sábado, 30 de abril de 2011

Discografia Comentada: Iced Earth – A Revolução Vil do Heavy Metal - Parte I



Uma das primeiras bandas que curti de verdade foi o Iced Earth. Conheci o som da banda norte-americana numa fita k7 que continha algumas das músicas do CD triplo ao vivo “Alive in Athens” (1999).

Lembro que o som era empolgante, diferente das demais bandas que conhecia na época. Também pudera, os riffs de Jon Schaffer (guitarra), aliados ao grande vocal de Matthew Barlow - sem falar na bateria, sempre criativa - faziam do Iced Earth uma das grandes bandas da década de 90.

Aqui falarei sobre cada álbum completo, compreendendo a discografia da banda desde o final dos anos 80 até o final dos anos 2000. Como os mais atentos já devem ter percebido, a banda relançou seus primeiros discos com nova capa. Assim, aqui traremos ora as capas originais, ora as novas produções.

Devido ao grande número de álbuns e ao tamanho dos textos (os quais busquei resumir, sem deixá-los superficiais), dividiremos essa matéria em duas partes. Confira agora a primeira delas. Vamos lá!


Enter the Realm (1989)

Embora seja apenas um EP demo, “Enter the Realm” tem sumária importância para o Iced Earth. Na época, a ousadia de se misturar Thrash Metal com riffs mais Heavy podia ser vista com maus olhos, já que o período trazia a ascensão das grandes bandas de Metal da Bay Area (Metallica, Slayer, Megadeth).

Ainda com uma produção apenas satisfatória, o disco trazia já os clássicos “Colors” (com direito a um vídeo clipe bem simples), “Curse the Sky” e “Iced Earth”, clássico da banda que sofreria algumas alterações quando chegado o debut do grupo.

Ouça “Curse the Sky”: http://www.youtube.com/watch?v=dE1Ku04hXkg


Iced Earth (1991)

Embora contasse com o vocal mais fraco da carreira (o Gene Adam praticamente cometia suicídio com seus gritos agudos meio ridículos), o disco é um marco. Talvez nunca antes um álbum havia conseguido mesclar peso e harmonia, com riffs de guitarra cavalgados e solos perfeitamente encaixados.

A faixa-título conta com o vocal de Schaffer em alguns momentos, fato que ao vivo se tornaria a marca do guitarrista, cantando-a nos shows da banda. “When the Night Falls” também se tornaria um grande clássico, canção como a qual a banda jamais conseguiria compor. É única. “Desert Rain” também é uma boa música, com direito a vídeo-clipe.

Desavenças internas, ligado ao fraco apoio da gravadora ao álbum, fizeram que Adam deixasse a banda, cedendo lugar para John Greely.

A banda em 1991 tocando “When the Night Falls”: http://www.youtube.com/watch?v=i2kpYDzRiOc


Night of the Stormrider (1993)

Primeiro grande clássico da banda. Agora com novo vocalista, com vocal mais agressivo e uma maior maturidade nas composições, fizeram que este disco se tornasse um marco, superando em muito o disco de estréia.

As mais que clássicas “Angels Holocaust” (com a introdução de Carmina Burana) e “Stormrider” abrem o disco com maestria. De cara nota-se a presença de mais elementos sinfônicos, corais, mas apenas como complemento. A base é a mesma: thrash metal casado com heavy tradicional. São desse disco outros clássicos como “Pure Evil” (faixa que quebra tudo no “Alive in Athens”!), “Travel in Stygian” (uma tentativa que remete à última faixa do álbum de estréia) e “The Path I Choose”.

Ainda há a acústica “Before the Vision”, violão e o vocal de John Greely, este dando um show a parte. Infeliz ou felizmente, o cara deixou a banda (vocês verão que a banda é uma verdadeira ciranda de membros), cedendo o microfone para um novo vocalista, que é hoje quase unanimidade entre os fãs: Matthew Barlow.

