quinta-feira, 4 de agosto de 2016

W.A.S.P.: Metal Tradicional e o Apocalipse


O W.A.S.P. é uma banda que continuou produzindo bons álbuns, mantendo uma legião de fãs fiéis, embora, assim como muitas outras, tenha tido seu auge "comercial" nos anos 80, principalmente com o primeiro e segundo álbuns ("W.A.S.P." e "The Last Command"), quando causaram impacto com suas letras e shows carregados de efeitos visuais, chegando a receber o selo da PMRC (órgão de censura criado pela esposa do senador Gore) por seu conteúdo. A banda, diga-se seu mentor Black Lawless, evoluiu em seu conteúdo, seguindo um caminho mais sóbrio, de conteúdo crítico, político, social e religioso, sendo que já em 1992, com o conceitual "The Crimson Idol" pode ser observada essa mudança.

Bons álbuns se seguiram, apesar de alguns terem um espaço considerável entre eles, e após o conceitual "The Neon God", dividido em duas partes, lançado em 2004, não ter tido o impacto esperado, com "Dominator" (2007) a banda voltou a produzir excelente material, em um trabalho forte, com Lawles influenciado pelos problemas com a guerra no golfo, criticando fortemente o governo Norte Americano.


"Babylon", de 2009, também seguiu essa muito boa fase, sendo um álbum levemente superior. O Hard/Heavy da banda sempre rende canções com ótimos ganchos, a exemplo de "Crazy", num estilo que lembra a "Wild Child", com aquelas melodias de guitarra e refrão bem característico da banda e "Babylon's Burning", num andamento "cavalgado", também muito cativante, Hard/Heavy de rápida assimilação, impossível os fãs não adorarem.

E aquelas baladas pesadas que Lawless sempre soube fazer muito bem, aqui temos "Into the Fire", com um Hammond que contribui mais no clima dramático, e belos solos de Doug Blair, que fez um excelente trabalho no álbum; voltando um pouco, destaque também para a versão de "Burn", do Purple, bem fiel a original,  um pouco mais pesada, e com os vocais de Lawless, não tem como não saber quem é que fez a versão, e coube bem no conceito, que aborda o apocalipse, e o "fogo" está presente em vários títulos das músicas.


Na sequência do álbum, o fôlego diminui um pouco, parecendo que poderia ter um melhor equilíbrio na distribuição das faixas, mas nada que comprometa, talvez porque as primeiras cinco realmente se destacam, mas "Thunder Red" é uma boa faixa, e a versão para "Promised Land", de Chuck Berry, que ficou legal, e no estilo W.A.S.P., mas veja que são duas versões em 9 faixas, será que Lawless não tinha mais alguma boa canção na manga ao invés de colocar duas versões?

Em suma, um álbum que é muito bom, com uma banda muito competente cercando Lawless, destacando a sua voz sempre inconfundível, além do bom trabalho de guitarras e canções cativantes, naquele estilo que o velho Blackie sabe fazer tão bem.


Esse line-up se manteve até o recente "Golgotha" (2015), completando uma sequência muito boa de 3 álbuns fortes ("Dominator", "Babylon" e "Golgotha"), que mostram que o W.A.S.P. tem ainda muita relevância, deixando os fãs satisfeitos e com todo o potencial para seguir ganhando novos. Felizmente esses relançamentos e o álbum mais recente foram disponibilizados no Brasil pela Shinigami, nessa parceria com a Napalm Records, que agora tem a banda em seu cast, melhorando a distribuição desses álbuns.

Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: W.A.S.P.
Álbum: Babylon (2009 - relançamento)
País: EUA
Estilo: Heavy Metal, Hard/Heavy
Selo: Napalm Records/Shinigami


Line-Up:
Blackie Lawless: Guitarra, Teclados e Vocal
Mike Dupke: Bateria
Doug Blair: Guitarra
Mike Duda: Baixo e Vocais


Track List:

Live to Die Another Day
Babylon’s Burning
Burn (Deep Purple cover)
Into the Fire
Thunder Red
Seas of Fire
Godless Run
Promise Land (Chuck Berry cover)

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