quinta-feira, 14 de abril de 2016

Fleshgod Apocalypse: Symphonic Death Metal Cada Vez Mais Coeso




Com seu quarto full-lenght, "King" (lançado agora no início de 2016 e disponibilizado no Brasil pela Shinigami Records, nessa sua parceria com a Nuclear Blast), os italianos do Fleshgod Apocalypse chegam ao álbum que até agora melhor distribui as nuances adotadas pela banda, o Death Metal, que embora detenha trechos brutais e vocais característicos do lado mais tradicional do estilo, destrincha uma sonoridade mais técnica e com mais melodias e variações, envoltas pelas influências de música clássica, que carregam desde seu primeiro álbum, tendo em seu som arranjos orquestrais, pianos e vozes femininas.

Não podemos dizer que o trabalho do grupo é totalmente original, pois várias formações dentro do Metal e, para ficar mais no campo específico, dentro do Metal Extremo, utilizaram e utilizam-se da música clássica e arranjos orquestrais. O Celtic Frost, acredito que foi uma das primeiras a utilizar essas nuances, na fantasmagórica "Necromantical Screams", com participação de uma soprano, assim como o Dimmu Borgir, que também incorporou elementos sinfônico e épicos de forma magistral ao seu Black Metal, e alcançou um status "mainstream".


Mas o Fleshgod Apocalypse não deve ser classificado como alguma cópia, logicamente sofreu influência de bandas mais veteranas, mas vem lapidando seu estilo e imprimindo personalidade, balanceado cada vez melhor sua sonoridade. O Death Metal intenso, pesado, técnico e melódico, transita por faixas densas e épicas, onde se destacam os andamentos war march, intercalando vozes guturais e limpas. Intervenções mais melódicas também são colocadas de forma inteligente, além de  trechos e faixas onde o piano e os vocais operísticos se sobressaem.

"King" é um álbum conceitual, onde em cada faixa do álbum a banda utiliza os elementos de uma corte real, como o próprio rei, a rainha, o bispo, o bobo da corte, o soldado e outros, representando cada um desses personagens várias facetas do lado negro da humanidade, afirmando também que o mundo que conhecemos se dirige ao seu final.

A intro em war tempo "March Royale" abre o álbum, emendando à "In Aeternum", épicas e grandiosas, certos trechos até me lembraram de leve o clássico "Cavalgada das Valquírias". Nesta abertura já pode ser sentida a coesão da proposta, e vários dos elementos que compõe a proposta da banda estão aí, e bases que soam como verdadeiras metralhadoras, bumbos velozes, vocais guturais, se misturam aos arranjos orquestrais, e os vocais guturais por vezes abrem espaço aos limpos, além do excelente e melodioso trabalho nos solos de guitarra; "Healing Through War" traz peso nas bases de guitarra mais à frente, mesclando muito bem a intensidade das guitarras e cozinha com as orquestrações; "The Fool" é mais rápida, quase frenética, destacando os "clean vocals".

"Cold as Perfection" traz a primeira participação de Veronica Bordacchini, com seus vocais operísticos dando ainda mais ares épicos, meio que cinematográficos, e dramáticos à faixa, na qual se destacam os arranjos orquestrais, coros e a melodia, principalmente a parte final, que coroa a diversidade desta música. O primeiro grande destaque do álbum. A faixa também foi escolhida para vídeo oficial (clique no link no nome da música para assistir).

"Mitra" começa com riffs intensos e técnicos, descambando em uma velocidade e peso apoteóticos, imperando as raízes Death Metal, mas sempre com os arranjos orquestrais trabalhando para uma maior intensidade e grandiosidade; "Paramour" traz um momento de mais paz em meio a intensidade sonora do álbum, sendo totalmente voltada aos vocais operísticos de Veronica, acompanhada pelo piano, é praticamente uma peça de ópera. Muito bom, uma intervenção que funcionou muito bem.


"And the Vulture Beholds" já entra imediatamente após os derradeiros acordes de "Paramour", para acabar com o momento de certa paz, e aqui temos mais um dos destaques, com a banda combinando de forma precisa os elementos clássicos e seu Death Metal técnico, em mais uma faixa épica e cinematográfica, daquelas que dá vontade de fingir estar com a batuta regendo uma orquestra apocalíptica; O peso também vem avassalador em "Gravity", assim como em "A Million Deaths", porém aqui em um andamento mais rápido, destacando a quebra de ritmo lá pelo terceiro minuto, sobressaindo-se o trabalho exuberante das guitarras, imprimindo velocidade e peso nos riffs e solos, culminando em um final intenso, acabando de forma abrupta.

Sem dar fôlego dá início a penúltima faixa, "Syphilis", climática, carregada de dramaticidade, narrada, em um andamento mais arrastado, pesada e densa, com mais uma destacada participação dos vocais femininos e grandes coros, além de trechos mais atmosféricos, enveredando-se pelo Gothic Metal em melodias bem interessantes, ressaltando também o belo solo de guitarra. "King" é a faixa final, uma peça ao piano, que encerra o álbum de maneira suave e com tons dramáticos.

Em "King" o Fleshgod Apocalypse concebeu o seu trabalho melhor elaborado até aqui, apresentando em várias músicas uma maior diversidade, experimentando mais coisas, com coesão entre os elementos da música clássica e seu Death Metal técnico, balanceando de forma mais precisa e definida sua proposta, a qual vem lapidando desde seu debut. Uma banda que cresce a cada álbum, e com certeza não vão parar por aqui. Minhas únicas ressalvas são quanto as letras no encarte, que é muito bonito e bem elaborado, porém no encarte pequeno do CD as letras cursivas utilizadas dificultam a leitura, e também o baixista Paolo Rossi, que com esse nome me lembra um capítulo triste para o futebol brasileiro...Copa de 82...seleção dos sonhos... não precisa explicar né? He he he!


Resenha: Carlos Garcia

Banda: Fleshgod Apocalypse
Álbum: "King" 2016
País: Itália
Estilo: Symphonic Death Metal
Selo: Nuclear Blast/Shinigami


Canais Oficiais da Banda:
Facebook
Site Oficial
Soundcloud

Line-Up
Tommaso Ricardi: Vocals & Guitars
Cristiano Trionfera: Guitars
Paolo Rossi: Bass & Clean Vocals
Francesco Ferrini: Piano & Orchestral Arrangements
Francesco Paoli: Drums, Guitars & Vocals

Tracklist
March Royale
In Aeternum
Healing Through War
The Fool
Cold As Perfection
Mitra
Paramour
And The Vulture Beholds
Gravity
A Million Deaths
Syphilis
King






Nenhum comentário: