sábado, 4 de junho de 2016

Entrevista – Heaviest: Pavimentando um Caminho Brilhante


É difícil uma banda, com tão pouco tempo de atividade, surpreender a todos logo no primeiro trabalho. E depois de um bom tempo trabalhando em composições e arranjos, a Heaviest mal chegou a um status de promessa do Heavy Metal nacional, e já se transformou em realidade após ter lançado o ‘debut’ de estreia, “Nowhere”, que após um ano e meio depois do lançamento, ainda vem recebendo criticas positivas em todas as partes do Brasil e do mundo, lançando através da Ms Metal Records/Voice Music (Brasil) e PowerProg (Alemanha/Europa),  mostrando o seu Heavy Metal pesado e moderno, que conta com o veterano Mario Pastore (vocal), Guto Mantesso e Márcio Eidt (guitarras), Renato Dias (baixo) e o Vito Montanaro (bateria). 
Para saber mais sobre tudo isso, batemos um papo, que rendeu 1h23m, com o Mario Pastore, Guto Mantesso e Márcio Eidt, falando sobre a repercussão do CD, a tour que irão fazer na América Latina, os shows aqui no Brasil, e sobre planos para o segundo álbum, que já vai ser lançado no primeiro semestre de 2017, não esquecendo, claro, da participação dos integrantes no projeto Pastore 30 anos, que vai culminar no terceiro CD do vocalista.




RtM: Antes de começar, quero agradecer a vocês pela oportunidade de estar fazendo essa entrevista. E a primeira pergunta é a seguinte: uma banda nova como a Heaviest, que tem lançado o primeiro disco, conquistou muita atenção das mídias e ganhou fãs de forma muita rápida. Como está sendo essa receptividade que o “Nowhere” conseguiu até o momento?

Pastore: A receptividade está sendo bacana, ainda mais num cenário em que a música está tão competitiva com tantas bandas e artistas. Eu acho que tem sido legal pra gente. O pessoal está gostando do disco, quando nós fazemos shows o pessoal vai lá e já canta as músicas. Também teve a inclusão da música “Nowhere”, no Guitar Flash, onde pessoal está acessando a música, jogando e tal.

RtM: Algumas músicas do CD fizeram até parte de trilhas de alguns programas TV também, rolando a faixa “Nowhere” num programa de esportes radicais da RedeTV!.

Márcio: Sim. Na verdade, passou em dois programas na RedeTV!.O primeiro foi o Super Extremo (programa de esporte) e depois a gente saiu numa matéria do Leitura Dinâmica, mostrando as promessas que teria pra 2016 citando a Heaviest, colocando um pedacinho do clip que fizemos. E é muito bacana! O Mario Pastore deve estar mais acostumado com esse tipo de repercussão, mas pro resto da banda (pra mim e pro Guto) é bastante novo isso tudo o que aconteceu, de um monte de resenha internacional saindo e fazer entrevistas pras rádios, como a 89 (Pegadas de Andreas Kisser) e a KissFm (Programa Backstage). E está sendo bem legal! Até agora estamos colhendo bastante fruto disso ai.

RtM: A banda começou em 2014, bem antes do Mario Pastore ser o vocalista. E vocês não fizeram nenhum show antes de soltar o primeiro trabalho. Ter primeiramente o disco lançado pra depois fazer shows foi proposital?

Guto: Sim. Na verdade a banda, realmente, começou em 2015. O que aconteceu em 2014 é que, eu e o Márcio, sentamos e começamos a gravar algumas ideias, já montando algumas músicas. A ideia, a principio, era a gente fazer um CD com cinco músicas ou algo desse tipo, mas a coisa foi tomando forma, virou sete e acabou virando dez músicas. É igual quando você vai comprar um carro querendo gastar tanto, mas no final você acaba gastando mais. (risos) Visto isso, decidimos por um vocal legal, porque o que a gente tinha no momento (não que estivesse no mesmo nível da banda) não estava atendendo ao nosso som, e ai convidamos o Mario Pastore. Mas a ideia foi exatamente essa, de gravar o CD, pra depois ver o que a gente vai fazer em termos de shows e esse tipo de coisa. 

Márcio: A ideia, desde o principio, foi essa. Na verdade, quando o Guto me procurou, ele falou: ‘Vamos fazer alguma coisinha só pra gente guardar e postergar? Porque estamos ficando velhos.’ (risos) E foi tomando forma, como o Guto falou anteriormente. Mas, desde o principio, isso foi programado sim: nós não vamos sair pra fazer show enquanto o CD não estiver pronto, com a banda formada, ensaiada e tudo direitinho. É um caminho pouco diferente do natural de banda, porque normalmente uma banda junta um grupo de pessoas, começa tocar, faz algumas musiquinhas ali, aparece alguma gigzinha pra tocar, vai lá e faz. E a gente, propositalmente, foi ao contrario! Primeiro foi o processo de composição (que gastou bastante tempo), depois venho à gravação do CD, a divulgação dele pra, então, fazermos nosso primeiro show oficial de lançamento, que foi no Gillan’s Inn. E ainda teve a gravação de dois vídeos clips de duas faixas, então o lançamento dos clips veio bem antes de fazer o show também. Já tínhamos todo material de divulgação, o Guto que cuidou de toda essa parte de marketing, tendo cartazes, adesivos e lojinha da banda na internet. E aí começamos a sair em turnê, que chamamos de South America Tour, que vai terminar até o final do ano, com algumas coisas pra acontecer na Argentina e Chile. 


RtM: Vocês, Marcio e Guto, já se conhecem há anos, que inclusive já tocaram juntos numa banda na década de 1990, chamada Ready Mades. Como surgiu a ideia de estarem montando a Heaviest e de trabalhar em conjunto novamente?

Guto: Eu estava com uma banda antes de montar a Heaviest, mas que acabou se findando. E eu pensei que, se eu tiver que fazer uma banda pra eu ter outro guitarrista, tanto que na banda anterior era só eu de guitarra, não me vejo tocando hoje com outro guitarrista a não ser o Marcio, porque estamos tocando juntos desde a 5º série praticamente. Inclusive, quando estamos mixando e montando as músicas, ele fala um negócio, e eu ia falar a mesma coisa, sabe? O pensamento é o mesmo, então o chamei pra fazer junto comigo. E a ideia era essa, puxar o som com uma pegada mais atual.

RtM: E o mais legal é que vocês dois tem as mesmas influências dentro do Heavy Metal.

Guto: Quando a gente tinha uns vinte anos de idade e tal, na época estava estourando o Iron Maiden, Guns N’ Roses, Dream Theater e tudo. E tinha a galera mais antiga que falava: ‘É tudo porcaria o que tem agora! Bom mesmo é Janis Joplin, Jimi Hendrix e tal.’ Mas ai eu penso: ‘Será que quando tiver com 40 anos eu vou pensar assim também, falando que o que é bom é o que eu escutava na adolescência?’ Eu não quero ficar assim! Então eu fiz certo esforço pra escutar mais o que tem hoje em dia (de música nova) pra não cair nessa analogia, porque não é possível que não tenha coisa boa. Da mesma forma que essas pessoas falavam que o que tem agora é uma merda, não era uma merda. O que tem hoje não pode ser uma merda, é questão de acostumar e escutar. Começamos a escutar Adrenaline Mob, Disturbed - que já não é tão mais antigo, mas faz um som mais atual -, Stone Sour e Korn, que também é antigo, mas que na época era puxado pro mais atual.  E ai eu falei pro Marcio: ‘Vamos fazer nessa linha?’ Você começa a escutar, acostuma e gosta, vendo que tem muita coisa boa saindo. Hoje tem o Five Finger Death Punch...

RtM: É impossível largar as raízes, mas devemos dar atenção às coisas novas e colocarmos isso dentro da proposta atual do Heavy Metal. E o disco segue exatamente isso, colocando uma roupagem moderna, mas não fugindo da tradição do gênero.

