Luis Mariutti, lenda do baixo nacional e conhecido pelos seus trabalhos no Angra, Shaman e entre outros projetos que participou ao longo de suas quatro décadas de carreira, fortificou seu nome nos últimos anos depois que criou o seu canal no Youtube.
Anualmente, junto com sua esposa, Fernanda Mariutti, (cérebro do Mariutti Team) promovem o “Festa da Firma”, que tem como intuito de premiar os melhores do ano de cada categoria com rápidos shows dos novos nomes do Metal nacional.
Diferente dos últimos anos, o evento dessa vez foi abrigado
em uma das casas de mais movimentadas de São Paulo, a Audio, que recepcionou um
grande público num domingo bastante quente que reuniu os membros do Shaman e do
Angra para o ShamAngra, ideia já antiga e que, finalmente, se tornou realidade
no último dia 14 de janeiro.
Mas antes desse grande momento acontecer, o dono da festa, pontualmente às 18hrs, aproveitou o dia para tocar (na integra) o “Unholy”, álbum que é voltado apenas para o som de baixo, bateria e com um pouquinho de guitarra. Ao lado do excelente baterista Rodrigo Oliveira (Korzus, Oitão), Luis - com toda sua empatia - agitou os poucos presentes com sua performance e as músicas altamente caprichadas.
Seguindo a mesma roupagem do disco, o show contou com a participação do vocalista (e um dos componentes do ShamAngra) Thiago Bianchi em “The Eye Of Evil” e “Addicted”, essa última, o ‘front-man’ fez questão de se despedir saudando o Luís de joelhos. Outra participação foi a do vocalista Alessandro Bernard, da Kill For Nothing, em “God Of War”, que encerrou o show de forma agressiva com os seus berros.
A noite contou com três bandas de abertura, duas delas vindo da região norte e nordeste. Os baianos do Auro Control foram os primeiros a entrar em cena. Com forte influência do Power Metal dos anos 90, o quinteto, na ocasião, promoveu o primeiro show da carreira diante de um público volumoso, que se empolgaram com as músicas que estarão no primeiro álbum, a ser lançado em breve. O grande destaque ficou para o guitarrista Lucas Barnery, que destilou muito bem suas habilidades no instrumento com perfeição.
Diretamente de Tocantins, a Vocifer também ganhou muitos
votos pela ótima presença de palco, um dos pontos que mais chamou da maioria.
Com dois álbuns lançados (“Boiuna”, “Jurupary”), que aborda os contos
folclóricos do Brasil, a banda também se escora no Power Metal, só que puxando mais
a linha oitentista e não tão melódico quanto a atração anterior. E eles também saíram
com um saldo positivo, rendendo até gritos de “mais um”.
Encerrando a trinca de aberturas, o FireWing, fundado durante a pandemia pelo guitarrista Caio Keyayan, não recebeu tantos holofotes quanto as outras bandas.
Por mais que sejam ótimos músicos, o show acabou
pecando muito pela qualidade do som, deixando as guitarras, voz e orquestrações (pré-gravadas) com pouca nitidez. De especial teve a presença do
Bill Hudson, atual guitarrista da Rainha do Metal, Doro Pesch, em “Obscure
Minds”, faixa do único álbum,“Ressurection”.
De forma rápida para não atrasar o último ato da noite,
Terry Painkiller, (vocalista do Facing Fear), ao lado da Maná Mendonça, comandaram
a premiação dos “Melhores do Ano” de 2023. O Black Pantera, banda que vem
ganhando cada vez mais credibilidade na cena, foi a que saiu de mãos cheias com
três troféus, sendo o de melhor baixista, single e melhor álbum.
Enfim, às 21h50, o ShamAngra apareceu no palco já com a Audio completamente cheia. Os irmãos Hugo (guitarra) e, claro, Luis Mariutti (baixo) dividiram, pela primeira vez, o palco com o grande Aquiles Priester.
