sábado, 5 de março de 2016

High Fighter: Energia Criativa e Sem Regras Para a Música!

                           

Hamburgo, verão de 2014, a partir de duas formações que estavam incompletas e juntaram-se para uma jam, essa fusão deu resultado imediato, resultando então no High Fighter,  que apesar do pouco tempo de existência, já vem colecionando conquistas relevantes, arrancando muitos elogios à sua música e performance.
Tornando-se muito rapidamente em uma unidade criativa, o quinteto lançou o EP "The Goat Ritual" poucos meses após a formação da banda. Gravado em um final de semana, e praticamente "ao vivo",  o trabalho serviu para o High Fighter registrar e mostrar o peso, melodia e energia do seu som.  (ENGLISH VERSION HERE)

Uma das definições mais interessantes que li sobre a sonoridade do High Fighter foi: "Em algum lugar entre Black Sabbath e Kyuss". Realmente, essa afirmação dá uma ideia do som da banda, mas é difícil rotulá-los, e essa mescla das influências, preferências e bagagem musical dos membros resulta em uma sonoridade pesada, dark e melódica, onde podemos sentir elementos do Stoner, Doom e Sludge ao Heavy Blues, Desert Rock e Metal, ou seja, uma energia criativa e sem regras para a música. 

Confira entrevista com a vocalista Mona Miluski, onde você poderá saber um pouco mais desta ótima banda.

Mona Miluski: Lots of energy live! (photo Sven Ceder)

RtM: Olá Mona, obrigado por reservar um tempo para nos responder a esta entrevista!Para começar esta entrevista, você poderia nos contar um pouco mais sobre o início da banda? Vocês acabaram formando o High Fighter devido à inatividade ou final de suas bandas antigas, e também a necessidade de buscar algo novo? Foi mais ou menos por aí?
Mona Miluski: No final, sim, quase isso. O High Fighter foi formado no verão de 2014 por mim e o guitarrista Christian, nós dois tocamos juntos mais de 5 anos na nossa banda anterior, A Million Miles, que separou-se no início de 2013. Depois disso levamos um tempo até colocarmos os pés no chão, estávamos procurando começar um novo projeto de banda quando Ingwer se juntou a nós para ser o guitarrista solo. Sua banda até então, Buffalo Hump, não  tinha conseguido um cantor, então Ingwer surgiu com a ideia de trazer o seu baterista Thomas, bem como o baixista Constantin para uma jam. Ele fez, e acabou sendo uma perfeita fusão da metade de duas bandas, que acabaram se tornando o High Fighter... 

RtM: Complementando, para aqueles que estão conhecendo a banda agora, como você definiria o som do High Fighter? Posso garantir que não é fácil rotular! (risos) 

Mona: Não é fácil definir o som ou nos encaixar em um gênero específico, e não encaixamos. Nós deixamos muitas influências e sons fluirem no High Fighter, não existem regras para nós quando se trata de nossa composição. Eu gosto de me referir como Heavy ​​Stoner Bluescore. Nós misturamos um monte, do Desert Rock, ao Blues, Doom, Sludge, e com pitada de Core e Metal.Nós quase que curtimos isso, e nos divertimos, toda hora as pessoas estão tentando e tentando encaixar-nos em um gênero, mas eles não conseguem, logo, não vão entender a música que tocamos, uma vez que abrange mais do que apenas 1 ou 2 gêneros. Muitas pessoas precisam de categorizar. Isso é legal e apenas humano. Mas, tentamos nos manter mente aberta, e se você está procurando algo pesado,  melódico, mas dark, que vai do Desert Rock para o Sludge Metal, então você provavelmente encontrará algo do seu gosto no High Fighter.


RtM: E falando um pouco mais dessas influências e elementos que compõem o som High Fighter? Eu, quando ouvi, senti elementos de Stoner e Doom, e Desert Rock e Blues pesado. Eu acho que entre as influências estão bandas como Black Sabbath (bem, todo mundo tem influências de Sabbath, hehehe), Kyuss e Cathedral.
Mona: Ouvimos todos os tipos de música. Claro Sabbath é um deles. Entre muitos mais. é Kyuss,  Pantera, Blues antigo, Rock e Metal, ou novas bandas Doom e Sludge. Mas eu não definiria o High Fighter como parte dos elementos dessas bandas ou quaisquer gêneros, como um todo, todos nós somos apenas influenciados pela história e presença de sons que descobrimos, a música sai naturalmente e o resultado final é o que você vai ouvir no High Fighter. Nós apenas deixamos que isso aconteça, sem pensar em encaixar neste ou naquele estilo específico. O High Fighter somos nós, nós combinamos as nossas próprias e muito individuais influências, e tentamos criar o nosso próprio som e visão delas. 

