The Aristocrats retorna ao Brasil com técnica e humor no Carioca Club
Na sexta-feira, 22 de agosto, o Carioca Club, em Pinheiros, recebeu a volta do The Aristocrats ao Brasil após quase dez anos de ausência. O trio formado por Guthrie Govan (guitarra), Bryan Beller (baixo) e Marco Minnemann (bateria) trouxe a The Duck Tour para São Paulo em uma noite que mesclou virtuosismo, improviso, histórias curiosas e muito carisma no palco. A produção foi assinada pela Sellout Tour.
O público compareceu em peso. A casa estava cheia, embora não lotada, e a presença de tantos fãs evidenciou a força de uma banda instrumental que, mesmo fora do circuito mais conhecido, conquistou uma base fiel no país.
O repertório privilegiou o novo álbum Duck, lançado em 2024, com faixas como Hey, Where’s My Drink Package?, Aristoclub e Sittin’ With a Duck on a Bay. Também houve espaço para músicas do trabalho anterior, You Know What...? (2019), e para composições já consagradas, como Get It Like That e Desert Tornado.
Entre uma execução impecável e outra, a banda manteve constante diálogo com o público. Bryan Beller contou, por exemplo, a história por trás de The Ballad of Bonnie and Clyde. Após o fim de uma turnê pela América do Sul, teve instrumentos roubados nos Estados Unidos. Embora a polícia tenha prendido os responsáveis, nada foi recuperado, e dessa experiência nasceu a faixa. O público reagiu com vaias aos “bandidos” e risos diante do bom humor do baixista, que transformou uma perda em memória compartilhada.
O momento mais arrebatador da noite veio com o solo de bateria de Marco Minnemann, que emocionou ao misturar técnica, força e musicalidade, chegando a inserir a icônica 20th Century Fox Fanfare em meio à sua performance.
O The Aristocrats é reconhecido por seu ecletismo. Do rock progressivo ao jazz fusion, passando por pitadas de heavy metal e referências ao humor de Frank Zappa, o trio costura estilos de maneira natural, sem esforço aparente. A mistura, que poderia soar cerebral em outras mãos, ganha leveza e se apresenta como pura diversão.
Formada em 2011, a banda nasceu quase por acaso em uma jam session durante a NAMM Show, em Anaheim. De lá para cá, construiu uma discografia que reflete a soma das influências individuais dos três músicos, que já dividiram palco com nomes como Steve Vai, Joe Satriani, King Crimson e Steven Wilson. Ainda assim, suas composições são sempre apresentadas como “músicas dos Aristocrats”, com identidade própria e espaços abertos para improvisos.
Comparado à última passagem por São Paulo, quase dez anos atrás, o retorno mostrou um público maior e mais engajado. Quem saiu de casa em plena sexta-feira encontrou um espetáculo de altíssimo nível, divertido e inspirador. A noite transcendeu o virtuosismo, revelando a música em sua expressão mais livre e inventiva.
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