Alguns dos grandes ícones do Heavy Metal já tiveram seus momentos de reformulação por parte do Line-Up de uma banda. A saída de um integrante consagrado sempre gera dúvidas, pensando em qual nome pode substituir vocalista, guitarrista, baixista ou baterista a altura do sucessor. E isso, na cabeça dos fãs, é motivo de debate, discussão e até brigas, com cada um defendendo seu lado, surgem as opiniões sobre que fase é a melhor que a outra e etc. No caso do ANGRA, a história é diferente: cada integrante da banda, principalmente os vocalistas, foram recebidos com carinho pelos fiéis fãs da banda, não se importando quem está cantando, não gerando tanta controvérsia como um Sepultura, por exemplo, que até hoje divide muitos fãs.
Com uma nova formação, que já dura 2 anos, com Fabio
Lione (vocal), Marcelo Barbosa (guitarra e cobrindo o lugar do Kiko Loureiro),
Rafael Bittencourt (guitarra e único membro original), Felipe Andreoli (baixo)
e Bruno Valverde (bateria), o Angra deu um aperitivo do que vai ser a breve
turnê de 25 anos da banda (conciliada com a turnê de 20 anos do “Holy
Land”) num show que foi repleto de
novidades no repertório, tocando, praticamente, músicas de todos os discos
(exceto canções do “Fireworks”), encantando o público de Osasco no último
domingo (19/03), no Clube Hortência.
O dia fazia seus preparativos para a chegada do outono,
com pouco frio e sem nenhuma ameaça de chuva, antecipando o fim da estação mais
quente do ano. Chegando ao local do show, aproximadamente às 14h 45,
encontravam-se pouquíssimos fãs, mas conforme foram passando as horas, a fila
aumentava até concluir metade do quarteirão, estendo a abertura dos portões pra
mais uma hora, combinado para abrir às 16h, não comprometendo, de maneira
alguma, o cronograma das apresentações. A única coisa a desejar é o espaço da
casa, que suporta um público muito pequeno. Em questão do som, soava na
devida altura.
Transportado de uma introdução marchante, com
Devil’s March, os catarinenses do Odysseya tiveram o privilégio de fazer as honras
da noite, entrando em cena às 18h. Lançando o EP de estreia, “In Media Res”, o quarteto,
formado por Felipe Silva (vocal), Vinicius Mira e Victor Franco (guitarras),
Vitor Vieira (baixo) e Henrique Dias (bateria), contém forte influencia do Heavy
Metal tradicional dos anos 80, principalmente do Iron Maiden e de bandas da
NWOBHM, começando as suas primeiras impressões com “Phoenix”, partindo logo
para “Blind Truth”, mesclando nuances progressivas.
O vocalista deu seus primeiros agradecimentos,
perguntando aos presentes se estavam gostando, dando sequência para a rápida
“Lands Of Man”. Apresentando o baterista Henrique Dias, eis que o mesmo exibe
suas habilidades num ‘mini’ solo que, por ventura, durante o finzinho, acaba
escapando uma baqueta de uma das mãos, mas com todos gostando do que viram,
abrindo caminho para mais uma música do recente EP, “Fight or Fight”. Perguntando
se todos estavam se divertindo, vindo da rápida afirmação, Felipe anunciou
“Edge Of The Blade”, também presente em “In Media Res”, que é tomado por peso,
técnica e backing-vocals meio ‘old-school’.
Dando destaque para mais um integrante, o guitarrista
Victor Franco enfileirou belas melodias, dando início para “Master Of Time”,
portando ótimos solos e Vitor tomando a frente do palco com o saber do seu
baixo. Empolgado, Henrique logo iniciou as primeiras linhas da próxima música.
Pedindo calma, Felipe o interrompeu rapidamente, explicando que a faixa fala de uma viagem, convidando todos a embarcarem nela com “Odysseya”,
música que dá nome a banda, tendo forte participação do público no refrão.
A derradeira todos conhecia bem, finalizando a meia-hora
de show com o cover de “RunTo The Hills”, do Iron Maiden, que, na frente do
palco, uma pessoa acabou roubando a cena cantando verso por verso, e o Felipe
acabou emprestando o microfone ao sujeito por alguns minutos e recebendo uma
palheta de presente pelo Vinicius.
A ansiedade já tomava conta quando, aos poucos, o palco
se caracterizava com a simbologia e o perfil da banda. Depois de toda auditoria
e checagem de tudo, diante do popular “Ole, Ole, Ole”, a intro, que abre o
disco “Secret Garden” (2015), começou a ecoar às 19h 15. Apostos, completando o
time com o Lione, encetaram o set-list com a irada “Newborn Me”. Voltando no
tempo, mais precisamente no álbum “Rebirth” (2001), “Acid Rain” contou com a
energia do público, avistando o Rafael enfocando energias positivas, que só
engrandeceu para a terceira faixa, “Nothing To Say”, do “Holy Land” (1996). O
único tropeço foram os elementos de música clássica, na ponte final, não terem
surgido, mas nada que estragasse, o importante mesmo era sentir a
vibração da música.
