sábado, 26 de março de 2016

Cobertura de Show: Dr. Sin e Seventh Seal: O Adeus dos Doutores na Capital Paulista! (19/03/2016 – Carioca Club – SP)



               
                               

Resumir os 24 anos de carreira do Dr. Sin nos faz relembrar alguns acontecimentos, a começar pelos dois irmãos, inspirados pelo seu pai, decidiram seguir o sonho de serem músicos, começando a caminhada musical lá em 1984, quando fundaram o Platina e o Cherokee respectivamente, mas foi em 1989 que o reconhecimento em grande escala chegou, como músicos de apoio do lendário guitarrista Wander Taffo, na banda que levava o nome do guitarrista, a "Taffo", com singles de sucesso que viraram clipes veiculados na MTV e também trilha de novela (O Salvador da Pátria, da Globo), reservando também outras grandes participações, tendo a oportunidade de se juntarem ao Ultraje A Rigor e ao vocalista Supla.

Os anos 1980 passaram, e os Busics queriam ir cada vez mais longe com o aprendizado adquirido na década anterior, criando um trio que tivesse uma longevidade infinita, juntando-se a um guitarrista, Eduardo Ardanuy, influenciado por Eddie Van Halen e Yngwie Malmsteen, que fazia coisas fora do normal (já havia chamado atenção quando gravou com a Chave do Sol o álbum "The Key", aos 16 anos, sendo que Ivan Busic chegou a gravar algumas baterias para o disco também) e que se tornaria um dos melhores do Brasil anos mais tarde. E em 1991 acabou nascendo o Dr. Sin, tendo, no geral, onze discos gravados e três discos ao vivo, sem contar as grandes participações nos principais festivais de Rock do planeta. Mas, conforme a lei da vida, tudo tem seu começo, meio e fim, e foi em agosto de 2015 que a banda anunciou, através das redes sociais, o fim de suas atividades com uma turnê de despedida, que foi encerrado no dia 19/03 na capital paulista.
          Taffo: Ivan, Wander Taffo e Andria
Com os ingressos quase esgotados para ver a última apresentação do trio no Carioca Club, a noite prometia ser de casa cheia, que apesar do pouco calor que reinava dentro da casa (como já é normal), não tirou, de forma alguma, a ansiedade do público que estavam ali presentes no primeiro momento, rolando faixas do aclamado "Dystopia", do Megadeth, para galera curtir e dar aquela aquecida para o começo da noite, que prometia ser inesquecível. E ainda mais pra mim, que fui agraciado com a felicidade (finalmente) de vê-los pela primeira vez tocando ao vivo, mas, ao mesmo tempo, vinha o sentimento de tristeza, pois seria a última apresentação que eu iria ver dos caras, também.


Seventh Seal Faz a Honras de Abertura

                              

Enquanto o publico chegava aos poucos, o Seventh Seal começou a noite, às 18:15 h, com o seu Prog  Metal pesado, e inclusive, durante a semana do show, a banda soltou um comunicado dizendo que tinha cancelado a sua participação devido a problemas de saúde de um dos integrantes, mas, logo em seguida, a banda confirmou, rapidamente, a sua participação da noite sem risco nenhum. E com certeza o Leandro Caiçolo (vocal), Thiago Oliveira e Tiago Claro (guitarras), Victor Prospera (baixo) e Marcus Dotta (bateria), não queriam deixar de participar dessa grande festa.

O set-list, composto apenas por 7 canções, abrangeu os principais momentos do seu mais recente disco, “Mechanical Souls” (2013). E a banda, do ABC Paulista, fez um show digno de banda de abertura, mostrando entrosamento e energia à altura, vendo muita gente balançando a cabeça e gostando do que estava vendo, começando a trinca para a bruta “Beyond The Sun”, a climática (mas cheia de peso) “Virtual Ego” e a rápida faixa-título, “Mechanical Souls”, com Leandro Caiçolo agradecendo a presença do público antes de anuncia-la, dizendo que é uma alegria muito grande estar abrindo o show para o Dr. Sin, declarando-se fã antigo da banda.               

                              

O som que vinha dos PAs estava sob medida e soando perfeito, o único problema foi que não dava pra ouvir a guitarra do Thiago Oliveira, pelo menos no ponto onde eu estava no momento do show, dando uma melhorada somente nas partes finais da apresentação. E no decorrer do show, o som ficava muito alto, não dando pra ouvir direito o Leandro cantando.

Dando continuidade, a banda seguiu com a fascinante “Imprint Memories”, mostrando que Leandro Caçoilo possui domínio e uma habilidade vocal muito grande, transitando tranquilo por linhas agressivas e melódicas.