RtM: E como é que vocês batizaram a banda, e o que "High Fighter" significa para vocês?
Mona: Antes de tornar a banda pública, ainda estávamos pensando sobre o nome perfeito, Thomas - nosso baterista - uma vez veio com algo que ele curtia,  "Tie Fighter", de Star Wars, como um possível nome da banda, todos nós estávamos de acordo, já que nós somos grandes fãs de Star Wars. Mas então ele veio com High Fighter em destaque, e que foi abraçado por nós 100%! É um nome muito forte e poderoso, e não muito habitual para uma banda com este tipo de som .... Na verdade, eu não posso te dizer quem esse cara ou garota é esse "High Fighter", ele pode ser criado pela sua própria imaginação.Nós gostamos de dar espaço suficiente para todos que ouvem a nossa música. Se é alguém que se esforça e se levanta de novo, ou se é apenas muito chapado ou "alto" pelas coisas na vida, você cria, o que é o High Fighter e o que ele ou ela significa para você. Talvez sejamos todos algum tipo de High Fighter de tempos em tempos e na vida ....

Live! (Pic by Agata Frelik)
RtM: Podemos sentir o entusiasmo de todos os membros com a banda, e isso reflete no EP de estreia, que também foi lançado muito cedo, alguns meses após a formação da banda. A que você atribui estes fatos? 
Mona: se não haveria entusiasmo em uma banda, por que fazê-lo? Eu acho que, tendo uma fusão de duas meia bandas, perdidas, que juntaram-se em uma primeira jam e imediatamente me senti em chamas, como se tivéssemos tocado juntos há anos. O High Fighter tornou-se uma unidade muito criativa desde o início. "Black Waters", por exemplo, foi feita em cerca de 30 minutos! Eu saí para buscar mais cerveja, voltei e a música estava pronta. Temos uma grande quantidade de energia criativa nessa banda.

Nós  ensaiamos fortemente ao longo dos meses, no verão de 2014, quando escrevemos nossas primeiras canções, sempre foi claro para nós, que precisávamos apresentar o nosso primeiro registro ao vivo, e que precisamos manter sempre a diversão dentro da banda, que tínhamos de ser entusiastas, mas, naturalmente. Aconteceu, porque nós sentimos amor uns pelos outros e por esta banda desde o início. O que mais tarde se tornou mais do que apenas uma banda entusiasta, que se tornou família para nós. Estamos entusiasmados por nós mesmos, não pela busca de alguma  fama, mas só porque nós amamos o que fazemos.

RtM: Podemos ver hoje em dia há uma certa retomada, com muitas bandas, alguns mais experientes e outros mais jovens, trazendo um som influenciado por grandes bandas dos anos 70, incluindo os seloss e gravadoras lançando muito material no mercado. Eu gostaria que você comentasse sobre isso, e também o que o artista deve apresentar de diferencial se deseja se sobressair nesse cenário competitivo? 

Mona: Eu só posso falar por mim, mas as pessoas podem ter cansado desses sons mais polidos que ouvimos ao longo dos últimos anos, por isso eles gostam de voltar às raízes. Pelo menos eu me sinto assim. Como gravações analógicas e ao vivo, a forma como as bandas faziam na década de 70, ainda oferecem a verdadeira alma da música em meus olhos e ouvidos. E eu acho que, a alma e a vida dos sons é o que bandas, fãs e também gravadoras precisam atualmente, está tudo voltando às raízes, mas com uma nova energia e vibrações modernas. Eu não sou um fã de saltar sobre qualquer trem que está em evidência, como a palavra Stoner, que se tornou muito popular nos últimos anos, ou estar em uma banda Doom. Pode ser legal para alguns e, em seguida, eles serão uma cópia de uma cópia, mas como um fã, você sempre vai ouvir e perceber quando uma banda possui significado, e é autêntica suficiente para entregar o seu verdadeiro som.

