Após a muito boa preparação para seu lançamento principal em 2016, com o álbum “The Brightest Void”, Tarja Turunen apresentou aos fãs o esperado “The Shadow Self”, e a produção impecável já mostrada no referido “aperitivo”, como era esperado, também impera neste álbum principal. Sobre o título, Tarja explica que a inspiração veio de uma entrevista que viu de Annie Lennox (Eurythmics), onde ela fala que todos temos um lado negro, e provavelmente apreciamos que ele exista, e os artistas gostam que esse lado se manifeste e buscam bastante inspiração nele.
Não obstante algumas
das músicas presentes em “The Shadow Self” já figurarem em versões um pouco
diferentes em “The Brightest Void”, inclusive até abrindo um precedente de avaliarmos se não teria
funcionado melhor ter apenas um lançamento, com uma duração um pouco maior e
deixando-o ainda mais consistente? Pois considerando que temos duas canções que
aparecem nos dois álbuns, em versões levemente diferentes, mais 3 versões ou covers (sendo uma, “Supremacy”,
que considero o ponto mais fraco dos lançamentos), que poderiam ser distribuídas
como bônus em algumas versões do álbum.
Porém, analisando do
ponto de vista comercial, e dos fãs, é muito mais legal e interessante, para os
dois lados, ao invés de um single, ou ter que procurar várias versões para ter
acesso a algumas faixas bônus diferentes, ter dois álbuns com material de
qualidade.
Podemos notar em ambos
os lançamentos, que o direcionamento está mais contido em termos de
experimentalismos, tendo canções mais vibrantes, melodias mais fáceis e mais
marcantes, inclusive com músicas lembram o Metal Sinfônico da sua época com o
Nightwish, como a “Undertaker”, por exemplo, mas o certo é que vejo que foi
encontrado um ponto de equilíbrio bem interessante, e as novas composições são
direcionadas para que funcionem e encaixem muito melhor nas áreas em que a
cantora se sai melhor, em um Melodic
Metal moderno, com algum acento pop, temperado a elementos sinfônicos e
clássicos, além de algumas surpresas aqui e acolá, mas sem experimentalismo
exagerado, consolidando o estilo do trabalho solo, ou da banda Tarja, já que
são muitos colaboradores envolvidos.
Temos então 12 faixas
(contando com a faixa escondida “Hit Song”), quase que em sua totalidade
apresentando um Melodic/Symphonic Metal de bom gosto, com muitas melodias de
fácil assimilação, andamentos cativantes e momentos criativos. “Innocence” abre
com uma introdução virtuosa ao piano, dando um ar de dramaticidade, para em seguida
transformar-se em um agradável e cativante faixa de Melodic/Symphonic Metal,
onde Tarja alterna linhas mais melodiosas com os vocais de soprano. Uma
intervenção um pouco longa de piano ao meio da música quebra um pouco o ritmo,
provavelmente um interlúdio com a intenção de dar novamente um ar dramático, mas não chega a ser algo que comprometa a música, e depois de algumas audições, acabei acostumando.
“Demons in You” é uma
faixa bem interessante, apesar do começo com uma linha de guitarra funkeada,
depois ganha bastante peso nas guitarras, e Tarja ganha companhia de Alissa
White-Gluz, que colabora com seus vocais guturais, tendo um contraponto
interessante com o refrão melodioso; “No Bitter End” já é conhecida, inclusive
pelo vídeo clipe, e aqui aparece em versão levemente mais Hard, talhada
perfeitamente para grudar na mente de imediato com suas melodias fáceis e
agradáveis.
“Love to Hate”, também
é outra que traz essas doses do lado mais clássico e sinfônico com um acento
pop, destacando arranjos orquestrais e as melodias que transmitem uma certa
dramaticidade, além d e um trecho quase etéreo antes do final; depois temo “Supremacy”,
que considero o ponto baixo, pois fazer uma versão de uma banda que considero
chata pra cacete, no caso o Muse, era complicado em transformar em algo
interessante (embora termos muitos casos que bandas de Metal fizeram versões
muito boas de músicas sem graça). Foi até colocado um peso, e um ar meio trilha
sonora, mas não me convenceu, e até os vocais de Tarja estão irritantes em
alguns trechos.
Depois desse ponto
negativo, temos a agradável e bela “The Living End”, canção com um ar e
elementos folk, orquestrações leves e belos coros e vocais. Simplicidade e bom
gosto. “Diva” vem em seguida, e impossível não procurar um certo ar de sarcasmo
no título, lembrando da famosa carta da demissão do Nightwish, onde a banda
dizia que Tarja achava que tinha se tornado uma Diva. Os elementos sinfônicos e
os vocais operísticos se sobressaem, com o sotaque propositalmente mais
carregado e uma certa dose de sarcasmo nos vocais, remetendo aqueles espetáculos circenses ou de cabaré.
“Eagle Eye”, também
aparece aqui em versão levemente mais Hard, e é outra que traz esse equilíbrio
entre Melodic Metal e Symphonic Metal com um acento mais pop, sempre com
melodias e refrãos marcantes. Toni Turunen, irmão de Tarja, divide os vocais com ela nesta faixa; “Undertaker”,
conforme já havia comentado, além de também trazer esses elementos do Melodic/Symphonic
Metal e melodias marcantes e agradáveis, se aproxima um pouco mais de algumas
coisas de seu passado com o Nightwish, em faixas como “Nemo”, por exemplo.
“Calling From the Wild”
tem um início meio Desert Rock/Stoner, destacando o pesado e marcante riff de
guitarra, e os elementos Sinfônicos e Pop também se fazem presentes; a
supostamente última faixa, “Too Many”, tem
suaves e belas orquestrações, seguindo
um estilo balada sinfônica, explodindo no refrão e destacando as linhas vocais,
com Tarja usando um tom mais meio termo na maioria do tempo, e depois de um
breve intervalo, a música escondida “The Hit Song” fecha de verdade o álbum,
com um andamento bem veloz e pesado, além de um trecho de música eletrônica no
meio, para descambar novamente no peso e velocidade. Somente uma brincadeira de
2 minutos.
Tarja segue construindo uma carreira cada vez mais sólida, com extremo cuidado em cada detalhe, e acima de tudo produzindo boa música, e embora alguns ainda torçam o nariz, traz qualidade, bom gosto e profissionalismo inegáveis. Imperdível para fãs do estilo e da musa finlandesa.
Tarja segue construindo uma carreira cada vez mais sólida, com extremo cuidado em cada detalhe, e acima de tudo produzindo boa música, e embora alguns ainda torçam o nariz, traz qualidade, bom gosto e profissionalismo inegáveis. Imperdível para fãs do estilo e da musa finlandesa.
Texto: Carlos Garcia
Ficha Técnica:
Artista: Tarja
Álbum: The Shadow Self (2016)
Estilo: Melodic Metal/Symphonic Metal
Produção Artística: Tarja Turunen
Selo: Ear Music/Shinigami Records
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Versão Simples Digipack
Tracklist:
Innocence
Demons in You (com Alissa White-Gluz)
No Bitter End
Love To Hate
Supremacy (Muse Cover)
The Living End
Diva
Eagle Eye (Com Toni Turunen)
Undertaker
Calling From the Wild
Too Many
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