É difícil uma banda, com tão pouco tempo de atividade, surpreender a todos logo no primeiro trabalho. E depois de um bom tempo trabalhando em composições e arranjos, a Heaviest mal chegou a um status de promessa do Heavy Metal nacional, e já se transformou em realidade após ter lançado o ‘debut’ de estreia, “Nowhere”, que após um ano e meio depois do lançamento, ainda vem recebendo criticas positivas em todas as partes do Brasil e do mundo, lançando através da Ms Metal Records/Voice Music (Brasil) e PowerProg (Alemanha/Europa), mostrando o seu Heavy Metal pesado e moderno, que conta com o veterano Mario Pastore (vocal), Guto Mantesso e Márcio Eidt (guitarras), Renato Dias (baixo) e o Vito Montanaro (bateria).
Para saber mais
sobre tudo isso, batemos um papo, que rendeu 1h23m, com o Mario
Pastore, Guto Mantesso e Márcio Eidt, falando sobre a repercussão do CD, a tour
que irão fazer na América Latina, os shows aqui no Brasil, e
sobre planos para o segundo álbum, que já vai ser lançado no primeiro semestre
de 2017, não esquecendo, claro, da participação dos integrantes no projeto
Pastore 30 anos, que vai culminar no terceiro CD do vocalista.
RtM: Antes de começar, quero agradecer a vocês pela
oportunidade de estar fazendo essa entrevista. E a primeira pergunta é a seguinte: uma banda nova como a Heaviest, que tem lançado o primeiro disco,
conquistou muita atenção das mídias e ganhou fãs de forma muita rápida. Como
está sendo essa receptividade que o “Nowhere” conseguiu até o momento?
Pastore: A receptividade está sendo bacana, ainda
mais num cenário em que a música está tão competitiva com tantas bandas e
artistas. Eu acho que tem sido legal pra gente. O pessoal está gostando do
disco, quando nós fazemos shows o pessoal vai lá e já canta as músicas. Também
teve a inclusão da música “Nowhere”, no Guitar Flash, onde pessoal está
acessando a música, jogando e tal.
RtM: Algumas músicas do CD fizeram até parte de trilhas
de alguns programas TV também, rolando a faixa “Nowhere” num programa de
esportes radicais da RedeTV!.
Márcio: Sim. Na verdade, passou em dois
programas na RedeTV!.O primeiro foi o Super Extremo (programa de esporte) e
depois a gente saiu numa matéria do Leitura Dinâmica, mostrando as promessas
que teria pra 2016 citando a Heaviest, colocando um pedacinho do clip que
fizemos. E é muito bacana! O Mario Pastore deve estar mais acostumado com esse
tipo de repercussão, mas pro resto da banda (pra mim e pro Guto) é bastante
novo isso tudo o que aconteceu, de um monte de resenha internacional saindo e
fazer entrevistas pras rádios, como a 89 (Pegadas de Andreas Kisser) e a KissFm
(Programa Backstage). E está sendo bem legal! Até agora estamos colhendo
bastante fruto disso ai.
RtM: A banda começou em 2014, bem antes do Mario Pastore
ser o vocalista. E vocês não fizeram nenhum show antes de soltar o primeiro
trabalho. Ter primeiramente o disco lançado pra depois fazer shows foi proposital?
Guto: Sim. Na verdade a banda, realmente,
começou em 2015. O que aconteceu em 2014 é que, eu e o Márcio, sentamos e
começamos a gravar algumas ideias, já montando algumas músicas. A ideia, a principio,
era a gente fazer um CD com cinco músicas ou algo desse tipo, mas a coisa foi
tomando forma, virou sete e acabou virando dez músicas. É igual quando você vai
comprar um carro querendo gastar tanto, mas no final você acaba gastando mais.
(risos) Visto isso, decidimos por um vocal legal, porque o que a gente tinha no
momento (não que estivesse no mesmo nível da banda) não estava atendendo ao
nosso som, e ai convidamos o Mario Pastore. Mas a ideia foi exatamente essa, de
gravar o CD, pra depois ver o que a gente vai fazer em termos de shows e esse
tipo de coisa.
Márcio: A ideia, desde o principio, foi essa. Na
verdade, quando o Guto me procurou, ele falou: ‘Vamos fazer alguma coisinha só
pra gente guardar e postergar? Porque estamos ficando velhos.’ (risos) E foi
tomando forma, como o Guto falou anteriormente. Mas, desde o principio, isso
foi programado sim: nós não vamos sair pra fazer show enquanto o CD não estiver
pronto, com a banda formada, ensaiada e tudo direitinho. É um caminho pouco
diferente do natural de banda, porque normalmente uma banda junta um grupo de
pessoas, começa tocar, faz algumas musiquinhas ali, aparece alguma gigzinha pra
tocar, vai lá e faz. E a gente, propositalmente, foi ao contrario! Primeiro foi
o processo de composição (que gastou bastante tempo), depois venho à gravação
do CD, a divulgação dele pra, então, fazermos nosso primeiro show oficial de
lançamento, que foi no Gillan’s Inn. E ainda teve a gravação de dois vídeos
clips de duas faixas, então o lançamento dos clips veio bem antes de fazer o
show também. Já tínhamos todo material de divulgação, o Guto que cuidou de toda
essa parte de marketing, tendo cartazes, adesivos e lojinha da banda na internet.
E aí começamos a sair em turnê, que chamamos de South America Tour, que vai
terminar até o final do ano, com algumas coisas pra acontecer na Argentina e
Chile.
RtM: Vocês, Marcio e Guto, já se conhecem há anos, que
inclusive já tocaram juntos numa banda na década de 1990, chamada Ready Mades.
Como surgiu a ideia de estarem montando a Heaviest e de trabalhar em conjunto
novamente?
Guto: Eu estava com uma banda antes de montar
a Heaviest, mas que acabou se findando. E eu pensei que, se eu tiver que fazer
uma banda pra eu ter outro guitarrista, tanto que na banda anterior era só eu
de guitarra, não me vejo tocando hoje com outro guitarrista a não ser o Marcio,
porque estamos tocando juntos desde a 5º série praticamente. Inclusive, quando estamos
mixando e montando as músicas, ele fala um negócio, e eu ia falar a mesma coisa,
sabe? O pensamento é o mesmo, então o chamei pra fazer junto comigo. E a ideia
era essa, puxar o som com uma pegada mais atual.
RtM: E o mais legal é que vocês dois tem as mesmas
influências dentro do Heavy Metal.
Guto: Quando a gente tinha uns vinte anos de
idade e tal, na época estava estourando o Iron Maiden, Guns N’ Roses, Dream
Theater e tudo. E tinha a galera mais antiga que falava: ‘É tudo porcaria o que
tem agora! Bom mesmo é Janis Joplin, Jimi Hendrix e tal.’ Mas ai eu penso:
‘Será que quando tiver com 40 anos eu vou pensar assim também, falando que o
que é bom é o que eu escutava na adolescência?’ Eu não quero ficar assim! Então
eu fiz certo esforço pra escutar mais o que tem hoje em dia (de música nova)
pra não cair nessa analogia, porque não é possível que não tenha coisa boa. Da
mesma forma que essas pessoas falavam que o que tem agora é uma merda, não era
uma merda. O que tem hoje não pode ser uma merda, é questão de acostumar e
escutar. Começamos a escutar Adrenaline Mob, Disturbed - que já não é tão mais
antigo, mas faz um som mais atual -, Stone Sour e Korn, que também é antigo,
mas que na época era puxado pro mais atual.
E ai eu falei pro Marcio: ‘Vamos fazer nessa linha?’ Você começa a
escutar, acostuma e gosta, vendo que tem muita coisa boa saindo. Hoje tem o
Five Finger Death Punch...
RtM: É impossível largar as raízes, mas devemos dar
atenção às coisas novas e colocarmos isso dentro da proposta atual do Heavy
Metal. E o disco segue exatamente isso, colocando uma roupagem moderna, mas não
fugindo da tradição do gênero.
Guto: E tentamos fazer um som mais nessa
linha, mas se você pegar não é nessa linha, por mais que tenha tentado mudar a
afinação da guitarra e da banda em si, as músicas são mais grooveadas. Mas, por
fim, acabou ficando um pouco do Heavy Metal, isso está dentro de cada um,
saindo um disco atual que, quem gosta do mais atual, vai escutar e achar
bacana. Quem gosta do Heavy Metal tradicional vai gostar também, então essa foi
a grande sacada do lance, que não foi proposital.
RtM: Como disse o Guto, vocês juntaram o que é mais atual
no dia de hoje, mas não deixando aquele lado raiz do Heavy Metal.