(Pic by Peter Stñcker)


RtM: Falando sobre o EP "The Goat Ritual", foi gravado ao vivo na sala de ensaio da banda, então eu gostaria que você comentasse mais sobre a gravação e produção do EP, e por que vocês escolheram fazer dessa forma?
Mona: Como mencionado acima, quando começamos a ensaiar pesadamente nossas primeiras músicas, foi muito claro para nós que também tínhamos de apresentar este som ao vivo, como o High Fighter soa realmente, nu e cru em um registro. Assim fizemos, e nos trancamos em nossa sala de ensaio e gravamos "The Goat Ritual" ao vivo e em um fim de semana. Sem edição, sem produção de estúdio highclass, tudo em um take. Esta estreia foi gravada, mixada e masterizada pelo nosso bom amigo Benjamin Kapidzic (Skythen), que fez um trabalho incrível para um live-demo gravada em nossa sala de ensaios fodida, gastando até 14 horas com a gente todos os dias e até o meio da noite. Então escolhemos gravar deste modo porque nos representa, e mostra quem somos. Gravaremos também o nosso próximo álbum ao vivo, não em nossa sala de ensaios - desta vez em um estúdio real para obter mais espaço, mas sentimos que é o caminho certo e mais confortável, gravar nossas músicas ao vivo. Ele ainda tem o acima mencionado, a verdadeira alma do High Fighter que queremos compartilhar.


RtM: Eu gostaria que você comentasse sobre o tema mencionado no título do EP "The Goat Ritual", e também os temas que a banda aborda em suas letras. 

Mona: 'The Goat Ritual' é um trabalho com temática bem dark, nós jogamos com o tema céu e inferno, embora nenhum de nós na banda seja religioso, mas lidamos com os demônios que todos tem na vida, lutando com eles e convivendo com um lado escuro, dentro de todos nós. Você tem isso também. Do ponto de vista do som, eu vejo este EP como um ritual - você precisa ouvi-lo desde o início até o fim, como uma imagem inteira e cada faixa pertence à outra. É um ritual de músicas, lhe dá uma perspectiva quase esquizofrênica em muitos gêneros que combinamos, seja a parte de rock mais cativante ou partes mais melódicas ou, peças com andamento meio tempo e muito agressivas, é bem um passeio lírico através do céu e do inferno ... Nós estamos tentando dar espaço suficiente para o que você vai ouvir ou sentir com a nossa música e letras, não vamos estar dizendo o que você deve sentir ou ouvir, eu nunca escrevo minhas letras de uma forma muito clara, preto no branco - você pode apenas absorver, e imaginar qualquer coisa que você encaixe em sua própria vida e pensamentos. 

High Fighter (pic by Frau Siemers)

RtM: O EP teve uma recepção muito boa do público e da imprensa. Quais eram suas expectativas quando do lançamento? Você está satisfeita com os resultados alcançados até agora? 
Mona: Nós ficamos mais que excitados e muito surpresos de como as pessoas reagiram em nosso debut, por favor, lembre-se que ainda é uma demo! Mas, em seguida, ele foi tocado em várias estações de rádio, recebemos ótimas críticas e somos gratos que as pessoas parecem buscar nosso som muito áspero e puro.

Em um ano de história da banda única, temos feito muitos novos amigos e fãs,  recepção de imprensa incrível e a sorte de já ter tocado ter toneladas de shows! Em 2015 tocamos como apoio de bandas como Corrosion of Conformity, The Midnight Ghost Train, Mammoth Mammoth e Greenleaf, tocado em festivais tais como Stoned from the Underground, Sonic Blast em Portugal, Red Smoke na Polônia,  um showcase ao vivo no Wacken Open Air de 2015, e para 2016 continuam aparecendo oportunidades. 

RtM: Sim, isso é ótimo, muitos shows e oportunidades para mostrar o som da banda para mais pessoas!
Mona: Ao final do ano voltamos para casa de uma turnê europeia com AHAB e MAMMOTH STORM, no outono, que foi  uma verdadeira explosão para nós. Então, sim, ter tocado cerca de 60 shows no primeiro ano de banda, e as pessoas nos conhecendo, nos mostrando seu apoio de maneiras positivas, torna isso ainda irreal, às vezes, e estamos mais do que satisfeitos com o nosso primeiro ano juntos como uma banda.

RtM: E o que você pode nos adiantar sobre o futuro Full-Lenght? Vocês já tem composições suficientes e têm uma data de lançamento em mente? 