Mais que
isso, também foi a primeira vez que o baterista, que é uma verdadeira máquina, tocou
as músicas do Shaman ao vivo. A sua pegada encaixou puramente nas
linhas criadas pelo Ricardo Confessori com uma dose a mais de técnica, velocidade e brutalidade, logo sentido de começo com “Here I Am” e “Time Will Come”,
do álbum “Ritual” (2002).
Do Angra só teve músicas do “Angels Cry” (1993), “Holy Land” (1996) e do “Fireworks” (1998), álbuns que o Luis gravou na época que integrava a banda: “The Shaman”, “Carolina IV”, “Never Understand” e “Streets Of Tommorow” (músicas que não tem status de hit, mas que tem um valor absurdo), foram as mais aclamadas da noite.
E é
muito interessante ver o Hugo, que vem de uma escola totalmente diferente, tocando
elas no mesmo nível que está no disco. Fora a ótima performance, ele interagia
com todos de forma animada, diferente da novata guitarrista Helena Nagagata, que esteve
concentrada até o último minuto.
Para as vozes contou com a experiência do Thiago Bianchi e da talentosa Hanna Paulino, onde os dois optaram em cantar as músicas em dueto, sendo uma e outra de forma solo. Com um visual estilo Rob Halford, Thiago, que fez parte da segunda formação do Shaman e atualmente na Noturnall, provou que está na sua melhor forma vocal e cantando muito bem.
Já a cantora amapaense segurou
muito bem a bronca em interpretar as obras do saudoso Andre Matos,
principalmente na dificílima “Wuthering Heights”, onde muitos (e muitas) não
têm a audácia de cantá-la.
O restante do show foi marcado por alguns convidados
especiais, que são a nova geração de vocalistas que surgiram antes e depois da
pandemia. A primeira a puxar o carrossel foi a Juliana Rossi, que emprestou sua
voz em “Make Believe”; Kaka Campolongo (de praxe) em “Speed”; Vanessa Lockhart
(a dona do shopping, segundo a Hanna) em “Mystery Machine”; Victor Emeka
(Hibria) em “Pride” e Mayara Puertas (Torture Squad) em “Over Your Head”.
Antes da “Carry On”, Thiago e Hanna apresentaram os
integrantes. Aquiles, como de costume, roubou a cena com suas palavras. Além dos
elogios direcionados a Fernanda, definindo-a como um verdadeiro “tanque a
serviço do Metal”, ele relembrou da conversa que teve com o Luís e com o Hugo a
respeito da opinião que ele tinha do “Ritual”, que não deve ter sido das boas.
“Eu confessei para eles dois, dentro do ensaio: ‘Cara, o “Ritual” é um puta
disco! Me desculpa eu ter falado merda no passado”, falou.
O bis proporcionou emoção e adrenalina. A emoção não poderia ser de outra forma a não ser com “Fairy Tale”, que o Aquiles nunca imaginava em tocar. As lagrimas eram vistas nos rostos da maioria, até mesmo do Thiago e da Hanna. E foi muito bonito ver todos gritando “Andre, Andre” no final; a adrenalina veio com “Angels Cry”.
Alguns que dependem de transporte
público, infelizmente, tiveram que ir embora antes do encerramento para conseguirem
voltar para as suas casas. O show terminou faltando 10/5 minutos para meia
noite, o que não é normal para um show de domingo à noite, mas no final valeu a
pena!
Realmente a ideia deu liga, sendo a melhor saída para
manter vivo o legado do Shaman, que encerrou as atividades no começo do ano passado,
com a adição dos clássicos da primeira fase do Angra. Que as demais capitais
possam ter a experiência de vê-los futuramente, pois como o Thiago disse, “será
o primeiro de muitos”.
Texto:
Gabrie Arruda
Fotos:
Belmilson
Santos (@bel.santosfotografia)
Produção/Realização:
Mariutti
Team
Assessoria
de Imprensa: Hell Yeah Music Company
ShamAngra
Ancient Wings / Here I Am
Time Will Come
The Shaman
Carolina IV
Never Understand
Wuthering Heights
Streets Of Tommorow
For Tomorrow
Make Believe
Speed
Mystery Machine
Pride
Over Your Head
Carry On
***Encore***
Fairy Tale
Angels Cry
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