Guto: E tentamos fazer um som mais nessa linha, mas se você pegar não é nessa linha, por mais que tenha tentado mudar a afinação da guitarra e da banda em si, as músicas são mais grooveadas. Mas, por fim, acabou ficando um pouco do Heavy Metal, isso está dentro de cada um, saindo um disco atual que, quem gosta do mais atual, vai escutar e achar bacana. Quem gosta do Heavy Metal tradicional vai gostar também, então essa foi a grande sacada do lance, que não foi proposital. 


RtM: Como disse o Guto, vocês juntaram o que é mais atual no dia de hoje, mas não deixando aquele lado raiz do Heavy Metal.

Márcio: Era um barato! Ele estava falando das coisas de vinte anos atrás, quando as pessoas ouviam Metallica e tal. Quando lançou o “Black Album” (1991), teve amigo meu que queria se suicidar e aqueles negócios assim. E hoje a gente vê que é um clássico do Metal, não dá pra dizer que não. Você pode até ter gostos diferentes, de gostar mais ou outro gostar menos, mas o “Black Album” foi um clássico, que na época foi massacrado. Quando o Sepultura lançou o “Roots” (1996), os caras não se conformavam, falando: ‘Como pode gravar com índio, essas batucadas e por samba dentro do Metal?’ Da mesma forma, e nessa mesma época, a gente ouvia Metal, e uma banda que colocasse teclado no sampler de alguma coisa não era Metal. Era qualquer outra coisa, mas não era Metal. Hoje em dia, todo mundo usa sampler e todo mundo usa algum efeito ou coisas diferentes que não seja vindo da guitarra, do baixo, da bateria ou do vocal. E é exatamente o que o Guto falou, incorporamos alguns riffs, alguns grooves de bateria e coisas um pouco mais modernas.

RtM: A vanguarda sempre tende a passar por isso, por uma certa rejeição ou resistência.

Márcio: Outra coisa que, particularmente, mudou muito no Metal na época em que eu tocava com o Guto na Ready Mades pra hoje, é que, nos anos 1980, quem mandava no Metal era a guitarra, ponto. Quem fazia os riffs, os solos e tudo era a guitarra, sempre tendo um bom vocalista, mas hoje eu acho que é muito mais uma banda como um todo. Se você não tiver um baterista comendo no pedal duplo, fazendo uns grooves sensacionais e coisas super modernas, a banda não soa muito legal. Então a gente mudou um pouco disso também com essa integração de bateria, baixo e essas coisas. É um pouco mais como uma banda tocando juntos, mesmo.Nós nascemos nos anos 1980, então fatalmente quando nós compusermos um riff ou alguma música, vai ter essa influência. Não tem como sair disso, pois crescemos tocando e ouvindo Iron Maiden, Metallica e essas coisas. Então, uma hora ou outra, vai aparecer esse tipo de influência no nosso som.

Guto: Acho que o profissionalismo, talvez, é entender isso e saber que a gente está fazendo algo voltado pro mais atual. Não que é o mais atual, mas foi o que formou a cara e a roupagem do som da Heaviest, porque se você falar que hoje é mais atual, o som da Heaviest está defasado em dez anos. Mas essa é a Heaviest, e é nessa linha que a gente vai.

RtM: É meio que estar criando uma identidade própria.

Márcio: Nós nunca chegamos na hora de compor e falar: ‘Precisamos copiar aquela música que o Five Finger Death Punch está fazendo.’ Não é exatamente isso, porque a gente ouviu, achou bacana e, de repente, incorporamos alguma coisa disso na nossa música. Eu acho que é mais ou menos essa a ideia.  


RtM: Antes de começarem a gravar as linhas vocais, já com o instrumental gravado, entrou o Mario Pastore pra ser o vocalista e preencher as vozes nesse disco. Como rolou esse convite, Mario Pastore, de ter entrado na banda?

Pastore: Eu estava um dia no Facebook e recebi uma mensagem do Guto, falando que gostaria de conversar comigo e que eles estavam com a parte instrumental do CD já gravados, querendo um vocal à altura pra fazer o trabalho. O Guto fez uma lista de vocalistas e eu estava entre os primeiros. E como eu sou do ABC Paulista, eles queriam ver a possibilidade de trabalhar comigo. Eu falei pra ele me mandar umas duas músicas pra ouvir e ver se combinava comigo. Sentamos pra conversar, ouvi as músicas na hora e gostei do som, achando que o meu vocal ia se encaixar legal. E ai o Guto foi na Arena Music, local onde eu dou aula, contando como iríamos trabalhar e que estava gravando tudo no estúdio do Márcio. E gostei da qualidade do trabalho, porque o que pega, hoje em dia, não é apenas a banda ser boa, mas a qualidade da gravação também é importantíssima. 

RtM: Você sentiu que realmente era um trabalho profissional e sério.

Pastore: E pra mim foi uma coisa muito bacana! Eu não só comecei a trabalhar no disco, mas também foi um período complicado, porque o falecimento da minha mãe foi após ter gravado o clip e ter gravado duas músicas. E algumas semanas depois, a minha mãe se foi. E eles me ajudaram muito nisso dai, porque foi um apoio moral e de amizade. Ficar falando do passado é besteira, mas passei coisas com bandas, principalmente no Pastore, que me traumatizaram de uma forma muito grande. E eu encontrei outra coisa na Heaviest. Considero o Guto, Márcio, Renato e o Vito como meus amigos não só na parte musical e na hora de trabalhar, mas somos amigos e uma equipe que trabalhamos juntos e se da bem, tanto que o Guto e o Márcio estão trabalhando comigo no novo CD do Pastore. O Márcio vai produzir e o Guto vai ajudar em algumas coisas. Essa semana fizemos um tributo ao Judas Priest e o Iron Maiden para o pessoal de uma rádio argentina. E pra mim a Heaviest está sendo algo gratificante e uma redenção depois de todas as coisas complicadas que eu passei. 


RtM: E foi uma atitude muito legal por parte de vocês com o Pastore, que deve servir de exemplo para outras bandas.

Márcio: E só voltando à história: começamos eu e o Guto a fazer composições e da forma como tudo está no CD. ‘Precisamos de um baixista’, falamos na época. Dai apareceu o Renato, ele se juntou e se casou com a banda legal. Nós tínhamos um baterista, que era o Felipe Perini, amigo de infância nosso também, porque eu e o Guto somos amigos pessoais desde que tínhamos 7 ou 8 anos de idade, frequentando a casa um do outro. Inclusive, o Guto foi meu padrinho de casamento, então nós somos amigos desde dessa época. Mesmo quando a gente não tocava junto, sempre batíamos papo, sempre falávamos sobre música e sempre saímos juntos com as nossas esposas. Tínhamos o Felipe, que chegou a fazer alguma coisa com o Pastore, inclusive foi ele que gravou nosso clip. Por motivo pessoal, ele teve que se mudar pro sul do país. Entrou o Renato, o Pastore e depois saiu o Felipe. E quando o Felipe saiu, precisávamos de um baterista bom, e chamamos o Vito Montanaro, excelente baterista, que toca no Rush Project.

RtM: E foi uma escolha mais do que certa!

Márcio: E ele é uma peça! A gente dá muita risada com ele. É um puta cara engraçado! Eu lembro que na época que estava pra colocar o Vito, o Guto estava conversando comigo e com o Márcio, falando assim: ‘Precisamos colocar não só um cara bom, mas sim um cara que seja que nem a gente, sendo de boa, tranquilo, sossegado e brincalhão.’ E graças a Deus encaixou bonitinho.

RtM: E banda não é aquela coisa de ensaiar, tocar e fazer shows somente. Sair um pouco da rotina pra fazer outras coisas é sempre bom.

Márcio: E uma coisa bacana é que, quando termina o show, saímos pra comer pizza. Não é aquele negócio, tipo: acabou o show, tchau.

Pastore: E tem ‘n’ bandas que são assim. Eu mesmo sei de histórias, como toquei com músicos mais conhecidos, de bandas que chegam pra fazer o show, não se veem e se veem no palco. Quando termina, cada um vai pro seu lado, sai com seus amigos daqui e outro dali. Isso eu acho lamentável! Banda é igual casamento! Admiro demais o Marcio tocando, o Guto tocando, o Vito tocando e o Renato tocando. São músicos muito bons! Tenho uma puta admiração, compõem muito bem e tem ideias muito boas. Às vezes o Guto ou Marcio vem e falam: ‘Nós vamos fazer isso dessa forma.’ Em outras bandas eu tinha um questionamento, mas achava que não ia funcionar. Quando sacam as ideias, principalmente o Guto, ele faz as coisas assim e vai lançar isso dessa forma. Eu já viro, como todos eles, e digo: ‘Beleza Gutão! Vai fundo!’ Às vezes o Guto tem uma ideia de alguma coisa, me manda um Whatsapp e pro Marcio, falando: ‘O que vocês acham de fazer assim?’ Ai eu dou minha opinião, achando que não está bom. E ai o Guto vira e fala: ‘Então beleza, vamos fazer dessa forma.’ Não temos essa coisa de que a minha opinião é a certa e acabou. Conseguimos ter esse jogo, que é o necessário.


RtM: Respeitando a opinião de todos e sabendo conversar com um e outro, tende a surgir coisas boas.

Márcio: É interessante esse extinto de sobrevivência da banda, vamos analisar assim. Lembro, lá atrás, quando eu tocava com o Guto na primeira formação de uma banda que fazíamos cover. Vamos supor: aparecia um pedestal e não tinha pedestal pra por prato, e ai o Guto puxava varal, puxava cordinha e quebrava a baqueta. No quintal de casa, ele ia lá fora, catava um galho da arvore e fazia baqueta. Esse poder de sobrevivência reflete até hoje. A coisa funciona, a verdade é essa. E quando tem esse lance de amizade é muito bacana, formando uma opinião só. Conhecemos muita banda famosa que tem esses problemas de ego e caras que não se falam, pelo menos é a história que ouvimos. Acho que isso chega uma hora que limita a banda, por mais que os músicos sejam bons tecnicamente e façam muitas músicas boas, mas chega uma hora que fica insustentável, porque uma banda ela não é só música, uma banda envolve ‘n’ fatores e situações que vou ter que lidar de alguma forma que vão ter discordâncias. A banda é como se fosse um casamento, todo mundo sabe disso. Se você casa com sua mulher e você já tem um monte de discordâncias, imagina com uma banda.

Pastore: E discordância, ela tem que ser saudável, que haja uma opinião contrária, mas que ela seja colocada de uma forma correta, educada e não que magoe ninguém. Se for colocado assim, a minha opinião é essa e por causa disso. E outra coisa é que, quem coloca uma contrariedade, tem que também ouvir a opinião dos outros. Eu tenho essa concepção desde que comecei a cantar em banda. Se eu estou errado, não é a minha opinião. E se me apresentar uma opinião que você está agindo correto, por que vou virar pra você e falar: ‘Não, mas eu que estou pensando assim e acabou.’ Só por discordar do seu ego e por achar que você é o dono da verdade, não pode ser assim. Vamos supor que eu diga algo e eles acham que não foi legal, eles podem falar pra mim numa boa que eu vou escutar, e a mesma coisa sou eu com eles.

RtM: Discordância, geralmente, sempre acontece. Mas isso tem que ser levado pelo bem do profissionalismo.

Márcio: Outra coisa interessante, que acho que está rolando, é o seguinte: decide-se alguma coisa, o resto da banda abraça. Não tem essa de que: "Ah, não vai fazer do meu jeito, então vou fazer mal feito." A partir do momento que a banda decidiu tocar, beleza, abraçamos a causa e vamos pro pau juntos, mas não tem esse negócio de sabotagem, por exemplo,o Guto fez a música, mas eu não gostei da música que ele fez, então vou tratar dessa forma e tal. Decidimos, a música vai entrar no CD e vamos deixá-la show de bola.

Guto: Cortaram só três minhas.

Pastore: (Vários risos) Mentira! Esses caras tem uma habilidade muito boa pra colocar as coisas e pra compor. Uma coisa que me chamou a atenção do disco foi exatamente isso, porque quando eu ouvi às músicas falei: "Caramba, os riffs são muito bons". O mais bacana de tudo é que, depois que eu entrei na banda, ele falaram pra mim: "Meu, agora você vai ajudar a compor as linhas vocais e fazer um monte de coisa." Eu sempre achei que uma banda ela tem que trabalhar dessa forma, e demorei uns 20 anos em banda até chegar nisso (risos). 


RtM: Sobre o processo de composição, como foi arranjar as músicas e trabalhar nas letras e nas partes instrumentais.

Márcio: Eu já tinha algumas ideias, o Guto tinha algumas e fizemos um intercambio. Durante a semana, o Guto e eu íamos se falando, montávamos as ideias e marcávamos um dia da semana pra gente sentar juntos com os instrumentos pra compor os arranjos e as composições. Até hoje a banda trabalha assim, o que é super interessante. A gente vai fazer três ou quatro músicas pro CD do Pastore, monto a estrutura e falo: "Guto, vem aqui pra casa". Ai ele chega e fala: ‘Olha eu fiz desse jeito, mas se fizermos tal coisa nessa parte não seria legal?’ Então rolou esse super intercambio. É super engraçado, porque tem músicas no CD que saiu credito do Guto e tem músicas minhas que saiu credito também, mas que não é exatamente isso. Na verdade,as minhas músicas tem 30% das músicas do Guto,e 30% das músicas do Guto tem meus 30%. Não teve nada que o Guto chegasse pra mim e falasse: "Está aqui à música e é isso". E a mesma coisa foi comigo também, então a gente senta, discute, dá uma opinião aqui e uma opinião lá. E, claro, foi o primeiro CD. No primeiro CD ainda não estava o Pastore, o Renato e o Vito compondo. Então o disco, mais ou menos, ficou pela minha cara e pela cara do Guto, porque foi meio natural e não foi de propósito esse processo. No segundo CD, que deve sair no primeiro semestre de 2017, já vai sair alguma coisa um pouco mais abrangente. Já estamos montando algumas ideias em conjunto, então o segundo CD vai ter uma cara mais diferente. E, claro, vai ser a Heaviest, porque temos muito claro o que a gente quer na nossa linha musical. Vai ser a Heaviest sempre, mas já vai ter elementos vindos mais de fora.

RtM: Falando sobre esse trabalho em conjunto, me fez lembrar as tradicionais parcerias dentro do Rock, como Paul Stanley e Gene Simmons (Kiss), Steven Tyler e Joe Perry (Aerosmith), e James Hetfield e Lars Ulrich (Metallica), que são duplas que não se separam para fazer músicas.

Pastore: Eu, particularmente, acho muito interessante essa amizade dos dois. Isso beneficia em muito, porque onde já existe um vinculo, a coisa tende a criar uma forma mais homogênea com todos.E isso contagia e acaba influenciando todo mundo.

Márcio: E eu vou dizer, pra vocês, que é uma coisa muito fácil. Primeiro que eu conheço o Guto e temos gostos muito parecidos, por exemplo, vai ter show do The Winery Dogs e com quem eu vou assistir o show? Com o Guto, porque a gente gosta do Ritchie Kotzen e do Mike Portnoy. O SOTO vai abrir o show e, por exemplo, já assisti o show do Jeff  Scott Soto com o Guto, quando o Tribuzy abriu o show na época. Não tem jeito, a gente gosta das mesmas coisas. A gente gosta muito de gear, instrumentos musicais, equipamento e não sei o que...E ai aparece uma guitarra bacana e falo: ‘Guto, olha essa guitarra.’ É o primeiro cara que penso nesses intercâmbios de instrumentos, porque gostamos de coisas parecidas, como séries de TV e filmes. Isso é até natural, não saindo nada forçado.

RtM: As amizades duradouras tende a fazer as coisas acontecerem de forma mais rápida, apesar das ideias mudarem com o passar dos anos.

