Mostrando postagens com marcador Arjen Lucassen. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Arjen Lucassen. Mostrar todas as postagens

sábado, 13 de maio de 2017

Entrevista - Arjen A. Lucassen: Fonte Inesgotável de Criatividade




Para Falar sobre o álbum "The Source", conversamos com o mastermind Arjen Anthony Lucassen, o qual também marca um recomeço para o projeto mais famoso do músico e produtor, que além de estar de gravadora nova, Mascot Label Group, também retoma a saga da "Forever Race", contando o início de tudo, e fazendo referências também à origem da raça humana e a origem do projeto.

A história, recheada pela fantástica "trilha sonora" Progressive/Heavy/Classic/Folk Rock, é dividida em quatro crônicas, e conta como o planeta Alpha foi destruído, por conta das convicções de um super computador criado por eles, "The Frame", para descobrir a causa do planeta estar morrendo, então "The Frame" chega a conclusão que o problema é o povo do planeta, e que este deve ser erradicado, e aí se inicia a tentativa de sobrevivência da espécie.

Para falar sobre alguns detalhes mais desta nova obra, conversamos com este genial holandês, que, como sempre, proporcionou uma ótima entrevista, com sua simpatia de sempre, sendo praticamente uma conversa entre amigos, e descrevo abaixo, praticamente 99% da conversa, tentando transmitir a vocês o clima desse papo, onde ainda pude dar um alô pro Hoshi, o cãozinho do Arjen, figurinha conhecida dos fãs e artistas e amigos do músico.

Não há muito mais a dizer, somente acompanhar e apreciar a música produzida por Arjen, e conferir o que ele nos contou sobre o álbum e alguns outros assuntos:


RtM: Olá Arjen, tudo bem?
Arjen: Hey man! Tudo ok! Como você vai? Que horas são aí?

RtM: Tudo certo Arjen! Aqui são onze horas da manhã (a entrevista foi sábado passado, 6 de maio)
Arjen: Aqui já são quatro da tarde! 

RtM: Antes de tudo, queria dar os parabéns pelo ótimo álbum, a cada audição eu encontro mais detalhes e curto ainda mais, as minhas canções favoritas mudam todo dia! (risos)
Arjen: Ah ah ah! Isso é bom cara! Bom sinal! Obrigado.

RtM: Bom, as reações estão ótimas, e tenho visto muitas entrevistas, muito boas inclusive, estava difícil preparar uma pauta e não ser repetitivo nas perguntas! 
Arjen:  Ha ha ha! Não se preocupe, provavelmente serei repetitivo nas respostas também! (Risos)

"Acho que cada álbum que faço, é uma reação ao anterior. Sempre quero fazer algo diferente."
 RtM: A primeira coisa, é um pedido, acho que você tem que criar um personagem pro Hoshi no próximo trabalho! Um personagem canino na história! (Risos) Muito legal ver ele interagindo com todos que vão no estúdio, adoro ver os extras no DVD.
Arjen: Ha ha ha! Boa ideia! Ele adora quando as pessoas vêm no estúdio, principalmente as mulheres! (risos) Adora cantoras, ele fica ali pertinho, esperando ganhar abraços.

RtM: Garoto esperto! Bom, sobre o álbum, gostaria que você falasse um pouco sobre o título, "The Source" ("A origem", ou "A Fonte"), o qual possui muitos significados implícitos.
Arjen: A principal referência é a fonte da humanidade, de onde viemos, e neste caso, a fonte, a origem da "Forever Race", e também a respeito da água, que é uma grande parte nisso tudo, pois vem dela a origem da vida. Também é a substância "Liquid Eternity", que está nesta história, também citada como "The Source". Então, temos várias referências.

RtM: É um álbum também mais pesado, com ais guitarras do que os trabalhos anteriores, o Ayreon "Theory of Everything" e o The Gentle Storm. Você sentiu necessidade de fazer algo mais nessa linha, mais "heavy", depois desses álbuns?
Arjen: Sim, eu acho que cada álbum que faço, é uma reação ao anterior. Sempre quero fazer algo diferente, ter um contraste, e basicamente manter o interesse para mim mesmo, e também para as as outras pessoas. Naturalmente, "Theory of Everything" é um álbum mais progressivo, mais orientado ao teclado, e The Gentle Storm (composto em conjunto com Anneke Van Giersbergen), um álbum mais feminino, uma história de amor. Então desta vez eu queria voltar à ficção científica, e algo mais orientado à guitarra, mais pesado.