Márcio: Era um barato! Ele estava falando das
coisas de vinte anos atrás, quando as pessoas ouviam Metallica e tal. Quando
lançou o “Black Album” (1991), teve amigo meu que queria se suicidar e aqueles
negócios assim. E hoje a gente vê que é um clássico do Metal, não dá pra dizer
que não. Você pode até ter gostos diferentes, de gostar mais ou outro gostar menos,
mas o “Black Album” foi um clássico, que na época foi massacrado. Quando o
Sepultura lançou o “Roots” (1996), os caras não se conformavam, falando: ‘Como
pode gravar com índio, essas batucadas e por samba dentro do Metal?’ Da mesma
forma, e nessa mesma época, a gente ouvia Metal, e uma banda que colocasse
teclado no sampler de alguma coisa não era Metal. Era qualquer outra coisa, mas
não era Metal. Hoje em dia, todo mundo usa sampler e todo mundo usa algum
efeito ou coisas diferentes que não seja vindo da guitarra, do baixo, da
bateria ou do vocal. E é exatamente o que o Guto falou, incorporamos alguns riffs, alguns grooves de bateria e coisas um pouco mais modernas.
RtM: A vanguarda sempre tende a passar por isso, por uma certa rejeição ou resistência.
Márcio: Outra coisa que, particularmente, mudou muito no Metal na época em que eu tocava com o Guto na Ready Mades pra hoje, é que, nos anos 1980, quem mandava no Metal era a guitarra, ponto. Quem fazia os riffs, os solos e tudo era a guitarra, sempre tendo um bom vocalista, mas hoje eu acho que é muito mais uma banda como um todo. Se você não tiver um baterista comendo no pedal duplo, fazendo uns grooves sensacionais e coisas super modernas, a banda não soa muito legal. Então a gente mudou um pouco disso também com essa integração de bateria, baixo e essas coisas. É um pouco mais como uma banda tocando juntos, mesmo.Nós nascemos nos anos 1980, então fatalmente quando nós compusermos um riff ou alguma música, vai ter essa influência. Não tem como sair disso, pois crescemos tocando e ouvindo Iron Maiden, Metallica e essas coisas. Então, uma hora ou outra, vai aparecer esse tipo de influência no nosso som.
RtM: A vanguarda sempre tende a passar por isso, por uma certa rejeição ou resistência.
Márcio: Outra coisa que, particularmente, mudou muito no Metal na época em que eu tocava com o Guto na Ready Mades pra hoje, é que, nos anos 1980, quem mandava no Metal era a guitarra, ponto. Quem fazia os riffs, os solos e tudo era a guitarra, sempre tendo um bom vocalista, mas hoje eu acho que é muito mais uma banda como um todo. Se você não tiver um baterista comendo no pedal duplo, fazendo uns grooves sensacionais e coisas super modernas, a banda não soa muito legal. Então a gente mudou um pouco disso também com essa integração de bateria, baixo e essas coisas. É um pouco mais como uma banda tocando juntos, mesmo.Nós nascemos nos anos 1980, então fatalmente quando nós compusermos um riff ou alguma música, vai ter essa influência. Não tem como sair disso, pois crescemos tocando e ouvindo Iron Maiden, Metallica e essas coisas. Então, uma hora ou outra, vai aparecer esse tipo de influência no nosso som.
Guto: Acho que o profissionalismo, talvez, é
entender isso e saber que a gente está fazendo algo voltado pro mais atual. Não
que é o mais atual, mas foi o que formou a cara e a roupagem do som da
Heaviest, porque se você falar que hoje é mais atual, o som da Heaviest está
defasado em dez anos. Mas essa é a Heaviest, e é nessa linha que a gente vai.
RtM: É meio que estar criando uma identidade própria.
Márcio: Nós nunca chegamos na hora de compor e
falar: ‘Precisamos copiar aquela música que o Five Finger Death Punch está
fazendo.’ Não é exatamente isso, porque a gente ouviu, achou bacana e, de
repente, incorporamos alguma coisa disso na nossa música. Eu acho que é mais ou
menos essa a ideia.
RtM: Antes de começarem a gravar as linhas vocais, já com
o instrumental gravado, entrou o Mario Pastore pra ser o vocalista e preencher
as vozes nesse disco. Como rolou esse convite, Mario Pastore, de ter entrado na
banda?
Pastore: Eu estava um dia no Facebook e recebi
uma mensagem do Guto, falando que gostaria de conversar comigo e que eles
estavam com a parte instrumental do CD já gravados, querendo um vocal à altura
pra fazer o trabalho. O Guto fez uma lista de vocalistas e eu estava entre os
primeiros. E como eu sou do ABC Paulista, eles queriam ver a possibilidade de
trabalhar comigo. Eu falei pra ele me mandar umas duas músicas pra ouvir e ver
se combinava comigo. Sentamos pra conversar, ouvi as músicas na hora e gostei do
som, achando que o meu vocal ia se encaixar legal. E ai o Guto foi na Arena
Music, local onde eu dou aula, contando como iríamos trabalhar e que estava
gravando tudo no estúdio do Márcio. E gostei da qualidade do trabalho, porque o
que pega, hoje em dia, não é apenas a banda ser boa, mas a qualidade da
gravação também é importantíssima.
RtM: Você sentiu que realmente era um trabalho profissional e sério.
Pastore: E pra mim foi uma coisa muito bacana! Eu não só comecei a trabalhar no disco, mas também foi um período complicado, porque o falecimento da minha mãe foi após ter gravado o clip e ter gravado duas músicas. E algumas semanas depois, a minha mãe se foi. E eles me ajudaram muito nisso dai, porque foi um apoio moral e de amizade. Ficar falando do passado é besteira, mas passei coisas com bandas, principalmente no Pastore, que me traumatizaram de uma forma muito grande. E eu encontrei outra coisa na Heaviest. Considero o Guto, Márcio, Renato e o Vito como meus amigos não só na parte musical e na hora de trabalhar, mas somos amigos e uma equipe que trabalhamos juntos e se da bem, tanto que o Guto e o Márcio estão trabalhando comigo no novo CD do Pastore. O Márcio vai produzir e o Guto vai ajudar em algumas coisas. Essa semana fizemos um tributo ao Judas Priest e o Iron Maiden para o pessoal de uma rádio argentina. E pra mim a Heaviest está sendo algo gratificante e uma redenção depois de todas as coisas complicadas que eu passei.
RtM: Você sentiu que realmente era um trabalho profissional e sério.
Pastore: E pra mim foi uma coisa muito bacana! Eu não só comecei a trabalhar no disco, mas também foi um período complicado, porque o falecimento da minha mãe foi após ter gravado o clip e ter gravado duas músicas. E algumas semanas depois, a minha mãe se foi. E eles me ajudaram muito nisso dai, porque foi um apoio moral e de amizade. Ficar falando do passado é besteira, mas passei coisas com bandas, principalmente no Pastore, que me traumatizaram de uma forma muito grande. E eu encontrei outra coisa na Heaviest. Considero o Guto, Márcio, Renato e o Vito como meus amigos não só na parte musical e na hora de trabalhar, mas somos amigos e uma equipe que trabalhamos juntos e se da bem, tanto que o Guto e o Márcio estão trabalhando comigo no novo CD do Pastore. O Márcio vai produzir e o Guto vai ajudar em algumas coisas. Essa semana fizemos um tributo ao Judas Priest e o Iron Maiden para o pessoal de uma rádio argentina. E pra mim a Heaviest está sendo algo gratificante e uma redenção depois de todas as coisas complicadas que eu passei.
RtM: E foi uma atitude muito legal por parte de vocês com
o Pastore, que deve servir de exemplo para outras bandas.
Márcio: E só voltando à história: começamos eu e
o Guto a fazer composições e da forma como tudo está no CD. ‘Precisamos de um
baixista’, falamos na época. Dai apareceu o Renato, ele se juntou e se casou
com a banda legal. Nós tínhamos um baterista, que era o Felipe Perini, amigo de
infância nosso também, porque eu e o Guto somos amigos pessoais desde que
tínhamos 7 ou 8 anos de idade, frequentando a casa um do outro. Inclusive, o
Guto foi meu padrinho de casamento, então nós somos amigos desde dessa época.
Mesmo quando a gente não tocava junto, sempre batíamos papo, sempre falávamos
sobre música e sempre saímos juntos com as nossas esposas. Tínhamos o Felipe,
que chegou a fazer alguma coisa com o Pastore, inclusive foi ele que gravou
nosso clip. Por motivo pessoal, ele teve que se mudar pro sul do país. Entrou o
Renato, o Pastore e depois saiu o Felipe. E quando o Felipe saiu, precisávamos
de um baterista bom, e chamamos o Vito Montanaro, excelente baterista, que toca
no Rush Project.
RtM: E foi uma escolha mais do que certa!
Márcio: E ele é uma peça! A gente dá muita
risada com ele. É um puta cara engraçado! Eu lembro que na época que estava pra
colocar o Vito, o Guto estava conversando comigo e com o Márcio, falando assim:
‘Precisamos colocar não só um cara bom, mas sim um cara que seja que nem a
gente, sendo de boa, tranquilo, sossegado e brincalhão.’ E graças a Deus
encaixou bonitinho.