Pastore: Mas geralmente as amizades tem esse tipo de afinidade, gostos parecidos e o jeito de lidar com um e outro.

Guto: Uma vez eu escutei na pós-graduação, não lembro qual aula era, mas o professor falou que as amizades que você teve na infância, até hoje, são as pessoas que ainda continuam com o mesmo pensamento. Tem muita pessoa que você foi muito amigo no passado e que hoje você já não tem mais essa amizade, porque a sua ideia ou a ideia dele já não é mais a mesma.

Márcio: E eu acho que, o que acabou acontecendo naturalmente, é que quem entrou depois na banda (Pastore, Renato e o Vito) também compartilha dos mesmos gostos e das mesmas visões. Não é aquela coisa de eu fazer um Dó Ré Mi com os caras no estúdio (modo de dizer) e a gente usar as mesmas notas no instrumento, mas na hora que saiu do instrumento eu gosto disso e o cara gosta daquilo, totalmente oposto. Eu penso nisso e o cara pensou totalmente oposto! E ai não tem como, os caras tocam juntos e tal, mas que não tem esse lance do dia-a-dia. Não vou ser o cara que vai chegar e acordar falando que fiz um riff e vou mandar pro Guto pra ver se ele gosta. Não vai acontecer isso, ele vai continuar fazendo as coisas dele. E como os outros não têm nada com ninguém, cada um vai fazer as suas coisas, formando essa coisa bacana que resultou na Heaviest.


RtM: Você, Pastore, vem de uma escola mais tradicional, como Iron Maiden, Judas Priest, Queensrÿche e Helloween. A Heaviest ela coloca essas influências também, mas só que para o lado mais moderno e atual. Da sua parte, teve algum tipo de estudo e adaptação para as músicas?

Pastore: Na verdade eu não precisei, porque apesar dessa minha escola mais tradicional, o primeiro disco que eu gravei na minha vida, o Acid Storm, foi Thrash Metal. As influências da época, além do Iron Maiden, Queensrÿche, Judas Priest e etc., era Forbidden, Testament, Pantera e Slayer. Não teve dificuldade nenhuma pra mim, porque o meu estilo de voz tem uma versatilidade grande, então eu consigo transitar de uma coisa mais visceral e mais porrada pra uma coisa mais melódica. É claro que eu escutei as músicas e me concentrei pra cantar da forma que a composição pedia, mas não foi difícil.

Márcio: Pra nós também foi surpreendente. A primeira música que o Pastore gravou foi “Nowhere”, porque a gente precisava que ele cantasse essa música. Surpreendeu até a gente, porque estamos acostumados o ver cantando mais agudo. E ai ele vem e faz outro personagem, vamos dizer assim. (risos) Nesse ponto foi bacana e casou-se com o estilo. Em cinco ou dez minutos, a música já estava pronta, facilitando pro disco sair logo.

RtM: E quando eu ouvi a música pela primeira vez, fiquei surpreso com sua forma de cantar agressivamente, colocando o que a música pedia através da sua linha vocal.

Pastore: E eles mandaram a música pra mim falando: "Pô Marião, você tem que gravar essa de prima". Na hora que eu ouvi, falei: ‘Cara, deixa estudar pra ver como eu vou cantar isso dai.’ E eu, ainda na casa da mãezinha, colocava a música e soltava a "guela". Bom, a linha vocal é essa daqui. E ai não deu outra, gravei rapidinho e ficou do caramba! E foi a música que deu nome ao disco.

Guto: Falando da composição do CD, já começamos a preparar um novo CD pra 2017, mas o “Nowhere” ainda tem muito que acontecer. A turnê dele só vai acabar quando a gente lançar outro CD lá pro meio do ano que vem. O próximo show, que estamos preparando, incluirão alguns covers pra dar uma diferenciada, mas o “Nowhere” ainda vai embora.

Márcio: Inclusive o “Nowhere” tem uma novidade aqui no Brasil, que já não é tão mais novidade, mas quando recebemos o convite pra fazer o lançamento do CD mundialmente, pela PowerProg, foi super interessante, sendo até um teste pra gente. Particularmente, eu sou muito orgulhoso do trabalho que fizemos no “Nowhere”. E quando surgiu o convite da PowerProg pra lançar o disco lá fora, surgiu a seguinte questão: vocês precisam lançar mais duas músicas como bônus-track. Lançamos o CD aqui no Brasil no final de agosto e o lançamento mundial foi no dia 24 de outubro, um dia depois da gig do show de lançamento do CD, então teve esse intervalo praticamente de dois meses. E ai o cara da gravadora chegou e falou: ‘Legal, mas só que vocês precisam me mandar mais duas músicas bônus pra gente lançar como diferencial para o pessoal daqui poder comprar.’ Quando eu fui perguntar até quando era pra mandar, se não me engano foi num sábado ou no domingo, o cara falou que era para mandar até sexta feira. 

RtM: Um prazo bem apertado! E vocês já tinham algo?

Márcio: Na hora eu falei: ‘Puta, temos 5 dias pra gente fazer música nova. Será que virá coisa boa ou vamos fazer alguma coisa só pra preencher espaço?’ Muito pelo contrario, fizemos uma música nova chamada “The Mob Inside Me”e a versão acústica da “Finding a Way”, mas como música nova foi a “The Mob Inside Me”, que foi feita entre três ou quatro dias. E foi um teste de fogo, falando: ‘Puta, será que virão ideias novas?’ Eu acho que foi legal! Eu, particularmente, tive um pouco dessa preocupação, pois fizemos uma porrada de riffs legais, mas será que esgotou? Na hora que veio a “The Mob Inside Me”, falei: ‘Opa! Luzinha no fim do túnel.’  E agora que estamos começando a brincar com algumas coisas, já está saindo muita coisa bacana e ideias bem legais, então estamos bem sossegados. Ainda tem muita coisa pra acontecer com o “Nowhere”, já teve muita coisa que aconteceu, muita coisa legal e muita coisa surpreendente, mas tem muita coisa ainda pra acontecer. Estamos programando uma turnê na Argentina e no Chile, lá pra agosto, setembro e, no máximo, comecinho de outubro. E tem bastante coisa pra acontecer aqui no Brasil também, inclusive, dia 30 de abril, vamos retornar ao Gillan’s Inn com um show mais completo e mais comprido, com música nova e alguns covers que queremos fazer homenageando as bandas que influenciaram o “Nowhere”, já com a banda mais consolidada e mais ensaiadinha. Esse show está prometendo bastante, junto com uma banda legal, que é o Rexor. E também vamos abrir para o Warrel Dane(seria dia 21 de abril, feriado, o show foi adiado e aconteceu dia 25/05), em São Bernardo do Campo.




RtM: E de onde surgiu o nome Heaviest?

Guto: Lá no meu trabalho, tem um colega que gosta de Heavy Metal, e falei: ‘Cara, preciso de um nome. Fala um ai.’ ‘Ah, Heaviest’, falou ele. ‘Está bom, gostei’, falei. Depois de uma semana, passei mais uns dois nomes, mais ai foi unânime quem estava na época, falando que o nome tinha que ser Heaviest, mesmo.
Pastore: E é um nome bem direto. HEAVIEST!

Márcio: É um nome que pode sugerir alguma prepotência, mas na verdade é uma brincadeira. Eu penso bastante no nome, e falo que é Heaviest do que a gente fez antes. Eu e o Guto tínhamos uma banda de Heavy Metal mais tradicional e hoje ela é mais pesada, então pra gente é o Heaviest que conseguimos fazer. Nunca perguntaram isso pra gente em entrevista, bastante interessante.

RtM: Falando sobre as letras, o que ela retrata? Tem algum conceito especifico por trás do disco?