RtM: Não é uma regra pra você, que não gosta de se limitar, ou colocar algo como definitivo, mas se logo após um álbum de Ayreon surgisse inspiração para um próximo álbum do projeto, você faria ou guardaria a ideia para mais tarde, e procuraria compor para outro projeto?
Arjen: Boa pergunta! Não funciona desta maneira pra mim, a inspiração vêm, e eu não tenho ideia do que vão se tornar. Basicamente, eu comecei este projeto como um álbum solo, mas quando ficou muito pesado para isso, eu pensei que talvez poderia ser um novo Star One, mas depois partes mais folk vieram. Não é algo como "oh, esta ideia não cabe no projeto, vou salvá-la", sempre eu uso todas as ideias que eu tenho, eu pego cerca de 50 ideias, e em algum ponto, quando começo a gravar, vou transformando-as, e cerca de 60 por cento eu descarto, não guardo para outros projetos, as tiro fora e deleto. Seria confortável usar essas sobras, mas eu tenho aquele sentimento de querer sempre usar o melhor do melhor.

"Desta vez trabalhei com cantores que eu conheço, e contei com alguns dos melhores do mundo."
RtM: Gostei da ideia de você ter retomado a saga da "Forever Race", a qual aparece em vários dos seus álbuns. Como surgiu essa ideia de falar sobre o início de tudo?
Arjen: Em algum ponto, quando percebi que se trataria de um novo álbum do Ayreon, então eu pensei "Ok, tenho que voltar a ficção científica", e pensei que, já que estava começando com uma nova gravadora, uma nova maneira de trabalhar, fui procurar a inspiração na arte gráfica, fui para o google procurar imagens de artistas de Sci Fi. Então acho que por 2 ou 3 semanas fiquei procurando, centenas e centenas, até que encontrei essa (a arte que foi usada na capa), e o legal é que me identifiquei com ela, e também gostei de tudo que o artista fez, não uma ou duas, mas tipo umas 40 imagens que ele fez. Muitos detalhes, profundas, muito sombrias, e encaixavam no tipo de música que eu estava criando. 

RtM: Realmente, a arte da capa ficou maravilhosa.
Arjen: Então, eu vi aquela arte com a garota dentro d'água, conectada àqueles tubos, então percebi algo relacionado a um humano forçado a viver em baixo d'água, e de repente tive a ideia de que como seria legal se aquela pessoa fosse alguém da Forever Race, e que esse indivíduo fosse um humano, basicamente a ideia de saber de onde viemos, qual nossa origem.

RtM: Legal, e sendo fã de Sci-Fi, sei que é um sonho provavelmente, mas não seria muito legar essas sagas transformadas em uma série, ou quem sabe um comic book?
Arjen: Sim, hehe, um sonho. Seria muito legal. Eu sei que é um sonho, eu estou acompanhando a série da HBO "Westworld", e são produções muito caras.

RtM: Excelente série! Sim, caras, mas quem sabe alguém gosta da sua história e resolve adquirir os direitos.
Arjen: Sim! bom, e cada episódio custa milhões, 10 episódios, dez milhões de dólares, claro, não teria tudo isso pra investir. E sim, se surgisse um interesse eu ficaria muito feliz.


RtM: Bom, falando nesse novo começo, com um novo selo, por esse motivo você cogitou iniciar com um álbum do Ayreon? Ou antes de fechar com eles já estava encaminhado?
Arjen: Outra boa pergunta! Acho que a razão de ter ido trabalhar com o Mascot Label Group foi por ter lançado com eles o álbum do Guilt Machine, e para o lançamento do vinil, tinha de ir até o escritório deles, e me perguntaram "E o Ayreon? O contrato com a Inside Out está terminando, você poderia assinar conosco.". Eu disse "Sim, mas estou contente com eles.", Mas eles insistiram "vamos conversar, assine conosco, venha conhecer nosso escritório.". E eu gostei muito de como eles colocaram as ideias, gostei muito de tudo, e o escritório deles fica somente a uma hora e meia de onde eu moro. Então, tive essa boa impressão, e fiquei pensando a respeito, por tipo um ano e meio. Então, quando estava compondo e percebi que seria um novo álbum do Ayreon, eu pensei que talvez deveria fazer com uma nova gravadora, Tipo, eu vejo "The Source" como um novo começo, uma nova companhia, novas pessoas...

RtM: Sim, novas ideias...
Arjen: Exato! Sim, um novo início, tudo encaixava.

