A história da Volúpia é daquelas que parecem saídas diretamente dos capítulos esquecidos do metal brasileiro. Formada no Rio Grande do Sul nos anos 80, época em que havia aquela vertente do Hard e Metal com letras em português , e aqui se destacavam o Astaroth e Câmbio Negro, por exemplo.
Porém, devido àquelas dificuldades que todos conhecemos no meio Metal e underground, como a falta de estrutura, apoio, recursos…tudo ainda mais complicado naquela época, a Volúpia acabou sucumbindo ao destino de tantos nomes promissores da cena é entrou em um longo hiato.
Mas a chamada não se apagou, ficou aguardando ser alimentada para enfim voltar a arder. Em 2016 a Volúpia retorna reformulada e disposta a registrar o material produzido durante sua história, e claro, voltar aos palcos.
Após alguns singles e vídeo, a banda entrega finalmente seu primeiro full-length, “Deja Vu”, um disco que faz jus à espera e carrega o peso da história com orgulho. O título é certeiro: ouvir o álbum é sentir que o tempo nunca apagou a chama, apenas a deixou amadurecer.
O debut traz 11 faixas de um Hard/Heavy vigoroso e de refrãos marcantes, com as músicas que foram compostas em épocas distintas, porém soando atuais. As letras trazem temas pessoais, sociais e do cotidiano.
Após a intro instrumental que leva o nome do álbum, temos a paulada “Rebelião”, com riffs afiados estilo NWOBHM, cozinha pesada, vocal enérgico e uma letra que reflete a insatisfação de quem nunca se conformou. É um começo que vibra como manifesto e anuncia que o Metal feito no sul segue vivo e pulsante.
“Poderes e Forças”, vem na sequência e mantém a adrenalina alta. Com uma letra bem atual, falando sobre os poderes que as “telas” podem exercer sobre as pessoas. Hard vigoroso, com melodias e refrão marcantes.
“Brilho de Luz” é outro destaque, sendo inclusive escolhida para ser o vídeo de divulgação. Balanceamento muito bem equilibrado de Hard e Metal, trazendo ênfase nas melodias e o acréscimo de teclados de fundo. Cadenciada, melodiosa e pesada é daquele tipo que funciona muito bem ao vivo, inclusive com aqueles trechos típicos que convidam o público a cantar junto.
Destaco também “A Noite”, a qual traz um clima mais sombrio e introspectivo. A canção mistura melodia e peso, evocando o melhor do hard/heavy brasileiro dos anos 80. O refrão, carregado de emoção, e o riff principal, são daqueles que ficam ecoando na cabeça. E tenho que enfatizar o trabalho de guitarras de Luciano, seja no riff marcante e direto, como nos solos e trechos introspectivos e viajantes.
E o Rock/Hard vibrante e de sonoridade alto astral de “Lembranças”, tem nuances do rock gaúcho dos anos 80, mas com mais peso, seguida por “Rolando no Asfalto”, faixa mais acelerada e mais acessível, mostrando que a Volúpia entrega uma diversidade bem legal, transitando pelo Hard, Heavy Metal e Rock Pesado.
“Deja Vu” é um álbum direto e sem exageros, valorizando o som orgânico. Guitarras com timbre quente, refrãos marcantes, baixo pulsante e bateria consistente sustentam um vocal cheio de personalidade. O resultado é um disco honesto, vibrante e com alma, algo cada vez mais raro.
Texto: Carlos Garcia
Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
Volúpia é:
César "Five" Louis: bateria
Luciano Reis: guitarra
Marco Canto: vocal
Ricardo Lampert: baixo
Faixas:
Déjà Vu
Rebelião
Poderes e Forças
Brilho de Luz
Último Entardecer
Louca Juventude
A Noite
Filme Antigo
Lembranças
Rolando no Asfalto
Adrenalina




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