Marcio: O Guto no “Nowhere” foi o letrista e o vocalista substituto, vamos chamar assim, porque foi ele que fez as melodias vocais (risos). Basicamente, foi o Guto que fez as melodias, não entendo muito disso, mas falamos sobre coisas do dia-a-dia, coisas do cotidiano, coisas de tropeçar aqui e levantar ali, as coisas de você ser enganado e ter forças pra enxergar que nem todo mundo vai te enganar. Algumas coisas também, que estava falando pra você, sobre o que nos gostamos, como séries de TV, por exemplo, “Buried Alive” é sobre uma série, “The Mob Inside Me” é sobre uma série, chamada Lily Hammer, no Netflix, que era uma coisa que estávamos curtindo na época.

Guto: A própria “Ressurection” fala sobre uma série também. Quer entender duas músicas do CD, assista o primeiro capitulo da Ressurection, a série. Aliás, eu tenho vontade de mandar pra Fox, que se não me engano foi a produtora que fez a série, pra por a música na abertura. E a “The Mob Inside Me”, que é baseado na série Lily Hammer.

Márcio: Você pega, por exemplo, a “Nowhere”, que foi uma letra que eu escrevi no sentido de ser uma superação pessoal e uma questão de você não estar sabendo pra onde você vai, mas que de repente você acha alguém que te ajuda a empurrar.

Guto: Na verdade são temas diversos. Tem hora que fala de amor, na música “Finding a Way”, e assim vai.

RtM: Cada música tem um clima diferente, mas não deixando o peso de lado em momento algum.

Márcio: Você sabe que, nesse CD, não relaxamos, nos preocupamos bastante com a parte instrumental e técnica. Fomos encaixando os vocais conforme a música pedia, porque algumas bandas compõem ao contrário. Vamos falar sobre tal tema, sobre tal letra e encaixar a música assim. Na verdade, fizemos um pouco ao contrário. Como eu e o Guto somos guitarristas, a primeira coisa que a gente vai pensar em fazer quando vamos compor é o riff da guitarra. Não vai ser nada em cima de um tema e desenvolver uma música em cima dela.


RtM: Tanto os vocais, guitarras e a parte rítmica do CD atraíram bastante gente, graças ao peso e o groove extraídos de ambos. A proposta foi sempre baseada nesse caminho?

Márcio: Com certeza. Sempre girou em torno dessa ideia. A parte de pós-produção, foi eu e o Guto que fizemos, e fizemos questão também de fazer a mixagem e a masterização. E quando terminei, eu ouvi e falava: ‘Gente, isso aqui ficou primoroso'. Five Finger Death Punch, por exemplo, lançou o CD mais ou menos junto com a gente e você fala: ‘Puta merda, olha onde esses caras já estão'. Nos preocupamos, sim, desde o começo com um som pesado, grooveado e uma coisa mais ritmada. Tivemos a preocupação de fazer refrões que fossem cantáveis, que você ouvisse e se identificasse com a música. E é super interessante. Eu falo sempre que tenho muito orgulho do CD, porque recebemos muito feedback. Eu acho que, a música que acabou não saindo o clip, já tem até ideia de fazê-lo, por isso que o Guto falou e tem razão: não está fechado esse clico do “Nowhere”. É capaz de sair algum clip novo ou alguma coisa nova, por exemplo, a “Betrayed”, que acabou sendo a música hit, mas a gente não se propôs a fazer o clip pra ela. E ai tem gente que fala: ‘Puxa, eu gosto da “Land Of Sin”, que é mais porradona.’ Um monte de gente, lógico, gosta da “Finding a Way”, que é uma balada. Muita gente gosta da “Crawling Back”, muita gente gosta da “Nowhere”... O CD ficou muito legal nesse ponto.

Pastore: Até aquele esquema do ‘lyric-video’, que em minha opinião, deveria ser a “Crawling Back”, porque essa música é muito porrada.

RtM: O legal é que não é só uma música que é citada, sinal que o CD todo é muito forte.

Márcio: A música que fizemos um ‘lyric-video’, a “Torment”, é uma música que eu particularmente adoro! Meu pai, por exemplo, é um fã de Heavy Metal e aprendi a curtir Metal com ele, e ele começou ouvindo a “Betrayed”, depois a “Crawling Back” e hoje ele fala que a música favorita dele, do momento, é a “Ressurection”. E isso foi pensado desde o começo, pois pegamos cada música com carinho. Não foi aquele negócio, tipo: ‘Puxa, tem 5 músicas boas, vamos fazer mais 5 ou 6 só pra terminar o CD?’ Cada uma foi pensada passo-a-passo.

RtM: Tem momentos que são mais rápidos e cadenciados, tendo uma balada no meio e tudo mais. Quais as músicas que vocês destacariam para o cara que ainda não conhece a banda?

Guto: Eu faria uma pergunta antes, porque se você pegar uma pessoa, que gosta de algo mais porrada e mais tradicional, eu ia mandar ouvir “Crawling Back” e “Land Of Sin”. Agora uma pessoa que ouvi algo mais grooveado e meio que na linha do Adrenaline Mob, eu ia mandar escutar “Betrayed”, “Decisions” e “Buried Alive”. E a gente percebe que, a pessoa que gosta de um som mais porrada, ela se identifica mais com essas músicas. Acabamos dividindo dessa forma, mas não tem nenhuma música que caracteriza a Heaviest. Eu ia mandar ouvir “Nowhere”, pronto.

Márcio: Se o cara gosta do Heavy Metal tradicional, eu acho a “Time” a mais tradicional de todas.


RtM: Aquilo que falamos agorinha...tanto o ouvinte quanto vocês acabam citando vária músicas.

Pastore: As minhas preferidas do disco, as que mais gosto, são: “Crawling Back”, “Time”, “Land Of Sin”, “Nowhere” e a “Finding a Way”. Talvez pela forma que eu cantei nessas músicas, eu acho que o vocal se destaca mais nas passagens do que as outras, mas, pra mim, todas as músicas são boas.

Márcio: Quer entender um pouco sobre a Heaviest, eu colocaria “Nowhere” e “Betrayed”, porque são as duas músicas pra dar aquele primeiro momento, dizendo: ‘É mais ou menos isso a Heaviest.’ E ai depois a pessoa vai ouvir uma música e outra, uma balada e uma música mais grooveadona, como a “Decisions”, e uma música mais rápida, como a “Land Of Sin”. Tem aquela coisa mais Pantera, até pelo vocal do Mario, na “Crawling Back”. Na verdade, houve de tudo.

RtM: O fato de vocês também, Marcio e Guto, terem produzido o disco por conta própria ajudou a deixar o disco soando como vocês queriam, tendo estúdio e tempo para trabalhar com calma? 

Márcio: Tivemos todo tempo do mundo. (risos) Na verdade, o Daw Digital Audio Workstation, que é o software que usamos pra fazer toda a gravação dele e organizar toda a música, registrou 237 horas. Isso quando a gente reinstalou o Daw, porque começamos trabalhando com outro software, que inclusive foi o Guto que sugeriu, chamado Ripper, que gosto muito. Só no período de Ripper, que foi no Daw, registrou 237 horas no meu computador. Estamos falando de oito horas por dia, mas estamos falando de 30 dias seguidos, trabalhando 8 horas por dia só no meu Home-Studio lá na minha casa. Isso ajudou bastante! Quando você está gravando num estúdio grande é claro que você tem algumas vantagens, porque eles têm muito mais equipamento, muito mais acesso, muito mais tempo que a gente e estudaram muito mais essa parte. Eu tenho um emprego e o Guto tem o emprego dele, temos as nossas limitações, mas isso ajudou sim, porque a vantagem de ter feito dessa forma foi que tivemos tempo de fazer do nosso jeito. A desvantagem de um estúdio grande é que o cara faz isso o dia inteiro e não está preocupado com o seu trabalho, então se você contratou dois dias pra fazer mixagem e masterização, tem que sair em dois dias a mixagem e a masterização. Eu e o Guto tivemos essa vantagem pelo seguinte: ‘Gutão, é isso! Pega o seu CD e vem aqui final de semana pra conversarmos se é isso mesmo.’E de repente, lá frente, a gente fala: ‘Achei que isso ficou muito grave no geral’, então podíamos reabrir as músicas e dar o trabalho que a gente queria nelas, até que chegamos falando: ‘É isso!’

