Esta é a primeira postagem da seção “Lendas do Metal”. Em cada postagem, será referido algum nome de músico ou pessoas envolvidas (produtores, repórteres, etc) do Metal mundial e que merecem um espaço dedicado à homenagens aqui no Road to Metal.
Talvez poucos saibam da importância gigantesca do baterista Pete Sandoval (Morbid Angel, Terrorizer) para o Death Metal.
Ele foi o responsável pela criação do “Blast Beat” ou “Metranca”, ou seja, trata-se do famoso padrão rítmico de bateria em que se forma uma “parede sonora” devido à alta velocidade das baquetadas alternadas ou coincidentes na caixa e no chimbal, enquanto o bumbo é tocado entre eles para criar um efeito mais brutal ainda.
Esta técnica nos dias de hoje já é comum entre os bateristas do estilo, tanto no Death Metal, Black Metal, Grindcore, Goregrind... entre outros.
Mesmo que em meados dos anos 80 bateristas como o do Napalm Death executassem técnica similar, foi Pete Sandoval que desenvolveu e foi mais longe no estilo. Infelizmente, devido à uma cirurgia pela qual passou recentemente, o baterista não gravará o nono disco da banda Morbid Angel, agora pela primeira vez com outro baterista. O álbum deve sair ainda este ano ou inicio de 2011.
Segue agora, trechos de uma entrevista do baterista em 2009:
Roadie Crew: Pete, você mencionou talentos e, de fato, o Death Metal é um estilo musical que requer grande técnica dos integrantes. Mas o baterista é sempre um dos mais exigidos, justamente pela complexidade e velocidade dele requeridas. E, neste caso, você ainda é o inventor do formato original dos 'blast beats', usando um dos pés, fato ocorrido em meados dos anos 80. Este elemento acabou se tornando uma das marcas registradas do Death Metal. Como foi esta criação?
Pete: Isso aconteceu quando eu estava tocando em Los Angeles, California (EUA), antes de entrar no Morbid Angel. Nessa época, quanto integrava o Terrorizer ao lado do Jesse Pintado e Oscar Garcia, só tinha um pedal no bumbo. Então, acabei criando isso com apenas um pé, pois era a forma que dava pra fazer naqueles dias, no começo de tudo. Como era o recurso disponível, eu depositava muita velocidade no pé do bumbo e me acostumei com aquilo... Era uma época em que não se falava em 'blast beats', Death Metal ou Grindcore. Em meados dos anos 80 era apenas Thrash Metal e Speed Metal. Ninguém pensava que o Death Metal ou o Black Metal ficariam grandes. Eu estava apenas experimentando algo, me adaptando como podia à velocidade das músicas do Terrorizer. Quando cheguei ao Morbid Angel ainda carregava as características dos 'blast beats' com apenas um dos pés e tive que me adaptar ao pedal duplo, isso em 1988. Naquela época quase fiquei louco com isso, pois foi um processo muito difícil. Esta é a história de como comecei o chamado 'one foot blast' em 1986, 87. Antes disso era aquele sentimento de levadas contínuas, "ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta-ta", através dos riffs que o Terrorizer fazia. Hoje em dia nem todos fazem isso certo e não sabem quem começou, quem realmente criou. Eu gostaria de fazer em breve um video de instrução para poder mostrar a minha técnica. Afinal são muitos bateristas que já tem um (risos).
Roadie Crew: E quais são os seus bateristas favoritos, além daqueles que foram influências na sua forma de tocar?
Pete: Quando comecei a tocar em Los Angeles eu meio que me virava na raça, mas confesso que gostava muito do Clive Burr, do Iron Maiden. Ele foi uma das minhas grandes influências para fazer coisas diferentes de bumbo com apenas um dos pés. Um pedal de bumbo era e continuou sendo uma característica constante do Iron Maiden, mas aprendi muito com aquele baterista. Além dele me influenciaram os mais velozes como o Dave Lombardo no Show No Mercy, Hauting The Chapel e Reign In Blood... Aquilo era tão extremo na época! Sempre fui mais ligado à velocidade, nunca quis realmente tocar Rock and Roll ou Heavy Metal. Outro que costumava ver muito nos meus dias de juventude era o Gene Hoglan do Dark Angel que é claro, foi outra influência. Além desse não foram muitos os outros, pois eu queria fazer algo próprio, diferente. Ninguém fazia ' blast beats' e eu estava desenvolvendo aquilo. Era isso que eu buscava naqueles dias de Terrorizer. O Death Metal existia mas ainda não era grande assim como o Grindcore. Eu fazia o que sentia e aqui estou agora.
Roadie Crew: Como você se sente sendo um dos que contribuíram significativamente para o desenvolvimento do Death Metal?
Pete:Sinto-me honrado e feliz, orgulhoso por ter ajudado de uma forma ou outra. Creio que além dos ' blast beats', ajudei a estabelecer um novo padrão de velocidade e resistência. Hoje em dia muitos bateristas mais jovens me perguntam muita coisa sobre isso. Mas o fato de ter contribuído para o estilo não faz com que e eu me sinta especial, ou como um deus. Não! Apenas sinto satisfação e felicidade por ter ajudado tantos bateristas, que quando mais jovens olharam para mim e por causa disso melhoraram a aprenderam a fazer os 'blast beats' da forma correta. Não penso muito nisso mas quando acontece fico satisfeito por ter criado algo que tantos fazem hoje em dia e que torna esse tipo de música tão mais bombástica, excitante e veloz.
Introdução: Andrey Pietrowski
Entrevista concedida à Roadie Crew em 2009
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