RtM: Me parece que eles estão fazendo um excelente trabalho. Bom, e nesse álbum você também reuniu um grande cast de cantores, muitos conhecidos seus já, e que haviam trabalhado com você antes. Foi difícil reuni-los desta vez?
Arjen: Não, não foi, é complicado quando é com pessoas que não me conhecem, pois se eles não me conhecem, não é fácil convencê-los... "Oh, uma Rock Opera? Não sei se vou gostar disso...", não conhecem meu estilo. Desta vez trabalhei com cantores que eu conheço, e contei com alguns dos melhores do mundo, muitos que se tornaram amigos, como James Labrie, Russel Allen, Tobias Sammet, então não foi difícil convencê-los. Eu só perguntei: "Você que fazer parte do álbum?" e eles "Mas é claro!" (Risos). Claro, eu tive tempo, eles são bem ocupados, e desta vez não pude ter todos no estúdio, como eu gostaria, somente 3 deles, Floor, Simone e Michael Erikssen, o resto deles estava muito ocupado, então...mas todos fizeram um grande trabalho.

RtM: E teve alguma das músicas que foi mais complicada de gravar?
Arjen: Bom, quando eu tenho a inspiração, nada é complicado, pode soar meio arrogante, nenhuma teve uma dificuldade maior que as demais.

RtM: Sim e todos eles conhecem já seu trabalho, e são muito experientes.
Arjen: Sim, os melhores cantores do mundo, e eu confio 100 por cento neles!

RtM: Eu gostaria que você comentasse sobre algumas das músicas. escolhi algumas das minhas favoritas, e o legal é que foge um pouco das que eu vi o pessoal perguntar, e afinal, todos já falaram da música de abertura que é fantástica.
Arjen: Isso é legal! Vamos lá.

RtM: Vou ir citando aqui as partes, cada uma das quatro "Crônicas", em que é dividido o álbum, e respectiva música que gostaria que você comentasse. Bom, a primeira que vou perguntar é mais óbvia, a "Everybody Dies", onde as pessoas percebem que o apocalipse vai acontecer, na parte 1, "The Frame", e é uma música bem diferente, apesar de ter elementos familiares, como os seu teclados analógicos.
Arjen: Bom, eu acho que ficou muito forte quando Mike Mills se envolveu, quando ele veio com todas aquelas melodias estranhas, e também aquelas melodias estilo Queen, e acho que isso elevou a canção, a fez especial, e eu mesmo tive esse feeling meio Devin Towsend, eu amo o trabalho dele, e ela tem um pouco de um "happy feeling" (cantarola as melodias), mas por outro lado parte a letra fala de um momento terrível, onde percebem que todo mundo vai morrer, então eu gostei muito desse contraste, é tipo um filme do Stephen King! (risos) Tipo, você vê palhaços vindo e pensa "oh não, más notícias!" (risos).

"Gostei muito desse contraste (melodias felizes x letra que fala de um momento terrível), é tipo um filme do Stephen King! (risos) Tipo, você vê palhaços vindo e pensa 'oh não, más notícias!'" (sobre a música "Everybody Dies)
RtM: Bom, na parte 2, "The Aligning of the Ten", a canção "All that Was", com essas belas melodias folk, uma canção de despedida, algo melancólica.
Arjen: Sim, novamente, ela também tem esse tipo de sentimento positivo, mas claro, é algo terrível, eles tem que deixar o planeta, deixar os entes queridos, simplesmente porque não servem para a nave espacial, onde estão os escolhidos para prosseguir com a raça no novo planeta, "Planet y", que é formado por água. É uma canção triste, mas também traz esse sentimento positivo, de esperança, e eles relembram boas coisas que viveram. No geral é uma canção bem folk, eu adoro esse tipo de música.

RtM: Na parte 3, "Transmigration", onde eles, já no novo planeta, utilizam a substância desenvolvida, a "Liquid Eternity", também referida como "The Source", que lhes dá a habilidade de viver embaixo d'água, e minha favorita nessa parte é "The Dream Dissolves".
Arjen: Novamente, é uma canção bem Folk...

RtM: Pois é, percebi que a maioria das minhas favoritas foram as mais folk.
Arjen: Sim, eu adoro folk, aquela cantora...Loreena Mckennitt, e essa música tem esse tipo de feeling, com flautas e violinos, e claro, os belos vocais de Simone (Simons, Epica) e Floor (Nightwish). Eu adoro essa canção também, tem uma construção muito interessante, tem essa parte clássica, depois essa parte "folky", onde as garotas cantam, e tem uma parte pesada, e claro, dois lindos solos, primeiro o de teclado do Mark Kelly (Marillion), e depois tem o solo de guitarra de Marcel Coenen (Sun Caged), eu acho ele um dos melhores guitarristas solo do mundo, seu solo é maravilhoso, fantástico.

