sábado, 16 de abril de 2016

Rhapsody Of Fire: Trazendo de Volta Seus Melhores Elementos



Quando do lançamento dos seus primeiro álbuns, os italianos do Rhapsody também eram parte de uma nova safra de grupos de Metal que surgiam no final dos anos 90 e início dos anos 2.000, mais uma geração que surgiu para continuar propagando a chama do Heavy Metal, e com seu Symphonic Metal pomposo (ou "Hollywood Metal", como eles mesmos chegaram a se auto-denominar) caracterizado por grandes arranjos orquestrais, refrãos e coros grandiosos e temperos barroco e medievais, é reconhecido com um dos criadores e principais nomes do estilo.


O tempo passou, a fórmula pareceu desgastar, o nome mudou (adicionaram o "Of Fire")....e a banda dividiu-se em duas, em 2011 Luca Turilli deixou a banda de forma amigável, levando também o baixista Patrice Guers, formando então o LUCA TURILLI'S RHAPSODY, e Staropoli e demais continuando como RHAPSODY OF FIRE (O baterista Alex Holzwarth colaborou com ambas as bandas de início, estando atualmente somente com o Rhapsody of Fire).

Ambos já estão com o segundo álbum após a separação, e se o Rhapsody de Turilli saiu em vantagem, pis "Dark Wing of Steel" foi um álbum aquém do esperado,  e a estreia da banda de Turilli foi bem mais empolgante com "Ascending to Infinity", agora o Rhapsody of Fire apresenta um álbum à altura dos primeiros trabalhos da banda, e o que é melhor, os fãs possuem duas ótimas bandas do estilo, e sem que uma seja uma cópia da outra.


É uma questão de gosto pessoal, mas encontrei em "Into the Legend" um álbum mais atrativo do que o "Prometheus..." do Turilli's Rhapsody, provavelmente porque o Rhapsody of Fire trouxe aqueles elementos que tanto fascinaram os fãs, fazendo com que a banda ganhasse notoriedade, e ainda tem a voz de Fabio Lione. que sem dúvida nenhuma é elemento essencial e marcante, portanto, fica um pouquinho do sentimento de que o Rhapsody of Fire é a continuação natural do que iniciaram lá no final dos anos 90.

O tempo e o trabalho investidos na composição e produção do álbum valeram a pena, e se "Dark Wings of Steel" pareceu oscilante, "Into the Legend" vem para derrubar quaisquer dúvidas que pairavam sobre o futuro da banda. Os elementos sinfônicos e medievais estão com força total e magistralmente conduzidos, e o uso de corais e instrumentos reais nos arranjos de orquestra valorizam ainda mais as músicas, soando mais orgânicas, e consequentemente com muito mais feeling! 

São diversos músicos envolvidos, com um conjunto responsável pelos instrumentos barrocos (harpa céltica, cembalo, oboé, etc), solistas de flauta e cello, a soprano Manuela Kriscak e Luca Balbo no grand piano.
Então, percebe-se aí todo um investimento e suporte que foi dado para que se alcançassem os melhores resultados, chegando onde a banda desejava. E não foi tempo e grana jogados fora, pois "Into the Legend", que teve sua saga escrita por Fabio Lione, apresenta uma qualidade de produção e composição acima da média, com músicas bombásticas, refrãos e coros grandiosos, com momentos que realmente causam arrepios, e aquilo que digo sempre, ouviu, arrepiou o pelo do braço, e já deu vontade de ouvir de novo, sinal que é bom mesmo!


A intro "In Principio", por ser até um pouquinho longa, causa um suspensa, trazendo já aquele ar de trilha sonora que a banda sempre primou, e "Distant Sky" surge arrebatadora, faixa de abertura clássica, dinâmica e com refrão grandioso, aliás, eles voltaram a investir pesado em refrãos super pegajosos, sem medo de serem felizes! Os elementos sinfônicos e medievais em casamento perfeito com a bateria veloz e a classe e técnica de Roby de Micheli na guitarra, mostrando que não veio somente para ser coadjuvante doas orquestrações e dos teclados de Staropoli (embora os elementos orquestrais sempre tiveram ênfase na banda); "Into the Legend" não deixa cair o nível, corais e orquestrações esmagadoras, soando um pouco mais agressiva, com velocidade e um pré-refrão e refrão absolutamente marcantes, destaque para Fabio Lione, que já nesta segunda faixa mostra que está numa forma incrível! 

