quinta-feira, 20 de setembro de 2018

The Night Flight Orchestra: Merecendo uma Boa Fatia do Mundo



Pouco mais de um ano depois de seu terceiro álbum, "Amber Galactic" (que inclusive lhes valeu uma nominação no Grammy sueco), eles estão de volta com mais um disco, "Sometimes the World is Ain't Enough", The Night Flight Orchestra, provavelmente uma das bandas mais legais da atualidade. Nascido da paixão em comum de Björn Strid e David Andersson (ambos do Soilwork) pelo Classic Rock,a dupla percebeu que havia um vazio a ser explorado na cena musical de hoje em dia, resolveram então colocar pra fora, sem grandes pretensões comerciais. 

Com sua sonoridade cativante, trazendo as influências do que era feito a partir da metade dos anos 70 e na década de 80, os suecos colocam no seu caldeirão musical o Classic Rock, AOR, Progressivo e até Disco, Black Music e Pop Rock. Em "SWAE" eles praticamente seguem a mesma fórmula bem sucedida do álbum anterior, onde parecem ter encontrado o balanço perfeito para sua sonoridade.


Há algumas diferenças, já que neste novo disco as composições estão, digamos, um pouco mais leves e ainda mais pegajosas. Destaque para a dupla fundadora, Björn Strid, que se mostrou um grande vocalista no estilo, e David Andersson, sendo que este compôs a grande maioria do material.

São 12 faixas e mais uma bônus track nesta edição nacional, todas repletas de melodias e refrãos grudentos e irresistíveis. Os backing vocals femininos, adicionados desde o álbum anterior, tornaram-se parte essencial. Os teclados com arranjos orquestrais e melodias pop e dançantes estão mais presentes também, como já podemos perceber na vibrante abertura com "This Time", que tem um comecinho que lembra a abertura de "Space Truckin'". "Turn to Miami" tem um refrão pra lá de grudento, mesclando o AOR com batida dançante; as influências da Disco aparecem bem nítidas em  "Paralyzed", que é coberta de suingue. É simplesmente tudo muito legal!


São vários hits instantâneos, como as duas primeiras faixas, já citadas acima, e algumas outras que também se sobressaem, ressaltando que é um álbum que dá vontade de ouvir sem pular nenhuma, mas preciso destacar "Lovers in the Rain", Melodic Rock absolutamente contagiante, com grande potencial "radiofônico', e além dela, as também ótimas "Can't Be That Bad", "Barcelona" e a progressiva "Last of the Independet Romantics", que tem uma certa veia de Kansas. Realmente, eles encontraram o ponto perfeito, e possuem talento inegável para forjar excelentes melodias, e fazem com criatividade e entusiasmo.

Encerrando esta matéria, transcrevo aqui trecho da entrevista de David Andersson para o Decibel Magazine, onde ele, entre outras coisas, falou sobre o conceito dos dois últimos álbuns (que seriam uma espécie de Sci-Fi Feminist Space Opera), e também sobre algo bem preocupante na sociedade atual, que inclusive estamos vivenciando aqui no Brasil, que é a intolerância. Confira abaixo:

"Há um conceito por trás de Amber Galactic e Sometimes the World Ain’t Enough”, que é uma ópera espacial com uma agenda feminista. Eu sempre sonhei em fazer álbuns baseados no espaço e ficção científica, e mesmo que não seja um álbum conceitual no verdadeiro sentido da palavra, é baseado em um conceito ideológico com sci-fi e conotações futuristas.

Eu sempre acreditei que as mulheres são um gênero superior e espero que, eventualmente, elas, juntamente com a comunidade HBTQ (também conhecida como LGBT), sejam as líderes do mundo. O livro The Spirit Level, de Wilkinson and Pickett, de 2009, onde mostram estudos bastante convincentes sobre como os níveis de igualdade em uma sociedade são um fator preditivo independente quando se trata de como a sociedade prospera em vários níveis, meio que confirmou o que eu suspeitava há muito tempo. 

David Andersson
E se você olhar para universidades na Suécia e em muitos outros lugares, hoje em dia há uma maioria de mulheres nos programas de alto status, como direito, medicina, etc. Ao mesmo tempo, há forças poderosas no mundo atualmente que querem regressar a um paradigma masculino heterossexual branco, muito conservador e intolerante."

Extremamente cativante e bem feito, a banda transforma sua influências e inspirações em uma sonoridade bem própria. O mundo talvez não seja o bastante, mas eles já merecem pelo menos uma boa fatia dele! 

Texto: Carlos Garcia

Ficha Técnica:
Banda: The Night Flight Orchestra
Álbum: "Sometimes the World Ain't Enough" (2018)
País: Suécia
Estilo: Classic Rock/Melodic Rock
Produção: The Night Flight Orchestra
Selo: Nuclear Blast/Shinigami Records

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Line-up:
Björn Strid – Vocal
Sharlee D’Angelo – Baixo
David Andersson – Guitarra
Richard Larsson – Teclado
Jonas Källsbäck – Bateria
Sebastian Forslund – Guitarra, Percussão
Anna-Mia Bonde – Backing Vocals
Anna Brygård – Backing Vocals

Tracklist:
01. This Time
02. Turn To Miami
03. Paralyzed
04. Sometimes The World Ain't Enough
05. Moments Of Thunder
06. Speedwagon
07. Lovers In The Rain
08. Can't Be That Bad
09. Pretty Thing Closing In
10. Barcelona
11. Winged And Serpentine
12. The Last Of The Independent Romantics
13. Marjorie (bônus track)

       

         

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