RtM: Nossa, sim, excelente! Bom, da quarta e última parte, "The Rebirth", onde eles já estão construindo o novo lar, vivendo embaixo d'água, e minha favorita é ""The Source Will Flow", que tem uma atmosfera belíssima, nem consigo descrever, e também tem partes bem folk.
Arjen: Eu acho que ela tem aquele feeling, não sei se você é um fã de Led Zeppelin, ela tem algo da "No Quarter", aquele efeito em que o piano parece que está embaixo d'água, e Tommy Rogers (Beetween Buried and Me) cantou lindamente, e depois você tem aquela parte meio Pink Floyd, com o James Labrie, e novamente, o que você falou que gostou, uma parte bem folk. E os vocais de Simone. Então, ela veio ao meu estúdio, e fizemos alguns backing vocals, não estava planejado. Eu disse "quem sabe gravamos alguns backing vocals", e começamos, e eles ficaram muito bonitos, e acabamos tirando toda a música, ela ia em um "crescendo" (quando a música vai aumentando gradativamente de intensidade), e é por isso que ela acabou ficando bem calma do início ao fim, tinha muitas camadas de música, e acabamos tirando.

RtM: Que legal, e ela ficou perfeita, uma atmosfera suave, quase etérea. Bom, no finalzinho temos aquela parte "March of the Machines", um tipo de ligação com a outra parte da história (principalmente em "01011001"), tipo uma pista de que eles poderiam estar repetindo os erros do passado (o computador criado, "The Frame", que acabou causando a destruição do planeta natal)? Uma referência que me veio a cabeça foi a questão homem conta máquina, como na franquia "Terminator".
Arjen: Certo! Bom, tecnologia não é algo ruim, não é uma coisa má abraçar a tecnologia, mas o que as pessoas podem fazer com ela, é o que a minha questão se refere. Tecnologia sempre vai evoluir, o que significa que daqui a alguns anos, cientistas desenvolverão computadores muito mais inteligentes que as pessoas. Claro, é interessante pensar nas coisas que poderão acontecer então.

RtM: Bom, para ir já finalizando, gostaria que você nos contasse alguns detalhes sobre os shows do Ayreon Universe", que acontecerão em outubro.
Arjen: Será tipo um "Best of Ayreon", não será somente sobre o "The Source" ou algum outro álbum, serão shows de Rock, não serão espetáculos de teatro. O melhor do Ayreon significa que pretendo tocar pelo menos duas canções de cada álbum, e teremos 16 cantores! Maravilhoso, claro. Teremos grandes músicos, instrumentos clássicos como Cello e Violino, uma tela gigante, onde passarão belas imagens...e muitas surpresas extras, que não posso contar, porque não seria surpresas daí! (risos)

RtM: Sem spoilers! Sem Spoilers! (Risos)
Arjen: Ha ha ha! Não, não, claro. Será fantástico, 3 shows lotados, 9 mil pessoas virão, os ingressos esgotaram em um dia. É legal ter 3 noites, pois teremos mais tempo, e os dois primeiros shows serão filmados para um DVD e Blu-Ray.


RtM: Isso é ótimo, para nós, que não poderemos estar lá. E um DVD do Ayreon é algo que muitos sonhavam também. E sei que é difícil, mas espero que hajam outros shows.
Arjen: É... Eu não posso prometer nada, mas, quem sabe se tudo for um sucesso, e eu gostar, talvez possamos fazer algo mais. Vamos ver o que acontece.

RtM: Bom, obrigado Arjen, o tempo que tínhamos está no fim...
Arjen: Ok Carlos...ah, você gostaria de dar um alô pro Hoshi?

RtM: Claro! ha ha ha (Nesse momento Arjen levanta e abre uma porta para outra sala, e chama Hoshi, ouço ele falar com a Lori, sua esposa, "um grande fã do Hoshi!", e retorna com seu cãozinho, figura conhecida dos fãs, e dos artistas que vão gravar com Arjen, inclusive Hoshi aparece em vários extras nos DVDs bônus, e o coloca em frente a câmera)
Arjen: Venha Hoshi, aqui está ele! (risos) Diga oi Hoshi!! (eu então dou um Hi-Five pela tela. Nos extras do "Theory of Everything", tem cenas de todos cumprimentando Hoshi com um Hi-Five! ha ha). Aí está ele Hoshi, esse é o Carlos! (Muitos risos)! Ok Carlos, obrigado pela agradável conversa! Até mais. Falamos pelo Facebook, como hoje cedo!