Assista “Stormrider” ao vivo já com Barlow nos vocais: http://www.youtube.com/watch?v=HYZzncX-mIQ


Burnt Offerings (1995)

O grupo já estava na boca da galera. Sua originalidade começava a influenciar novas bandas.

Para o próximo álbum, uma significativa mudança. O novo vocalista, por mais que tivesse um timbre semelhante ao do seu antecessor, trazia um vocal ainda mais grave e pesado, encaixando finalmente de forma perfeita com o som da banda.

O terceiro disco traz de cara o uso mais destacado de teclados (executados por Howard Helm). A faixa-título chega a abusar deles em certos momentos. As canções se tornam mais complexas, na medida em que Schaffer vai compondo cada vez mais e buscando uma sonoridade mais trabalhada, sem deixar o peso de lado.

A banda em 1995

O disco é mais um marco pela chegada de Barlow, vocalista que os fãs receberam de braços abertos e cuja partida viriam a “chorar” anos depois. Em termos de novidades, há pouca coisa (o que não é exatamente ruim). Até mesmo mais uma música acústica (mas usando teclados agora) se faz presente, “The Pierced Spirit”.

No entanto, é definitivamente “Dante’s Inferno”, a épica canção de 16 minutos, que é o ponto alto do álbum. A faixa, obviamente baseada na obra de Dante Aleghieri “A Divina Comédia” (ou “O Inferno de Dante”), é simplesmente perfeita e a coisa mais grandiosa que a banda fizera até ali. Barlow aceito, agora era se superar a cada álbum.

Assista “Dante’s Inferno” ao vivo em duas partes: http://www.youtube.com/watch?v=FsVdau231RQ&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=DqKKZMhTLAw&feature=related


The Dark Saga (1996)

Um ano depois e, pela primeira vez, a banda lança um disco com o mesmo vocalista e formação. “The Dark Saga” é o maior sucesso comercial da banda até então. Provavelmente um dos discos da banda que mais renderam hits/clássicos.

Também marca o amadurecimento da banda na área dos discos conceituais. Mesmo não sendo algo de se orgulhar muito, Schaffer pegou a história de quadrinhos Spawn e a transformou nessa pérola (com direito a arte da capa desenhada pelo cartunista da série).

A faixa-título, a bela e triste balada “I Died For You”, a thrasher “Violate” e a pesada “Vengeance is Mine” se tornaram clássicos e músicas obrigatórias nos shows. Outros destaques são também “Slave to the Dark” e “A Question of Heaven”, esta última uma bela canção que mescla todos os elementos do álbum, fechando o disco.

Assista “The Hunter” ao vivo em 1997: http://www.youtube.com/watch?v=gfHISBLhW54&feature=related


Days Of Purgatory (1997)

Enquanto a banda preparava o novo disco (com a responsabilidade de superar o sucesso do anterior) e comemorava a aceitação total de Barlow como novo e definitivo vocalista, a banda lança “Days Of Purgatory”, disco duplo que trazia regravações com a formação daquele momento. Praticamente todas essas músicas citadas dos primeiros dois discos estão lá, com Barlow à frente. Muitas ficaram ainda melhor com a nova versão.


Na segunda parte (que estaremos postando aqui daqui algumas semanas), traremos os demais discos do grupo, abarcando a fase dos anos 2000, década crucial para o grupo e que foi um divisor de águas, para positivo ou negativo, dependendo do ponto de vista.

Também marca a saída de Matthew Barlow e sua volta sete anos depois, assim como a fase diferenciada com Tim “Ripper” Owens” (ex-Judas Priest), mudanças na formação e a consolidação de Schaffer como um líder e dono d abanda, com polêmicas quanto a sua autoridade.

Fique ligado!


Stay on the Road


Texto: Eduardo “EddieHead” Cadore

Revisão: Yuri Simões

Fotos: Divulgação e Ross Halfin

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente matéria, mas não concordo que o disco de 1991 não tem um vocal que soa "ridículo" é uma questão de gosto (acho excelente). Parabéns pela matéria.