domingo, 27 de novembro de 2011

Clássicos do Brasil: “Smile” (Leviaethan) – Um Clássico à Frente de Seu Tempo

Banda liderada por Flávio (em destaque) é um marco da cena gaúcha

Seria impossível falar de álbuns clássicos de Metal do Brasil e não lembrar desse que marcou época no underground nacional. Estamos falando de “Smile” (1990) da banda gaúcha Leviaethan, um álbum que mudaria a história do cenário gaúcho.

Nascida em 1983, uma das bandas mais respeitadas do Brasil, fundada por Flávio Soares (vocal e baixo), o Leviaethan participou logo no seu início da coletânea Rock Garagem com “Guerreiros Das Rua”, música que teve bastante repercussão e levou o nome da banda a percorrer os becos de Porto Alegre.

Após esta boa recepção dos bangers à música lançada na coletânea, o Leviaethan entra em estúdio para gravar sua primeira demo “Thrash Your Brain”, levando de vez a banda a ficar conhecida no meio underground pelo seu Thrash rápido e agressivo, influenciado por bandas como Exodus, Testament, Venom e Motorhead (por ironia do destino, atualmente Flávio Soares tem uma banda tributo ao Motorhead chamada Iron First RS).

Capa do disco de estreia da Leviaethan

Após algumas mudanças de formação, somente em 1989 se estabilizam com os seguintes membros: Flávio Soares (baixo e vocal), Danillo Pizzato (bateria), Carlos “Lots” Henrique e Alexandre Colletti (guitarras) e entram em estúdio para gravar seu primeiro álbum - “Smile” - que foi lançado no segundo semestre de 1990 pela Rock Brigade Records. Então o estrago estava feito: “Smile” é lançado e realmente mexeu com a cena, pois o que ouvimos no álbum é um Thrash Metal maduro, técnico e agressivo, deixando muitos espantados: como quatro jovens malucos por som pesado conseguiram fazer tamanha proeza?

Pois bem, ao ouvir o álbum podemos constatar como conseguiram, porque o que se ouve não é apenas música, mas sim uma paixão pelo que se faz transparecendo cada sentimento de brutalidade em cada faixa.

De cara o álbum abre com “The Last Supper”, mostrando muito feeling e técnica deste quarteto e é notória a influência de bandas como Exodus e Testament, principalmente nas vociferações de Flávio. Esta faixa em especial tem um solo surpreendente com um arpejo que surge do nada surpreendendo o ouvinte e sem contar os riffs que essa dupla dispara, e a cozinha não fica pra trás, o baixo de Flávio marcante e dando ainda mais peso à música e Danilo segurando muito bem as pontas na bateria.

Os garotos da Leviaethan no início da carreira nos anos 80

“Live Free Or Die” vem para fazer os ouvidos sangrarem, com um início mais cadenciado e quebrado, logo cai em uma riffarama sem fim, com Danilo dando um show na bateria, um refrão que gruda na cabeça, pois mesmo sendo de uma agressividade tamanha, a banda sabia onde colocar seus toques de melodia.

“AIDS” começa mais cadenciada e mórbida, mas isso é só os primeiros 30 segundos, depois cai no Thrash Metal característico, mas com um pouco mais de cadencia fazendo o banger perder o pescoço.

Para quebrar pescoço de vez, “Echoes From The Past” com um riff fenomenal que marca a música até o seu final, um refrão característico e grudento, que fica no seu cérebro por semanas. “Bred To Die” dispensaria qualquer comentário: técnica, rápida, pesada e perfeita! Um dos melhores sons do play com riffs intrincados e uma bateria marcante acompanhado do baixo de Flávio que segue de perto as batidas.

“Pilgrimage To Insanity” com certeza a faixa mais agressiva do play lembrando muito o Thrash praticado pelo Exodus, com uma violência descontrolada, fazendo você quebrar tudo ao seu redor. Flávio soltando vociferações mais que agressivas e Danilo esmurrando a bateria sem dó, sem contar na variação rítmica desta faixa que é de cair o queixo e os riffs e solos altamente técnicos da dupla Carlos “Lots” e Alexandre Colletti.

Ao meio a essa brutalidade o Leviaethan faz uma versão bem-humorada para um clássico infantil Pimponeta que com um toque da Leviaethan se tornou “Pimponetta”. Exatamente com 1 minuto de duração, faz abrir muitas rodas em seus shows devido à velocidade em que é tocada.

Agora um momento em especial: a faixa que fecha o disco, a que pra mim é a melhor música do play sem dúvidas... Estamos falando da épica “Spanish Blood” com seus mais de 7 minutos. Muitas variações e a banda ousando e utilizando vários elementos da música espanhola, levando o ouvinte a uma viagem inesquecível! O que temos aqui são violões, riffs na velocidade da luz, baixo pesado, variado e uma bateria massacrante, sem contar as mudanças rítmicas que acontecem no decorrer do som.

Eis aí mais uma banda que figura entre os grandes no Brasil, mesmo tendo somente dois álbuns lançados, o respeito e admiração que a cena tem pela Leviaethan é fantástico e para alegria dos fãs “Smile” será lançado em CD ainda neste ano de 2011, contando com metade da demo “Thrash Your Brain” de bônus.

Enfim, um grande nome que merece todo nosso respeito e admiração.

Para os mais desinformados o Leviaethan continua na ativa, único remanescente desta formação é o guerreiro e fundador Flávio Soares. Os mesmos seguem por todo Brasil fazendo shows e mais shows, divulgando a cena e apoiando para que todos sejam grandes, um pensamento coletivo que todas as bandas grandes e pequenas deveriam adotar.


Texto: Renato Sanson

Revisão/edição: Eduardo Cadore

Fotos: Divulgação


Ficha Técnica

Banda: Leviaethan

Álbum: Smile

Ano: 1990

País: Brasil

Tipo: Thrash Metal

Selo: Rock Brigade Records


Formação

Flávio Soares (Vocal e Baixo)

Danilo Pizzato (Bateria)

Carlos "Lots" Henrique (Guitarra)

Alexandre Colletti (Guitarra)


Tracklist

01 - The Last Supper

02 - Live Free Or Die

03 – AIDS

04 - Bred To Die

05 - Echoes From The Past

06 - Pilgrimage To Insanity

07 – Pimponetta

08 - Spanish Blood


Acesse e conheça mais sobre a banda:

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