Entrevista: Carlos Garcia
Agradecimentos: TRM PRESS

Site Oficial
Facebook
Youtube

Links Relacionados:
Leia a resenha do álbum

   


   

sábado, 27 de junho de 2015

Entrevista:The Gentle Storm - Uma Pequena Obra-Prima de Arjen Lucassen e Anneke



(read HERE the english version)
Após o lançamento de mais um álbum do Ayreon, ficou a expectativa de qual o próximo passo do incansável e genial Arjen Lucassen, e no início de 2014 o holandês anunciou um projeto em conjunto com sua conterrânea Anneke, o que causou grande furor entre os fãs da dupla, que já trabalhou junta diversas vezes, sendo que eu mesmo achava inevitável e também imprescindível que um dia os dois lançassem um projeto somente deles.

Pois bem, um ano depois, o trabalho, que apresenta algumas novidades, como diversos instrumentos que Arjen utilizou, criando todo um clima, uma verdadeira trilha sonora para a história contada no álbum. Além disso, o fato do holandês dividir o trabalho de composição praticamente meio a meio, coisa que também não é usual da parte dele.

Em uma entrevista informal com o sempre simpático Arjen, falamos sobre mais esse êxito, algumas curiosidades durante o processo de composição do álbum, a parceria com Anneke, que já vem de longa data, além de, segundo Arjen, ter poderes mágicos e ser capaz de fazê-lo sair de sua bolha (rendendo inclusive viagens promocionais e participação no show de lançamento), séries e filmes (uma das grandes paixões do holandês, já que ele gosta de estar meio"recluso", e também não gosta de acompanhar noticiários, porque "só trazem más notícias") e muito mais!


RtM: Bem, o álbum com Anneke era um desejo de muitos fãs, e algo que eu acreditava que era inevitável um dia, e esperava muito por isso, e assim, quando foi anunciado o The Gentle Storm, foi um motivo para comemorar !! Eu acredito que você também sabia que era algo inevitável de acontecer e, além disso, é algo diferente do que você tinha feito até agora, certo?
Arjen Lucassen:  Obrigado, é bom ouvir isso! Sim, eu realmente sinto que é bastante diferente de tudo que eu fiz antes. No entanto o meu estilo de compor ainda é bastante reconhecível, eu acho.


RtM: Acredito que você deve ter tido algumas dúvidas de como iria ser o processo de composição desse álbum, dividindo as composições com outra pessoa, e também como os fãs receberiam o trabalho? 
AL: Oh, é sempre assustador que os fãs vão pensar. Mas eu tenho que aceitar que eu não posso agradar a todas as pessoas o tempo todo. Este álbum não é muito "proggy" ou muito pesado, para as pessoas que esperavam isso, poderia ser decepcionante. Eu sinto que as melodias são as mais fortes que eu já escrevi até agora.


RtM: Eu também acredito que deve ter sido algo muito espontâneo, ou você já estava pensando que era hora de fazer este trabalho com Anneke? 
AL: Eu comecei o projeto dos dois estilos diferentes (acústicas e orquestrais) antes de Anneke ser envolvida. Mas quando ela se envolveu, o projeto tomou um rumo totalmente novo, o que foi de fato um processo muito espontâneo.


RtM: Sobre a criação e produção do álbum, como foram os primeiros passos de sua criação, a ideia de como soaria ou o conceito, e como vocês foram moldando as duas versões? 
AL: Eu trabalhei muito diferente do que em meus outros álbuns. Eu compus primeiro e gravei todas as faixas com sons orquestrais apenas: contrabaixo, violoncelo, violinos e horns. Então eu gravei a parte pesada (Storm)  e finalmente a versão acústica (Gentle).


E como surgiu a ideia de fazer as duas versões? A versão "Storm" e a versão "Gentle" para as músicas?
AL: Pedi aos fãs no Facebook que estilo de música que eles gostariam de ouvir de mim em um próximo álbum. Os estilos mais populares nesta enquete eram pesados ​​e folk. Mas, em vez de combiná-los, decidi separá-los. Foi um grande desafio para mim fazer isso, eu estou sempre à procura de desafios.
 

RtM: Anneke escreveu as letras baseadas em cartas escritas no século XVII, que encontrou em seu sótão, foi isso? Eu vejo que o álbum acabou sendo praticamente a narrativa de uma história verdadeira, com fatos históricos incluídos.
AL: Basicamente, nós criamos a história juntos. Foi ideia dela criar uma história de amor, e minha ideia que ela se passase no século 17 e baseá-la em cartas entre dois amantes. A história original não é baseado em uma história real, mas coincidentemente nós descobrimos que alguém tinha escrito um livro sobre isso em algum momento, e o envolvemos no processo. Na verdade, ele verificou e adicionou todos os fatos históricos. Ele passou a ser um grande fã da nossa música!