Após a rápida trinca, Lione tomou a frente do palco
dizendo que estava feliz em tocar com a banda em Osasco, irrogando que o
set-list da noite estava renovado e um pouco diferente. A contígua faixa seria
do álbum “Temple Of Shadows”, e o Lione queria ouvir todos cantando a
“Waiting Silence”, com os fãs correspondendo exatamente com o que foi pedido
pelo vocalista italiano. Do disco mais antigo, “Angels Cry” (1993), o
‘front-man’ pediu pra todos levantarem as mãos pra abarcar os primeiros versos
da “Time”, havendo um pequeno probleminha no baixo do Felipe, mas que foi
solucionado de maneira rápida.
Se o set-list fosse precisamente cingido na ordem, o
momento era do solo de bateria do Bruno Valverde. “Querem mais?”,
perguntou Lione, o mesmo pediu a ajuda de Felipe Andreoli pra estabelecer as
primeiras linhas de “Eggo Painted Grey”, do “Aurora Consurgens” (2006), que se
encaixou celestialmente na sua voz, sendo que, há muito tempo, não a tocam ao
vivo. Regressando novamente ao “Secret Garden”, “Upper Levels” foi executada
pela primeira vez ao vivo, não perdendo a textura composta em estúdio.
Pronto! Agora sim é a hora do Bruno Valverde destruir seu
kit de bateria, apresentando um solo matador e carregado de malabarismo,
revelando o por que de ser o baterista do Angra hoje, que vem surpreendendo a
cada apresentação.
Chegando a parte intimista da noite, Rafael tomou o palco
para dar suas saudações, transmitindo o clima amoroso e confortável com a
balada do último disco, “Silent Call”. Aproveitando a conexão com os fãs, Rafael
emitiu uma forte declaração de sentimento pela banda: “A minha alegria, naquele
momento, recomeçando, mais uma vez, pelo disco que a gente fez com o Bruno
Valverde e o Fabio Lione, o “Secret Garden”. Então, mais uma vez, a banda se
renovou e precisou se desafiar, mostrando pras pessoas que continua vivo o
nosso amor pela música, pelo Rock e pelo Metal. Essa banda já tem 25 anos, e é
com a maior honra e orgulho que a história da minha vida está conectada com a
história dessa banda, pois não consigo pensar na minha vida fora dela”. Sob a
iluminação dos celulares que “Lullaby For Lucifer”, do “Holy Land”, terminou a
parte profunda do show.
O sistema de som ressoava ao som do berimbau, percebendo
que a próxima seria a nada menos que “Holy Land”, que foi bem recepcionada, com
todos entrando na roda através das palmas. Reservando mais surpresas, a banda
desenterrou mais uma que, há anos, não tocam ao vivo, dessa vez é a
“Running Alone”, do “Rebirth” (2001). Via-se que alguns tinham a letra na ponta
língua, e o Lione já logo apontou o microfone na boca de quem estava ali na
frente.
Enquanto os restantes tomavam folego, o Lione aproveitou
pra brincar com os fãs e testar a voz de cada um. A cada nota vocal, ele pedia
pra que todos tentassem fazer igual, e chegando a hora do tenor italiano
(principal característica dele), a risada era estampada no rosto do vocalista,
dizendo que é um pouco mais complicado, mas que não fizeram feio. E pelo jeito,
ele não vai sair nem tão cedo do Angra, pois o domínio e a simpatia que ele tem
com o público é algo indescritível.
Com mais uma do “Secret Garden”, o show deu continuidade
com “Final Light”, contando que o clip foi gravado no museu da Tam, em São
Carlos (SP). “The Rage Of Waters”, do “Aqua” (2010), teve as vozes preenchidas
pelo Rafael, não dando pra ouvir cantando pelo baixo volume do seu headset.
“Silence And Distance” (outra que arrancou suspiros) e “Angels and Demons”
(retomado pela adrenalina), completaram a primeira parte do set antes de partir
para a etapa final.
O bis, de costume, é ocupado por “Rebirth” e, claro, a
indispensável “Carry On”, ingressando, após a virada de bateria, com “Nova Era”,
trancando a apresentação que durou quase 2h30.
2017 para o Angra será recheado de surpresas. Além da tour
de comemoração de 25 anos, o novo álbum está sendo preparado, com previsão
máxima de lançamento para o começo do ano que vem.
Texto:
Gabriel
Arruda
Edição/Revisão:
Carlos
Garcia
Fotos:
Dener
Ariani
Odysseya
01. Devil’s March/Phoenix
02. Blind Truth
03. Lands Of Man
04. Fight Or Flight
05. Edge
Of The Blade
06. Master
Of Time
07. Odysseya
08. RunTo
The Hills (original by Iron Maiden)
Angra
01. Newborn
Me
02. Acid Rain
03. Nothing To Say
04. Waiting Silence
05. Time
06. Ego
Painted Grey
07. Upper Levels
08. Silent Call
(acoustic)
09. Lullaby
For Lucifer (acoustic)
10. Holy
Land
11. Running Alone
12. Final
Light
13. Rage Of The Waters
14. Silence And Distance
15. Angels And Demons
Encore
16. Rebirth
17. CarryOn/Nova
Era
5 comentários:
Este show foi incrível do começo ao fim. Cronograma e organização impecáveis. Parabéns aos organizadores e músicos.
Muito bom.
Mais uma cez da di um show de cobertura.
Muito bom.
Mais uma cez da di um show de cobertura.
Minha banda do coração.Não vejo a hora de sair o novo cd e turnê dos 25 anos. Salve Angra.
Muito bom o Show do Angra, nos do Amplitude agradecemos ao público, vamos melhorar mais no próximo valeu Road Metal
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