sexta-feira, 15 de maio de 2009

Resenha de Show: Iron Maiden no Quilmes Rock ’09, Buenos Aires, Argentina

Sétima apresentação da banda no país vizinho Argentina e a segunda passagem da turnê Somewhere Back in Time na capital Buenos Aires. Sou brasileiro e fui especialmente para Buenos Aires conferir pela segunda vez a Donzela de Ferro.

Antepenúltima apresentação da segunda parte da turnê, que manteve a base da realizada em 2008 (e que teve três shows no Brasil), com as novas velhas canções: “Wrathchild”, “Children of the Damned”, “Phantom of the Opera”, “Sanctuary”, “The Evil That Men Do”.

Com o palco muito semelhante ao do ano anterior, a produção foi impecável. Simplesmente perfeita. Podemos conferir todo o aparato que a banda levou para a Europa, com os dois Eddies, a cabra em “The Number of the Beast”, fogos em “Rime of the Ancient Mariner”, e assim por diante.

O Estádio do Velez Sarsfield recebeu cerca de 45 mil pessoas no sábado do dia 28 de março, como noticiaram os jornais no domingo. Sendo headline do mega festival Quilmes Rock Fest ’09, contou com Lauren Harris Band (a bela filha de Steve Harris), O’Connor, Horcas e os brasileiros do Sepultura para aquecer a galera.

Porém, o estádio foi encher realmente antes do show do iron Maiden. E nossos hermanos não tem do que reclamar: um show perfeito (exceto pelo tombo meio sem graça de Janick Gers), com ótimo som (não ouvi ninguém reclamar), a banda com sua presença de palco característica.

O vocalista Bruce Dickinson cantando melhor do que nunca (ou pelo menos melhor do que os bootlegs ao vivo que existem por aí), Nicko detonando sua mega bateria e acenando direto para o público, Steve Harris correndo de um lado para o outro chamando o público a agitar, Dave Murray "na dele", dando seus passinhos um pro lado dois pro outro (e fazendo os melhores solos da noite), Janick Gers com suas acrobacias típicas (e que são tão legais de ver ao vivo) e Adrian Smith com seu estilão rock and roll sempre marcante (e solos que dividem minha preferência com a de sua dupla dos anos 80).

Ao começo da intro “Doctor, doctor” da banda UFO (presença garantida nos shows da banda), o estádio vai ao delírio, com a galera do campo pulando no rítmo da música. Todos sabíamos que, atrás daqueles panos que cobriam o palco com mais detalhes do mundo do Rock, seis figuras se preparavam para destrinchar a rápida “Aces High”, canção que abre “Powerslave” (1984), que é o disco (ao lado de “The Number of the Beast” de 1982) destaque da turnê.

Mas não antes dos telões (três, dois relativamente pequenos em cada lado do palco, e um gigantesco, à esquerda, para a galera mais do fundo) começarem a transmiteir a fala de Wiston Churchiil, que abre o video clipe de “Aces High”.

A banda entra e podemos ter noção de que o show, com certeza, será um dos melhores da turnê.

Após o alvoroço, sem delongas, Steve Harris e Nicko Mcbrain puxam “Wratchild”, única faixa do álbum “Killers” (1981), e que é uma das “novidades” dessa segunda parte da turnê. Eu não aguentava de empolgação, e nessa canção quase cai da arquibancada de tanto pular. E a galera do campo não fez menos, sendo um show a parte.

Emendam “Two Minutes to Midnight” e Bruce cumprimenta a cidade com seu clássico (e sempre tão esperado) “Scream for me Buenos Aires, Scream for me Argentina”. Clássico dos anos 80 e que a banda nunca deverá deixar de tocar (como o fez na turnê “Death on the Road”, de 2003/2004).

Terminada essa, Bruce Dickinson vai bater um papo com a galera, sempre simpático e apresentando a nova turnê, dizendo ser um show muito especial para a banda, por estar diante de 42 mil pessoas (os jornais indicaram 45,000). Diz que tocarão uma música muito antiga, uma das primeiras canções inéditas cantadas por ele em 19981. Já sabíamos qual era: “Children of the Damned”.

Um show a parte, momento muito bonito do show, com jogos de luzes e Bruce cantando com toda emoção. E Adrian com sua guitarra de dois braços, puxando a melodia da canção. Foi de arrepiar ouvir aquela multidão cantando-a.

Segue a, talvez não tão esperada por muitas pessoas, “The Phantom of the Opera”, mas que tira todo mundo do chão. Sempre tivera para mim que viria a banda tocar essa música e ali estava cumprindo uma promessa. É um clássico do álbum de estréia do Maiden, “Iron Maiden” (1980).

“The Trooper” vem em seguida e parecia que tudo iria desabar. Bruce com seu traje de soldado já típico, 45 mil pessoas cantando. Uma visão incrível.

Sem introdução (como aconteceu na turnê anterior), começam os riffs de “Wasted Years”, única canção restante da turnê original do álbum “Somewhere in Time” (1986), já que a banda não tocou “Heavan Can Wait”, como na primeira parte da turnê. Posso dizer que a letra dessa música fala dos motivos dessa turnê relembrar os clássicos. Para aqueles que pensam ser apenas um caça-níquel da banda (ou de que ela não tem mais criatividade), escute essa música e depois fale comigo.

