quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Nazareth: 50 anos de Hard Rockin'



A banda escocesa Nazareth completa este ano 50 anos de carreira e vai lançar seu 24º álbum de estúdio, e não obstante os altos e baixos, tem uma contribuição valiosa com discos e canções marcantes.

O quarteto, cujo embrião foi o Shadettes (banda criada por Pete Agnew), reuniu os 4 integrantes originais, Dan, Manny Charlton (guitarra), Pete Agnew (baixo) e Darrel Sweet (bateria), e ao final de 1970 já havia sido rebatizada para Nazareth. O grupo teve seu auge nos anos 70, período em que lançou seus maiores clássicos.

Após os dois primeiros, "Nazareth" e "Exercises", onde a banda ainda procurava sua identidade, foi com o terceiro álbum, “Razamanaz” (1973, produzido por Roger Glover, do Deep Purple, que também produziu os 2 seguintes, "Loud n' Proud" e "Rampant", que teve Jon Lord, tecladista do Purple, em duas faixas), que adotou uma sonoridade mais Hard Rock, algo que já aflorava em seus shows, e também figurou no top 10 das paradas britânicas.

Em 1975 lançam “Hair of the Dog”, produzido por Manny, definitivamente levou os escoceses a status de banda reconhecida internacionalmente.


Músicas como a faixa título e a versão para “Love Hurts”, dos Everly Brothers, impulsionaram o disco e a carreira da banda, que chegou a vender mais de um milhão de cópias só nos EUA. "Love Hurts" é daquela canções fadadas ao sucesso, pois para o tradicional single que a banda costumava lançar antes dos álbuns, havia sido escolhida a faixa "Guilty", mas um executivo da gravadora ouviu a versão do grupo para a canção dos Everly Brothers e praticamente exigiu que ela fosse o single, dizendo que era um hit! E acertou.

O grupo tem uma carreira marcada por períodos bem irregulares, pois tem álbuns realmente excelentes, como “Hair of the Dog” , “Razamanaz” e “Close Enough for Rock N’ Roll”, e forjou hits inesquecíveis e importantes na história do Classic Rock, além de capas com artes lindas, como a do citado “Hair of the Dog”, “No Mean City” e “Expect no Mercy” (desenhada por Frank Frazetta), por exemplo. Mas, em contrapartida, também foi capaz de fazer músicas e álbuns muitos fracos, assim como capas e títulos horríveis (“Boogaloo” e “Cinema”, por exemplo, fracos em todos esses quesitos).


Eu acredito que essa irregularidade da banda, que até mesmo em álbuns bons conseguia ter músicas muito boas e algumas realmente péssimas, muito se deve a falta de melhores managers e produtores ,lembrando que o manager da banda, Bill Fehilly, era o mesmo do Lynyrd Skynyrd, e faleceu naquela fatídico acidente aéreo, onde faleceram também o vocalista Johnny Van Zant e o guitarrista Steve Gaines, além de outros membros da equipe.

A partir daí, muitas mudanças de direção ocorreram, além de que podemos perceber uma certa pressão externa para que entregassem algumas canções mais comerciais. Os anos 70 foram bem produtivos, com ótimos álbuns, e o início dos anos 80 também foram bem interessantes, apesar de ser o período em que a música da banda começou a sofrer mais com a irregularidade.

Desse período, temos como exemplo o álbum2XS” (1982), que possui boas canções e de potencial comercial, como “Love Leeds to Madness” e “Dream On”, que acabou tendo excelente repercussão em países como a Alemanha, mas também tem músicas bem descartáveis, além de algumas que funcionaram melhor ao vivo.


Ainda sobre o final dos anos 70, o grupo seguiu com bons álbuns como “No Mean City” e “Malice in Wonderland”, e nesses dois contaram com um segundo guitarrista, Zal Cleminson (Alex Harvey Band), além de também adicionarem mais teclados ao seu som, chegando a formar um sexteto, e contando com Billy Rankin ao lado de Manny nas guitarras e  John Locke e Ronnie Leahy ficaram a cargo das teclas, entre os anos 80 e final dos 90.

Nesse fim dos anos 70 e anos 80 a banda direcionou sua sonoridade mais ao AOR. O álbum "Snakes 'n' Ladders", de 89, foi um disco controverso, e ficou mais lembrado por ser o marco da separação, pela primeira vez, dos membros originais, com Manny deixando o grupo, além de terem rompido com a sua então gravadora, a Vertigo.


