segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Amorphis: Identidade e Qualidade Preservadas

 

Dominar algum cargo, função ou administrar requer sapiência e preparo para que as pessoas aceitem suas ideias. Para criar algo também são necessárias inspirações e influências, mas essa busca pela identidade é facilitada para quem possui o dom da criatividade. E a dádiva da engenhosidade sempre foi algo presente nos finlandeses do Amorphis, que novamente apresenta sua sonoridade original e toda própria em “Queen Of Time”, 13º álbum da banda e 7º com Tomi Joutsen nos vocais.

É uma banda que sofreu mutações desde sua estreia, e se tratando de Amorphis, já é praticamente consenso esperar muito. E quem acompanha ou for conferir sua discografia, observará que eles têm uma sonoridade própria e diferenciada. E “Queen Of Time” soa totalmente íntegro, valorizando sempre a força bruta com melodias, orquestrações e corais emocionantes, sendo atribuído a eles a alcunha de ser um dos pioneiros do Death Metal melódico, sendo claro que hoje vão muito além disso.

A produção tem a mão firme do sueco Jens Bogren. A sua contribuição é de extrema competência. Quem ouve e pensa que tudo tange de maneira descomplicada está muito enganado, pois tudo aqui opera como se fosse um multi processador, transitando por os arranjos refinados e selos bem definidos, não deixando de lado a massa sonora intensa e pesada.


Comparar o Amorphis com outros nomes da música extrema torna-se uma perda de tempo, e a melhor explicação de todo esse resultado é a busca por evolução, experimentando novos caminhos, transformando o Death Metal mais extremo de outrora a uma variedade sonora que praticamente não se pode rotular, entregando artifícios folclóricos e nuances progressivas sem medo de arriscar, administrados pela energia e emoção que são unicamente do sexteto. E vale lembrar que o disco marca a volta, depois de 17 anos, do baixista Olli-Pekka Laine.

É trabalho árduo apontar destaque ou melhores músicas, o disco todo é muito relevante, começando com a orgânica “The Bee”, que apresenta ótimas orquestrações e um refrão melódico, a Folk “Message In The Amber” é apoiada pela agressividade e pelas melodias de teclado; os elementos jazzísticos surgem surpreendentes na ríspida “Daughter Of Hate”; o fulgor dos violinos surge em "The Golden Elk”, enquanto que a força tribal da bateria e o poder denso do baixo em “Wrong Direction”. Apenas pequenas impressões deste contagiante e criativo álbum.


As harmonias de guitarra casam-se perfeitos com os arranjos orquestrais da pesada  “Heart Of The Giant”, onde Tomi mostra a sua técnica nos vocais guturais; a enérgica “We Accursed” traz as tradicionais linhas Folk, vocais intensos e teclados que remetem ao Rock Progressivo dos anos 70. “Grain Of Stand” possui uma atmosfera oriental, mas sem abortar do peso, destacado nos corais e teclados, e, claro, temos de ressaltar o dinamismo vocal de Tomi Joutsen, que vai do gutural ao limpo com extrema competência. “Among Stars” traz uma cadência lírica encantadora, graças à participação da cantora holandesa Anneke van Giersbergen (ex-The Gathering), e dos fantásticos traços de flauta; fecha o álbum a requintada e de fascinantes elementos sinfônicos “Pyres Of The Coast”.

Mais uma obra-prima desses homens de gelo, mostrando novamente o porquê de serem a banda de maior relevância da Finlândia, ao lado do Nightwish. Um grupo com sonoridade própria, sendo excelentes no que fazem. 

Texto: Gabriel Arruda
Edição/Revisão: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação

Ficha técnica
Banda: Amorphis
Álbum: Queen Of Time
Ano: 2018
Tipo: Death Metal Melódico 
País: Finlândia 
Gravadora: Shinigami Records (Nac.) / Nuclear Blast (Imp.)

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Formação
Tomi Joutsen (Vocal)
Esa Holopainen (Guitarra)
Tomi Koivusaari (Guitarra)
Olli-Pekka Laine (Baixo)
Santeri Kallio (Teclado)
Jan Rechberger (Bateria)

Track-List
1. The Bee
2. Message In The Amber
3. Daughter Of Hate
4. The Golden Elk
5. Wrong Direction
6. Heart Of The Giant
7. We Accursed
8. Grain Of Sand
9. Amongst Stars
10. Pyres On The Coast


       


       

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