RtM: Eu lembro que você disse várias vezes que uma das pessoas que você deixava livre para compor linhas vocais em seu trabalho era Anneke, pois ela é capaz de criar linhas surpreendentes em partes inimagináveis. Me parece que vocês se complementam muito bem, não é? 
AL: Sim, de fato! Nós nunca discutimos, nós apenas inspiramos um ao outro e construimos outras ideias juntos.


RtM: Eu vejo os fãs, e é claro, você,  muito felizes com o álbum. Vocês também fizeram várias atividades promocionais, tais como vídeos, viagens para promover o CD e a festa de lançamento, incluindo você participando do show. Eu vejo que você tem investido, e também se divertido, nessa parte. Eu vejo algo que também tem a mão de Anneke, ela fez você sair de sua rotina pessoal, ou como você diz, sair de sua "bolha" hehehe! Muito Bom! 
AL: Sim, Anneke conseguiu fazer isso, ela tem poderes mágicos! Mas tendo dito isso, eu estou muito feliz por estar de volta dentro da minha pequena bolha seguro novamente! he he he



RtM: Você usou instrumentos muito diferentes no álbum, e nas versões "Folk", o resultado foi maravilhoso, mas eu acredito que deve ter dado muito trabalho! Conte-nos um pouco para nós sobre como você foi escolhendp os instrumentos, a fim de se ajustar corretamente a trilha sonora da história. Depois, há o fato de que desta vez você resistiu e não colocou o Hammond neste álbum! hehehe! 
AL: Sim, o álbum "Gentle" rendeu um monte de trabalho, muito mais do que o álbum "Storm". Eu apenas disse a todos os músicos para trazer tantos instrumentos quanto eles pudessem tocar, e nós fomos experimentando e descobrindo muito espontaneamente em estúdio o que e como gravar com eles! E sim, foi outro desafio não usar qualquer um dos meus teclados análogos favoritos nesse álbum ... e consegui! he he he


RtM: Eu amo o DVD que você fez com o Stream of Passion,  certamente os fãs gostariam de um novo DVD Blu-ray contendo músicas do The Gentle Storm (N. do R.: membros do Stream of Passion estão no line -up que se apresenta ao vivo com o The Gentle Storm) e dos outros seus álbuns. É possível? Eu acredito que uma ação de crowdfunding teria uma resposta muito boa dos fãs! 
AL: Sim, isso é definitivamente uma opção. Quanto ao SOP,  banda é realmente incrível. A primeira vez que os vi eu tive arrepios por todo o meu corpo e lágrimas em meus olhos!


RtM: Ainda é cedo, mas você já pensa em continuar o The Gentle Storm, e fazer mais álbuns no futuro?
AL: Eu adoraria, mas tudo vai depender do sucesso deste álbum, então, se as pessoas querem ouvir mais...
O negócio é, eu tenho tantos outros projetos que um monte de fãs também estão esperando, e eu só posso fazer uma coisa de cada vez! Então eu tenho que estabelecer prioridades.


RtM: E após este período de promoção e também passou um ano trabalhando no álbum, você vai ter tempo para descansar ou já está pensando em um novo álbum? 
AL: Eu odeio descansar, isso me deixa muito inquieto! Então eu espero que a inspiração volte rápido, eu adoraria começar a trabalhar em um novo projeto o mais rapidamente possível. Eu tenho algumas ideias básicas, mas como sempre eu fico mudando minha cabeça toda hora.


RtM:E sobre os resultados do mais recente álbum do Ayreon, "Theory of Everything"? Você mesmo disse uma vez que Ayreon talvez não seria financeiramente viável no futuro, mas surpreendeu novamente com "The Theory..."(2013) todos os fãs e críticos de música, que certamente esperaram novos álbuns! oh, e você assistiu o filme "A Teoria de Tudo", sobre a vida de Stephen Hawkins?
AL: Oh, eu nunca iria parar com Ayreon, é meu bebê favorito! Eu fui ver o filme, eu gostei da primeira parte, mas fui perdendo um pouco o interesse lentamente. Um filme bastante ok mesmo assim. Stephen Hawking rules!



Sobre "The Theory of Everything", na minha opinião, finalmente Cristina Scabbia teve a chance de cantar composições na altura de seu potencial. Não que eu não goste de algumas coisas do trabalho do Lacuna Coil, mas eu acho que ela tem potencial para muito mais.
AL: Ah, sim, ela é incrível. Uma pessoa muito emocional e cantor. Ela realmente se tornou um amigo meu.