Retornam com o disco “No Jive” (1991), como quarteto e com Billy Rankin na guitarra voltando a se juntar ao grupo. Um disco interessante, mas não o suficiente para dar uma alavancada. Billy novamente deixa a banda, que começa a buscar um substituto. Jimmy Murrison, indicado pelo filho de Pete Agnew, Lee, que havia tocado com Jimmy e se impressionou com seu trabalho. Jimmy trouxe novo fôlego, além de mostrar qualidade como compositor. "Move Me", de 94, vem com uma tour extensa, passando por Europa, EUA, Canadá e Brasil entre outros.

Em 1998, lançam “Boogaloo”, que alcançou números interessantes, mas seguidamente figura entre os piores álbuns do grupo na opinião dos fãs e crítica, ao lado de "Cinema" e "Snakes 'n' Ladders". Durante a tour desse passam por uma grande perda, com a morte do baterista Darrel Sweet, aos 51 anos, por causas cardíacas. O filho do baixista Pete Agnew, Lee, assume a bateria, e após uma nova parada de quase uma década, o Nazareth resiste e retorna com seu 21º álbum, “The Newz” (2008), coincidindo com seu aniversário de 40 anos, trazendo bons momentos e tendo boa aceitação


Em 2011 e 2014 lançam “Big Dogz” e “Rock and Roll Telephone”, sendo que este último marca a despedida do vocalista Dan McCafferty. Dan teve de deixar a banda devido a complicações de saúde (doença crônica pulmonar), que inclusive lhe causaram colapsos durante apresentações ao vivo. Frente às dúvidas de que a banda continuaria sem a voz original, que marcou os maiores êxitos da banda, eles seguem resistindo, e com as bênçãos do próprio Dan, recrutam para os vocais o seu conterrâneo Linton Osborne. Porém, devido a complicações causadas por um vírus que contraiu, causando uma infecção na garganta e obrigando a banda a adiar alguns shows, somado a isso um consenso entre o cantor e a banda de que as coisas não estavam funcionando de acordo com o esperado entre eles, e no começo de 2015 anunciam sua saída.

No mesmo ano, em fevereiro anunciam o excelente e experiente Carl Sentance (Persian Risk, Geezer Butler Band, Dario Mollo’s Crossbones), com o qual lançarão em outubro deste ano, comemorando 50 anos de banda, o álbum “Tattooed on My Brain”, pela gravadora italiana Frontiers Records, o primeiro sem McCafferty, sendo que agra resta somente Pete Agnew de membro original.


A Frontiers, especializada em Classic Rock, juntamente com o novo vocal, com certeza dará fôlego renovado ao grupo, apoiados por pessoas capacitadas. Uma pena que a banda não tenha caído nas mãos deles antes, com certeza traria bons resultados. Sempre há o porém,  como a certa apreensão dos fãs mais conservadores, pois sempre é delicada a troca de um vocalista, ainda mais aqueles que são considerados uma marca registrada de uma banda. 

São poucas linhas para contar todas as histórias e comentar um pouco mais a fundo a discografia, mas o principal aqui é prestar uma homenagem aos 50 anos desta banda, que apesar dos altos e baixos, possui uma bela contribuição, sendo até um pouco injustiçada. 

Mas o grupo tem uma legião de fãs fiéis, e é respeitada por muitas bandas de gerações recentes, como o Guns and Roses, que homenageou o Nazareth em seu álbum de versões "The Spaghetti Incident", e também chegou a levar a banda como convidada, abrindo shows do Guns. Pete Agnew lembra que os integrantes do Guns vieram um a um cumprimentá-los e dizer que eram seus fãs, e que o Nazareth e Aerosmith eram para eles o que os Beatles e os Rolling Stones significavam para o grupo escocês.


Em meio às mudanças do cenário musical e de sua própria formação, como a mais recente e mais profunda, com a saída de Dan McCafferty, o Nazareth seguiu resistindo aos modismos, sendo uma daquelas que passou pelas ondas do Punk Rock, Disco Music, Grunge e etc, e está aí, mesmo que somente com um membro original, fazendo Rock and Roll, enquanto muita gente já ficou pelo caminho, e parece que vão provar que ainda tem o que contribuir. Méritos à eles.

Aguardemos os próximos capítulos da história deste dinossauro do Hard/Classic Rock.

Texto: Carlos Garcia

Nazareth Site Oficial
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