Pois mal o poeta sabia que, em
2019, quem fecharia o verão Porto Alegrense seria a horda fiel que segue o Lord
Berzeker Zakk Wylde. Então eis que, no dia 30 de março de 2019, através das
mãos da Liberation + Opinião Produtora, a Black Label Society desembarcou na
capital do Rio Grande do Sul, para fazer o Bar Opinião ferver novamente.
A noite começou embalada pela
gaúcha Rebel Machine. Nunca é uma tarefa fácil fazer o “Warm Up” para um
colosso que está por vir. A conterrânea, composta por Marcelo Pereira (vocal),
Murilo Bittencourt (guitarra), Marcel Bittencourt (baixo) e Chantós Mariani
(bateria) pisou no palco exatamente às 19 horas e teve uma complicada missão
para resolver, mas o cozimento de palco mostrou o real motivo da banda estar lá
naquela noite. Na “Don't Tell me I'm Wrong”, a presença do baixo preencheu
qualquer espaço vazio que houvesse no Opinião. “Down the Road” arrancou fists
in the air da galera e trouxe à tona o espirito da banda: rebeldia sem
conformismo.
Após Chantós disparar um coeso solo
de bateria, rolaram os agradecimentos da noite (nós é que devemos agradecer,
por vocês. Obrigado!). E com lenha máxima na fornalha a Rebel Machine,
orgulhosamente, botou todo mundo pra banguear. Vocativos de indignação e
protestos, além de uma porrada sonora no crânio, foram os ingredientes básicos
que a banda utilizou para aquecer a noite. De alma lavada, a Rebel Machine
batizou o palco e se retirou, humilde e cordialmente, ao som de palmas, para
que os reis da noite pudessem assumir.
“Square One” e a “Full Throttle” estarão no
segundo álbum, que deve ganhar vida em maio de 2019.
Setlist:
-Don't Tell me I'm Wrong
-Down the Road
-Square One (novo single)
-Run Away
-Full Throttle
-Life is Fuckin'Good
Se a Black Label Society fosse um
lutador de Boxe, eu arriscaria dizer que ela entrou no ringue (Bar Opinião)
trocando rápido “jogo de pés” e desferiu um Jab de direita certeiro, que quase
acertou a multidão em cheio. Digo “quase” pois, quando Zakk assume o vocal do
primeiro som da noite, a “Genocide Junkies” já havia sido reconhecida pela
galera, que acompanhou uníssona. “Foi por pouco!”.
O mais interessante é que antes
da banda entrar no palco, a turba foi recepcionada por um “medley” (apelidado
de Whole Lotta Sabbath) que se inteirou por fragmentos, sobrepostos dos hinos:
Heaven and Hell + Wholla Lota Love + War Pigs. Conseguem imaginar? Pois é,
deveriam estar lá para ver os arrepios que o medley arrancou da galera.
Desse ponto em diante foi uma
sequência sonora que fez valer cada centavo do ingresso, desde “Funerall Bell”
até “Suicide Messiah” (quando o roadie assume o megafone no refrão).
Um dos destaques da noite, que
não pode deixar de ser notado é o agigantamento de Zakk Wylde. Primeiro como
guitarrista, pois é sonoramente claro o quanto ele está melhor a cada
performance. Segundo como Frontman. Apesar de poucas falas, apesar de poucos
gestos, a cada interação com o público ele conseguia arrancar o máximo de
expressão da galera. Frequentou a “velha escola” e sabe muito bem o que fazer
quando o “PA” é acionado.
Entre trocas de guitarras, outro
detalhe impressionante percebido foi a coesão da banda. A BLS atualmente se
move e se comporta como um organismo complexo sonoro perfeito, sem margem para
suspiros ou erros. Não é apenas mais um show, é um espetáculo de precisão
cirúrgica.
Outro momento que merece atenção
é a sequência de três sons do novo disco: “Trampled Down Below”, “All That Once
Shined” e (prefaciada por um majestoso solo) “Room of nightmares”.
Uma noite marcada por detalhes
importantes, como por exemplo a importância que Dario Lorina assumiu dentro do
BLS. Além de excelente multi-instrumentista, Dario demonstra total sintonia com
o espírito da banda. Acredito que a Black Label atingiu o ápice do entrosamento
com a formação atual (e assumo responsabilidade da afirmação).
“Spoke in the wheel”, tradicional
no setlist, ganha nova roupagem com Laila (Eric Clapton), no teclado, ao
finalzinho (de arrepiar). Logo após, rolou o momento “alicate de pressão
cardíaco”: “In This River”, momento sempre muito esperado da noite. É a hora em
que Zakk declara seu amor ao velho amigo Dimebag († 2004).
O que poucos sabiam ou esperavam,
é que aconteceria uma segunda homenagem naquele momento: surge a imagem do
Vinnie Paul († 2018) estampada em uma segunda bandeira, na outra extremidade do
palco. Haviam dois fortes abraços perdidos, soltos, pelo palco. Foi complicado
segurar a emoção nesse instante.
Após muita euforia, muita
energia, o hino final é anunciado e contextualizado pelo gelo seco subindo:
“Stillborn”. E assim, Zakk Wylde, no comando da banda, vestindo seu charmoso
tradicional Kilt Xadrez, se despede da capital Gaúcha ao majestoso som de “New
York, New York”. A pergunta que ecoou no ar: Para que tanto Glamour? (risos).
Alguns sentimentos e percepções
não estão descritas nessa resenha, mas aí já se tratam de particularidades dos
que estiveram presente no show. Aqui, a intenção é ilustrar um pouco do que foi
visto e ouvido. Quando a BLS vier novamente (e virão), não perca a chance de
assistir na melhor casa de shows que Porto Alegre tem hoje – Bar Opinião.
Pois muito bem, Black Label
Society deixou mais uma marca na alma dos que estiveram no Bar Opinião, na
noite do dia 30 de março de 2019.
Cobertura por: Uillian Vargas
Fotos: Glauco Malta
Edição/revisão: Renato Sanson
Black Label Society é:
Zakk Wylde – Vocal, guitarra e
teclado
John DeServio – Baixo
Jeff Fabb – Bateria
Dario Lorina – Guitarra
Setlist:
*Whole Lotta Sabbath
Genocide Junkies
Funeral Bell
Suffering Overdue
Bleed for Me
Heart of Darkness
Suicide Messiah
Trampled Down Below
All That Once Shined
Room of Nightmares
Bridge to Cross
Spoke in the Wheel
(Zakk Wylde teclado)
In This River
(Zakk Wylde teclado)
The Blessed Hellride
A Love Unreal
Fire It Up
Concrete Jungle
(Zakk e Dario num duelo de Riffs)
Stillborn
New York, New York (Frank Sinatra)
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