Guto: É um risco alto, porque a gente confiou no nosso trabalho. E a gente é meio atirado nesse ponto, não tenho medo de nada não. Se precisar fazer, a gente faz.

RtM:  vocês acreditaram na ideia de vocês, sem ter algum produtor que orientasse a melhorar isso e aquilo.

Márcio: E isso é bom, até pra você ganhar experiência. Outro dia estava vendo a entrevista de um produtor falando que as coisas que estão na moda, como Katy Perry, Beyonce e Adele, soam tudo igual.  E eu acho que ele tem razão. Eu juro pra você que, quando estou ouvindo som, não sei se é a Christina Aguilera, porque soa tudo igual. Por quê? Porque existem 5 ou 6 produtores do mundo hoje que dominam a música Pop, então vai soar parecido de alguma forma. Nesse ponto, eu acho a auto-produção vantajosa. Talvez podia ter uma coisinha que podia fazer diferente, mas o CD soa do jeito que a gente quis. Inclusive eu sou muito orgulhoso, porque eu gosto muito do resultado do CD. Pode ter alguém que ouça e fale assim: ‘Faltou tal frequência aqui pra ouvir’, mas foi o que a gente idealizou a fazer. E particularmente, sou muito orgulhoso desse trabalho.

RtM: Terminando esse ponto, chegando na parte de lançamento do CD. Logo de cara, muita gente se surpreendeu com a qualidade de vocês, vindo resenhas satisfatórias uma atrás da outra e entrevistas para as duas rádios mais importantes de SP. Para uma banda que não tem nem um ano, isso não é normal. Esse grande feedback chegou a causar um certo espanto pra vocês?

Márcio: A mim, surpreendeu muito, porque não estava acostumado com esse tipo de receptividade, já o Pastore é mais acostumado a gravar CD e esses tipos de coisas assim. Eu lembro quando o Guto me mandou a resenha do Jeff Legg, do Metal Temple, que foi a primeira resenha internacional e o cara dando nota máxima, veio aquele negócio de cair à ficha, falando: ‘Caramba, fizemos algo que chegasse a algum lugar.’E é um barato isso dai, porque você está produzindo e fazendo alguma coisa que está soando bem, mas você não sabe como vai ser a recepção lá fora e você não sabe como vai soar pros outros no outro lado. E foi da água pro vinho aquele momento de você estar fazendo alguma coisa na garagem da sua casa, vamos dizer assim, e ai de repente um cara dos EUA fazendo uma resenha num site respeitadíssimo falando do seu trabalho. E além de tudo, falou super bem do disco. Nesse ponto, me surpreendeu bastante.

Guto: Estamos ai com o CD há seis ou sete meses e aconteceu muita coisa boa. É um trabalho que não é fácil, porque conquistar cada fã é um trabalho de formiguinha. Então a receptividade está crescendo, a galera tem curtido no Facebook e a quantidade de views no Youtube só aumentando, mas o mais legal é que existe uma galera que está começando, apesar de termos feitos alguns shows, a se tornar fiel às nossas apresentações. E eu acho que isso agrega bastante, porque são essas pessoas que ajudam a banda indo nos shows, comprando camiseta, comprando o CD e comentam o nosso trabalho. Não tem como estourar de uma hora pra outra, a não ser que você monte um Wesley Safadão, Backstreet Boys, Boy Bands e essas coisas assim, mas no Heavy Metal você tem que vir chegando.

Pastore: Eu acho o fantástico tudo o que aconteceu! E é o que o Guto falou, é um trabalho de formiguinha, temos que ir trabalhando, galgando mais degraus e assim vai.


RtM: Após lançamento do disco, vocês fizeram um show de estreia, em outubro no ano passado, no Gillan’s Inn, tendo, pelo que fiquei sabendo, lotação máxima na casa. Como vocês sentiram essa experiência, como soaram as músicas do “Nowhere” ao vivo?

Guto: Pra ter a casa cheia, foi um trabalhão, porque teve toda uma divulgação difícil e trabalhosa pra todos nós pra conseguir encher a casa, mas a gente viu que, quem foi, foi pra escutar a banda mesmo. E o feedback que a gente recebeu foi muito legal, com muito amigo meu falando que ficou igual ao que está no CD. Deu tudo certo, nada deu errado! Imprevistos sempre acontecem e vai acontecer, isso é comum. Você vê em shows grandes, por exemplo, a mesa de som do Metallica queimou no Rock In Rio, ano passado. Quanto menor o show, mais sujeito a isso vai estar, mas graças à Deus deu tudo certo, não falhou nada e todo mundo tocou super bem. E, claro, tinha uma certa ansiedade e um nervosismo, mas depois da primeira e segunda música, isso se tornou em suor.

Márcio: Na verdade, foi uma grande festa, porque foi parente, foi irmão e familiares. E bastante gente já tinha comprado o CD.

RtM: Pessoal já foi ao show já com as músicas e as letras memorizadas na cabeça.

Márcio: E foi um barato! Uma hora estava tocando num canto, e daqui a pouco você olha os caras cantando as suas músicas, tipo: ‘Ué, que loucura é essa?’ Eu que sempre fiz bastante cover, é normal você ver gente cantando, por exemplo, Aces High, do Iron Maiden, e Sad But True, do Metallica, mas ver alguém cantando a sua música é super emocionante.

Pastore: Quando eu cheguei ali, vi toda aquela galera animada com as camisetas da banda e cantando as músicas. Quando eu cantei o refrão da “Finding a Way”, todo mundo cantou junto comigo e todo mundo mandou ver. (N.T.: nesse momento, o Mario cantou um trechinho da música).

Márcio: E depois que teve o lançamento do CD, bastante gente me adicionou no Facebook, e de repente você conhece essas pessoas na hora no show, falando que vieram pra assistir a gente. Foi uma confraternização bem legal, porque encontramos bastante amigo antigo que não víamos há tempos e que foi lá pra prestigiar a banda.

RtM: Dois meses depois, vocês abriram o show do Dr. Sin em São Bernardo do Campo também.

Márcio: Sim. E foi muito bacana! E também foi casa cheia! A gente chegou lá e falamos assim: ‘A casa está cheia por causa do Dr. Sin.’ Não estou dizendo que estivesse cheia somente por causa do Dr. Sin, mas teve bastante gente pra ver a Heaviest também. Percebemos bastante gente cantando as músicas, bastante gente comprando o CD pedindo pra autografar...

RtM: E vocês são conterrâneos, tocando na cidade onde a maioria da banda reside, exceto o Pastore, que mora em São Caetano do Sul.

Márcio: Verdade! (risos) Estávamos na nossa área! E bastante gente veio falar conosco falando que achou a banda muito legal. Muita gente foi ver o Dr. Sin, e depois vieram dar um feedback pra gente falando: ‘Puxa, não conhecia vocês... Estou conhecendo hoje.’ E como o Guto falou, é um trabalho de formiguinha, onde o cara conheceu a gente lá porque foi assistir o Dr. Sin, abrindo o show pra banda, e de repente vamos tocar em outro lugar e o cara fala: ‘Olha, essa banda é sensacional. Vamos lá assistir?’ E ai chama o amigo, vai lá e conhece a gente. É uma coisa que acontece com um tempo.

RtM: Inclusive você, Guto, abriu um show pro Dr. Sin quando você tocava na Ready Mades, correto?

Guto: Sim! Abri um show pro Dr. Sin quando eu tinha a Ready Mades, inclusive no lugar que nos fizemos um show no mês passado, no Clube Okinawa, há exatamente 20 anos atrás.