Mona: Está ficando cada vez mais perto. Acabamos de voltar de uma excursão com o Ahab, agora estamos focando finalizar nossas canções para o álbum. Nós tocamos muitas delas ao vivo. Nós planejamos entrar em estúdio em fevereiro de 2016, para gravar o nosso primeiro álbum completo. Ele não vai estar indo para uma direção muito diferente do que você sabe de nós já, algumas faixas serão mais Doom, algumas não. Ele vai ficar uma mistura e fusão de muitas músicas e estilos combinados no som do High Fighter. Mas vamos definitivamente fazer a gravação ao vivo novamente. Nós esperamos lançá-lo até o início do verão de 2016 (*julho/agosto, verão Europeu), esperamos que até à Primavera.

(photo by Sven Ceder)

RtM: Houve contatos com gravadoras ou vocês desejam lançar de forma independente? 
Mona: Existem algumas conversas interessantes sobre possível selo/gravadora, mas vamos ver como vai ser e onde vamos encontrar um lar para o nosso primeiro álbum. No momento e até agora, temos tido prazer em ser uma banda do-it-yourself  - por isso, não iria morrer se lançá-lo no nosso próprio selo novamente. Esta banda tem mão de obra própria suficiente, entendemos o nosso 'negócio'. Mas vamos ver onde a estrada e essas conversas com selos nos levarão, certamente seria um passo enorme e uma oportunidade, de ter o apoio de um selo no outro lado das coisas, especialmente quando se trata de uma boa distribuição.

RtM: E quanto a você Mona, conte-nos um pouco de como você começou na música e no Metal, e também sobre suas influências pessoais? 

Mona: Bem, por onde começar .... Na verdade, eu cresci em uma família muito musical de entusiasmo, meu pai é um guitarrista profissional, e eu tenho a sorte que ele me deixou alguns de seus bons genes em minhas veias. Comecei a cantar em coros muito cedo quando eu era uma criança, mas foi a era grunge que mudou minhas influências pessoais e direção. Com 13 me juntei a minha primeira banda grunge, quando eu tinha 15 anos eu comecei em minha primeira banda de Metal real. Eu cantei em bandas de Metal metade da minha vida, e me senti mais em casa no Sludge, Doom, e músicas Stoner Metal.

RtM: Lembro que você mencionou Pantera, e vi realmente influências do Phil Anselmo no seu estilo.

Mona: Minha maior influência é Phil Anselmo e tudo que fez no Pantera, Down e outras bandas que ele esteve envolvido, estou certa, mas entre muitos mais, como bandas como Kyuss, Alice in Chains, Faith No More, Eyehategod. Muitos para listar aqui. Há também muitas bandas "novas" que adoro, especialmente da cena Desert Rock e Doom. Muito ansiosa para os novos álbuns do Conan, Greenleaf, Radio Moscow e muitos mais, as coisas estão brilhantes para estes gêneros, que costumavam ser underground, mas ganharam mais visibilidade ao longo dos últimos anos, o que é ótimo para as bandas, terem suas músicas sendo ouvidas. Felizmente, ao lado da minha própria música e estar no palco, nos bastidores eu trabalho também na indústria da música, e tenho o prazer de estar trabalhando com muita música e muitos artistas incríveis todo o dia. Tem sido um longo caminho, cheio de trabalho duro e paixão por aquilo que eu amo ... que é a música.

RtM: Mona, obrigado pela sua atenção, estamos esperando o comprimento completo, e temos certeza de que o High Fighter nos trará muitas canções grandes e poderosas. Fica o espaço para sua mensagem aos leitores!

Mona: Road to Metal, muito obrigado pela entrevista! Esperamos, e seria um sonho tornado realidade, experiência que espero ser capaz de desempenhar um dia. Obrigado por seu apoio, stay HIGH!


Entrevista: Carlos Garcia

www.highfighter.de
www.facebook.com/highfighter
www.highfighter.bandcamp.com




'2Steps Blueskill' Official Video:
www.youtube.com/watch?v=YEr35ihG4Gc

'High in Summer 2015' Tour documentary:
www.youtube.com/watch?v=NNN1mEFNhq4



'A Silver Heart' live ( taken from High Fighter's upcoming first, full length album! )
www.youtube.com/watch?v=S4nuaRZ1Uas


Live at Stoned from the Underground 2015:

www.youtube.com/watch?v=ZD0DPIEyje8



Pic by ELP Photo

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