Depois desse início que praticamente não deixa o ouvinte respirar, vem outra sequência que na minha opinião, é a parte mais empolgante e criativa do álbum, iniciando com "Winter's Rain", que tem uma levada mais cadenciada, cativantes fraseados de Micheli, e esse andamento mais lento imprime uma dramaticidade à música, reforçada pelos arranjos orquestrais cinematográficos, mas arrepiante mesmo é a parte dos corais, que iniciam ali pelos 4 minutos, grandioso trabalho de vozes, e com o trecho da letra em latim, reforçando ainda mais esse ar cinematográfico e dramático; em seguida é a vez do ar medieval e barroco tomar conta, e "A Voice in the Cold Wind" com seus elementos folk envolve o ouvinte nessa aura, em ritmos cativantes e mais "alegres", depois da tensão da sua antecessora; "Valley of Shadows" traz como destaque os vocais da soprano Manuela Kriscak, mas Fabio não deixa por menos, em uma grande demonstração da sua classe, técnica e feeling, e quase desnecessário falar das orquestrações magníficas e os corais, variações de andamento, além de um refrão magnífico, talvez o melhor dentre tantos deste álbum.


A balada "Shining Star", é até simples, e bem agradável, com belas orquestrações, e o detalhe do gran piano ao final não a deixou ser apenas mais uma, um momento de respirar, para em seguida "Realms of Light" vir com riffs de guitarra marcantes e vocais mais agressivos de Fabio, variando trechos mais dramático e cadenciados com passagens mais rápidas; "Rage of Darkness" também traz riffs mais pesados, destacando os teclados e melodias cativantes nos vocais e coros, destacando as intervenções de baixo e guitarra, em mais um solo de técnica e melodia de Roby de Micheli, mas que Staropoli não deixa por menos, emendando com um belo solo em seus teclados.

Os 16:45 minutos do épico "The Kiss of Life" fecham este ópus, em uma viagem sinfônico-metálica-medieval, passando por diversos climas. Um jornada que traz um resumo de todas essas nuances musicais do grupo, com Fabio interpretando magistralmente e abusando de sua técnica e possibilidades vocais, em trechos mais teatrais, agressivos ou melódicos. Instrumental impecável, a trilha é tão intensa e com tantas variações que mal percebemos passar esse mais de 16 minutos. Nesta edição nacional lançada pela Shinigami Records ainda temos o bônus "Volar Sin Dolor", balada com elementos acústicos e orquestrações, mais uma vez com Luca Balbo no gran piano, letra em espanhol, com um clima bem interessante, e Fabio imprimindo muita emoção,e  assim como na "Shining Star", esses elementos não permitem que sejam somente mais um balada para preencher espaço.


São os melhores elementos do Rhapsody Of Fire, remetendo ao seu início, e se era uma banda que gerava desconfiança um tempo atrás, inclusive há muito tempo eu não curtia de verdade um álbum deles, e parece que as mudança foram benéficas, e agora Staropoli, Lione e os demais estão seguros e cientes do querem para o grupo, maturidade e talento possuem de sobra, e traduzem essa nova fase em Metal Sinfônico e Cinematográfico grandioso (valorizado pelo uso de instrumentos reais nas orquestrações), criativo, renovado e um Lione brilhando! Que a partir daqui a evolução continue,e quem sabe, distribuindo um pouquinho mais o protagonismo das partes de orquestra e corais, com os demais instrumentos.
Rate: 9/10

Resenha: Carlos Garcia

Banda: Rhapsody Of Fire
Álbum: "Into the Legend"! 2016
País: Itália
Estilo: Symphonic Power Metal
Produção: Alex Staropoli
Selo: AFM/ Shinigami Records

Adquira o álbum AQUI
"Into the Legend" Vídeo Oficial

Canais Oficiais da Banda



Rhapsody of Fire é:
Fabio Lione: Vocais
Alex Staropoli: Teclados
Alex Holzwarth: Bateria
Alessandro Sala: Baixo
Roby de Micheli: Guitarras


Track-List
In Principio
Distant Sky
Into the Legend
Winter's Rain
A Voice in The Cold Wind
Valley of Shadows
Shining Star
Realms of Light
Rage of Darkness
The Kiss of Life
Volar Sin Dolor (bônus track)


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