Seguindo o set-list, seria a vez de executar  “Back To The Game”, mas a banda pulou a música para tocar o primeiro cover da noite, que foi a nada menos que a clássica “Balls To The Wall”, do Accept, levando muita gente ao dekírio cantando o refrão em uníssono. E o final do show foi reservado mais uma vez para as músicas do último disco, que culminou com a forte “Back To The Game” (agora sim) e um rápido agradecimento do Tiago Claro, informando que a Seventh Seal estaria completando 21 anos e que era uma honra estar dividindo o palco mais uma vez com o Dr. Sin, encerrando a apresentação com a “Pleasure Of Sin


A Hora dos Doutores


Não demorou muito para a atração principal subir ao palco, e por volta das 19:15hrs, já com a casa ainda mais lotada, Ivan Busic (bateria/vocal) tomou o microfone dando “Boa noite! Nós Somos a banda Dr. Sin”, abrindo-se as cortinas para ver Andria Busic (vocal/baixo), Edu Ardanuy (guitarra) e novamente o Ivan Busic  a entrarem em ação. O repertório, sem dúvida, prometia grandes sucessos, e logo de cara o trio começou a apresentação com a clássica “Down In The Trenches”, do respeitadíssimo “Brutal”(1995). E dava pra sentir a empolgação do público cantando cada verso da música junto com a banda.

                                

“Como é bom tocar em casa”, essas foram às palavras de agradecimento do Andria antes de anunciar a faixa seguinte, que com gritos de "Dr. Sin! Dr. Sin!" ecoando dentro casa, os primeiros versos de “Lady Lust”, do disco “Animal” (2011), eram executados, faixa que caiu nas graças do público, possuindo solos bem elaborados de contra-baixo e grandes viradas de bateria, além de ser bastante pesada e ganchuda.
 
Revisitando novamente o passado, “Time After Time”, do “Dr. Sin II” (2000), tirou o fascínio de todos com a mistura de peso e melodia, sempre sendo obrigatória nos set-lists da banda. E também por ela cair perfeitamente ao vivo, principalmente nos seus momentos finais, havendo uma avalanche de mãos para cima pregando o tradicional ‘Oh, Oh, Oh’, que foi algo magnifico de presenciar naquela hora.

Apresentando o baterista Ivan Busic, era hora do mesmo destruir o kit de bateria fazendo um solo matador. Após o termino, não faltou ovações para ele, que ficava sempre interagindo com o público mostrando a sua simpatia. E aos poucos, os outros dois retornavam ao palco ainda ao som da bateria, contornados por alguns versos simples de guitarra do Edu Ardanuy e o público com as mãos para o alto batendo palma, que acabou resultando em mais uma faixa do “Dr. Sin II”, que dessa vez foi a “Fly Away”.

Antes prosseguir com o show, Ivan Busic agradeceu a presença de todos, dizendo que, apesar de ser a última apresentação da banda na capital, o Dr. Sin vai continuar vivendo pra sempre. E já que o clima era de festa, Andria recebeu, de presente de um fã, o pôster com sua foto. E como o clima era de calor, Andria perguntou para o público se queriam por mais fogo no lugar, e as chamas começaram a se acender através do solo de guitarra do grandioso Edu Ardanuy, com o Ivan indo à frente do palco para delirar com a habilidade do companheiro, mas bastou o Andria dizer (anteriormente) a palavrinha chave para que, após o solo, desse inicio a avassaladora “Fire”, mais um clássico que está presente no “Brutal”, cantada com exultação pelos fãs. Após terminar de toca-la, Edu Ardanuy também recebeu, de um fã, um pôster com sua foto estampada.
 
O show ainda prometia grandes surpresas, e antes que elas fossem postas em prática, Ivan Busic apresentou a banda, seguida da introdução do filme Star Wars, cujos personagens, aos poucos foram surgindo no palco. E claro, já era de se imaginar que a próxima música seria “May The Force With You”, presente no disco “Animal”, que fala justamente sobre o filme. E os personagens agitaram o público enquanto a banda tocava.

Depois de saudar os personagens do Star Wars, Ivan Busic foi à frente do palco cumprimentar os que estavam ali na frente, dizendo que ama todos os fãs da banda. Após a hidratação com um gole d’agua, foi anunciada que as próximas faixas seriam do mais recente disco, “Intactus” (2015), e a trinca começou com “Saturday Night”, “We’re Not Alone” (Edu sempre indo à frente do público na hora dos solos) e “The Great Houdini”, que antes de ser tocada, o Ivan declarou que o Andria e o Edu fizeram mágica para compô-la, além de ser uma homenagem ao lendário  ilusionista.

“Vocês estão prontos pra cantar? Então vamos de "Miracles”, foi desse jeito que o Ivan anunciou a música, que novamente teve os gritos de "Dr. Sin! Dr Sin!" vindo do público. O Andria cantou muito bem essa música, pois, originalmente, as linhas vocais dela foram compostas pelo Michael Vescera (Loudness, Yngwie Malmsteen e Michael Vescera Project), que fez parte da banda naquele ano em que a banda gravou e lançou o disco "Dr Sin II". E ela foi bastante aclamada, com os fãs cantando o refrão a pleno vigor.

Era chegado o momento mais inesquecível da noite. Enquanto o Ivan explicava ao público que a turnê teve 32 shows, onde conheceram pessoas de diversos lugares, pessoas se locomovendo de várias cidades e até saindo do exterior para ver a banda, tocar em SP, era uma emoção muito grande.

Proclamações de “Não acaba não”, de forma incessante, fizeram o Andria se emocionar enxugando as lágrimas que corriam dos seus olhos, dizendo que nunca esqueceria-se dessa noite. E depois de toda euforia e pedidos para o trio que não encerrasse as atividades, os primeiros riffs de "Isolated", executados pelo Edu Ardanuy, levaram todos ao êxtase até o seu final. E não há como escapar do ‘air-guitar’ na hora do solo, que é um dos melhores do Edu.                                    

As últimas partes do set, antes de ir para o Bis, ficou por conta de duas faixas do álbum “Insinity” (1997): "Zero" (que até então não estava incluída no set) e "Revolution", essa última cantada a plenos pulmões, parecendo grito de torcida, destacando também a interação entre vocal e guitarra antes de dar início a faixa.

Após o Bis, Ivan voltou ao palco para cortejar os fãs mais uma vez, mostrando-se animado com tudo o que foi feito durante a noite. E foi ao som palhetado do baixo de Andria que  Ivan começa a cantar, com perfeição “Last Night I Had a Dream”, de Randy Newman, um dos pontos mais tocantes dessa tour, mostrando o lado íntimo dos irmãos, que trocaram um beijo carinhoso no rosto (No show em Campinas, a mãe da dupla também juntou-se à eles no palco. Logo no final desta cobertura você pode conferir o registro desse belo momento). Antes de canta-la, Ivan, mostrando um pouco de suas suas raízes, apresentou uma bebida croata,  chamada Šljivovica.

De volta à bateria, Ivan anunciou “Eternity”, música que há muito tempo a banda não tocava, mostrando o lado "baladeiro" e sublime da noite, que ficou excelente ao vivo.
Perguntando ao público se queria mais, o trio mandou ver com “No Rules”, mostrando-se afiados a cada momento, e os fãs mostraram que tinham a letra na ponta da língua.

Novamente sob ovacionais gritos de “Não acaba não”, Andria agradeceu a presença de pessoas importantes da sua vida: a esposa Eliane Veronezzi e sua filinha de um ano. Brincando, o mesmo declarou que nunca vai parar de tocar e que, se dependesse, tocaria até o final do ano que vem, levando os fãs à loucura na hora. Ele aproveitou para agradecer aos músicos e aos que acompanharam a banda durante esses 24 anos, deixando bem claro que todos estão no coração de cada um dos três. E com tantas emoções e catástrofes, “Emotional Catastrophe” encerrou o show com chave de ouro, fazendo o Carioca Club cair com o delírio dos fãs em todas as partes da casa, agitando junto com o meu parceiro Leandro Nogueira Coppi (Brasil Metal História, Roadie Crew), o popular T.Bone, que acompanhou o show ao meu lado.

Este que vos escreve, não acredita no fim do Dr. Sin. Tenho certeza que, daqui há alguns anos, eles podem voltar a tocar juntos novamente. Mas se realmente for a última vez, só me resta agradecer por tudo o que esse trio fez pelo Hard Rock nacional ao longo desses 24 anos de estrada. E com certeza irei carregar todas as coisas marcantes desses doutores pra sempre no meu coração.

Obrigado Dr. Sin!


Cobertura: Gabriel Arruda
Revisão e Edição de Texto: Carlos Garcia
Fotos: Edu Lawless
Mila Maluhy (Foto da banda com a mãe dos irmãos Busic)

Agradecimentos: Tiago Claro (TC7 Produções), Luciano Piantonni (Lanciare Comunicação & Entretenimento), Eliane Veronezzi (Assessoria Dr. Sin) e Edu Lawless (Rock Express)
 
Seventh Seal
01 - Beyond The Sun
02 - Virtual Ego
03 - Mechanical Souls
04 - Imprint Memories
05 - Back To The Game
06 - Balls To The Wall (Accept)
07 - Pleasure of Sin

Dr. Sin
01 - Down In The Trenches
02 - Lady Lust
03 - Time After Time
04 - Solo de bateria
05 - Fly Away
06 - Solo de guitarra
07 - Fire
08 - May The Force Be With You
09 - Saturday Night
10 - We're Not Alone
11 - The Great Houdini
12 - Miracles
13 - Isolated
14 - Zero
15 - Revolution
Bis
16 - Last Night I Had a Dream (Randy Newman Cover)
17 - Eternity
18 - No Rules
19 - Emotional Catastrophe



Momento família no show em Campinas (SP), com a mãe dos irmãos Busic juntando-se à eles no palco


Alguns vídeos registrados por fãs durante a tour de despedida.







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