quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Entrevista: Kappa Crucis, os Bons Tempos Voltaram


No site da banda está escrito: "A banda Kappa Crucis sempre acreditou no verdadeiro Classic Heavy Rock e vem vivendo longamente para tanto."

Uma bela apresentação para este grupo que foi formado no início dos anos 90, em Apiaí, interior paulista. Inicialmente tocando versões de Black Sabbath, Lynyrd Skynyrd, Uriah Heep, Allman Brothers e outros ícones do Classic Rock e Heavy Rock setentista, logo partiram para composições próprias, fiéis ao estilo que lhes inspirou.

Com um trabalho de qualidade e aclamado pelos fãs do estilo, a banda agora prepara o sucessor do elogiado "Jewel Box". O Road To Metal conversou com a Kappa Crucis, falando sobre sua proposta, sobre o futuro e outros assuntos, numa entrevista cheia da alma do bom e velho Classic Rock!

Road to Metal: Sendo uma banda com o estilo enraizado nos anos 70, vocês não temem que a proposta possa ser taxada por alguns “críticos” como datada? E sendo membros ativos da cena, o que vocês acham da cena rock nacional que está totalmente descaracterizada por pseudogrupos coloridos promovidos pela mídia?

G. Fischer – Sempre achamos que o mais importante é tocar aquilo que nos satisfaz e de certa forma até achamos legal esse lance de nadar contra a maré. Quanto a cena do rock nacional, acredito que o verdadeiro rock só exista no underground, pois o que rola na mídia é tão decepcionante que nem perco meu tempo para ouvir e opinar.

F. Dória – Não há o que temer. Fazemos nosso trabalho de forma natural e honesta conosco mesmos. É o que está em nossas veias. E gostamos de rock clássico, que é atemporal. Quanto ao rock nacional da mídia popular, também não acompanho, pois é apenas um produto enfiado olho, ouvido e garganta abaixo das pessoas.


RtM: Como foram os primórdios da banda? Foi fácil achar músicos com as mesmas influências?
                                                                                                                    
G. Fischer – No início éramos uma banda que tocava tributos a várias bandas clássicas de rock pesado. Depois começamos a desenvolver trabalho autoral. Vivemos numa cidade pequena que tem poucos roqueiros. Então a maioria de nós já se conhecia e tínhamos praticamente o mesmo gosto musical. Foi só uma questão de unirmos forças para dar o pontapé inicial para montar a banda.

F.Dória – Creio que todos nós começamos ouvindo rock clássico e pesado. Aliás, quando comecei a ouvir, o termo rock clássico nem existia. Quase tudo era heavy, hard ou algo do gênero. Fomos uma das primeiras bandas, talvez a primeira, a citar esse termo no país, numa forma de auxiliar as pessoas a entenderem nosso trabalho.


RtM:  O primeiro trabalho em estúdio da Kappa Crucis veio em 1997 com a demo “Algol – The         Demon Star”, porém o primeiro cd “Jewel Box” só veio em 2009. O que justificou essa demora tão grande? E ouvindo agora esse trabalho, existe algum ponto que vocês gostariam de ter modificado?

G. Fischer – São vários motivos. Mudanças de formação, adaptações, problemas pessoais, grana, tudo o que se possa imaginar. Quanto ao “Jewel Box”, obviamente sempre aparece alguma coisinha que achamos que poderíamos ter feito melhor como arranjos, performances, talvez espontaneidade. Mas não há encanação, pois é um registro de época.

F. Dória – Lançamos várias outras demos entre “Algol – The Demon Star” e o álbum de estréia. E não houve uma pressão do tipo: Precisamos lançar um álbum! Achamos que perseguíamos a formação e o momento certo e isso ocorreu. Agora, claro que não pretendemos demorar para dar prosseguimento a obra, pois com o lançamento do primeiro a responsabilidade aumenta em lançar o próximo.


Rtm: Focando agora um pouco mais no “Jewel Box”, a arte gráfica tem uma temática muito interessante. Poderiam nos explicar um pouco desse conceito?

G. Fischer – Basicamente queríamos uma ilustração que representasse toda a nossa jornada e a cara da banda. E tínhamos as capas dos demos como referência. Então, achamos que seria legal que a capa do álbum fizesse uma espécie de menção a cada uma das fases, o que resultou numa imagem viajante e psicodélica. Cada detalhe tem um significado, mas é meio complexo explicar cada um deles em poucas palavras.

F. Dória – Sim, em resumo, a capa conta parte de nossa história. E também dá ao observador uma possibilidade de viajar como quiser na interpretação.

Rtm: “Son Of Moonligth” é uma das mais belas baladas que eu já ouvi. Conte um pouco como foi a composição da mesma?