RtM: E banda não é aquela coisa de ensaiar, tocar e fazer
shows somente. Sair um pouco da rotina pra fazer outras coisas é sempre bom.
Márcio: E uma coisa bacana é que, quando termina
o show, saímos pra comer pizza. Não é aquele negócio, tipo: acabou o show,
tchau.
Pastore: E tem ‘n’ bandas que são assim. Eu mesmo
sei de histórias, como toquei com músicos mais conhecidos, de bandas que chegam
pra fazer o show, não se veem e se veem no palco. Quando termina, cada um vai
pro seu lado, sai com seus amigos daqui e outro dali. Isso eu acho lamentável!
Banda é igual casamento! Admiro demais o Marcio tocando, o Guto tocando, o Vito
tocando e o Renato tocando. São músicos muito bons! Tenho uma puta admiração,
compõem muito bem e tem ideias muito boas. Às vezes o Guto ou Marcio vem e
falam: ‘Nós vamos fazer isso dessa forma.’ Em outras bandas eu tinha um
questionamento, mas achava que não ia funcionar. Quando sacam as ideias,
principalmente o Guto, ele faz as coisas assim e vai lançar isso dessa forma.
Eu já viro, como todos eles, e digo: ‘Beleza Gutão! Vai fundo!’ Às vezes o Guto
tem uma ideia de alguma coisa, me manda um Whatsapp e pro Marcio, falando: ‘O
que vocês acham de fazer assim?’ Ai eu dou minha opinião, achando que não está
bom. E ai o Guto vira e fala: ‘Então beleza, vamos fazer dessa forma.’ Não
temos essa coisa de que a minha opinião é a certa e acabou. Conseguimos ter
esse jogo, que é o necessário.
RtM: Respeitando a opinião de todos e sabendo conversar
com um e outro, tende a surgir coisas boas.
Márcio: É interessante esse extinto de
sobrevivência da banda, vamos analisar assim. Lembro, lá atrás, quando eu
tocava com o Guto na primeira formação de uma banda que fazíamos cover. Vamos
supor: aparecia um pedestal e não tinha pedestal pra por prato, e ai o Guto
puxava varal, puxava cordinha e quebrava a baqueta. No quintal de casa, ele ia
lá fora, catava um galho da arvore e fazia baqueta. Esse poder de sobrevivência
reflete até hoje. A coisa funciona, a verdade é essa. E quando tem esse lance
de amizade é muito bacana, formando uma opinião só. Conhecemos muita banda
famosa que tem esses problemas de ego e caras que não se falam, pelo menos é a
história que ouvimos. Acho que isso chega uma hora que limita a banda, por mais
que os músicos sejam bons tecnicamente e façam muitas músicas boas, mas chega
uma hora que fica insustentável, porque uma banda ela não é só música, uma
banda envolve ‘n’ fatores e situações que vou ter que lidar de alguma forma que
vão ter discordâncias. A banda é como se fosse um casamento, todo mundo sabe
disso. Se você casa com sua mulher e você já tem um monte de discordâncias,
imagina com uma banda.
Pastore: E discordância, ela tem que ser saudável,
que haja uma opinião contrária, mas que ela seja colocada de uma forma correta,
educada e não que magoe ninguém. Se for colocado assim, a minha opinião é essa e
por causa disso. E outra coisa é que, quem coloca uma contrariedade, tem que
também ouvir a opinião dos outros. Eu tenho essa concepção desde que comecei a
cantar em banda. Se eu estou errado, não é a minha opinião. E se me apresentar
uma opinião que você está agindo correto, por que vou virar pra você e falar:
‘Não, mas eu que estou pensando assim e acabou.’ Só por discordar do seu ego e
por achar que você é o dono da verdade, não pode ser assim. Vamos supor que eu
diga algo e eles acham que não foi legal, eles podem falar pra mim numa boa que
eu vou escutar, e a mesma coisa
sou eu com eles.
RtM: Discordância, geralmente, sempre acontece. Mas isso
tem que ser levado pelo bem do profissionalismo.
Márcio: Outra coisa interessante, que acho que
está rolando, é o seguinte: decide-se alguma coisa, o resto da banda abraça.
Não tem essa de que: "Ah, não vai fazer do meu jeito, então vou fazer mal
feito." A partir do momento que a banda decidiu tocar, beleza, abraçamos a
causa e vamos pro pau juntos, mas não tem esse negócio de sabotagem, por
exemplo,o Guto fez a música, mas eu não gostei da música que ele fez, então vou
tratar dessa forma e tal. Decidimos, a música vai entrar no CD e vamos deixá-la
show de bola.
Guto: Cortaram só três minhas.
Pastore: (Vários risos) Mentira! Esses caras tem
uma habilidade muito boa pra colocar as coisas e pra compor. Uma coisa que me
chamou a atenção do disco foi exatamente isso, porque quando eu ouvi às músicas
falei: "Caramba, os riffs são muito bons". O mais bacana de tudo é que, depois
que eu entrei na banda, ele falaram pra mim: "Meu, agora você vai ajudar a
compor as linhas vocais e fazer um monte de coisa." Eu sempre achei que uma
banda ela tem que trabalhar dessa forma, e demorei uns 20 anos em banda até
chegar nisso (risos).
RtM: Sobre o processo de composição, como foi arranjar as
músicas e trabalhar nas letras e nas partes instrumentais.
Márcio: Eu já tinha algumas ideias, o Guto tinha
algumas e fizemos um intercambio. Durante a semana, o Guto e eu íamos se
falando, montávamos as ideias e marcávamos um dia da semana pra gente sentar
juntos com os instrumentos pra compor os arranjos e as composições. Até hoje a
banda trabalha assim, o que é super interessante. A gente vai fazer três ou
quatro músicas pro CD do Pastore, monto a estrutura e falo: "Guto, vem aqui pra
casa". Ai ele chega e fala: ‘Olha eu fiz desse jeito, mas se fizermos tal coisa
nessa parte não seria legal?’ Então rolou esse super intercambio. É super
engraçado, porque tem músicas no CD que saiu credito do Guto e tem músicas
minhas que saiu credito também, mas que não é exatamente isso. Na verdade,as
minhas músicas tem 30% das músicas do Guto,e 30% das músicas do Guto tem meus
30%. Não teve nada que o Guto chegasse pra mim e falasse: "Está aqui à música e é
isso". E a mesma coisa foi comigo também, então a gente senta, discute, dá uma
opinião aqui e uma opinião lá. E, claro, foi o primeiro CD. No primeiro CD
ainda não estava o Pastore, o Renato e o Vito compondo. Então o disco, mais ou
menos, ficou pela minha cara e pela cara do Guto, porque foi meio natural e não
foi de propósito esse processo. No segundo CD, que deve sair no primeiro
semestre de 2017, já vai sair alguma coisa um pouco mais abrangente. Já estamos
montando algumas ideias em conjunto, então o segundo CD vai ter uma cara mais
diferente. E, claro, vai ser a Heaviest, porque temos muito claro o que a gente
quer na nossa linha musical. Vai ser a Heaviest sempre, mas já vai ter
elementos vindos mais de fora.
RtM: Falando sobre esse trabalho em conjunto, me fez lembrar
as tradicionais parcerias dentro do Rock, como Paul Stanley e Gene Simmons
(Kiss), Steven Tyler e Joe Perry (Aerosmith), e James Hetfield e Lars Ulrich
(Metallica), que são duplas que não se separam para fazer músicas.
Pastore: Eu, particularmente, acho muito
interessante essa amizade dos dois. Isso beneficia em muito, porque onde já
existe um vinculo, a coisa tende a criar uma forma mais homogênea com todos.E
isso contagia e acaba influenciando todo mundo.
Márcio: E eu vou dizer, pra vocês, que é uma
coisa muito fácil. Primeiro que eu conheço o Guto e temos gostos muito
parecidos, por exemplo, vai ter show do The Winery Dogs e com quem eu vou
assistir o show? Com o Guto, porque a gente gosta do Ritchie Kotzen e do Mike
Portnoy. O SOTO vai abrir o show e, por exemplo, já assisti o show do Jeff Scott
Soto com o Guto, quando o Tribuzy abriu o show na época. Não tem jeito, a gente
gosta das mesmas coisas. A gente gosta muito de gear, instrumentos musicais,
equipamento e não sei o que...E ai aparece uma guitarra bacana e falo: ‘Guto,
olha essa guitarra.’ É o primeiro cara que penso nesses intercâmbios de
instrumentos, porque gostamos de coisas parecidas, como séries de TV e filmes.
Isso é até natural, não saindo nada forçado.
RtM: As amizades duradouras tende a fazer as coisas
acontecerem de forma mais rápida, apesar das ideias mudarem com o passar dos
anos.
Pastore: Mas geralmente as amizades tem esse tipo
de afinidade, gostos parecidos e o jeito de lidar com um e outro.
Guto: Uma vez eu escutei na pós-graduação, não
lembro qual aula era, mas o professor falou que as amizades que você teve na
infância, até hoje, são as pessoas que ainda continuam com o mesmo pensamento.
Tem muita pessoa que você foi muito amigo no passado e que hoje você já não tem
mais essa amizade, porque a sua ideia ou a ideia dele já não é mais a mesma.
Márcio: E eu acho que, o que acabou acontecendo
naturalmente, é que quem entrou depois na banda (Pastore, Renato e o Vito)
também compartilha dos mesmos gostos e das mesmas visões. Não é aquela coisa de
eu fazer um Dó Ré Mi com os caras no estúdio (modo de dizer) e a gente usar as
mesmas notas no instrumento, mas na hora que saiu do instrumento eu gosto disso
e o cara gosta daquilo, totalmente oposto. Eu penso nisso e o cara pensou
totalmente oposto! E ai não tem como, os caras tocam juntos e tal, mas que não
tem esse lance do dia-a-dia. Não vou ser o cara que vai chegar e acordar
falando que fiz um riff e vou mandar pro Guto pra ver se ele gosta. Não vai
acontecer isso, ele vai continuar fazendo as coisas dele. E como os outros não
têm nada com ninguém, cada um vai fazer as suas coisas, formando essa coisa
bacana que resultou na Heaviest.
RtM: Você, Pastore, vem de uma escola mais tradicional, como Iron Maiden, Judas Priest, Queensrÿche e Helloween. A Heaviest ela coloca essas influências também, mas só que para o lado mais moderno e atual. Da sua parte, teve algum tipo de estudo e adaptação para as músicas?
Pastore: Na verdade eu não precisei, porque apesar dessa minha escola mais tradicional, o primeiro disco que eu gravei na
minha vida, o Acid Storm, foi Thrash Metal. As influências da época, além do
Iron Maiden, Queensrÿche, Judas Priest e etc., era Forbidden, Testament,
Pantera e Slayer. Não teve dificuldade nenhuma pra mim, porque o meu estilo de
voz tem uma versatilidade grande, então eu consigo transitar de uma coisa mais
visceral e mais porrada pra uma coisa mais melódica. É claro que eu escutei as
músicas e me concentrei pra cantar da forma que a composição pedia, mas não foi
difícil.
Márcio: Pra nós também foi surpreendente. A
primeira música que o Pastore gravou foi “Nowhere”, porque a gente precisava
que ele cantasse essa música. Surpreendeu até a gente, porque estamos acostumados
o ver cantando mais agudo. E ai ele vem e faz outro personagem, vamos dizer
assim. (risos) Nesse ponto foi bacana e casou-se com o estilo. Em cinco ou dez
minutos, a música já estava pronta, facilitando pro disco sair logo.
RtM: E quando eu ouvi a música pela primeira vez, fiquei
surpreso com sua forma de cantar agressivamente, colocando o que a música pedia
através da sua linha vocal.
Pastore: E eles mandaram a música pra mim
falando: "Pô Marião, você tem que gravar essa de prima". Na hora que eu ouvi,
falei: ‘Cara, deixa estudar pra ver como eu vou cantar isso dai.’ E eu, ainda
na casa da mãezinha, colocava a música e soltava a "guela". Bom, a linha vocal é
essa daqui. E ai não deu outra, gravei rapidinho e ficou do caramba! E foi a
música que deu nome ao disco.
Guto: Falando da composição do CD, já
começamos a preparar um novo CD pra 2017, mas o “Nowhere” ainda tem muito que
acontecer. A turnê dele só vai acabar quando a gente lançar outro CD lá pro
meio do ano que vem. O próximo show, que estamos preparando, incluirão alguns
covers pra dar uma diferenciada, mas o “Nowhere” ainda vai embora.
Márcio: Inclusive o “Nowhere” tem uma novidade
aqui no Brasil, que já não é tão mais novidade, mas quando recebemos o convite
pra fazer o lançamento do CD mundialmente, pela PowerProg, foi super
interessante, sendo até um teste pra gente. Particularmente, eu sou muito
orgulhoso do trabalho que fizemos no “Nowhere”. E quando surgiu o convite da
PowerProg pra lançar o disco lá fora, surgiu a seguinte questão: vocês
precisam lançar mais duas músicas como bônus-track. Lançamos o CD aqui no
Brasil no final de agosto e o lançamento mundial foi no dia 24 de outubro, um
dia depois da gig do show de lançamento do CD, então teve esse intervalo
praticamente de dois meses. E ai o cara da gravadora chegou e falou: ‘Legal,
mas só que vocês precisam me mandar mais duas músicas bônus pra gente lançar
como diferencial para o pessoal daqui poder comprar.’ Quando eu fui perguntar
até quando era pra mandar, se não me engano foi num sábado ou no domingo, o
cara falou que era para mandar até sexta feira.
RtM: Um prazo bem apertado! E vocês já tinham algo?
Márcio: Na hora eu falei: ‘Puta, temos 5 dias pra gente fazer música nova. Será que virá coisa boa ou vamos fazer alguma coisa só pra preencher espaço?’ Muito pelo contrario, fizemos uma música nova chamada “The Mob Inside Me”e a versão acústica da “Finding a Way”, mas como música nova foi a “The Mob Inside Me”, que foi feita entre três ou quatro dias. E foi um teste de fogo, falando: ‘Puta, será que virão ideias novas?’ Eu acho que foi legal! Eu, particularmente, tive um pouco dessa preocupação, pois fizemos uma porrada de riffs legais, mas será que esgotou? Na hora que veio a “The Mob Inside Me”, falei: ‘Opa! Luzinha no fim do túnel.’ E agora que estamos começando a brincar com algumas coisas, já está saindo muita coisa bacana e ideias bem legais, então estamos bem sossegados. Ainda tem muita coisa pra acontecer com o “Nowhere”, já teve muita coisa que aconteceu, muita coisa legal e muita coisa surpreendente, mas tem muita coisa ainda pra acontecer. Estamos programando uma turnê na Argentina e no Chile, lá pra agosto, setembro e, no máximo, comecinho de outubro. E tem bastante coisa pra acontecer aqui no Brasil também, inclusive, dia 30 de abril, vamos retornar ao Gillan’s Inn com um show mais completo e mais comprido, com música nova e alguns covers que queremos fazer homenageando as bandas que influenciaram o “Nowhere”, já com a banda mais consolidada e mais ensaiadinha. Esse show está prometendo bastante, junto com uma banda legal, que é o Rexor. E também vamos abrir para o Warrel Dane(seria dia 21 de abril, feriado, o show foi adiado e aconteceu dia 25/05), em São Bernardo do Campo.
RtM: Um prazo bem apertado! E vocês já tinham algo?
Márcio: Na hora eu falei: ‘Puta, temos 5 dias pra gente fazer música nova. Será que virá coisa boa ou vamos fazer alguma coisa só pra preencher espaço?’ Muito pelo contrario, fizemos uma música nova chamada “The Mob Inside Me”e a versão acústica da “Finding a Way”, mas como música nova foi a “The Mob Inside Me”, que foi feita entre três ou quatro dias. E foi um teste de fogo, falando: ‘Puta, será que virão ideias novas?’ Eu acho que foi legal! Eu, particularmente, tive um pouco dessa preocupação, pois fizemos uma porrada de riffs legais, mas será que esgotou? Na hora que veio a “The Mob Inside Me”, falei: ‘Opa! Luzinha no fim do túnel.’ E agora que estamos começando a brincar com algumas coisas, já está saindo muita coisa bacana e ideias bem legais, então estamos bem sossegados. Ainda tem muita coisa pra acontecer com o “Nowhere”, já teve muita coisa que aconteceu, muita coisa legal e muita coisa surpreendente, mas tem muita coisa ainda pra acontecer. Estamos programando uma turnê na Argentina e no Chile, lá pra agosto, setembro e, no máximo, comecinho de outubro. E tem bastante coisa pra acontecer aqui no Brasil também, inclusive, dia 30 de abril, vamos retornar ao Gillan’s Inn com um show mais completo e mais comprido, com música nova e alguns covers que queremos fazer homenageando as bandas que influenciaram o “Nowhere”, já com a banda mais consolidada e mais ensaiadinha. Esse show está prometendo bastante, junto com uma banda legal, que é o Rexor. E também vamos abrir para o Warrel Dane(seria dia 21 de abril, feriado, o show foi adiado e aconteceu dia 25/05), em São Bernardo do Campo.
RtM: E de onde surgiu o nome Heaviest?
Guto: Lá no meu trabalho, tem um colega que
gosta de Heavy Metal, e falei: ‘Cara, preciso de um nome. Fala um ai.’ ‘Ah,
Heaviest’, falou ele. ‘Está bom, gostei’, falei. Depois de uma semana, passei
mais uns dois nomes, mais ai foi unânime quem estava na época, falando que o
nome tinha que ser Heaviest, mesmo.
Pastore: E é um nome bem direto. HEAVIEST!
Márcio: É um nome que pode sugerir alguma
prepotência, mas na verdade é uma brincadeira. Eu penso bastante no nome, e
falo que é Heaviest do que a gente fez antes. Eu e o Guto tínhamos uma banda de
Heavy Metal mais tradicional e hoje ela é mais pesada, então pra gente é o
Heaviest que conseguimos fazer. Nunca perguntaram isso pra gente em entrevista,
bastante interessante.
RtM: Falando sobre as letras, o que ela retrata? Tem
algum conceito especifico por trás do disco?
Marcio: O Guto no “Nowhere” foi o letrista e o vocalista
substituto, vamos chamar assim, porque foi ele que fez as melodias vocais
(risos). Basicamente, foi o Guto que fez as melodias, não entendo muito disso, mas
falamos sobre coisas do dia-a-dia, coisas do cotidiano, coisas de tropeçar aqui
e levantar ali, as coisas de você ser enganado e ter forças pra enxergar que
nem todo mundo vai te enganar. Algumas coisas também, que estava falando pra
você, sobre o que nos gostamos, como séries de TV, por exemplo, “Buried Alive”
é sobre uma série, “The Mob Inside Me” é sobre uma série, chamada Lily Hammer,
no Netflix, que era uma coisa que estávamos curtindo na época.
Guto: A própria “Ressurection” fala sobre uma
série também. Quer entender duas músicas do CD, assista o primeiro capitulo da
Ressurection, a série. Aliás, eu tenho vontade de mandar pra Fox, que se não me
engano foi a produtora que fez a série, pra por a música na abertura. E a “The
Mob Inside Me”, que é baseado na série Lily Hammer.
Márcio: Você pega, por exemplo, a “Nowhere”, que
foi uma letra que eu escrevi no sentido de ser uma superação pessoal e uma
questão de você não estar sabendo pra onde você vai, mas que de repente você
acha alguém que te ajuda a empurrar.
Guto: Na verdade são temas diversos. Tem hora
que fala de amor, na música “Finding a Way”, e assim vai.
RtM: Cada música tem um clima diferente, mas não deixando
o peso de lado em momento algum.
Márcio: Você sabe que, nesse CD, não relaxamos, nos preocupamos bastante com a parte instrumental e técnica. Fomos
encaixando os vocais conforme a música pedia, porque algumas bandas compõem ao
contrário. Vamos falar sobre tal tema, sobre tal letra e encaixar a música
assim. Na verdade, fizemos um pouco ao contrário. Como eu e o Guto somos
guitarristas, a primeira coisa que a gente vai pensar em fazer quando vamos
compor é o riff da guitarra. Não vai ser nada em cima de um tema e desenvolver
uma música em cima dela.
RtM: Tanto os vocais, guitarras e a parte rítmica do CD
atraíram bastante gente, graças ao peso e o groove extraídos de ambos. A
proposta foi sempre baseada nesse caminho?
Márcio: Com certeza. Sempre girou em torno dessa
ideia. A parte de pós-produção, foi eu e o Guto que fizemos, e fizemos questão
também de fazer a mixagem e a masterização. E quando terminei, eu ouvi e
falava: ‘Gente, isso aqui ficou primoroso'. Five Finger Death Punch, por
exemplo, lançou o CD mais ou menos junto com a gente e você fala: ‘Puta merda, olha
onde esses caras já estão'. Nos preocupamos, sim, desde o começo com um som pesado,
grooveado e uma coisa mais ritmada. Tivemos a preocupação de fazer refrões que
fossem cantáveis, que você ouvisse e se identificasse com a música. E é super
interessante. Eu falo sempre que tenho muito orgulho do CD, porque recebemos
muito feedback. Eu acho que, a música que acabou não saindo o clip, já tem até
ideia de fazê-lo, por isso que o Guto falou e tem razão: não está fechado esse
clico do “Nowhere”. É capaz de sair algum clip novo ou alguma coisa nova, por
exemplo, a “Betrayed”, que acabou sendo a música hit, mas a gente não se propôs
a fazer o clip pra ela. E ai tem gente que fala: ‘Puxa, eu gosto da “Land Of
Sin”, que é mais porradona.’ Um monte de gente, lógico, gosta da “Finding a Way”,
que é uma balada. Muita gente gosta da “Crawling Back”, muita gente gosta da “Nowhere”...
O CD ficou muito legal nesse ponto.
Pastore: Até aquele esquema do ‘lyric-video’, que
em minha opinião, deveria ser a “Crawling Back”, porque essa música é muito
porrada.
RtM: O legal é que não é só uma música que é citada, sinal que o CD todo é muito forte.
RtM: O legal é que não é só uma música que é citada, sinal que o CD todo é muito forte.
Márcio: A música que fizemos um ‘lyric-video’, a
“Torment”, é uma música que eu particularmente adoro! Meu pai, por exemplo, é
um fã de Heavy Metal e aprendi a curtir Metal com ele, e ele começou ouvindo a “Betrayed”,
depois a “Crawling Back” e hoje ele fala que a música favorita dele, do
momento, é a “Ressurection”. E isso foi pensado desde o começo, pois pegamos
cada música com carinho. Não foi aquele negócio, tipo: ‘Puxa, tem 5 músicas
boas, vamos fazer mais 5 ou 6 só pra terminar o CD?’ Cada uma foi pensada
passo-a-passo.
RtM: Tem momentos que são mais rápidos e cadenciados,
tendo uma balada no meio e tudo mais. Quais as músicas que vocês destacariam
para o cara que ainda não conhece a banda?
Guto: Eu faria uma pergunta antes, porque se
você pegar uma pessoa, que gosta de algo mais porrada e mais tradicional, eu ia
mandar ouvir “Crawling Back” e “Land Of Sin”. Agora uma pessoa que ouvi algo
mais grooveado e meio que na linha do Adrenaline Mob, eu ia mandar escutar “Betrayed”,
“Decisions” e “Buried Alive”. E a gente percebe que, a pessoa que gosta de um
som mais porrada, ela se identifica mais com essas músicas. Acabamos dividindo
dessa forma, mas não tem nenhuma música que caracteriza a Heaviest. Eu ia
mandar ouvir “Nowhere”, pronto.
Márcio: Se o cara gosta do Heavy Metal
tradicional, eu acho a “Time” a mais tradicional de todas.
RtM: Aquilo que falamos agorinha...tanto o ouvinte quanto vocês acabam citando vária músicas.
RtM: Aquilo que falamos agorinha...tanto o ouvinte quanto vocês acabam citando vária músicas.
Pastore: As minhas preferidas do disco, as que
mais gosto, são: “Crawling Back”, “Time”, “Land Of Sin”, “Nowhere” e a “Finding
a Way”. Talvez pela forma que eu cantei nessas músicas, eu acho que o vocal se
destaca mais nas passagens do que as outras, mas, pra mim, todas as músicas são
boas.
Márcio: Quer entender um pouco sobre a Heaviest,
eu colocaria “Nowhere” e “Betrayed”, porque são as duas músicas pra dar aquele
primeiro momento, dizendo: ‘É mais ou menos isso a Heaviest.’ E ai depois a
pessoa vai ouvir uma música e outra, uma balada e uma música mais grooveadona,
como a “Decisions”, e uma música mais rápida, como a “Land Of Sin”. Tem aquela
coisa mais Pantera, até pelo vocal do Mario, na “Crawling Back”. Na verdade,
houve de tudo.
RtM: O fato de vocês também, Marcio e Guto, terem
produzido o disco por conta própria ajudou a deixar o disco soando como vocês
queriam, tendo estúdio e tempo para trabalhar com calma?
Márcio: Tivemos todo tempo do mundo. (risos) Na
verdade, o Daw Digital Audio Workstation, que é o software que usamos pra fazer
toda a gravação dele e organizar toda a música, registrou 237 horas. Isso
quando a gente reinstalou o Daw, porque começamos trabalhando com outro
software, que inclusive foi o Guto que sugeriu, chamado Ripper, que gosto
muito. Só no período de Ripper, que foi no Daw, registrou 237 horas no meu
computador. Estamos falando de oito horas por dia, mas estamos falando de 30 dias
seguidos, trabalhando 8 horas por dia só no meu Home-Studio lá na minha casa.
Isso ajudou bastante! Quando você está gravando num estúdio grande é claro que
você tem algumas vantagens, porque eles têm muito mais equipamento, muito mais
acesso, muito mais tempo que a gente e estudaram muito mais essa parte. Eu
tenho um emprego e o Guto tem o emprego dele, temos as nossas limitações, mas
isso ajudou sim, porque a vantagem de ter feito dessa forma foi que tivemos
tempo de fazer do nosso jeito. A desvantagem de um estúdio grande é que o cara
faz isso o dia inteiro e não está preocupado com o seu trabalho, então se você
contratou dois dias pra fazer mixagem e masterização, tem que sair em dois dias
a mixagem e a masterização. Eu e o Guto tivemos essa vantagem pelo seguinte:
‘Gutão, é isso! Pega o seu CD e vem aqui final de semana pra conversarmos se é
isso mesmo.’E de repente, lá frente, a gente fala: ‘Achei que isso ficou muito
grave no geral’, então podíamos reabrir as músicas e dar o trabalho que a gente
queria nelas, até que chegamos falando: ‘É isso!’
Guto: É um risco alto, porque a gente confiou
no nosso trabalho. E a gente é meio atirado nesse ponto, não tenho medo de nada não.
Se precisar fazer, a gente faz.
RtM: vocês acreditaram na ideia de vocês, sem ter algum
produtor que orientasse a melhorar isso e aquilo.
Márcio: E isso é bom, até pra você ganhar
experiência. Outro dia estava vendo a entrevista de um produtor falando que as
coisas que estão na moda, como Katy Perry, Beyonce e Adele, soam tudo
igual. E eu acho que ele tem razão. Eu
juro pra você que, quando estou ouvindo som, não sei se é a Christina Aguilera,
porque soa tudo igual. Por quê? Porque existem 5 ou 6 produtores do mundo hoje
que dominam a música Pop, então vai soar parecido de alguma forma. Nesse ponto,
eu acho a auto-produção vantajosa. Talvez podia ter uma coisinha que podia
fazer diferente, mas o CD soa do jeito que a gente quis. Inclusive eu sou muito
orgulhoso, porque eu gosto muito do resultado do CD. Pode ter alguém que ouça e
fale assim: ‘Faltou tal frequência aqui pra ouvir’, mas foi o que a gente
idealizou a fazer. E particularmente, sou muito orgulhoso desse trabalho.
RtM: Terminando esse ponto, chegando na parte de lançamento
do CD. Logo de cara, muita gente se surpreendeu com a qualidade de vocês, vindo
resenhas satisfatórias uma atrás da outra e entrevistas para as duas rádios
mais importantes de SP. Para uma banda que não tem nem um ano, isso não é
normal. Esse grande feedback chegou a causar um certo espanto pra vocês?
Márcio: A mim, surpreendeu muito, porque não
estava acostumado com esse tipo de receptividade, já o Pastore é mais
acostumado a gravar CD e esses tipos de coisas assim. Eu lembro quando o Guto
me mandou a resenha do Jeff Legg, do Metal Temple, que foi a primeira resenha
internacional e o cara dando nota máxima, veio aquele negócio de cair à ficha,
falando: ‘Caramba, fizemos algo que chegasse a algum lugar.’E é um barato isso
dai, porque você está produzindo e fazendo alguma coisa que está soando bem,
mas você não sabe como vai ser a recepção lá fora e você não sabe como vai soar
pros outros no outro lado. E foi da água pro vinho aquele momento de você estar
fazendo alguma coisa na garagem da sua casa, vamos dizer assim, e ai de repente
um cara dos EUA fazendo uma resenha num site respeitadíssimo falando do seu
trabalho. E além de tudo, falou super bem do disco. Nesse ponto, me surpreendeu
bastante.
Guto: Estamos ai com o CD há seis ou sete
meses e aconteceu muita coisa boa. É um trabalho que não é fácil, porque
conquistar cada fã é um trabalho de formiguinha. Então a receptividade está
crescendo, a galera tem curtido no Facebook e a quantidade de views no Youtube só
aumentando, mas o mais legal é que existe uma galera que está começando, apesar
de termos feitos alguns shows, a se tornar fiel às nossas apresentações. E eu
acho que isso agrega bastante, porque são essas pessoas que ajudam a banda indo
nos shows, comprando camiseta, comprando o CD e comentam o nosso trabalho. Não
tem como estourar de uma hora pra outra, a não ser que você monte um Wesley
Safadão, Backstreet Boys, Boy Bands e essas coisas assim, mas no Heavy Metal
você tem que vir chegando.
Pastore: Eu acho o fantástico tudo o que aconteceu!
E é o que o Guto falou, é um trabalho de formiguinha, temos que ir trabalhando,
galgando mais degraus e assim vai.
RtM: Após lançamento do disco, vocês fizeram um show de estreia, em outubro no ano passado, no Gillan’s Inn, tendo, pelo que fiquei sabendo, lotação máxima na casa. Como vocês sentiram essa experiência, como soaram as músicas do “Nowhere” ao vivo?
Guto: Pra ter a casa cheia, foi um trabalhão,
porque teve toda uma divulgação difícil e trabalhosa pra todos nós pra
conseguir encher a casa, mas a gente viu que, quem foi, foi pra escutar a banda
mesmo. E o feedback que a gente recebeu foi muito legal, com muito amigo meu
falando que ficou igual ao que está no CD. Deu tudo certo, nada deu errado!
Imprevistos sempre acontecem e vai acontecer, isso é comum. Você vê em shows
grandes, por exemplo, a mesa de som do Metallica queimou no Rock In Rio, ano
passado. Quanto menor o show, mais sujeito a isso vai estar, mas graças à Deus
deu tudo certo, não falhou nada e todo mundo tocou super bem. E, claro, tinha
uma certa ansiedade e um nervosismo, mas depois da primeira e segunda música,
isso se tornou em suor.
Márcio: Na verdade, foi uma grande festa, porque
foi parente, foi irmão e familiares. E bastante gente já tinha comprado o CD.
RtM: Pessoal já foi ao show já com as músicas e as letras
memorizadas na cabeça.
Márcio: E foi um barato! Uma hora estava tocando
num canto, e daqui a pouco você olha os caras cantando as suas músicas, tipo:
‘Ué, que loucura é essa?’ Eu que sempre fiz bastante cover, é normal você ver
gente cantando, por exemplo, Aces High, do Iron Maiden, e Sad But True, do
Metallica, mas ver alguém cantando a sua música é super emocionante.
Pastore: Quando eu cheguei ali, vi toda aquela
galera animada com as camisetas da banda e cantando as músicas. Quando eu
cantei o refrão da “Finding a Way”, todo mundo cantou junto comigo e todo mundo
mandou ver. (N.T.: nesse momento, o Mario cantou um trechinho da música).
Márcio: E depois que teve o lançamento do CD,
bastante gente me adicionou no Facebook, e de repente você conhece essas
pessoas na hora no show, falando que vieram pra assistir a gente. Foi uma
confraternização bem legal, porque encontramos bastante amigo antigo que não
víamos há tempos e que foi lá pra prestigiar a banda.
RtM: Dois meses depois, vocês abriram o show do Dr. Sin
em São Bernardo do Campo também.
Márcio: Sim. E foi muito bacana! E também foi
casa cheia! A gente chegou lá e falamos assim: ‘A casa está cheia por causa do
Dr. Sin.’ Não estou dizendo que estivesse cheia somente por causa do Dr. Sin, mas teve
bastante gente pra ver a Heaviest também. Percebemos bastante gente cantando as
músicas, bastante gente comprando o CD pedindo pra autografar...
RtM: E vocês são conterrâneos, tocando na cidade onde a
maioria da banda reside, exceto o Pastore, que mora em São Caetano do Sul.
Márcio: Verdade! (risos) Estávamos na nossa
área! E bastante gente veio falar conosco falando que achou a banda muito
legal. Muita gente foi ver o Dr. Sin, e depois vieram dar um feedback pra gente falando: ‘Puxa, não conhecia vocês... Estou conhecendo hoje.’ E como o
Guto falou, é um trabalho de formiguinha, onde o cara conheceu a gente lá
porque foi assistir o Dr. Sin, abrindo o show pra banda, e de repente vamos
tocar em outro lugar e o cara fala: ‘Olha, essa banda é sensacional. Vamos lá
assistir?’ E ai chama o amigo, vai lá e conhece a gente. É uma coisa que
acontece com um tempo.
RtM: Inclusive você, Guto, abriu um show pro Dr. Sin
quando você tocava na Ready Mades, correto?
Guto: Sim! Abri um show pro Dr. Sin quando eu
tinha a Ready Mades, inclusive no lugar que nos fizemos um show no mês passado,
no Clube Okinawa, há exatamente 20 anos atrás.
RtM: Lembrando agora, você gravou o show do Dr. Sin, com
a câmera somente para o Edu Ardanuy, dando esse documento histórico pra
ele guardar de lembrança. (risos)
Guto: Engraçado né? (vários risos) Eu entreguei pra ele e falei: ‘Está ai Edu, só você tocando.’ (risos)
Guto: Engraçado né? (vários risos) Eu entreguei pra ele e falei: ‘Está ai Edu, só você tocando.’ (risos)
Márcio: Quando o Guto fez esse vídeo, foi quando
a Ready Mades abriu pro Dr. Sin, inclusive eu já fiz parte da banda e sai um
pouco antes desse show. E foi um barato o Guto ter gravado ele lá, que de
repente, apesar do Guto de ter tido essa experiência, de estar ao lado dele, há
dois meses atrás, batendo papo sobre instrumentos musicais, guitarras,
amplificadores e essa coisas. É um baita orgulho isso dai! E isso aconteceu
graças ao que a Heaviest conquistou até agora, de você estar no camarim junto
com o Edu Ardanuy e sentado no lado dele batendo papo, não sendo aquele
negócio: ‘Ah Edu, posso tirar uma foto?’ Simplesmente ele estava sentado lá,
representando a Kemper, que é uma empresa de efeitos, e de repente você está
sentado conversando com ele falando sobre guitarra, afinações e esses tipos de
coisa.
RtM: Após ter encerrado o show da Heaviest no Gillan’s
Inn, o Pastore fez uma postagem no Facebook falando que recebeu elogio, tanto
pra banda e como pra ele, de uma lenda do Rock nacional, nada menos que o
Oswaldo Vecchione Jr., da Made In Brazil. Foi isso mesmo?
Pastore: Sim! E foi fantástico! Eu acho que a
Made In Brazil tem uma história no Rock nacional inquestionável. E eles são
lendas mesmo, principalmente o Oswaldo. E quando terminou o show da Heaviest,
eu vi ele sentado, cheguei perto dele brincando (N. do R..: Pastore faz um movimento de reverência), e ai ele levantou, me abraçou e falou: ‘Cara,
parabéns! Que show e que banda! Você canta muito!’ E ai conversei com ele
falando: ‘Olha Oswaldo, eu sou fã da Made In Brazil, sou teu fã e você, pra
mim, é uma lenda viva dentro do Rock nacional.’ Ele foi muito atencioso! E realmente ele fez esse elogio, fiquei muito emocionado com isso.
RtM: Chegando aos momentos finais da entrevista, o que
agregou de melhor pra vocês após todo esse ganho que a Heaviest teve durante
esse período de lançamento do “Nowhere”?
Pastore: O que agregou é o seguinte: nasceu uma
banda nova, dentro do Metal brasileiro, num tempo recorde. E pra gente está
sendo gratificante já ter lançado um trabalho tão bacana, feito com todo
carinho, amor e profissionalismo, como a gente procura a fazer. E estou hiper
feliz com a banda, não tenho nem o que falar. Estou hiper contente com a banda,
das pessoas que estão comprando e gostando do disco. É isso ai, vamo que vamo!
Márcio: Pra mim, é tudo, mais ou menos, ainda
novo. Por mais que eu tenha tocado em várias bandas, nenhuma tinha chegado tão
perto da repercussão da Heaviest. E foi tudo muito rápido! E aquilo que eu
estava te falando: estamos mandando prensar o CD e a primeira coisa que
acontece é estar sentado no lado do Andreas Kisser (guitarrista do Sepultura),
que é outra cara que, pra mim, é lenda. Você estar sentado no lado do cara,
numa rádio do tamanho da 89 Fm, dando uma entrevista num domingo a tarde, ao
vivo, pro Andreas Kisser, no começo até fiquei meio assustado! Minha esposa até
brincava falando: ‘Eu não quero perder meu marido!’.
RtM: A sensação de que o trabalho de anos valeu a pena, bastante coisa acontecendo!
Márcio: E agora como músico, é muito bom trabalhar com o Guto. O Guto me puxa pra cima! De vez em quando o pessoal brinca falando assim: ‘Ah, é bom ter um cara jogando muita bola, porque força a gente querer a jogar bola igual o cara'. O Guto é esse cara da guitarra pra mim, então ele me puxa pra cima. (N.T.: Guto dando risada na hora) A maioria dos solos da “Nowhere” são do Guto. E quando o solo termina, eu falo pra ele que queria ter feito o solo. E isso é bom, pra mim, como músico, a querer sempre mais. A mesma coisa na hora que entrou o Pastore, falando assim: "Caramba, eu nunca trabalhei com um cara que chegasse perto desse talento". E isso acaba criando uma responsabilidade pra que você seja um músico a altura. E da mesma forma, isso aconteceu com o Renato e o Vito Montanaro, que é um excelente baterista, assim como o Renato, que é um excelente baixista, também. E está sendo muito bom, dando-me uma responsabilidade de falar assim: ‘Vai ter show? Vai! Então eu preciso tocar, porque eu sei que os caras vão fazer a parte deles'. E essa repercussão de rádio, resenhas e entrevistas para Web-TV, é tudo muito novo. E eu estou curtindo bastante conhecer gente nova e gente de outras bandas como, por exemplo, o pessoal do King Of Bones e o Hevilan, do Johnny Moraes, que é gente finíssima. Inclusive, o Johnny Moraes e o pessoal da Hevilan vão trabalhar no novo CD do Pastore que a gente está produzindo. Então vai ser legal trabalhar com esses caras.
RtM: A sensação de que o trabalho de anos valeu a pena, bastante coisa acontecendo!
Márcio: E agora como músico, é muito bom trabalhar com o Guto. O Guto me puxa pra cima! De vez em quando o pessoal brinca falando assim: ‘Ah, é bom ter um cara jogando muita bola, porque força a gente querer a jogar bola igual o cara'. O Guto é esse cara da guitarra pra mim, então ele me puxa pra cima. (N.T.: Guto dando risada na hora) A maioria dos solos da “Nowhere” são do Guto. E quando o solo termina, eu falo pra ele que queria ter feito o solo. E isso é bom, pra mim, como músico, a querer sempre mais. A mesma coisa na hora que entrou o Pastore, falando assim: "Caramba, eu nunca trabalhei com um cara que chegasse perto desse talento". E isso acaba criando uma responsabilidade pra que você seja um músico a altura. E da mesma forma, isso aconteceu com o Renato e o Vito Montanaro, que é um excelente baterista, assim como o Renato, que é um excelente baixista, também. E está sendo muito bom, dando-me uma responsabilidade de falar assim: ‘Vai ter show? Vai! Então eu preciso tocar, porque eu sei que os caras vão fazer a parte deles'. E essa repercussão de rádio, resenhas e entrevistas para Web-TV, é tudo muito novo. E eu estou curtindo bastante conhecer gente nova e gente de outras bandas como, por exemplo, o pessoal do King Of Bones e o Hevilan, do Johnny Moraes, que é gente finíssima. Inclusive, o Johnny Moraes e o pessoal da Hevilan vão trabalhar no novo CD do Pastore que a gente está produzindo. Então vai ser legal trabalhar com esses caras.
RtM: O Heavy Metal, recentemente, perdeu grandes nomes
como Lemmy Kilmister, do Motörhead, David Böwie, Jimmy Bain, que era baixista
do Dio e do Rainbow, e, recentemente, o tecladista Keith Emerson, do Emerson,
Lake & Palmer. Como vocês estão enxergando o futuro do Heavy Metal tanto em nível mundial como nacional?
Guto: Eu vou fazer uma analogia igual a uma
empresa: você tem pessoas que passam o seu ciclo, mas você tem que dar
oportunidade pra cara nova. A gente não pode ter essa mentalidade que, a pessoa
que está chegando agora, é ruim ou não faz algo tão bom quanto. E pra mim é
tudo cíclico. Tem muita banda, tem muita banda boa! É lógico que faz falta, é
primordial, mas deixou seu legado. O Heavy Metal não vai acabar!
Márcio: Eu acho que da um pouco de impressão é
que o pessoal fala que, o Heavy Metal, não é mais o mesmo. O Heavy Metal não está
em evidencia na mídia, passou esse período normal. E é exatamente o que o Guto falou, o Heavy Metal não vai acabar. Eu também acho que tem tanta banda fazendo
coisas boas, você pega o In This Moment, e fala: ‘Caramba, quando que eu ia
pensar num Metal desse jeito?’ E os caras estão fazendo isso, que quem goste ou
não, estão fazendo alguma coisa diferente. Referencia total a todo mundo que
fez essas grandes bandas, por exemplo, o Lemmy. O Lemmy era o Rock em pessoa!
Era o cara que, até o ultimo dia da sua vida, bebia uma garrafa de Jack Daniel’s.
Era o cara que representava, como o Keith Richards, por exemplo.
RtM: E mesmo doente, o cara estava ali em cima do palco
fazendo o que amava.
Márcio: Exatamente! É que nem o Guto falou: isso
é cíclico, a gente tem que lamentar esses caras morrendo, mas a gente não pode
só ficar olhando pra trás também. Ficarmos só olhando pra trás nunca vai
aparecer nada novo na nossa frente. Eu sou um cara super otimista e gosto
bastante das coisas novas que estão surgindo. As bandas novas são revolucionadas
como foi, por exemplos, os Beatles e os Rolling Stones? Não, não são, porque
era outro momento e outra coisa.
Guto: Até deixando mais leve o assunto, você
não vai ter um Bon Jovi e um Black Sabbath de novo, porque aquilo era o momento
daquilo.