RtM: Lembrando agora, você gravou o show do Dr. Sin, com a câmera somente para o Edu Ardanuy, dando esse documento histórico pra ele guardar de lembrança. (risos)

Guto: Engraçado né? (vários risos) Eu entreguei pra ele e falei: ‘Está ai Edu, só você tocando.’ (risos)

Márcio: Quando o Guto fez esse vídeo, foi quando a Ready Mades abriu pro Dr. Sin, inclusive eu já fiz parte da banda e sai um pouco antes desse show. E foi um barato o Guto ter gravado ele lá, que de repente, apesar do Guto de ter tido essa experiência, de estar ao lado dele, há dois meses atrás, batendo papo sobre instrumentos musicais, guitarras, amplificadores e essa coisas. É um baita orgulho isso dai! E isso aconteceu graças ao que a Heaviest conquistou até agora, de você estar no camarim junto com o Edu Ardanuy e sentado no lado dele batendo papo, não sendo aquele negócio: ‘Ah Edu, posso tirar uma foto?’ Simplesmente ele estava sentado lá, representando a Kemper, que é uma empresa de efeitos, e de repente você está sentado conversando com ele falando sobre guitarra, afinações e esses tipos de coisa. 


RtM: Após ter encerrado o show da Heaviest no Gillan’s Inn, o Pastore fez uma postagem no Facebook falando que recebeu elogio, tanto pra banda e como pra ele, de uma lenda do Rock nacional, nada menos que o Oswaldo Vecchione Jr., da Made In Brazil. Foi isso mesmo?

Pastore: Sim! E foi fantástico! Eu acho que a Made In Brazil tem uma história no Rock nacional inquestionável. E eles são lendas mesmo, principalmente o Oswaldo. E quando terminou o show da Heaviest, eu vi ele sentado, cheguei perto dele brincando (N. do R..: Pastore faz um movimento de reverência), e ai ele levantou, me abraçou e falou: ‘Cara, parabéns! Que show e que banda! Você canta muito!’ E ai conversei com ele falando: ‘Olha Oswaldo, eu sou fã da Made In Brazil, sou teu fã e você, pra mim, é uma lenda viva dentro do Rock nacional.’ Ele foi muito atencioso!  E realmente ele fez esse elogio, fiquei muito emocionado com isso.

RtM: Chegando aos momentos finais da entrevista, o que agregou de melhor pra vocês após todo esse ganho que a Heaviest teve durante esse período de lançamento do “Nowhere”?

Pastore: O que agregou é o seguinte: nasceu uma banda nova, dentro do Metal brasileiro, num tempo recorde. E pra gente está sendo gratificante já ter lançado um trabalho tão bacana, feito com todo carinho, amor e profissionalismo, como a gente procura a fazer. E estou hiper feliz com a banda, não tenho nem o que falar. Estou hiper contente com a banda, das pessoas que estão comprando e gostando do disco. É isso ai, vamo que vamo!

Márcio: Pra mim, é tudo, mais ou menos, ainda novo. Por mais que eu tenha tocado em várias bandas, nenhuma tinha chegado tão perto da repercussão da Heaviest. E foi tudo muito rápido! E aquilo que eu estava te falando: estamos mandando prensar o CD e a primeira coisa que acontece é estar sentado no lado do Andreas Kisser (guitarrista do Sepultura), que é outra cara que, pra mim, é lenda. Você estar sentado no lado do cara, numa rádio do tamanho da 89 Fm, dando uma entrevista num domingo a tarde, ao vivo, pro Andreas Kisser, no começo até fiquei meio assustado! Minha esposa até brincava falando: ‘Eu não quero perder meu marido!’.

RtM: A sensação de que o trabalho de anos valeu a pena, bastante coisa acontecendo!

Márcio: E agora como músico, é muito bom trabalhar com o Guto. O Guto me puxa pra cima! De vez em quando o pessoal brinca falando assim: ‘Ah, é bom ter um cara jogando muita bola, porque força a gente querer a jogar bola igual o cara'. O Guto é esse cara da guitarra pra mim, então ele me puxa pra cima. (N.T.: Guto dando risada na hora) A maioria dos solos da “Nowhere” são do Guto. E quando o solo termina, eu falo pra ele que queria ter feito o solo. E isso é bom, pra mim, como músico, a querer sempre mais. A mesma coisa na hora que entrou o Pastore, falando assim: "Caramba, eu nunca trabalhei com um cara que chegasse perto desse talento". E isso acaba criando uma responsabilidade pra que você seja um músico a altura. E da mesma forma, isso aconteceu com o Renato e o Vito Montanaro, que é um excelente baterista, assim como o Renato, que é um excelente baixista, também. E está sendo muito bom, dando-me uma responsabilidade de falar assim: ‘Vai ter show? Vai! Então eu preciso tocar, porque eu sei que os caras vão fazer a parte deles'. E essa repercussão de rádio, resenhas e entrevistas para Web-TV, é tudo muito novo. E eu estou curtindo bastante conhecer gente nova e gente de outras bandas como, por exemplo, o pessoal do King Of Bones e o Hevilan, do Johnny Moraes, que é gente finíssima. Inclusive, o Johnny Moraes e o pessoal da Hevilan vão trabalhar no novo CD do Pastore que a gente está produzindo. Então vai ser legal trabalhar com esses caras.


RtM: O Heavy Metal, recentemente, perdeu grandes nomes como Lemmy Kilmister, do Motörhead, David Böwie, Jimmy Bain, que era baixista do Dio e do Rainbow, e, recentemente, o tecladista Keith Emerson, do Emerson, Lake & Palmer. Como vocês estão enxergando o futuro do Heavy Metal tanto em nível mundial como nacional?

Guto: Eu vou fazer uma analogia igual a uma empresa: você tem pessoas que passam o seu ciclo, mas você tem que dar oportunidade pra cara nova. A gente não pode ter essa mentalidade que, a pessoa que está chegando agora, é ruim ou não faz algo tão bom quanto. E pra mim é tudo cíclico. Tem muita banda, tem muita banda boa! É lógico que faz falta, é primordial, mas deixou seu legado. O Heavy Metal não vai acabar!

Márcio: Eu acho que da um pouco de impressão é que o pessoal fala que, o Heavy Metal, não é mais o mesmo. O Heavy Metal não está em evidencia na mídia, passou esse período normal. E é exatamente o que o Guto falou, o Heavy Metal não vai acabar. Eu também acho que tem tanta banda fazendo coisas boas, você pega o In This Moment, e fala: ‘Caramba, quando que eu ia pensar num Metal desse jeito?’ E os caras estão fazendo isso, que quem goste ou não, estão fazendo alguma coisa diferente. Referencia total a todo mundo que fez essas grandes bandas, por exemplo, o Lemmy. O Lemmy era o Rock em pessoa! Era o cara que, até o ultimo dia da sua vida, bebia uma garrafa de Jack Daniel’s. Era o cara que representava, como o Keith Richards, por exemplo.

RtM: E mesmo doente, o cara estava ali em cima do palco fazendo o que amava.

Márcio: Exatamente! É que nem o Guto falou: isso é cíclico, a gente tem que lamentar esses caras morrendo, mas a gente não pode só ficar olhando pra trás também. Ficarmos só olhando pra trás nunca vai aparecer nada novo na nossa frente. Eu sou um cara super otimista e gosto bastante das coisas novas que estão surgindo. As bandas novas são revolucionadas como foi, por exemplos, os Beatles e os Rolling Stones? Não, não são, porque era outro momento e outra coisa.
Guto: Até deixando mais leve o assunto, você não vai ter um Bon Jovi e um Black Sabbath de novo, porque aquilo era o momento daquilo.

Marcio: Tem espaço pra um Slash hoje? Eu acho que não tem mais, porque o Slash veio como o último ‘guitar hero’, mas você vê, por exemplo, como o Joe Bonamassa toca hoje e fala: ‘Meu, onde vai parar a guitarra?’ Hoje a molecada, com todo respeito, que está ouvindo o Andy Timmons ou sei lá quem, de repente não quer mais aquele cara com a postura do Slash. E ai só porque não existe mais aquele guitarrista com a postura do Slash que não existem mais guitarristas bons? Existe um monte! Eu acho que tem muita coisa boa pra mim, particularmente. Eu ouço muita coisa nova e tem muita coisa boa acontecendo, principalmente aqui no Brasil.