G. Fischer – “Son Of The Moonlight” foi composta há algum tempo. Eu tinha uma letra e uma certa estrutura melódica. Apresentei aos meus companheiros e logo finalizamos. Com o passar do tempo fomos aperfeiçoando-a até chegar no que está registrado em “Jewel Box”. Pelo fato de ser uma balada, muitas pessoas imaginam que é uma música romântica ou algo do tipo, mas na verdade ela é como um lamento ou súplica sobre as diversas dificuldades, perdas e incertezas da vida e a superação de tudo isso.

RtM: Todos na Kappa Crucis executam backing vocals, como fica sendo dividida essa função? Falando em voz, G. Fischer tem um timbre agradável e todo especial. Poderia nos contar um pouco como foram seus estudos e quais os cantores que te influenciam?

G. Fischer – Na maioria das vezes os backing agudos ficam a cargo de F.Dória, os graves com A. Stefanovitch e os intermediários ficam com R. Tramontin, tudo sempre respeitando o timbre natural de cada um. De um modo geral nós curtimos bandas que tem trabalho vocal como Queen, Uriah Heep, Kansas, etc. Nunca tive aula de canto. Minha professora foi a paixão pelo rock’n’roll. As influências pessoais são várias: Ian Gillan, Paul Rodgers, Rony Van Zant, Steve Walsh, David Byron, etc.


RtM: Vocês têm uma grande experiência em tocar em festivais, onde já se apresentaram com bandas, digamos, bem mais extremas. Já rolou algum stress por causa disso ou sempre vocês foram recebidos na boa?

G. Fischer – Na maioria dos festivais que participamos havia bandas de vários estilos do rock pesado. Talvez por isso nunca tivemos problemas. E sabemos onde nos meter.

F. Dória – Nunca percebi nenhuma animosidade do público ou das bandas. Até agora sempre fomos recebidos bem. Claro que o público as vezes se interessa mais e em outras ocasiões menos, tudo conforme o lugar, o horário do show e as outras bandas que compõem o cast.

Rtm: A Kappa Crucis faz um som que passeia pelo hard rock, o rock progressivo entre outras influências, entretanto mesmo tendo bandas de grande nível como o Tomada, King Bird entre outras, esse estilo ainda não é tão forte no nosso país. Para vocês a que se deve esse fato?

G. Fischer – Talvez porque o público da cena seja dominado por roqueiros mais novos. E é natural que eles queiram ouvir um som mais contemporâneo. Só que, a medida que eles forem amadurecendo, conhecerão o rock mais a fundo e verão que tem muita coisa boa lá atrás. Mas também acho que a mídia especializada deveria dar mais espaço para que isso aconteça.

F. Dória – É um processo natural. A maioria do público que se dispõe a ir em shows é mais jovem. Para haver um fortalecimento do estilo que você cita, não só a mídia especializada, mas os produtores de eventos e donos de estabelecimentos devem dar sua contribuição, abrindo espaço para as bandas. Isso pode despertar um interesse nas pessoas sobre estilos, história, raízes, etc, e consequentemente, levar a um entendimento mais abrangente e significativo sobre o rock e o que o cerca.


RtM: Vocês recentemente tocaram em Santa Catarina no Orquídea Festival. Como foi a experiência de tocar nesse festival e como esta a agenda para 2012?

G. Fischer – Foi muito legal, pois nunca tínhamos tocado lá. Parabenizamos e agradecemos de coração aos organizadores pela oportunidade. Grande noite! Quanto a agenda, tem aparecido algumas propostas de shows, mas nada oficial por enquanto. No momento a prioridade é finalizarmos a gravação do novo álbum. Mas sempre atentos a analisar propostas que pintarem.

RtM: Está vindo ai um álbum novo. O que vocês podem adiantar para os leitores do Road to metal acerca do mesmo?

G. Fischer - Já fizemos várias sessões de gravações e o que podemos adiantar é que o novo álbum trará o som característico da banda. Porém mais direto e com composições mais maduras, eu acho. Para quem gostou do “Jewel Box”, não vai se decepcionar. É o mais puro Heavy Rock!

F. Dória – Estamos trabalhando com muita vontade e dedicação para fazer um grande álbum.

RtM: Obrigado pela entrevista, estamos ansiosos para ouvir esse novo cd. Gostariam de deixar algum recado para os leitores do Road?

G. Fischer – Obrigado pelo espaço. Desejo aos leitores do Road To Metal muita paz, rock’n’roll e consciência.

F. Dória – Quero agradecer ao Road To Metal em meu nome e dos demais parceiros da banda Kappa Crucis pela oportunidade da conversa. Obrigado aos fãs e amigos pelo suporte. Paz, saúde e conhecimento.



Entrevista: Luiz Harley Caires
Edição: Caco Garcia




SITE OFICIAL

               Acompanhe no Youtube vídeos do Studio Report das gravações do novo álbum


                

Nenhum comentário: