Por Gabriel Arruda
Savatage, uma das bandas mais icônicas do Heavy Metal mundial, que conquistou seu auge entre os anos 1980 e 1990, anunciou seu retorno às atividades no final do ano passado, após quase uma década de hiato.
O primeiro show dessa aguardada volta acontece neste fim de semana, no festival Monsters of Rock, no sábado (19/04), no Allianz Parque, em São Paulo, seguido por uma apresentação no Espaço Unimed, na segunda-feira (21/04).
Em meio aos ensaios, o guitarrista Chris Caffery atendeu rapidamente o Road to Metal para falar sobre esse momento especial e outros assuntos relacionados à trajetória da banda.
Sei que vocês estão no meio dos ensaios, se preparando para os dois primeiros shows deste retorno, que vão acontecer nessa semana no Monsters of Rock (19/04) e o outro no Espaço Unimed (21/4). Como estão os preparativos finais? Imagino que deve estar sendo divertido revisitar essas músicas depois de tanto tempo.
Chris Caffery: Os ensaios têm sido incríveis. Honestamente, nem parece que se passaram tantos anos desde a última vez em que tocamos essas músicas juntos. É como andar de bicicleta, sabe? A gente nunca esquece.
Essa será a segunda vez que vocês tocam no festival Monsters of Rock. Naquela ocasião, dividiram o palco com bandas como Megadeth, Slayer e Dream Theater. Que lembranças você guarda daquele show e também dos outros dois que fizeram aqui?
Chris Caffery: Todos os shows que fiz no Brasil foram incríveis. O Monsters of Rock foi uma experiência inesquecível. Me lembro das câmeras da MTV me seguindo pelo palco em um momento que eu joguei minha guitarra na direção de uma câmera, quase fui parar na plateia, mas acabei me segurando nela e caí de volta no palco.
Lembro claramente dos caras do Manowar me olhando e dizendo: ‘Isso é metal!’. Os shows principais também foram incríveis. No último que fizemos – o de São Paulo, há alguns anos – foi absolutamente insano. Como eu disse, cada show no Brasil foi uma experiência única. Nunca vou esquecer.
O último show do Savatage foi no Wacken, em 2015. Confesso que fiquei com um pouco de inveja por não ter estado lá para vê-los ao vivo. Mas agora são os fãs de outros países que terão que esperar, já que vocês escolheram o Brasil como ponto de partida para esse retorno. Existe um carinho especial pelo nosso país?
Chris Caffery: Com certeza. O Brasil, junto com a Grécia e a Alemanha, é um dos três países que realmente consideramos como uma segunda casa. Claro, a lista é longa... temos muitos amigos e fãs incríveis na Itália, na Holanda e em tantos outros lugares. Mas esses três, em especial, sempre tiveram shows ao vivo com uma energia única e inesquecível.
O Savatage ficou fora dos holofotes por bastante tempo, mas a música da banda continuou conquistando novas gerações. Imagino que, com o surgimento desses novos fãs, também tenha crescido o desejo de voltar aos palcos, até porque muitos deles nem eram nascidos quando a banda estava ativa. Isso pesou na decisão de voltar?
Chris Caffery: Eu sempre tive a esperança de que voltaríamos a tocar. Parte de mim sabia que isso iria acontecer, mais cedo ou mais tarde. Eu costumava dizer às pessoas que, quando chegasse a hora certa, eu estaria pronto.
E chegou a hora. Desde a última vez que subimos no palco, ganhamos muitos novos fãs, como você disse, muitos nem estavam vivos na época! Estou muito empolgado para rever os rostos familiares, mas também para conhecer os novos fãs dessa legião que nos acompanha.
O período mais marcante do Savatage foi entre os anos 80 e 90. A banda não viveu tanto a era da internet, das redes sociais e dos serviços de streaming. Como você enxerga a cena do Heavy Metal hoje em dia?
Chris Caffery: É engraçado, porque pra quem tem a minha idade, o Heavy Metal continua sendo uma parte essencial da vida. Claro, mudou um pouco entre os mais jovens, hoje existem muito mais opções de entretenimento do que quando eu era criança.
Mas a música ainda é muito especial, ainda ocupa um lugar importante na vida de muita gente. Eu diria que talvez não seja mais um estilo de vida tão dominante quanto era nos anos 80, mas vejo muitos fãs jovens super dedicados, e isso é animador.
Também tem muitas bandas novas excelentes por aí. E os músicos de hoje têm acesso a muitos recursos online, isso ajuda a nova geração a atingir um nível técnico impressionante desde cedo. Quando eu era jovem, se você não tivesse dinheiro para aulas, era praticamente impossível aprender. Hoje você encontra tudo online e de graça.
Na sua opinião, está melhor ou pior do que naquela época? Muitos músicos dizem que os anos 90 foram um período difícil para o gênero, mas foi justamente ali que a banda lançou "Edge of Thorns", talvez a música mais emblemática da carreira do Savatage. Como foi enfrentar a ascensão de outros estilos musicais naquela época?
Chris Caffery: Como eu disse, naquela época a gente precisava se virar para aprender. Ou você pagava por aulas ou passava 20 horas tentando tirar uma música de ouvido. Hoje você abre um vídeo no YouTube e alguém te ensina um solo em cinco minutos.
E sim, os anos 90 foram diferentes. Nos anos 80, o Metal estava em alta, era moda. Já nos 90, vieram as camisas de flanela, nada de maquiagem, nada de spray de cabelo. O Metal saiu dos holofotes e voltou para o underground, de onde veio nos anos 70, com bandas como Black Sabbath e Led Zeppelin.
A diferença é que nos anos 90 surgiram grupos como Metallica, Alice In Chains e Pantera, que tinham uma pegada mais crua, mais de rua, mais próxima das raízes. Foi um contraste forte com o estilo glam que dominava a MTV nos anos 80, como Guns N’ Roses, Whitesnake, Mötley Crüe e Bon Jovi.
Além dos shows de reunião, vocês estão trabalhando em um novo álbum, previsto para ser lançado ainda nesse ano de 2025. O que os fãs podem esperar? Será uma continuação da onde pararam ou pretendem revisitar toda a essência do Savatage?
Chris Caffery: Nosso objetivo é fazer um álbum do Savatage que seja realmente grandioso. Já se passou muito tempo, então queremos garantir que ninguém se decepcione. O Savatage tem uma história musical rica, com composições cheias de narrativa, vocais marcantes, contrapontos e queremos continuar explorando tudo isso.
Vamos honrar o legado do Paul O’Neill e usar todas as influências que ele nos deixou. Claro que sentiremos falta dele como letrista e produtor, mas vamos fazer o possível para canalizar sua energia e entregar o melhor disco que pudermos.
Chris, não quero tomar mais do seu tempo. Sei que você está bastante ocupado. Muito obrigado pela atenção! Você gostaria de deixar uma mensagem para os fãs brasileiros?
Chris Caffery: Quero apenas agradecer por estarem sempre com a gente. Vocês são uma das grandes razões pelas quais estamos voltando. Sentimos a falta de vocês, amamos vocês e mal podemos esperar para vê-los de novo!
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