RtM: Estamos chegando ao meio do ano somente, e acredito que 2016 promete muito para o Heavy Metal, tanto aqui como lá fora.

Guto: E eu tenho certeza que, um dos CDs do ano, vai ser o do Pastore e do King Of Bones. O Hevilan, se eu não me engano, vai lançar CD novo também...

Márcio: E é uma pena uma banda como o Dr. Sin acabar, você não sabe como eu fico triste. É sacanagem não falar de Sepultura, mas, pra mim, o “Brutal” (1995) é um dos melhores discos de Heavy Metal nacional de todos os tempos. Eu acho sensacional em todos os sentidos: o Andria está cantando pra caramba, o Ivan está tocando pra caramba e o Edu está inspiradíssimo naquele disco. O Edu, pra mim, é inspiração total. Não ficar falando que o Dr. Sin morreu e não tem mais nada que presta. Muito pelo contrario, tem muita coisa boa, como o Project46, Hibria...

RtM: Outra coisa que está acontecendo é a destinação de músicos brasileiros tocando fora do Brasil, por exemplo, o Kiko Loureiro, no Megadeth. E também músicos de fora vindo pra cá, como o Fabio Lione, no Angra, o Magnus Rosen (ex-Hammerfall) no Shadowside e o Warrel Dane com os músicos daqui.

Márcio: Você pega um baterista, por exemplo, do nível do Aquiles Priester. Ele perde pra quem? Não é uma competição, estamos falando de música, mas é um cara que poderia tocar em qualquer banda. Tem muita coisa acontecendo aqui e fora do Brasil.

Guto: A banda do SOTO tem dois brasileiros, como o BJ e o Edu Cominato. E o guitarrista, do Adrenaline Mob, agora é guitarrista da Noturnall, o Mike Orlando. O guitarrista que entrou agora no Rage é da América Latina, o Marcos Rodríguez. E isso prova que não estamos perdendo pra ninguém , essa é verdade.

Márcio: Eu acho que tem muita coisa nova acontecendo. Eu sou um eterno otimista! Quem vive de passado é museu, como diria o velho ditado. É claro que eu não vou ficar a minha vida inteira ouvindo Metallica. Eu acho o Metallica a melhor banda de Heavy Metal que já existiu. Se eu fosse escolher a melhor de Heavy Metal, seria o Metallica, mas eu não vou ficar ouvindo o “Black Album” pro resto da vida com tanta coisa boa acontecendo.

RtM: Pra encerrar, gostaria que vocês falassem sobre os planos da Heaviest daqui pra frente, já com uma tour latino americana agendada para o segundo semestre, e os planos do Mario Pastore, que tem o Powerfull e o novo CD do Pastore pra lançar.

Guto: Estamos focando muito nessa possível turnê no segundo semestre na América Latina, só estamos esperando acertar a data pra fazer a compra da passagem. E, provavelmente, vai ser uma turnê com a King Of Bones, estando com 90% pra dar tudo certo. Até lá, vamos fazer shows, tendo um pra acontecer no dia 21 de abril, abrindo pro Warrel Dane, em São Bernardo do Campo, e o outro no dia 30 de abril, no Gillan’s Inn. Estamos antenados, procurando a possibilidade de fazer shows pelo Brasil e aonde for. E paralelo a tudo isso tem todo esse trabalho em comemoração aos 30 anos do Pastore, que pra nos é gratificante demais de participar, porque eu ouvi o Acid Storm quando eu tinha a guitarrinha de plástico. Eu lembro, na segunda música, que tinha uns arpejos e falava: ‘O que é isso daqui?’

Pastore: É o “Biotronic Genesis”, com a possibilidade, agora, de ser relançado em CD. O vinil eu nem tinha mais, ganhei o vinil de um amigo, aluno e fã meu que recomprou o vinil e me deu de presente. E falando rapidamente, acrescentando o que eles já disseram, eu vesti a camisa da Heaviest, sou o cantor e vocalista da banda, e estou na parada com eles pra brigar até o fim. E tem também um projeto meu, que é o Powerfull, que vai sair no segundo semestre desse ano. Acredito que seja lançado por um selo importante daqui do Brasil, faltando apenas algumas músicas pra terminar. E o Marcião, Guto, Johnny e o Fabio Carito, estão trabalhando comigo no Pastore, e em breve sairá CD novo, e está pesado pra caramba e uma porrada bem gravada. E vamo que vamo, nós somos uma equipe.


RtM: Muita coisa legal, mal podemos esperar!

Márcio: Como o Pastore está centralizado no meu estúdio, vamos dizer assim, eu recebo as gravações do Ricardo Baptista e do Johnny Moraes primeiro. A gente tem feito algumas coisas, e posso dizer que está ficando bom. Podem esperar que vai vim coisa pesada! Ele é mais ‘dark’ que a Heaviest, mas vai prometer muito esse disco. Fora os shows da Heaviest, vamos começar a preparar material novo pra lançar no primeiro semestre de 2017, estamos com uma expectativa muita alta nesse segundo CD após toda essa rodagem que nos pegamos de um ano e meio de composição até agora.O próximo CD da Heaviest virá caprichado.

Pastore: E vai ser melhor do que esse, porque o “Nowhere” eu já acho foda pra caralho! Eu acho bacana o seguinte: temos que ouvir tanto elogios quanto criticas. Eu acho que as criticas perto dos elogios são verdadeiras e ínfimas, algumas fazendo sentido e outras não. Eu gosto demais desse trabalho, atingimos o que precisava atingir ali e é isso ai.

Muito obrigado a todos por essa grande conversa que nos tivemos! O espaço é de vocês para as declarações finais.

Pastore: Primeiramente, quero agradecer a você, Gabriel, e a galera que acompanha o Road To Metal. E mandar um grande abraço aos meus brothers Carlos Garcia, amigão meu, e o Renato Sanson. Muito obrigado mais uma vez pela oportunidade! E, agora, deixo os meninos acabar com os agradecimentos. 

Guto: Agradecer a você também, Gabriel, porque estamos começando a ver algumas coisas não só da mídia em si, mas em alguns profissionais que já passam a acreditar na banda. Então a gente trabalha, hoje, como endorser da Tia-Flex Cabos, e estamos vendo uma parceria muito, mas só que é surpresa e não vamos revelar. (risos) Agradecer também ao Thiago Rahal Mauro, da TRM Press. E tem um negocio legal que está pra acontecer: está saindo agora, em abril, o tributo aos 25 anos do Edu Falaschi, onde fizemos uma nova versão da música “Warm Wind”, do disco “Unfold” (2013), do Almah. E ficou bem legal, que na hora que terminar a entrevista, vamos colocar pra rolar em primeira mão. 

Márcio: Muito obrigado pela oportunidade! A gente gosta de bater papo sobre o assunto, sou fã de Metal desde quando eu era moleque. Desculpa a gente ter falado demais, mais é isso ai. (risos) Muito obrigado pelo suporte e pelo apoio... (N.do R.: Nesse momento, o Guto e o Pastore não estavam deixando o Márcio terminar de falar) Agradecer pela resenha que você fez, muito grato pelas suas palavras. E é isso ai, ouçam a Heaviest! Procurem a gente no Facebook, adoramos conversar com os fãs e com quem gosta do nosso trabalho. Pode procurar o Facebook do Mário, do Guto, o meu, Marcio Eidt, e o da Heaviest. Se vocês procurarem no site, tem as faixas bônus, que não sairam na versão nacional, pra baixar. Como não saiu no CD nacional, a gente, por respeito aos fãs, disponibilizou as músicas pra baixar. Então baixem, ouçam e comentem. Foi um prazer falar com vocês do Road To Metal! A gente se vê por ai...

STAY ON THE ROAD!

Entrevista: Gabriel Arruda
Revisão/Edição: Carlos Garcia/RenatoSanson
Fotos: Divulgação

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Assessoria: TRM Press







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