Marcio: Tem espaço pra um Slash hoje? Eu acho
que não tem mais, porque o Slash veio como o último ‘guitar hero’, mas você vê,
por exemplo, como o Joe Bonamassa toca hoje e fala: ‘Meu, onde vai parar a
guitarra?’ Hoje a molecada, com todo respeito, que está ouvindo o Andy Timmons
ou sei lá quem, de repente não quer mais aquele cara com a postura do Slash. E
ai só porque não existe mais aquele guitarrista com a postura do Slash que não
existem mais guitarristas bons? Existe um monte! Eu acho que tem muita coisa boa
pra mim, particularmente. Eu ouço muita coisa nova e tem muita coisa boa
acontecendo, principalmente aqui no Brasil.
RtM: Estamos chegando ao meio do ano somente, e acredito que
2016 promete muito para o Heavy Metal, tanto aqui como lá fora.
Guto: E eu tenho certeza que, um dos CDs do
ano, vai ser o do Pastore e do King Of Bones. O Hevilan, se eu não me engano,
vai lançar CD novo também...
Márcio: E é uma pena uma banda como o Dr. Sin
acabar, você não sabe como eu fico triste. É sacanagem não falar de Sepultura,
mas, pra mim, o “Brutal” (1995) é um dos melhores discos de Heavy Metal
nacional de todos os tempos. Eu acho sensacional em todos os sentidos: o Andria
está cantando pra caramba, o Ivan está tocando pra caramba e o Edu está
inspiradíssimo naquele disco. O Edu, pra mim, é inspiração total. Não ficar
falando que o Dr. Sin morreu e não tem mais nada que presta. Muito pelo
contrario, tem muita coisa boa, como o Project46, Hibria...
RtM: Outra coisa que está acontecendo é a destinação de
músicos brasileiros tocando fora do Brasil, por exemplo, o Kiko Loureiro, no
Megadeth. E também músicos de fora vindo pra cá, como o Fabio Lione, no Angra,
o Magnus Rosen (ex-Hammerfall) no Shadowside e o Warrel Dane com os músicos
daqui.
Márcio: Você pega um baterista, por exemplo, do
nível do Aquiles Priester. Ele perde pra quem? Não é uma competição, estamos
falando de música, mas é um cara que poderia tocar em qualquer banda. Tem muita
coisa acontecendo aqui e fora do Brasil.
Guto: A banda do SOTO tem dois brasileiros,
como o BJ e o Edu Cominato. E o guitarrista, do Adrenaline Mob, agora é
guitarrista da Noturnall, o Mike Orlando. O guitarrista que entrou agora no
Rage é da América Latina, o Marcos Rodríguez. E isso prova que não estamos
perdendo pra ninguém , essa é verdade.
Márcio: Eu acho que tem muita coisa nova
acontecendo. Eu sou um eterno otimista! Quem vive de passado é museu, como
diria o velho ditado. É claro que eu não vou ficar a minha vida inteira ouvindo
Metallica. Eu acho o Metallica a melhor banda de Heavy Metal que já existiu. Se
eu fosse escolher a melhor de Heavy Metal, seria o Metallica, mas eu não vou
ficar ouvindo o “Black Album” pro resto da vida com tanta coisa boa
acontecendo.
RtM: Pra encerrar, gostaria que vocês falassem sobre os
planos da Heaviest daqui pra frente, já com uma tour latino americana agendada para
o segundo semestre, e os planos do Mario Pastore, que tem o Powerfull e o novo
CD do Pastore pra lançar.
Guto: Estamos focando muito nessa possível turnê
no segundo semestre na América Latina, só estamos esperando acertar a data pra
fazer a compra da passagem. E, provavelmente, vai ser uma turnê com a King Of
Bones, estando com 90% pra dar tudo certo. Até lá, vamos fazer shows, tendo um
pra acontecer no dia 21 de abril, abrindo pro Warrel Dane, em São Bernardo do Campo,
e o outro no dia 30 de abril, no Gillan’s Inn. Estamos antenados, procurando a
possibilidade de fazer shows pelo Brasil e aonde for. E paralelo a tudo isso
tem todo esse trabalho em comemoração aos 30 anos do Pastore, que pra nos é
gratificante demais de participar, porque eu ouvi o Acid Storm quando eu tinha
a guitarrinha de plástico. Eu lembro, na segunda música, que tinha uns arpejos
e falava: ‘O que é isso daqui?’
Pastore: É o “Biotronic Genesis”, com a
possibilidade, agora, de ser relançado em CD. O vinil eu nem tinha mais, ganhei
o vinil de um amigo, aluno e fã meu que recomprou o vinil e me deu de presente.
E falando rapidamente, acrescentando o que eles já disseram, eu vesti a camisa
da Heaviest, sou o cantor e vocalista da banda, e estou na parada com eles pra
brigar até o fim. E tem também um projeto meu, que é o Powerfull, que vai sair
no segundo semestre desse ano. Acredito que seja lançado por um selo importante
daqui do Brasil, faltando apenas algumas músicas pra terminar. E o Marcião,
Guto, Johnny e o Fabio Carito, estão trabalhando comigo no Pastore, e em
breve sairá CD novo, e está pesado pra caramba e uma porrada bem gravada. E
vamo que vamo, nós somos uma equipe.
RtM: Muita coisa legal, mal podemos esperar!
RtM: Muita coisa legal, mal podemos esperar!
Márcio: Como o Pastore está centralizado no meu
estúdio, vamos dizer assim, eu recebo as gravações do Ricardo Baptista e do
Johnny Moraes primeiro. A gente tem feito algumas coisas, e posso dizer que
está ficando bom. Podem esperar que vai vim coisa pesada! Ele é mais ‘dark’ que
a Heaviest, mas vai prometer muito esse disco. Fora os shows da Heaviest, vamos
começar a preparar material novo pra lançar no primeiro semestre de 2017, estamos
com uma expectativa muita alta nesse segundo CD após toda essa rodagem que nos
pegamos de um ano e meio de composição até agora.O próximo CD da Heaviest virá caprichado.
Pastore: E vai ser melhor do que esse, porque o
“Nowhere” eu já acho foda pra caralho! Eu acho bacana o seguinte: temos que
ouvir tanto elogios quanto criticas. Eu acho que as criticas perto dos elogios
são verdadeiras e ínfimas, algumas fazendo sentido e outras não. Eu gosto
demais desse trabalho, atingimos o que precisava atingir ali e é isso ai.
Muito obrigado a todos por essa grande conversa que
nos tivemos! O espaço é de vocês para as declarações finais.
Pastore: Primeiramente, quero agradecer a você,
Gabriel, e a galera que acompanha o Road To Metal. E mandar um grande abraço
aos meus brothers Carlos Garcia, amigão meu, e o Renato Sanson. Muito obrigado
mais uma vez pela oportunidade! E, agora, deixo os meninos acabar com os
agradecimentos.
Guto: Agradecer a você também, Gabriel, porque
estamos começando a ver algumas coisas não só da mídia em si, mas em alguns
profissionais que já passam a acreditar na banda. Então a gente trabalha, hoje,
como endorser da Tia-Flex Cabos, e estamos vendo uma parceria muito, mas só que
é surpresa e não vamos revelar. (risos) Agradecer também ao Thiago Rahal Mauro,
da TRM Press. E tem um negocio legal que está pra acontecer: está saindo agora,
em abril, o tributo aos 25 anos do Edu Falaschi, onde fizemos uma nova versão
da música “Warm Wind”, do disco “Unfold” (2013), do Almah. E ficou bem legal,
que na hora que terminar a entrevista, vamos colocar pra rolar em primeira mão.
Márcio: Muito obrigado pela oportunidade! A
gente gosta de bater papo sobre o assunto, sou fã de Metal desde quando eu era
moleque. Desculpa a gente ter falado demais, mais é isso ai. (risos) Muito
obrigado pelo suporte e pelo apoio... (N.do R.: Nesse momento, o Guto e o Pastore
não estavam deixando o Márcio terminar de falar) Agradecer pela resenha que você
fez, muito grato pelas suas palavras. E é isso ai, ouçam a Heaviest! Procurem a
gente no Facebook, adoramos conversar com os fãs e com quem gosta do nosso
trabalho. Pode procurar o Facebook do Mário, do Guto, o meu, Marcio Eidt, e o
da Heaviest. Se vocês procurarem no site, tem as faixas bônus, que não sairam na
versão nacional, pra baixar. Como não saiu no CD nacional, a gente, por
respeito aos fãs, disponibilizou as músicas pra baixar. Então baixem, ouçam e
comentem. Foi um prazer falar com vocês do Road To Metal! A gente se vê por
ai...
STAY ON THE
ROAD!
Entrevista: Gabriel Arruda
Revisão/Edição: Carlos Garcia/RenatoSanson
Fotos: Divulgação
Contatos:
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