RtM: E por falar em cantoras, e você "descobriu" e também deu oportunidade a muitas novas cantoras, muitas que estavam começando suas carreiras, eu quero saber a sua opinião sobre o termo "Female Fronted Band", se é uma coisa positiva ou negativa. 
AL: Bem, eu acho que dentro desse rótulo de "Female Fronted Band" existem muitas bandas diferentes que nem sequer soam umas como as outras! Então, nesse sentido não é bom.


RtM: Mudando de assunto, e suas séries favoritas, têm conseguido acompanhá-las? Quais chamaram mais sua atenção atualmente? Eu assisti a primeira temporada de "The Strain"(Série criada e produzida por Guillermo Del Toro) e achei muito legal. 
AL: Eu não conheço "The Strain", obrigado pela dica! Bem, eu estou acompanhando uma série britânica chamada "In The Flesh", sobre zumbis que são curados e retornam para a sociedade. É muito quente e profundo, eu estou gostando! Eu também estou assistindo "Justified", completamente diferente, mas muito bom também. Fiquei desapontado com a segunda temporada de "Broadchurch". Mas eu estou ansioso para assistir a quinta temporada de The Walking Dead, a sequência de  Breaking Bad, "Better Call Saul"! E à espera de Game of Thrones é claro.


RtM: Arjen, sempre um prazer conversar com você, obrigado pela atenção e pelo seu tempo, e obrigado também por outro grande álbum! Tudo de bom para você, Lori e, é claro, para Hoshi! 
AL: Sempre a disposição, o prazer é meu! Abraços de todos nós aqui, e um "Hi Five" do Hoshi também! he he


Arjen compondo, e o Hoshi "supervisionando".



Entrevista: Carlos Garcia
Fotos:Divulgação




Arjen Lucassen Official Web Site
Anneke Van Gierbergen Official Web Site
The Gentle Storm on Facebook







 

Interview: Arjen Lucassen - The Gentle Storm, Anneke & Arjen's Little Masterpiece




(Leia AQUI a versão em português)
Following the release of another Ayreon album, many was the expectation of what will be the next step of the tireless and brilliant Arjen Lucassen, and in early 2014 the Dutch composer announced a joint project with his compatriot Anneke, which caused great euphoria among their fans. The duo worked together several times already, and I even thought inevitable and also essential that one day they would release and album together.

 

Well, after a year of studio work, the album was officially released on march 23, 2015, presents some novelties, such as various instruments that Arjen used, creating a whole atmosphere, a real soundtrack for the story told on the album. Furthermore, the fact that he virtually dividing all the work with somebody, something which is not part of his usual.

 

In an informal interview with the always friendly Arjen, we talk about another great piece of art, some curiosities during the album's songwriting process, the partnership with Anneke (and, as Arjens sayd, "she has magical powers!"), who already has a long history, series and movies (one of the great Arjen’s passions, already he likes to be kinf of "reclusive" and also does not like to follow the news, because "only bring bad news") and more!



RtM: Well, the album with Anneke was a desire of many fans, and something I believed was inevitable one day, and expected much so, and so when it was announced The Gentle Storm, was a motive to celebrate!! I believe you also knew it was something that inevitably happen, and besides, it's something different from what you've done until now, right?
Arjen Lucassen: Thanks, good to hear that! Yes, I really feel it’s quite different from anything I’ve done before. Nevertheless my style of writing is still quite recognisable I guess.


RtM: And perhaps you should have had little doubt as would conceive this album, dividing the compositions, and how the fans will receive the album?
AL: Oh, it’s always scary what the fans will think. But I have to accept that I can’t please all of the people all of the time. This album isn’t very proggy or very heavy, so people expecting that could be disappointed. I feel that the melodies are stronger than I’ve ever written them though.


RtM: I also believe it must have been something very spontaneous, or you had been thinking it was time to do this work with Anneke?
AL: I started the project of the two different styles (acoustic and orchestral) before Anneke was involved. But when she did get involved, the project took a whole new turning, which was indeed a very spontaneous process.


RtM: About the creation and production of the album, how were the first steps of its creation, the idea of ​​how it would sound or the concept, and how you were shaping these compositions and fitting everything?
AL: I worked very different than on my other albums. I first composed and recorded all the tracks with just orchestral sounds: double bass, cello, violins and horns. Then I recorded the heavy (Storm) version and lastly the acoustic (Gentle) version.


RtM: Anneke wrote the lyrics based on letters written in the seventeenth century, who found in her attic. What did you think about the idea when she told you to use the letters on album concept? I see that the album ended up being pretty much a true story, and historical facts included.
AL: Basically we came up with the story together. It was her idea to do a love story, and my idea to set it in the 17th century and base it on letters between two lovers. The original story is not based on a real story, but coincidentally we found out that someone had written a book about this so at some point we involved him in the process. Indeed he checked and added all the historic facts. He happened to be a big fan of our music!