Chega o momento mais emocionante, com 45 mil pessoas calando a banda ao cantar um hino de amor ao Maiden. Até agora me arrepio ao lembrar. O público argentino subiu no meu conceito depois disso.

Bruce pergunta quem havia ganhado, Venezuela ou Argentina, brincando com o fato de no Monumental de Lunez ter naquela noite o Maradona e o Estádio do Velez o Iron Maiden.

Apóes essa papo, Dickinson diz: “Tenho boas notícias, e más notícias”. E anuncia “Rime of the Ancient Mariner”, canção épica de 13 minutos e, para muitos, o ponto alto da turnê. Com certeza marcante também pelos efeitos de fogos de artifico e de luzes que acompanham a música o tempo todo. Foi de arrepiar na parada da música, quando ela perde o ritmo lacinante, aquele mar de pessoas ouvindo parte do poema de Samuel Colaridge que originou a música.

Como sempre, “Powerslave” vem em seguida, com os telões mostrando Nicko McBrain quebrando tudo na sua virada que abre a canção e Bruce surgindo das chamas (no show em Porto Alegre que participei havia faltado isso também). Mas a maior atração foi a mascote Eddie, em forma da múmia da turnê de 1985 e que surge acima da bateria. Foi de arrepiar. Ainda veríamos nosso amigo Eddie novamente no palco...

“Run to the Hills”, que não é nenhuma novidade, vem em seguida e se mostra como um dos maiores clássicos do grupo, com muitas pessoas gritando a todos pulmões o refrão.

Luzes se apagam e “Fear of the Dark” (única música dos anos 90) começa a ecoar dos alto falantes e o público acompanha a melodia. Simplesmente perfeita e vi muita gente pôr as mãos na cabeça como se não acreditasse estar diante daquilo tudo. Ali pude comprovar que o Iron Maiden tem os fãs mais fanáticos do Metal.

Nicko anuncia com seu chimbau “Hallowed Be Thy Name”, outro ponto alto do show, como sempre. Ainda estou para ver uma banda levantar tanto uma platéia quanto esses ingleses nessa canção.

Bruce, aos berros, anuncia o hino da banda, “Iron Maiden”, canção obrigatória (mesmo que muitas pessoas não gostem de seu ritmo). A banda se retira mas logo retorna para o bis.

De uma forma perfeita, com o palco todo avermelhado, a introdução de “The Number of the Beast” começa e conforme Bruce vai cantando as partes inicias, uma cabra em vermelho e com seus dois metros de altura surge entre gelo-secos e aplausos da galera. É um mega clássico que na primeira parte da turnê havia ficado meio “esquecida”, sendo tocada logo no inicio do show.

O trio de guitarras anuncia “The Evil That Men Do”, canção que eu esperava desde que conhecera a banda ao vivo no Rock in Rio em 2001, numa transmissão pela TV. Única canção do sétimo disco da banda, o ótimo “Seventh Son of a Seventh Son” (1988), ausente na primeira parte (que contara com três faixas desse disco). Mas sua maior “surpresa” é Eddie, aquele mesmo da primeira parte da turnê e uma réplica da turnê de 1986/1987, que anda pelo palco, “briga” com Janick (como já se tornou clássico) e aponta sua pistola futorística para o público.

Sabendo ser a penúltima do show, já começa a bater uma saudade e a certeza de que tudo que aconteceu e foi feito valeu a pena para poder ver o melhor espetáculo da terra.

Dickinson grita “Sanctuaaarryyyyy” e o riff ecoa pelo estádio quase lotado. Embora muitas pessoas preferissem outras músicas no lugar desta (como eu), foi perfeita, com a clássica parada para apresentar os integrantes da banda, e sempre com aquela brincadeira com Nick McBrain (a galera toda gritava seu nome).

Antes disso, Bruce Dickinson diz que é um dos maiores shows da banda no mundo e garante a volta da banda em 2011 (como o fez aqui no Brasil). Avisa que em 2010 teremos um álbum com canções inéditas da banda. Além disso, fala de seu filme “Flight 666” (que estará em lançamento mundial dia 21 próximo e cuja pré-estréia acontecera em março na cidade do Rio de Janeiro) e que a Argetina é a estrela do filme (para deixar nós brasileiros com a cara no chão).

A banda finaliza a música e se despede, aos gritos do público pela volta da banda que, obviamente, não acontece.

Enquanto o palco é desmanchado, ficou a sensação de que o show foi curto demais, de que a banda voltaria para tocar mais clássicos que a fizeram a banda mais querida e maior da história do Heavy Metal mundial.

Não constatei problemas na organização e foi impressionante poder estar naquele mar de gente com seus Eddies estampados lotando as ruas de Buenos Aires. Uma prova de nosso amor à banda, pois se a Donzela não vem até nós, nos vamos ao encontro dela.

Texto: EddieHead

Set list

01. Aces High
02. Wrathchild
03. 2 Minutes to Midnight
04. Children Of The Damned
05. The Phantom Of The Opera
06. The Trooper
07. Wasted Years
08. Rime Of The Ancient Mariner
09. Powerslave
10. Run To The Hills
11. Fear Of The Dark
12. Hallowed Be Thy Name
13. Iron Maiden
14. The Number Of The Beast
15. The Evil That Men Do
16. Sanctuary