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Screamin' Jay Hawkins |
O ocultismo está presente no rock n' roll desde que ele existe. Temas
sombrios como feitiçaria, satanismo e criaturas mágicas sempre foram uma grande
fonte de inspiração para vários artistas, desde Black Sabbath até Venom, por
exemplo. Mas de onde surgiu esse interesse?
Arrisco a dizer que o grande precursor desse fato foi o grande
Screamin' Jay Hawkins. O cantor de blues responsável pela composição de 'I Put
a Spell On You', mais tarde regravada pelo Creedence Clearwater Revival, tinha
um interesse bastante grande em Voodoo, o que ele levava para as suas
apresentações (a história diz que o então DJ Alan Freed teria oferecido algum
dinheiro a Screamin' Jay para que ele saísse de dentro de um caixão em um de
seus shows). Caveiras, bonecos de voodoo, velas e outros objetos faziam parte
da sua indumentária, criando um clima sombrio que combinava com sua música.
Reza a lenda que nas gravações de 'I Put a Spell On You', a banda estava sob o
efeito de alucinógenos, e Screamin' Jay gritava e urrava, o que fez com que a
música, composta originalmente para ser uma balada, virasse outra coisa. Algo
de outro mundo, quase que como um grito dos infernos.
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Creedence Clearwater Revival |
Suas letras ganharam aspectos sombrios também, como 'Whistlin' Past The
Graveyard', também regravada anos mais tarde, dessa vez por Tom Waits (que leva
MUITO do seu 'ídolo' na sua carreira, desde a voz rouca até o teor lírico). A
combinação das suas letras macabras com o visual utilizado marcaram época e
fizeram com que Screamin' Jay Hawkins fosse visto quase como um profeta. Muitos
artistas beberam dessa fonte, e hoje se utilizam dessa inspiração para suas
músicas e shows. Depois que se conhece sua obra, é inegável a presença quase
mágica de Screamin' Jay em quase todos os artistas que seguiram essa linha
artística. Definitivamente, ele moldou todo um estilo, levando o rock (e o
blues) a um outro patamar.
Desse interesse visual e de choque, nasceu um outro interesse - o do
ocultismo como filosofia em si, não apenas como visual. Blavatsky, Crowley e
outros ocultistas famosos eram temas recorrentes para as bandas que surgiram
alguns anos depois, como Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple. É conhecida
a história de que Jimmy Page comprou a mansão de Boleskine (que perteceu à
Crowley), pois além de ser um colecionador, era também um entusiasta da
Thelema. Anos mais tarde, Ozzy Osbourne também escreveria sobre a Grande Besta
na homônima 'Mr. Crowley', enfatizando um caráter, de certa forma, mais mágico
e rebuscado.
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Page em frente a mansão de Boleskine |
No Brasil, temos o exemplo da grande banda Harppia, com sua música
'Salém (A Cidade Das Bruxas)', que conta a história da cidade com o mesmo nome,
da qual teriam saído várias feiticeiras, e 'onde o Mal é eterno'. No mesmo ano,
1985, apareceria também o Sarcófago, já com uma temática bem mais macabra e
voltada para o anticristianismo e o satanismo. Também o Sarcófago teria sido
responsável pela 'invenção' do hoje mundialmente famoso corpse paint - embora
há os que digam que o Ney Matogrosso já havia feito isso antes... HAHAHA.
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Aleister Crowley |
Fato é - o ocultismo sempre foi uma gigantesca fonte de inspiração para
os artistas ligados ao rock n' roll em geral. Talvez pelo rock ser um estilo de
contestação, de autoquestionamento e de autogestão, esses artistas tenham se
identificado mais com a 'serpente do Éden, que deu o conhecimento do bem e do
mal' do que com o 'Criador'. E dessa fonte beberam sua inspiração, o que
perdura até hoje.
Graças a Deus.
Ou há quem quer que seja.
Texto por: Caius Caesar
Revisão/edição: Renato Sanson
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