Seria impossível falar de álbuns
clássicos de Metal do Brasil e não lembrar desse que marcou época no
underground nacional. Estamos falando de “Smile” (1990) da banda gaúcha
Leviaethan, um álbum que mudaria a história do cenário gaúcho.
Nascida em 1983, uma das bandas
mais respeitadas do Brasil, fundada por Flávio Soares (vocal e baixo), o
Leviaethan participou logo no seu início da coletânea Rock Garagem com
“Guerreiros Das Rua”, música que teve bastante repercussão e levou o nome da
banda a percorrer os becos de Porto Alegre.
Após esta boa recepção dos
bangers à música lançada na coletânea, o Leviaethan entra em estúdio para
gravar sua primeira demo “Thrash Your Brain”, levando de vez a banda a ficar
conhecida no meio underground pelo seu Thrash rápido e agressivo, influenciado
por bandas como Exodus, Testament, Venom e Motorhead (por ironia do destino,
atualmente Flávio Soares tem uma banda tributo ao Motorhead chamada Iron First
RS).
Capa do disco de estreia da
Leviaethan
Após algumas mudanças de formação,
somente em 1989 se estabilizam com os seguintes membros: Flávio Soares (baixo e
vocal), Danillo Pizzato (bateria), Carlos “Lots” Henrique e Alexandre Colletti
(guitarras) e entram em estúdio para gravar seu primeiro álbum - “Smile” - que
foi lançado no segundo semestre de 1990 pela Rock Brigade Records. Então o
estrago estava feito: “Smile” é lançado e realmente mexeu com a cena, pois o
que ouvimos no álbum é um Thrash Metal maduro, técnico e agressivo, deixando
muitos espantados: como quatro jovens malucos por som pesado conseguiram fazer
tamanha proeza?
Pois bem, ao ouvir o álbum
podemos constatar como conseguiram, porque o que se ouve não é apenas música,
mas sim uma paixão pelo que se faz transparecendo cada sentimento de
brutalidade em cada faixa.
De cara o álbum abre com “The
Last Supper”, mostrando muito feeling e técnica deste quarteto e é notória a
influência de bandas como Exodus e Testament, principalmente nas vociferações
de Flávio. Esta faixa em especial tem um solo surpreendente com um arpejo que
surge do nada surpreendendo o ouvinte e sem contar os riffs que essa dupla
dispara, e a cozinha não fica pra trás, o baixo de Flávio marcante e dando
ainda mais peso à música e Danilo segurando muito bem as pontas na bateria.
Os garotos da Leviaethan no início
da carreira nos anos 80
“Live Free Or Die” vem para fazer
os ouvidos sangrarem, com um início mais cadenciado e quebrado, logo cai em uma
riffarama sem fim, com Danilo dando um show na bateria, um refrão que gruda na
cabeça, pois mesmo sendo de uma agressividade tamanha, a banda sabia onde
colocar seus toques de melodia.
“AIDS” começa mais cadenciada e
mórbida, mas isso é só os primeiros 30 segundos, depois cai no Thrash Metal
característico, mas com um pouco mais de cadencia fazendo o banger perder o
pescoço.
Para quebrar pescoço de vez,
“Echoes From The Past” com um riff fenomenal que marca a música até o seu
final, um refrão característico e grudento, que fica no seu cérebro por semanas.
“Bred To Die” dispensaria qualquer comentário: técnica, rápida, pesada e
perfeita! Um dos melhores sons do play com riffs intrincados e uma bateria
marcante acompanhado do baixo de Flávio que segue de perto as batidas.
“Pilgrimage To Insanity” com
certeza a faixa mais agressiva do play lembrando muito o Thrash praticado pelo
Exodus, com uma violência descontrolada, fazendo você quebrar tudo ao seu
redor. Flávio soltando vociferações mais que agressivas e Danilo esmurrando a
bateria sem dó, sem contar na variação rítmica desta faixa que é de cair o
queixo e os riffs e solos altamente técnicos da dupla Carlos “Lots” e Alexandre
Colletti.
Ao meio a essa brutalidade o
Leviaethan faz uma versão bem-humorada para um clássico infantil Pimponeta que
com um toque da Leviaethan se tornou “Pimponetta”. Exatamente com 1 minuto de
duração, faz abrir muitas rodas em seus shows devido à velocidade em que é
tocada.
Agora um momento em especial: a
faixa que fecha o disco, a que pra mim é a melhor música do play sem dúvidas...
Estamos falando da épica “Spanish Blood” com seus mais de 7 minutos. Muitas
variações e a banda ousando e utilizando vários elementos da música espanhola,
levando o ouvinte a uma viagem inesquecível! O que temos aqui são violões,
riffs na velocidade da luz, baixo pesado, variado e uma bateria massacrante,
sem contar as mudanças rítmicas que acontecem no decorrer do som.
Eis aí mais uma banda que figura
entre os grandes no Brasil, mesmo tendo somente dois álbuns lançados, o
respeito e admiração que a cena tem pela Leviaethan é fantástico e para alegria
dos fãs “Smile” será lançado em CD ainda neste ano de 2011, contando com metade
da demo “Thrash Your Brain” de bônus.
Enfim, um grande nome que merece
todo nosso respeito e admiração.
Para os mais desinformados o
Leviaethan continua na ativa, único remanescente desta formação é o guerreiro e
fundador Flávio Soares. Os mesmos seguem por todo Brasil fazendo shows e mais
shows, divulgando a cena e apoiando para que todos sejam grandes, um pensamento
coletivo que todas as bandas grandes e pequenas deveriam adotar.
Texto: Renato Sanson
Revisão/edição: Eduardo Cadore
Fotos: Divulgação
Ficha Técnica
Banda: Leviaethan
Álbum: Smile
Ano: 1990
País: Brasil
Tipo: Thrash Metal
Selo: Rock Brigade Records
Formação
Flávio Soares (Vocal e Baixo)
Danilo Pizzato (Bateria)
Carlos "Lots" Henrique
(Guitarra)
Alexandre Colletti (Guitarra)
Tracklist
01 - The Last Supper
02 - Live Free Or Die
03 – AIDS
04 - Bred To Die
05 - Echoes From The Past
06 - Pilgrimage To Insanity
07 – Pimponetta
08 - Spanish Blood
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