RtM: I remember you said several times that one of the people you left free to compose vocal lines in your work was Anneke, for being able to create amazing lines in unimaginable parts. You are parts that complement each other very well, is not it?
AL:Yes indeed! We never argue, we just inspire each other and build on each others ideas. 

RtM: I see the fans, and of course you, are very happy with the album, and you also have made several promotional activities such as videos, trips to promote the CD and the release party, including you participating in the show. I see you have invested, and also had fun, rather that part. I see something that also has the hand of Anneke, what made you come out of your personal routine, or as you say, get out of your "bubble" hehehe! Very Good!
AL: Yes, Anneke managed to do that, she has magical powers! But having said that, I’m very happy to be back inside my safe little bubble again!


RtM: And how did the idea of ​​making the two versions? The version "Storm" and the "Gentle" version for the songs?
AL: I asked the fans on Facebook what style of music they would like to hear from me next. The most popular styles in the poll were heavy and folky. But instead of combining them, I decided to seperate them. It was a big challenge for me to do that, I’m always looking for challenges.

RtM: You have used very different instruments on the album, and in versions "Folk", the result was wonderful, but I believe that must have given a lot of work! Tell us a bit to us about how you were choosing the instruments in order to properly fit the soundtrack of the story. Then there's the fact that this time you resisted and did not put the Hammond on this album! hehehe!
AL: Yes, the Gentle album was a LOT of work, much more than the Storm album. I just told all the musicians to bring as many instruments as they could play, and we’d figure out very spontaneously in the studio what to record with them! And yes, it was another challenge not to use any of my favorite anolog keyboards on this album... and I succeeded! 


RtM: I love the Stream of Passion and Star One DVDs, and I certainly the fans would love a new DVD/BLU-RAY featuring songs from The Gentle Storm and of the other albums. It's possible? I believe that a crowdfunding action would have a very good response from the fans!
AL: Yes, that is definitely an option. The band is really amazing. The first time I saw them I had goosebumps all over my body and tears in my eyes! 

RtM: It's still early, but you already think in continuing the Gentle Storm, and do more albums in the future?
AL: I would love to, but it will all depend on the success of this album, so if people want to hear more. The thing is, I have so many other projects that a lot of fans are also waiting for, and I can only do one at the time! So I have to set priorities.


RtM: And after this promotion period and have also spent a year working on the album, will you take time to rest or already are thinking in a next album?
Arjen: I hate resting, it makes me very restless! So I hope the inspiration will return fast, I’d love to start working on a new project as soon as possible. I do have some basic idea, but as always I keep changing my mind.


RtM: And about the results of the most recent Ayreon álbum, "The Theory of Everything"? You even said once that Ayreon perhaps would not be financially viable in the future, but surprised again with “The Theory...” in 2013 all the fans and music critics, who certainly expect new albums! oh, and you watched the movie "The Theory of Everything", about the life of Stephen Hawkins?
AL: Oh, I would never stop with Ayreon, it’s my favorite baby! I did watch the movie, I liked the first half but then I slowly lost interest. Quite an okay movie though. Stephen Hawking rules!

RtM: About “The Theory of Everything”, in my opinion, finally Cristina Scabbia had a chance to sing compositions in the height to her potential. Not that I do not like some things on Lacuna Coil’s work, but I think she has potential for much more.
AL: Oh yes, she’s amazing. A very emotional person and singer. She really became a friend of mine. 


RtM: And talking about female singers, and you “discovered” and also gave opportunity to many new singers, many who were beginning their careers, i want to know your opinion about people use the term "Female Fronted Band", if is a positive or negative thing.
AL: Well, I guess that within the female fronted metal style there are many different bands who don’t even sound like each other! So in that repects it’s not good. 

RtM: And your favorite series, have been able to keep up? Which ones have called more your attention currently? I watched the first season of "The Strain" and was pretty cool.
AL: I don’t know "The Strain", thanks for the tip! Well, I’m now watching a UK series called "In The Flesh", about zombies who are cured and return to society. It’s very warm and deep, I’m enjoying it! I’m also watching "Justified", completely different but pretty good too. I was disappointed by the 2nd season of "Broadchurch". But I’m looking forward to watching season 5 from "Walking Dead", and the Breaking Bad follow-up Better call Saul! And waiting for "Game of Thrones" of course.


RtM: Arjen, thank you for the attention and your time, and also thank you for another great album! All the best to you, Lori and, of course, to Hoshi!
AL: You’re very welcome, my pleasure! Hugs from all of us here, and a high five from Hoshi!

Interview: Carlos Garcia