira da edição, sempre se entrega o melhor do heavy metal em rock n’ Roll no Holy Ground. Todos felizes e unidos pelo som que amam e fazem parte do seu dia a dia com seus artistas favoritos em momentos épicos. Mal posso esperar a edição 2026.
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Nayara Sabino |
Texto: Lukka Leite
Fotos: Nayara Sabino (*exceto onde indicado)
Edição/Revisão: Gabriel Arruda
Destruction – setlist:
Curse the Gods
Invincible Force
Nailed to the Cross
Mad Butcher
Life Without Sense
Diabolical
Total Desaster
No Kings No Masters
Destruction
Bestial Invasion
Thrash 'Til Death
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